terça-feira, junho 19

Oeiras Alive 2007

Eu estive lá, já passou quase uma semana e meia e ainda não anotei as minhas opiniões, é tempo que o faça sob pena de que se me varra da memória tudo o que quero plasmar. Ando com o tempo curto como já se vai tornando habitual, mas cuidar de escrever devia ser mais importante para mim do que é, tenho cada vez menos tempo livre. Razão de sobra para me dedicar com mais ímpeto às coisas que gosto e dou importância, nota a deixar para o futuro.

Considerações pessoais aparte, importa tecer algumas considerações sim ao festival que mudou de nome. Primeiro foi genericamente Festival Alive acabou por se transformar no Oeiras Alive, o que até tem lógica porque foi o conselho de Oeiras (passeio marítimo de Algés) que acolheu a festa. Para primeira edição as coisas até nem correram muito mal, notaram-se algumas falhas, como a fila insuportável que os portadores de bilhete de três dias tiveram de gramar para pôr a pulseira que dava livre acesso. Outro detalhe que é curioso realçar, é a quantidade de lixo gerado num evento com supostas ambições de cariz ambiental. À entrada lá estavam os habituais e irritantes distribuidores de panfletos vários que não se coíbem de oferecer literatura repetida só para se livrar dos molhos de papel que trazem de casa. Dentro do recinto a distribuição de merchandising inútil enche o chão de porcaria, patrocinado por esta ou aquela marca, já se sabe. Uma iniciativa curiosa, mas risível, era a possibilidade de trocar não sei quantos copos de cerveja usada por uma bolsa da Sagres. Ora claro está que as meninas que andavam a distribuir aquilo davam a bolsa a toda a gente, e essas mesmas bolsas acabaram por pavimentar todo o recinto.

Mas vamos ao que interessa. O que na realidade levou milhares de pessoas àquele recinto foi a música, como devia de ser em todos os festivais. Os grupos que protagonizaram cada noite têm uma legião de fiéis suficientemente grande para assegurar casa cheia. Tanto que notava-se que havia fãs de todo o lado, não só portugueses, muitos espanhóis e muitos bifes (passe a expressão). Foi possível comprovar isso mesmo, logo na primeira noite, e também mais concorrida. Infelizmente já cheguei muito atrasado (por causa da seca das pulseiras) já não consegui apanhar os Blasted Mechanism. Aguentar os Linkin Park e os adolescentes que faziam questão de torcer por eles até foi engraçado ao início, mas depressa se transformou num fartote. Quando os Pearl Jam começaram a dar sinais de que iam subir ao palco foi quando realmente se animou a noite. Como se estivessem a jogar em casa Eddie Vedder e companhia fizeram o que quiseram do público que em júbilo se deleitou com todos os clássicos que se podiam (ou não esperar) incluindo a canção Alive que não sei se teve alguma coisa a ver com o mote para o festival. Pelo que ele diz, Eddie adora Portugal, adora vir cá surfar, e traz sempre uma folhinha com as coisas que tem de dizer em português e recados para a malta. O homem realmente sabe dominar multidões, tornando qualquer espectáculo digno de memória, vi-os nas três vezes que vieram a Portugal e concerteza não hesitarei na próxima oportunidade. É certo que talvez seja tudo um pouco montagem. Na noite em Lisboa mostrou-se chateado por ir actuar em Madrid no dia seguinte (até leu da sua cábula, dizendo textualmente e em bom português "que se foda madrid"), depois já em Madrid falou mal de Portugal aos espanhóis conseguindo reacções igualmente efusivas. Mas isso são apenas fogos de artifício, o essencial é a que a multidão apesar de extremamente apertada não parava de dar asas ao seu entusiasmo a cada música. De braços no ar e a gritar a pleno pulmão, houve momento quase mágicos. Como quando Vedder se limitou a tocar guitarra enquanto o público entoava a letra de Better Man. O concerto durou mais de duas horas, mas para mim tudo passou num ápice, soube a pouco até. Menção honrosa especial para o acontecimento que houve a seguir no palco Sagres Mini, o palco secundário, com os Shantal e Bucovina Orkestar que trouxeram bons momentos de riso, baile e diversão para descomprimir depois das emoções do prato principal. Com um som muito Kusturica a energia do cantores e dos instrumentos tradicionais converteram um punhado de resistentes que queria mais depois da dose dessa noite.

No dia seguinte o cansaço e a fatiga (o adjectivo mais correcto será mesmo preguiça) impediram-me de chegar a horas decentes de novo. Mesmo assim aproveitei um pouco mais o cardápio. Ainda vi um pouco dos Balla, e tive tempo para recordar os Capitão Fantasma que não ouvia sequer falar à séculos. Estão vivos e de boa saúde por sinal, e também os rockbillys em Portugal pelos vistos como pode atestar quem lá estava. Os Dead 60's falharam o compromisso (não sei muito bem porquê). Fiquei um pouco desiludido, mas o facto é que as duas bandas que vinham a seguir no palco principal me chamavam muito mais a atenção. A oportunidade de ver os White Stripes foi algo de excelente, é avassalador a quantidade de ruído, barulho, som, que duas pessoas conseguem produzir. O duo entrou em palco com uma pulsão impressionante. As raízes blues e country eram reconhecíveis é óbvio. Mas não consigo deixar de pensar nos Led Zeppelin por exemplo ao tentar definir os sons que me chegavam aos ouvidos. Meg White, com um aspecto minúsculo e frágil deve ter conseguido fazer tremer a estrutura do palco com as pancadas que dava na bateria. Jack White, ecléctico distribuiu emoções fortes com a sua voz e a guitarra. As canções já conhecidas de todos fizeram-se soar de viva voz. Mas o momento que mais me impressionou foi quando Jack se agarrou ao órgão em My Doorbell. Começando na música pesada, e através de uma série de divagações, esteve quase a roçar os ritmos latinos e a salsa. Uns dançavam, outros saltavam, excelente. Os Smashing Pumpinks são outros da velha guarda, tal como os Pearl Jam, com uma boa legião de fiéis seguidores praticamente desde a sua génese. Não os tinha visto ainda, apesar de já terem passado por Portugal e encontrava-me muito expectante. Ainda mais pela formação que ia passar pelo palco, dos elementos originais, só lá estava Jimmy Chamberlain e Billy Corgan. Sinceramente não dei pela falta de nenhum dos outros. Para tanta expectativa uma entrada surpreendente, não pelo tema escolhido, mas pela pequena chuvada que caiu exactamente no momento em que soaram os primeiros acordes de Today. Mesmo que tivesse sido preparado não podia ter saído melhor o quebra-gelo inicial que deu lugar a uma visita pelo enorme espólio da banda. Tocaram muitos dos temas que toda a gente estava à espera, incluindo o tema que mais facilmente lhes é associado Bullet with Butterfly Wings. Mas também tocaram pequenas pérolas, em particular uma canção que eu adoro mas não estava nada à espera de ouvir naquela noite, Cherub Rock. Depois de tanta emoção ainda fui abanar o capacete ao som dos Dezperados. A dupla mascarada tem um ritmo arrasador, o fim perfeito para uma grande noite de música.

A verdade é que no domingo estava exausto, arrastei-me até ao recinto mais por descargo de consciência que outra coisa. Mas depressa me passou, os Wray Gunn e a energia de Paulo Furtado conseguiram injectar-me a energia suficiente para me manter acordado umas horas. A ele energia é o que não lhe falta, além da força que imprime nas canções ainda consegue saltos acrobáticos para o público e banhos de (mini) multidão. Os Beastie Boys nunca tinham pisado palcos portugueses, e seguramente tinham muitos fãs à espera. A ausência de público era notória mas mesmo assim reuniu-se um bom número de pessoas à volta do palco principal para ver os rapazes de Brooklyn. A actuação foi competente, meteram a malta a bater o pézinho e a dançar mas não tenho dúvidas que o espectáculo teria tido mais resposta dos assistentes se no dia seguinte não fosse dia de trabalho. Com muito esforço lá fui assistir a um pouco dos Buraka Som Sistema, mas já não deu para muito, tive de desistir, ir para casa render-me à cama. Mas foi pena porque o som africano nascido na Buraca vai longe, além dos fãs que já conseguiram em Portugal, já chegou a sítios como o Festival de Glastonbury.

segunda-feira, junho 11

Mais Lomo-Borrões

No momento presente assumo-me como um lomo-fanático, sou um dos muitos convertidos que já existem em Portugal. Apesar dos maus resultados que tive inicialmente com a action sampler a olho de peixe convenceu-me, as fotos impressionam-me sempre. Decidi pois voltar à action sampler, para ver se conseguia tirar umas fotos de jeito, já que da última vez só me saíram borrões. Não sei se o problema será meu ou da máquina mas a história voltou-se a repetir com os dois rolos que dediquei à experiência... Mas nem tudo foi mau, apesar disso ainda saíram alguns borrões bem giros.

Entretanto já ando a pensar em comprar outra lomo, na verdade estou indeciso sobre qual adquirir a seguir, muito indeciso.

quinta-feira, junho 7

Cuidado com as Piadas

Em Portugal os lambe-botas chegam longe, é assim que funciona. Só pode ser por isso que Margarida Moreira foi reconduzida no cargo. Para quem esteja fora de contexto, ela é a directora geral da DREN (Direcção Regional de Educação do Norte), e foi ela que moveu um processo contra um funcionário que ousou dizer uma piada acerca da licenciatura do Sócrates...

terça-feira, junho 5

X Feira de Artesanato e Tasquinhas

A Associação Juvenil Doutor Jardim está a organizar uma vez mais a Feira de Artesanato e Tasquinhas em Vila Viçosa. Como sempre a braços com dificuldades e falta de apoios as coisa lá se vão fazendo, com a boa vontade dos voluntários e com a paciência dos artesãos que expõe os seus produtos e artistas que fazem a animação. Eu próprio estive lá no passado fim de semana a ajudar a preparar o recinto para a feira, e a montar os stands que servirão de abrigo às obras expostas.

Se a feira está este ano na sua décima edição deve-se apenas à vontade, e à casmurrice dum punhado que pessoas que está todos os anos por trás da organização. Espero que o certame corra bem este ano, e que haja bastante público. É estranho que seja preciso remar contra a maré para organizar um evento cultural, custa um bocado ouvir certas coisas, justamente de pessoas ligadas às entidades que deveriam promover a cultura no conselho. Custa quando um encarregado cuja pequena tarefa é supervisionar o transporte de meia dúzia de chapas metálicas e a estrutura para as barraquinhas profere declarações desta índole: Deixem-se de merdas! Vocês só nos arranjam é trabalho! Ninguém quer isto, esqueçam isto. Fiquem em casa que fazem melhor.

O grave é que são pessoas com este nível de cultura,iniciativa e dinamismo que têm o poder decisório nas mãos. Por sua vontade estava tudo na mesma, as poucas acções que existem têm apenas um objectivo cosmético, como é o exemplo perfeito a ridícula campanha que existiu em Vila Viçosa (durou uma semana) para que as pessoas votassem pela inclusão do Paço Ducal nas 7 Maravilhas de Portugal. Como já disse aqui basta dirigir-se ao posto de turismo calipolense para perceber o empenho que é posto na divulgação do conselho.

Ah, e deixemos as coisas claras, de modo a evitar represálias. Esta é apenas a minha opinião.

Ficções Cinematrográficas e Cruéis Realidades

Para quem foi vêr ao cinema o filme de Fernando Meirelles, O Fiel Jardineiro, esta notícia vai-lhes parecer familiar. A Pfizer está a ser sancionada pelo governo da Nigéria pela realização de testes de medicamentos não autorizados, que levaram à morte de várias crianças. Podem inteirar-se da triste realidade no De Rerum Natura.

segunda-feira, junho 4

Elogio à Arte

Esta experiência foi realidade por um canal de televisão espanhol, deram uma tela em branco a um grupo de miúdos do jardim-escola para criar uma obra de arte moderna. Pegaram no quadro e levaram-no até uma exposição, depois foi ver a opinião das pessoas...

sexta-feira, junho 1

Seja um engenheiro em 12 aulas práticas

vídeo por cavalheiros, via Grande Loja do Queijo Limiano.

quarta-feira, maio 30

Deserto na Margem Sul

O governo está a manifestar um autismo espectacular em relação ao novo aeroporto. Depois declarações bastante tristes do ministro das obras públicas, continuam as declarações no mínimo duvidosas de outros membros do PS. Eu cá não resisto a copiar descaradamente este cartoon que apareceu no Público.

segunda-feira, maio 28

Creative Commons Explicado

O que eu penso, e o que escrevo partilho-o sem hesitação. Grito-o aos céus, foi desde o início uma premissa deste blog. E aceito que me citem ou que transcrevam opiniões, desde que não o façam por lucro e citem a fonte. Para me garantir isto pus o meu blog sob uma licença Creative Commons, a Attribution-NonCommercial-ShareAlike.

Deixo aqui um pequeno extracto do programa Sociedade Civil, da RTP2, emitido em 22.05.07 que explica um pouco como funciona e para que serve o Creative Commons. Vídeo via Apdeites.

Superioridade & Indiferença

Extracto de entrevista do Primeiro-Ministro português à RTP, em 12 de Abril de 2007, via Apdeites.

As Planícies que Trago Dentro

Lembro-me de como recentemente ao sair de Madrid, ao circular na autoestrada que atravessava uma planície a perder de vista me senti estranhamente em casa. A nostalgia apoderou-se de mim. Senti-me um pouco livre da minha prisão semanal quando me encontrei apenas encerrado entre os campos e o céu.

No fim de semana passado passei pelo Alentejo, levava um objectivo bem definido, ia visitar os papás é claro. Mas queria fazer algo mais, ir passear um pouco pelo campo, pelas planícies que fazem as minhas memórias. A Primavera é austera nos campos alentejanos, não há lugar a grandes exuberâncias, mas a paisagem é extremamente bela. Ali sim, realmente se sinto livre, no meio dos campos floridos, pintalgados de roxo e amarelo que trago na memória. É verdade que andei o fim de semana ranhoso, mas alergias e pólen aparte senti-me novo, reedificado. À muito tempo que não me divertia tanto sozinho, a pular cercas, saltar ribeiros, espreitar os animais à distância. Depois chegar a casa e ouvir um sermão por trazer as meias e os sapatos cheios de ervas. A minha única companhia, a minha câmara, registou tudo. As fotos realmente não lhes fazem justiça, mas decerto terei muito mais tempo para visitar as minhas planícies.

terça-feira, maio 22

Intel com Medo do OLPC

É normal que as grandes empresas com mercados e monopólios já estabelecidos se assustem quando aparecem coisas novas e inovadoras. Afinal, essas inovações (porque são melhores para o interesse geral) podem-lhes roubar esse mercado e dinheiro em caixa. Pelos vistos está a acontecer com o projecto OLPC (One Laptop Per Child) de que já falei aqui.

Este portátil com o preço alvo de 100 dólares há dois anos não passava de um sonho lunático. Hoje em dia está muito próximo da realidade, já existem protótipos em perfeito funcionamento, que conseguem os objectivos delineados para o projecto. O problema é que para começar a produção em massa são necessárias encomendas. Essas encomendas deviam vir de governos de países em vias de desenvolvimento interessados em implantar o portátil nas suas escolas. Mas as encomendas não chegam, este projecto despertou o aparecimento de mais concorrentes no mercado. Entre eles um portátil da Intel que está activamente a ser promovido juntos dos mesmos governos a um preço inferior ao de custo... Isto provalvelmente deve-se ao facto de o processador que serve de base ao OLPC é da concorrente AMD.

Será concorrência desleal? Uma grande empresa que viu uma oportunidade de negócio? Não sei, só espero que o sonho de Nicholas Negroponte se realize, e realmente haja um computador para cada criança. Deixo aqui um vídeo sobre esta polémica, mas há bastantes vídeos disponíveis sobre o projecto, podem por exemplo ir ver um grupo de crianças brasileiras a usar o OLPC.


Link: sevenload.com

Energia Limpa

Acredito que o nosso futuro como espécie passa por sabermos estabelecer uma melhor relação com o meio natural. Parar de rasgar paisagens, envenenar o ar e a água. Alguém que não pense assim é simplesmente estúpido ou suficientemente egoísta para não se importar com os seus filhos. Há muito a cobrir neste tema, mas é de louvar que na Península Ibérica estamos a seguir a via correcta. É sabida a aposta da EDP nas energias renováveis. Hoje deixo aqui outro exemplo uma central de energia solar, a primeira do seu género, construída em Sevilha. Claro que não há bela sem senão, muitas destas iniciativas apesar de serem ambientalmente limpas continuam a ter o seu impacto na paisagem. Pelo menos estamos a ir na direcção correcta.

segunda-feira, maio 21

Tensão Doméstica

Descobri hoje uma experiência antropológica interessantíssima ao lêr uma entrevista a um tipo que fica quieto em casa à espera que lhe disparem. O autor do experimento (e a cobaia) é um iraquiano chamado Wafaa Bilal que foi obrigado a fugir do regime de Saddam Hussein, neste momento radicado no Estados Unidos, ensina arte numa universidade americana. A inspiração veio nitidamente da situação no seu país. Este homem montou na sua sala uma webcam que transmite tudo o que lá se passa, ligada a uma arma de paintball que é possível operar a partir do seu sitío web. Segundo o próprio já dispararam sobre ele mais de 6500 vezes (isto só até ao décimo terceiro dia). O objectivo é verificar se os internautas anónimos se coíbem de disparar à distância desde a segurança das suas casa... pelos vistos não.

sexta-feira, maio 18

Dia Internacional dos Museus

Hoje é dia Internacional dos Museus, descobri-o ao pequeno-almoço aqui em Madrid. Na televisão anunciavam que todos os museus estão abertos ao público, sem necessidade de pagar entrada, e que muitos deles organizam festas e eventos.

Em Portugal a também se celebra o dia. Muitos museus por todo o país lançam iniciativas isoladas. Mesmo assim, é um bom pretexto para ir visitar um museu.

terça-feira, maio 15

Pluralismo político na televisão pública

Querem dividir o tempo que se fala de política na televisão. Ao que parece ultimamente as entidades partidárias andam insatisfeitas com o destaque que lhes é atribuído. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social reuniu e entendeu que a RTP deverá dedicar ao Governo e ao PS 50%, aos partidos da oposição representados na Assembleia da República, 48% e aos outros partidos 2% do tempo total de emissão informativa. Segundo eles, esta será a distribuição justa.

É caso para dizer, quem parte e reparte e não fica com a maior parte, ou é tolo, ou não tem arte. Leiam aqui a opinião do Carlos Loureiro do Blasfémias.

segunda-feira, maio 14

Ontem foi Domingo

Ontem foi dia grande em Fátima, já falei aqui do que penso do culto dos pastorinhos. Tem potencial para ser um bom empreendimento religioso, e até tem boas cotas de mercado em termos de crentes, mas está mal gerido. Podia representar muito mais lucro (em almas e euros). Acho que a diocese devia mandar alguém estudar marketing e comunicação.

Ontem também foi o último dia de visita de Bento XVI ao Brasil. Segundo as crónicas, a sua mensagem enfrentou o teste da globalização. A mensagem já é bastante conhecida, a castidade como forma de controlo de natalidade e de doenças sexualmente transmissíveis. A condenação do aborto, da eutanásia, e críticas aos meios de comunicação que desprezam a virgindade e a comunicação. No país do Carnaval o homem santo pede que a galera tenha sangre frio e refreie os seus instintos. Nada de novo na igreja católica, os dogmas são para ser aceites de olhos fechados, sem questões e sem relativizar. Mesmo que isso implique negar a natureza humana.

Mas esta viagem deixou uma prenda especial aos nativos, foi canonizado o primeiro santo brasileiro. Esta pequena esmola deve fazer parte da estratégia do Vaticano para recuperar quota de mercado na terra do samba. Outras marcas (leia-se religiões ou seitas como lhes chamou Ratzinger) têm andado a roubar os consumidores fiéis do catolicismo. Foi reconhecido um milagre realizado por Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, há 177 anos. Não sei se vai chegar, na Igreja Universal do Reino de Deus fazem milagres todos os dias.

sexta-feira, maio 11

Os Macacos que Dançam

Uma das análises mais profundas e acertadas sobre a natureza humana que já encontrei. Tropecei no vídeo ao ler o Random Precision.

video por Ernest Cline

quinta-feira, maio 10

Truth Happens

Aguentei-me durante uns tempos, mas agora começou, de vez em quando vou-vos chatear com a minha cruzada evangelizadora para divulgar o Linux . Desta vez fica um anuncio distribuído pela Red Hat no âmbito duma campanha sobre o Open Source, a propriedade intelectual e a transparência. Divirtam-se!

A OTA e os Amigos

Vital Moreira acha que um aeroporto é uma obra demasiado importante para ser decidida por engenheiros..., podem lê-lo com os vossos próprios olhos no blog onde escreve. Não vou fazer grandes comentários, concerteza a questão importante aqui é distribuir umas migalhas por todos os boys do aparelho partidário. Mas aconselho a leitura deste e deste artigos do Blasfémias que tocam exactamente no cerne da questão.

Ah, afinal vou só fazer um comentário, o senhor Vital Moreira tem um blog (coisa muito in nos dias que correm), eu ainda não conhecia, mas fiquei bastante desiludido com o facto de não ser possível deixar comentários... Ou seja, um puro exercício de relações públicas sem direito a resposta, nota extremamente negativa para o professor universitário.

quarta-feira, maio 9

Do You Ubuntu?

No outro dia estive a falar de software livre, o artigo era enorme, aposto que ninguém leu até ao fim. As coisas funcionam sempre melhor com exemplos, hoje deixo-vos aqui o relato duma utilizadora satisfeita. Uma bibliotecária dos Estados Unidos que tinha algum equipamento velho que foi doado, mas sem licenças para o sistema operativo. Claro está que não foi à loja comprar o Windows, fez download do Ubuntu, e instalou-o ela própria. Os computadores foram reaproveitados, e pelos vistos a miúda ficou muito contente (e divertida).

video por jessamyn

Piada para Funcionários Públicos

Não há muito tempo deixaram-me um comentário muito singelo (e anónimo) que chamava a atenção para como era triste falar mal dos funcionários públicos. Concordo com essa voz anónima, é muito triste o lugar-comum que se instalou sobre essas pessoas que afinal trabalham para todos nós. Pode ser que com modernização da administração pública, e com a nova legislação (quando as avaliações de desempenho aconteceram de verdade) a coisa vá indo ao lugar progressivamente. Mas é um problema complexo, de várias gerações, é sempre difícil mudar comportamentos enraizados. Entretanto piadas clássicas como esta continuam a ter graça.

Era uma vez...

... Quatro funcionários públicos chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém. Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria. Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez.

Alguém zangou-se porque era um trabalho para Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria.

No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.

Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um quinto funcionário para evitar todos estes problemas...


publicada em anedotas.com.pt

terça-feira, maio 8

A Tecnologia Segundo os Marretas

um clássico de Jim Henson

Agarrado ao Olho de Peixe

Não sei se será sintoma da idade (sou quase trintão) ou se trata do meu novo estilo de vida, mas o tempo cada vez passa mais depressa. Os minutos e os instantes desaparecem, escorrem por entre os meus dedos. Já nem a agenda me vale, tenho listas para tudo, não vá a minha cabeça oca deixar para trás qualquer coisa importante (acontece a toda a hora). As semanas passo-as a trabalhar, chega o fim de semana e entro numa roda viva. Visitar a os entes queridos, estar com malta, pôr a conversa em dia, ou estar com aquela que amo.

Talvez por isso cada vez mais me fascina a fotografia, o regozijo de capturar esses pequenos momentos que me dão prazer, em que sou feliz, em que sou eu! Ultimamente não largo o meu brinquedo novo, com bons resultados creio eu. Gosto particularmente de fazer retratos com a lente de ângulo aberto. As pessoas ficam com ar engraçado, caricatural. Não sou artista, mas é incrivelmente animador ficarmos fascinados por qualquer coisa que saiu de nós, que é produto da nosso espírito criativo. A mim enche-me de satisfação.

Quem tiver uma pontinha de curiosidade pode dar uma olhadela no meu álbum da olho de peixe, já agora aproveitando que o Flickr melhorou bastante a funcionalidade de slideshow. Maximizem o browser (F11 no IE e no Firefox) e recostem-se a ver os resultados dos meus devaneios.

conceito e fotografia por Carmen

sexta-feira, maio 4

Seis Graus de Separação

Às vezes uma simples conversa de café, a propósito de nada, leva-nos a descobrir coisas completamente inauditas. Foi assim, a propósito de um assunto perfeitamente banal que ouvi falar da teoria dos seis graus de separação. Uma conjectura puramente empírica mas que se aplica a várias áreas de conhecimento, a sua base é simples. Não é segredo que o mundo está cada vez mais pequeno, mas há muito (desde o início do século) que reparámos nisso. À medida que a tecnologia evolui as relações humanas estendem-se para lá dos limites geográficos, as fronteiras desvanecem-se. A nossa rede de relações fica mais intrincada, conhecemos mais gente, que por sua vez conhece mais gente, que conhece uma multitude de gente...

O postulado da teoria diz-nos que entre cada ser humano não há mais do que seis graus de separação. Quando me explicaram a coisa deram-me um exemplo simples (dum humor clássico). Eu conheço o pároco, que conhece o bispo, que por sua vez conhece o cardeal que é grande amigo do Papa. De mim ao Papa não existe uma, mas várias cadeias, com menos de seis pessoas e é sobre isso que trata a teoria. Pode parecer estranho, mas afinal estamos extremamente perto de gente famosa, de um habitante antípodas ou mesmo talvez dos nossos supostos inimigos.

foto por tarotastic

quarta-feira, abril 25

A Malta da Universidade Independente

Via a Grande Loja do Queijo Limiano encontrei este pequeno vídeo, que é uma obra primorosa de sátira política. Preocupantes são as suspeitas de vigilância do autor do blog Do Portugal Profundo, que originalmente levantou esta questão e a trouxe para discussão pública. Mais preocupantes ainda são as ameaças veladas das quais está a ser alvo!

quinta-feira, abril 19

Liberdade para o Computador Pessoal

Para qualquer pessoa hoje em dia, independentemente da profissão ou ocupação é normal ouvir falar de Sistema Operativo. Este termo refere o software indispensável que fornece uma camada básica que possibilita a interacção entre um computador e um humano. A definição é um bocado críptica, mas é fácil de explicar. Um computador é uma máquina muito geral, que depois necessita de aplicações especializadas para servir as necessidades humanos. Escrever textos, fazer cálculos, ler o mail, navegar na internet, tudo isso são funções que esperamos que um computador faça hoje em dia. No entanto de base, ele não faz nada, é apenas um montes circuitos e cabos. Torna-se necessário instalar um sistema operativo, e mais tarde as aplicações que necessitamos para obter as funcionalidades que esperamos.

Os mais ingénuos podem pensar que não, que quando trouxeram o seu PC da loja limitaram-se a liga-lo e este já exibia alguma da funcionalidade esperada. Não é bem assim, a grande maioria dos PC's vendidos hoje em dia trazem o Windows de base, mas este não faz parte da máquina, nem de forma nenhuma está ligado de forma intrínseca a ela. Trata-se apenas do sistema operativo que foi instalado. A escolha do Windows tem muito a ver com o monopólio que a Microsoft ainda detém sobre o mercado dos computadores pessoais. Os computadores de marca trazem o Windows porque as empresas têm acordos de volume (para obter preços mais baixos), desengane-se quem pensa que é grátis, este custo está diluído no preço final.

Nos computadores que não são de marca, e que são montados pelo jeitoso da loja da esquina, o que acontece muitas vezes é que é instalada uma cópia pirata e já está. Não passa pela cabeça de ninguém comprar o Office, muito menos o Windows. Mas isto traz consequências, uma das mais graves é que ficamos sem actualizações de segurança que facilita a vida aos vírus informáticos, spyware, e demais dores de cabeça que os utilizadores do Windows já tomam como normais.

De tal forma esta associação entre Windows e sistema operativo está enraizada, que para muita gente são uma e a mesma coisa. Mas a realidade é muito diferente, existem muitos mais, alguns especializados outros disponíveis para computadores pessoais comuns. Um exemplo de outro SO é o Mac OS X que vem com qualquer Macintosh recente, e está muito à frente do Windows em termos de fiabilidade e facilidade de utilização. A questão é que é exclusivo, e também é pago (de novo o preço vem diluído no preço que pagamos pela máquina). Até agora estou a falar de SO's proprietários, ou fechados, porque nunca podemos espreitar lá para dentro (pelo menos não devíamos) para ver como as coisas funcionam. Uma cópia de um deste sistemas não é nosso, mesmo no sentido legal, apenas pagámos uma licença para a poder utilizar.

Mas existe uma outra via, uma outra saída para os computadores pessoais. O GNU/Linux. O Linux é grátis (não é necessário pagar licença pela sua utilização), é livre (não está sujeito a restrições impostas pelo acordo de licenciamento), e é aberto (o código fonte utilizado para o construir está disponível para quem lhe apetecer meter o nariz). Ao contrário do que poderia parecer isto traz muitas vantagens. Como há muitos olhos a olhar para o funcionamento interno da coisa, os problemas são detectados (e corrigidos) mais rapidamente. Existe mais margem para a inovação porque há mais gente em paralelo a desenvolver soluções e a abordar os problemas de forma diferente. O mais espantoso é que todo o sistema, desde o componente mais básico, a muitas aplicações que já vêm incluídas são desenvolvidas por voluntários. Entusiastas que se reúnem à volta de projectos de código aberto (Open Source) como o kernel Linux, o X Windows, o OpenOffice ou o Firefox e que em paralelo ou em competição directa vão desenvolvendo e melhorando o seu feudo particular. Todas estas peças soltas são agregadas em distribuições, colecções de software que fornecem um conjunto coeso e que trazem as funcionalidades esperadas pelos utilizadores. Entre as mais conhecidas contam-se o Red Hat e o Suse, que foram também dos primeiros a tentar organizar uma forma de fazer dinheiro a partir de tudo isto.

Quando nasceu o Linux era para geeks. No início só os curiosos é que usavam, não porque tivesse alguma utilidade, mas porque era giro mexer e aprender mais sobre computadores. A primeira batalha a superar foi introduzi-lo no mercado dos servidores, os computadores que nós não vemos mas trazem até nossa casa a Internet, a loja virtual, ou o banco. Os sistemas do Google por exemplo são suportados por computadores que correm Linux (milhares e milhares). A construção mais robusta do sistema torna-o mais resistente a ameaças como os famigerados vírus que assolam o Windows tornando-o ideal para estar nos bastidores. As empresas que têm o modelo de negócio à volta do Linux vivem essencialmente do suporte. Quando há um problema o fornecedor analisa e resolve. No entanto não é obrigatório contrata-los, podemos resolver a coisas nós mesmos, caso tenhamos a inclinação e a competência para tal.

A barreira seguinte para o consumo generalizado, para que qualquer pessoa utilize normalmente no seu computador caseiro é a facilidade de utilização, desde sempre o ponto fraco. Mas as coisas evoluíram muito, hoje em dia há uma multitude de coisas que é bastante mais fácil fazer com o Linux. Instalar software, navegar na net em segurança, criar e editar ficheiros do escritório está mais fácil do que nunca. Hoje foi lançado a novíssima versão da distribuição Ubuntu. Esta denominação foi escolhida porque a palavra quer dizer humanidade para com os outros e parte de uma visão universalista, em que todos temos direito ao acesso aos computadores e ao poder que eles nos oferecem. Esta é também das distribuições que está mais avançada relativamente à tal questão da facilidade de utilização, possibilitando que qualquer pessoa sem conhecimentos técnicos a utilize (até a avózinha lá de casa).

A nova versão chama-se Feisty Fawn, e pode ser obtida através de download, ou caso se prefira é possível pedir os cd's de instalação de forma gratuita. O programa de instalação é bastante mais simples que o do Windows XP, traz todas as funcionalidades que se esperam e um ambiente gráfico muito catita com umas paneleiradas em 3d. Além disso pode-se experimentar sem medos de destruir nada no nosso sistema. Basta inserir o CD e o PC arrancará com o novo sistema, quem quiser pode dar uma voltinha, e só depois (caso queira) fazer uma instalação para disco rígido. Para os mais inseguros é possível continuar a arrancar do CD, a coexistência entre o Linux e o Windows também é possível. Eu no meu caso apenas continuo a aguentar com a Microsoft porque algum do software que necessito para trabalhar é exclusivo do Windows. Essa é a última barreira a vencer.

Ah, uma mensagem para os meus amigos, familiares e conhecidos. Não me tragam o vosso PC inutilizado pelo Windows para formatar e voltar a instalar a maldição. Sintomas normais são os ecrãs azuis, lentidão, ou o periférico que deixou de funcionar ou só funciona às vezes. Nem toco nisso. Em contrapartida questões ou pedidos de ajuda sobre o Linux serão muito bem vindos.

Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...


Florbela Espanca


terça-feira, abril 17

Pode Dispensar-me Uns Minutos?

Sempre gostei de tiras cómicas, tudo começou a muito tenra idade quando comecei a ler o Calvin & Hobbes no Público. Hoje em dia delicio-me com os web comics, piadas quotidianas sinceras e não adulteradas de gente por esse mundo fora. Basta procurar com minúcia para encontrar pérolas como este Techno Tuesday.

domingo, abril 15

Olho de Peixe

A minha passagem por Juromenha, de qual já falei, foi bastante deliberada. Queria lá ir e mostrar o lugar, e a tristeza que o seu abandono me invoca. Aproveitei a ocasião para adquirir mais um dos muitos artifícios que estão à disposição dos fotógrafos. O filtro polarizador aumenta o contraste e a saturação de cor nas fotografias, o exemplo mais óbvio é o azul profundo que o céu reflecte.

Estas coisas são giras, mas também são caras, ainda não tinha comprado mas decidi-me a comprar para retratar o castelo em ruínas. O que é não estava à espera foi ter de dar voltas e voltas à procura da coisa. Mas lá consegui encontrar o filtro com o tamanho certo, aproveitei para comprar uns rolos e ao pôr-me a observar as vitrinas fui tomado por um capricho. Lá estava a FishEye2 a olhar para mim. Já falei aqui da Lomografia, este aparelhómetro é mais uma das pequenas maravilhas que a Lomo produz para deleite do dos maluquinhos da película.

Olho de peixe é a alcunha que se dá normalmente às lentes com um ângulo de visão muito grande, e que produzem uma imagem hemisférica e distorcida. O pedaço de plástico todo estiloso que comprei é apenas uma dessas lentes montadas num pedaço de design que pode ser produzido em massa. Os resultados são muito engraçados. Passem pelo meu albúm do Flickr e comprovem.

Saudades

Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!


Florbela Espanca

Um Passeio por Juromenha

Já andava à uns tempos com o projecto de ir tirar umas fotografias a Juromenha. Uma aldeia perdida no meio do Alentejo. Está perdida porque foi deixada ao abandono, com um vista sobranceira sobre o Guadiana, a fortaleza que guardava o rio está uma ruína, a pequenita aldeia ao abandono. Mas mesmo assim a beleza do lugar não está diminuída, apenas manchada pelo desleixo humano.

Ia lá em pequeno, à pesca. Nunca percebi muito daquilo, mas eu gostava. Gostava de ir com a malta mais velha, beber uns copos à socapa, perder umas bóias. Uma das partes melhores era comer o peixe do rio, que é delicioso. Com o pretexto de ir ao campo na Páscoa (tradição pascoal por bandas do Alentejo), peguei nuns amigos que gostam de natureza mas adoram esplanadas e lá fomos dar uma volta até lá. Andei deu para beber uns copos e tirar um petisco. O Achigã não é um nativo dos nossos rios, mas é delicioso frito e temperado com o tradicional poejo.

Um belo dia, espero que recuperam a área do Castelo em breve, alguém já reparou no potencial desta pequena aldeia, que é enorme. Segundo o que pude investigar, está planeada um parceria público-privada para a recuperação. Aproveitem, dêem uma olhada nas fotos que ficaram dessa tarde, pode ser que fiquem com curiosidade de investigar mais um pouco.



quinta-feira, abril 12

O Canudo de Sócrates

Até simpatizo com o nosso primeiro, mas o escândalo da sua licenciatura já passou de especulação a facto consumado. Já correu tanta tinta que a matéria chegou à televisão, ao que parece (eu não vi) houve um debate na RTP que serviu apenas para o Sócrates se tentar justificar, os jornalistas presentes não apertaram com ele...

Não sei se conseguirão abafar o escândalo, além das suspeitas de irregularidades na obtenção da licenciatura (o gajo comprou o canudo?), parece que andou a mentir no currículo. Ora... toda a gente faz isso não é? Qual é o mal? O problema é que com exemplos destes se faz o Portugal contemporâneo.

Mais algumas opiniões aqui.

terça-feira, abril 3

Música em Lisboa

Este ano em Lisboa não nos podemos queixar, o calendário de concertos está muito bem recheado. Nomes como Bloc Party, Artic Monkeys, Dave Matthews Band vão passar pelo Coliseu e concerteza deixar muita gente feliz. Além disso a ementa dos festivais está muito bem composta, com propostas novas a aparecer, além do já clássico Super Bock Super Rock, temos o Festival Alive, e a mais recente novidade o Creamfields, que promete fugir à receita habitual dos festivais a que estamos habituados. Eu só espero conseguir estar lá para aproveitar.

Ah... claro que depois de ter falhado o concerto em Lisboa e em Madrid dos Cansei de Ser Sexy, já arranjei o pretexto perfeito para ir mais uma vez a Paredes de Coura.

Bebés Apressados

Parece que ultimamente virou moda os bebés nascerem na ambulância a caminho da maternidade. Isto começou mais ou menos desde que fecharam uma data de maternidades por aí... deve ser coincidência...

quinta-feira, março 29

O Café de Zapatero

Nós em em tempos descobrimos que Guterres não sabe fazer contas, os espanhóis descobriram agora que Zapatero não sabe quanto custa um café.

A los hombres de poder hay que mirarles las suelas de los zapatos. Por lo general las tienen intactas, impolutas, incólumes, apenas rozadas por el polvillo de las moquetas. Cada mañana, un automóvil blindado con cristales oscuros les recoge en la puerta de su casa y les traslada hasta un garaje con ascensor directo a la planta noble. A mediodía almuerzan en restaurantes de fama y por la tarde acuden a algún acto en el que rara vez pisan la acera. Rodeados de una corte de asistentes, no suelen llevar nada en los bolsillos -por eso les caen tan bien los trajes- y han olvidado, si alguna vez lo supieron, cómo es el trato en una ventanilla o cómo funciona un cajero automático. Desconocen el precio de la gasolina porque sus coches siempre están repostados, y cuando les apetece un café tocan un timbre y aparece un enguantado camarero que se lo sirve en vajilla de lujo. Caminan levitando sobre alfombras y un cinturón de escoltas les aísla del pulso de la calle.

No pasa nada, es así y todo el mundo lo sabe. Los tipos que deciden sobre nuestras vidas no conocen, en realidad, nada de ellas. El problema ocurre cuando pretenden aparentar ser gentes sencillas que no han cambiado bajo el peso de sus responsabilidades. Cuando blasonan de austeros y organizan bodas faraónicas o reclaman un jet de la Fuerza Aérea para llevar a Londres a la familia. Cuando presumen de talante común y tutean al interlocutor pero se saltan las colas o mandan abrir paso a los guardias en medio de un atasco. Cuando creen que el contacto con la ciudadanía se puede mantener escrutando encuestas pero olvidan que en ellas nadie pregunta el precio de un café en un bar.
De todas las evasivas respuestas posibles que estaban al alcance de Zapatero en su pregonada entrevista popular - que no toma café, que sólo recuerda la cafetería del Congreso, que suelen invitarlo allá donde va-, el presidente eligió la peor. La que destroza su estudiado empeño de parecer un ciudadano común, la que le retrata como un gobernante alejado del pálpito de la calle. A veces, la política pivota sobre esos detalles cuya nimia apariencia esconde un devastador potencial simbólico. Esos inverosímiles ochenta céntimos reventaron dos horas de respuestas ambiguas y dejaron en el público un mensaje de avasalladora simpleza: el poder, como a todos, sí le ha cambiado. Y lo puso en evidencia un hombre normal, con el rostro arado por los surcos de la vida; un hombre corriente que escarba en su portamonedas para pagarse el cortado.
Sólo por eso, el programa valió la pena. Porque fotografió, siquiera fugazmente, la zanja que existe entre la política y el pueblo. Entre la autocomplacencia del poder y la impotencia de la gente. Entre la macroeconomía y la cesta de la compra. Entre la ingeniería social y la lucha por la vida. Ese cauce poblado por millones de personas que circulan, azacaneando para abrirse paso a través de las vicisitudes de la existencia, entre las dos orillas de una trinchera de prejuicios sectarios a cuyos privilegiados habitantes no les importa la subida sideral de un humilde café.


Ignacio Camacho
in ABC.es

terça-feira, março 27

Viver sempre também cansa!

O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.

O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.

Tudo é igual, mecânico e exacto.

Ainda por cima, os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.

E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe, automóveis de corrida...

E obrigam-me a viver até à Morte!

Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?

Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas por mim, meu amor do Norte.

Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com o teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."

E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...


José Gomes Ferreira

segunda-feira, março 26

Os Clunk no Bacalhoeiro

O Bacalhoeiro é um espaço cultural sediado em Alfama, na rua dos Bacalhoeiros (daí o nome). Os Clunk deram recentemente um concerto lá, e eu lá fui tirar umas fotos da malta. A associação ainda não tem espaço na web mas tem um contacto por e-mail, através do qual é possível subscrever a mailing list onde somos informados do que vai acontecendo. Existem actividades todas as semanas, concertos, exposições, exibição de filmes e documentários, e serviço de bar permanente claro. Um cantinho a descobrir.

As fotos essas estão arrumadas no meu espaço do Flickr. Ah! E um conselho... As revelações na Fnac são baratinhas, e até saem como deve de ser, mas isto só se aplica às fotos a cores... Se querem revelar negativos a preto e branco esqueçam, procurem uma loja de fotografia a sério.

Portugal no Seu Melhor

O puro espírito português vem ao de cima, António de Oliveira Salazar foi eleito o maior português de sempre numa votação televisiva. Parecem rejeitar as conquistas que trouxe a liberdade, sinceramente compreendo a inclusão do ditador numa lista deste género, mas a vitória só se explica pela desinformação, ignorância e iliteracia que ainda é legado desse senhor. Os velhos do Restelo (uns velhos de verdade, outro novos) por esse país fora exprimiram a sua opinião. Aparentemente gostam do mesmo país velho, atrasado e fechado sobre si próprio desses anos idos. Talvez preferissem voltar ao passado, a nossa sorte é que esta gente só tem energia para votar de casa, sentados no sofá em frente à televisão...

Acho que seria uma boa ideia do ponto de vista sociológico traçar um perfil do grupo de votantes em Salazar. Aposto que íamos encontrar um núcleo formado essencialmente por reformados (consumidores ávidos de televisão e nostálgicos) e funcionários públicos, que apesar da filiação nos sindicatos do sector preferiam o status quo, e a inactividade do Estado Novo. E claro, para muitos a lógica corporativista e protectora era o que faria falta neste momento à economia Portuguesa (para sairmos da linha de água e passarmos de uma vez para o clube dos países terceiro-mundistas).

sexta-feira, março 23

Para Que Serve a Poesia

Ando-me a habituar a fazer tudo à pressa, mas não dispenso ler as minhas noticias e dar a minha volta pela blogosfera, hoje descobri um blog muito bom, "De Rerum Natura" (Sobre a natureza das coisas). Fala sobre ciência mas não só sobre as chamadas ciências puras, mas sobre ciências vivas, ciências sociais, e sobre o ensino de ciência. Este ano deixei passar o dia da árvore (que coincide com o dia da poesia), mas encontrei uma entrada bastante boa sobre o assunto nesse tal blog. O texto vinha acompanhado de um excerto da poesia de Eugénio de Andrade, que reproduzo a seguir. Quem se interessa por estes temas não deixe de espreitar, aconselho especialmente a leitura de um outro artigo intitulado "O valor do ensino".

Ver claro

Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade
Abençoado seja se lá chegar.


Eugénio de Andrade in "Os Sulcos da Sede"

domingo, março 18

Subprime Credit

Uma das regalias que se ganha ao pagar uma bela maquia por um bilhete de avião é a possibilidade ler o jornal à borla (outra coisa que não se pode desprezar é que na PGA nos oferecem rebuçados Bola de Neve). Esta sexta, de regresso a portugal, quando a menina hospedeira veio distribuir os jornais eu vez de pedir o Record resolvi pedir o Financial Times. Houve uma série de artigos que me chamou a atenção, uma página inteira sobre a mais recente crise que se abate sobre a economia americana. O subprime lending, prática que se estava a tornar comum, e que tinha proporcionado um certo crescimento no mercado bancário está a entrar em colapso. Os analistas andam agitados, existe receio que possa vir uma recessão atrás da crise. Mas o que é que o termo significa? Nada de mais, trata-se de fazer empréstimos bancários (para habitação ou de qualquer outro tipo) a pessoas cujo índice de esforço não lhes permitiria fazer um empréstimo em condições normais. Claro que como o risco é muito maior, as taxas de juro que se pagam também são maiores... Ora as pessoas que já não tinham dinheiro em primeiro lugar vêm-se à rasca para pagar as prestações, tem toda a lógica... Pelo menos para mim, aparentemente os grandes bancos acharam bom negócio quando se meteram no assunto. Eu não tenho grande jeito para explicar estas coisas, podem saber os detalhes todos num dossier do referido jornal. Incluindo comentários de analistas, grandes gestores, e histórias a puxar para a lagriminha de pessoas que vivem à custa de pensões e acreditaram na ilusão de comprar uma casa a crédito acabando na bancarrota.

Por cá não sei se a prática existe sequer, sei sim que aqueles anúncios da Cofidis a prometer dinheiro rápido, fácil e sem burocracias passam a toda a hora a televisão.

quarta-feira, março 14

Novidades do Festival Alive

Ainda não se sabe grande coisa, na maioria boatos, já ouvi dizer (pelo amigo, do amigo, que contou ao colega) que os bilhetes diários vão ser 50 euros. O site da produtora é um pouco pobre, mas já está lá o anúncio, com as datas, e as bandas confirmadas.

Eu só espero conseguir estar em Lisboa no Passeio Marítimo de Algés no dia 8 de Junho, a tempo de ver os Smashing Pumpkins!

terça-feira, março 13

Without You I'm Nothing

Vítima de um ataque de nostalgia crónica, e sem remédio à vista, o único a fazer é tomar um Placebo. Regresso sazonal a uma das minhas bandas preferidas, aqui acompanhada do senhor David Bowie. Recomenda-se a quem padecer dos mesmos sintomas.

segunda-feira, março 12

Sou Assim Sem Você

Mandaram-me um recado, que tardei a ver, mas que me tocou profundamente. Este vídeo está genial, apesar de muito simples as ilustrações têm vida, e é um exemplo perfeito das possibilidades que o YouTube e outros espaços virtuais vieram oferecer a uma multidão de artistas caseiros. Quanto à música, não há muito a dizer, ilustra algo que sinto precisamente neste momento. Tenho saudades!

Trabalho Novo, Vida Nova

Ainda não tinha estado em Madrid, agora trabalho cá. Temporariamente é certo, isto da consultoria é assim, a minha empresa mandou-me para cá, e agora estou ao serviço duma empresa espanhola. Ainda sou um estranho nesta cidade, sei que vivo no quarto andar e trabalho no terceiro, que de casa ao trabalho é um caminho curtinho a pé. E que vim para trabalhar muito, muito a sério.

Amanhã quem sabe onde estarei. Ainda não sei se me vou fartar rápido das viagens, viver em várias casas, não me sentir em casa em sítio algum. Mas não vou deixar de aproveitar.

sexta-feira, março 9

SXSW 2007

Começa hoje, o South by Southwest 2007. Além de toda a informação e artigos que se podem encontrar na homepage está lá a música para ouvir, vale a pena.

segunda-feira, março 5

Trusted Computing

Está em marcha uma campanha contra os perigos e falsas concepções da iniciativa Trusted Computing, que tem o apoio de alguns dos fornecedores mais importantes da Industria da Informação. Os objectivos iniciais e a declaração de intenções são louváveis, mas esta tecnologia pode ser empregada de muitas formas. A tentação para as grandes empresas tomarem o controlo sobre as decisões dos seus clientes pode ser grande demais... Mais informação em Against TCPA.

quinta-feira, março 1

Casa Nova Vida Nova

Andei desaparecido do mapa, metido em trabalhos. A mudar de casa mais concretamente, não gosto de mudanças, empacotar e classificar a nossa vida toda, dos objectos quotidianos aos transcendentes. Andar com os electrodomésticos e com os móveis às costas. Não gosto de me mexer, sou preguiçoso. Mas as coisas lá se fazem, foi preciso cravar os amigos com mais boa vontade para se tornarem estivadores por um dia e ajudarem a carregar os fardos maiores. O segredo é encarar as coisas bom humor, nesse dia rimos tanto que quase acabava abraçado a um armário no fundo das minhas escadas quando nos deu um ataque de riso e nos escapou. A sorte foi que aquilo se prendeu no corrimão das escadas e não me me levou. Mas o final foi feliz, apesar de ter deixado tudo para o fim (como é meu hábito) lá consegui trasladar todos os meus bens. Foi preciso escolher, mudar de um apartamento para um quarto implica um downsizing nas traquitanas que se vão acumulando. Inevitavelmente, ao revolver absolutamente tudo, encontram-se coisas inesperadas. Coisas esquecidas que já nem nos lembramos que existem, ou existiram em tempos.

E foi assim mesmo a tempo, no último dia do mês que saí de Alfama, vou ter saudades. Mas sinto-me bem no meu quarto na Estefânia, até dá para ir a pé para o trabalho. Além de casa nova, estreada na semana passada, entro de cabeça numa nova carreira. Não sei se me dará tempo a chamar a este quarto a minha casa. Não sei se o vou ocupar muito ou pouco nos próximos tempos. Já tenho destino marcado, e a partida está para breve.

quarta-feira, fevereiro 14

World Press Photo 2007

A World Press Photo é uma organização não lucrativa fundada em 1955. Conhecida principalmente pelo concurso anual que organizam, seleccionando as melhores fotografias de imprensa, que depois são integradas como uma exposição itinerante, e também editadas em livro. Ou seja, um prémio de excelência para o foto-jornalismo. Habitualmente é dado destaque às fotos que mostram conflitos e catástrofes, assimetrias humanas e o mundo desigual em que vivemos. Muitas vezes belas, outras vezes feias, as fotos são excelentes mas também trazem sempre mensagem. Os resultados do concurso deste ano já saíram, a galeria dos premiados pode ser consultada online. Isto só para abrir o apetite para visitar a exposição quando passar por Portugal, o que segundo o programa oficial será entre 21 de Julho e 12 de Agosto em Portimão.

segunda-feira, fevereiro 12

A Festa do Sim

Os movimentos pelo sim congratulam-se pela vitória, o governo também. Diz-se que apesar de o referendo não ser vinculativo vai ser respeitada a vontade do povo... A vontade do povo?

Festival Alive

O novo festival que terá entre os dias 8 e 10 de Junho é organizado pela Revista Blitz e promete trazer a Portugal pesos pesados como Pearl Jam, os recém reunidos Smashing Pumpkins e pela primeira vez em terras lusas, os Beastie Boys!

Entretanto já estou em pulgas por hoje à noite. Os Nine Inch Nails fizeram espectáculo no fim de semana, eu vou lá estar para a última dose hoje no Coliseu.

sábado, fevereiro 10

Aqua Teen Hunger Force

O terrorismo é uma ameaça real, uma preocupação legítima, que tira o sono a muita boa gente. As mentes mais fracas sempre se deixaram intimidar pelo medo do desconhecido, mas a paranóia que se vive hoje em dia em alguns países já roça a imbecilidade. Um bom exemplo é o recente onda de terror em Boston à conta de uma simples campanha publicitária a algo tão inofensivo como um programa de desenhos animados.

O programa de televisão em questão não é tão inocente como isso, trata-se de desenhos animados para adultos, nada de pornografia, mas um tipo de humor não aconselhável a crianças. Os Aqua Teen Hunger Force são brejeiros, idiotas e politicamente incorrectos mas têm graça devido à sua originalidade. A fórmula não é nova, desenhos animados com personalidade, irreverência e que gozam com coisas sérias. Os Simpsons, South Park, Family Guy e outros abriram o caminho. Neste caso em particular o programa relata as aventuras e desventuras de três colegas de casa, um pacote de batatas fritas, um batido, e uma almôndega falante. Perfeitamente idiota sim, mas com muita crítica à social à mistura o programa teve um sucesso relativo na cadeia Cartoon Network.

Mas afinal que é que eles têm de assustador? Para mim nada, para um americano muito. Uma ideia para divulgar a série culminou numa sentença de tribunal que obriga a cadeia de televisão e os publicitários envolvidos a pagar uma indemnização em dinheiro por aterrorizar a população de Boston! A ideia era simples, espalhar sem aviso dezenas de figuras luminosas representando uma personagem secundária da série por todo Boston. O aparecimento destas estranhas figuras levou ao pânico generalizado, foram confundidas com uma ameaça de bomba... a polícia chegou a levar uma das figuras pelos ares por precaução.

Os desenhos até são engraçados basta passar pelo youtube ou pelo sítio oficial para descobri-los. Deixo é aqui a reportagem que mostra a loucura que o golpe publicitário provocou nos habitantes de Boston.

sexta-feira, fevereiro 9

Piada de Informáticos

Um homem está a conduzir o seu carro, quando a certa altura percebe que se perdeu. Entretanto, vê outro homem que passa por perto, encosta ao passeio e chama-o:

- Desculpe, pode dar-me uma ajuda? Prometi a um amigo encontrar-me com ele às 14h, estou meia hora atrasado e não sei onde me encontro.

- Claro que o posso ajudar. O senhor encontra-se num automóvel, entre os 38 e os 39 graus de latitude Norte e os 9 e 10 graus de longitude Oeste, são 14 horas, 23 minutos e 42 segundos, hoje é quarta-feira e estão 27 graus centígrados.

- O senhor é Informático?

- Exactamente! Como é que sabe?

- Porque tudo o que me disse está correcto do ponto vista técnico, mas é inútil do ponto vista prático. De facto, não sei o que fazer com a informação que me deu e continuo aqui perdido.

- Então o senhor deve ser Gestor, certo? Responde o informático.

- Na realidade sou mesmo. Mas como percebeu?

- Muito fácil: não sabe nem onde se encontra, nem para onde ir; fez uma promessa que não faz a menor ideia de como vai cumprir e agora espera que outro qualquer lhe resolva o problema. De facto, encontra-se exactamente na mesma situação em que estava antes de nos encontrarmos, mas agora, por um qualquer estranho motivo a culpa acaba por ser minha.

sexta-feira, fevereiro 2

Os Verdadeiros Ladrões

Decerto toda a gente sabe quem é Courtney Love, celebridade controversa do mundo da música ou do show business como preferirem. A cantora publicou recentemente um artigo sobre a indústria da música. Sobretudo a relação entre os músicos e as editoras. À luz da perseguição que se faz sentir actualmente sobre os ouvintes de música, e os supostos piratas, é interessante ter contacto com a verdadeira realidade. Quem realmente rouba os artistas não é quem faz download de um mp3. Os verdadeiros ladrões impõem condições contratuais absurdas aos artistas, de tal modo que a própria música deixa de lhes pertencer. Quando analisamos a capa ou a contra-capa de um livro, podemos comprovar que o direito de cópia pertence ao autor. No mundo da música, o autor perdeu esse direito, é a editora a proprietária da criação musical. Os verdadeiros piratas não somos nós, mas as multinacionais que controlam os circuitos de divulgação e distribuição e querem roubar os autores dos seus direitos criativos. Recomendo vivamente a leitura deste artigo, é longo, mas vale bem a pena para descobrir os métodos duvidosos das organizações por trás das recentes perseguições aos downloads ilegais.

quinta-feira, fevereiro 1

Os Clunk n'A Paródia

Na quinta-feira passada os Clunk retornaram mais uma vez ao bar a Paródia, para nos oferecer um concerto acústico e intimista. Tão intimista que estávamos todos uns em cima dos outros, um bar tão pequenino invadido por uma legião de fãs e amigos (na realidade não éramos assim tantos e sim eu sou um deles, por isso sou suspeito). Tentando fazer uma crítica o mais isenta possível posso dizer que se nota bastante a evolução, dos elementos individuais, mas sobretudo do conjunto que se nota cada vez mais coeso e oleado. Mais importante do que isso, consegue-se perceber que há ali qualquer coisa de original, diferente. O facto da formação fugir ao power trio habitual deve contribuir para isso. O resultado soa prometedor.

Por isso cá estou a fazer a minha parte na divulgação. Deixo a sugestão, vão visitar o MySpace deles, podem também dar uma olhadela nas fotos do concerto.

quarta-feira, janeiro 31

As Meias Rotas de Wolfowitz

Já falei aqui anteriormente em Paul Wolfowitz, o pai ideológico de algumas estratégias do actual governo americano. Neste momento Presidente do Banco Mundial, o desempenho das suas funções obriga-o a viajar muito e a visitar diferentes culturas. Uma recente visita à Turquia o mundo teve a oportunidade de espreitar uma parte da sua intimidade, mais concretamente os pés, ao entrar numa mesquita Paul descalçou-se como dita a tradição e deixou à vista de todos os buracos nas suas meias. Tal como os buracos na estratégia para o Iraque são difíceis de disfarçar...

segunda-feira, janeiro 29

Amanhã Já Temos Vista

Foi um longo e penoso caminho para a Microsoft, depois de muitas promessas, muitos atrasos, e de bastantes agitações internas para pôr o produto cá fora (foi necessário deixar muitas funcionalidades novas de fora) o novo sistema operativo da Microsoft vai ser posto à venda em Portugal a partir da meia-noite.

É claro que está rodeado pela polémica... se nos abstrairmos da publicidade e da campanha de marketing encenada nos mais diversos media, a verdade é que não há grande novidade. Uma série de características apresentadas como inovadoras ou revolucionárias já estão disponíveis noutros produtos há imenso tempo como a interface gráfica Aero que foi fortemente inspirada no kit gráfico da Apple, basta dar uma olhada no Mac OS X. Mas é preciso chamar a atenção para a camada de DRM (Digital Rights Management). Uma camada que está lá, não para trazer funcionalidade ao utilizador, mas para proteger os interesses económicos dos fornecedores de conteúdos. Na tentativa de evitar a pirataria, o sistema introduz uma série de protecções que acabam por consumir muitos mais recursos do que seria normal, ao mesmo tempo que o seu proprietário é forçado a abdicar de alguns dos seus direitos (mais sobre isto aqui, explicação técnica e detalhada aqui). Isto sem falar na confusão de versões e de opções.

Cunhal & Salazar

Houve por aí uma votação para eleger os maiores portugueses de sempre, começou na televisão. Mas os ecos da votação, chegaram à imprensa escrita e à blogosfera claro. António de Oliveira Salazar, e Álvaro Cunhal. Duas das personagens elegidas parecem extremamente antagónicas, mas verdade seja dita representam muito bem a sua época, representam muito bem o Portugal que tivemos, e o que temos. Que têm o ditador e o revolucionário em comum, e o que os separa já fez correr muita tinta, e podem ir à vossa papelaria ou hemeroteca para aprender um pouco. Só queria chamar a atenção para um comentário do contra na Grande Loja do Queijo Limiano, que apesar de breve tem um tom que me agrada. Explica sucintamente porque alguém votou em Salazar, e mais ainda, porque votaram com razão. Oponho-me ideologicamente ao fascismo, mas a verdade é que ficou muita obra feita do Estado Novo. Parece-me mais que tudo uma crítica à democracia que temos.

segunda-feira, janeiro 22

Medo do Escuro

Uma noite mal dormida deu-me tempo para pensar nesta e noutras coisas, reflexões, pensamentos, sono perdido...

Realmente acho que não tenho medo do escuro, pelo menos na definição literal, não tenho problemas em estar às escuras. Ainda adolescente quando apanhava uma bezana das grandes e entrava a casa de madrugada enfiava-me sorrateiramente em casa, não acendia a luz como é óbvio, e tentava-me arrastar até ao quarto sem alertar ninguém. Claro que muitas vezes a iniciativa era gorada pelo minha descoordenação psico-motora natural, agravada pelos eflúvios do álcool. Tropeçava nisto ou naquilo e depois a bronca ainda era maior, mas voltando ao tema que me traz aqui hoje, nunca temi tactear o meu caminho.

O estar deitado às escuras é outra história, não me é confortável. Sempre tive, e continuo a ter o hábito de cobrir-me completamente, aninhar-me nos lençóis, e esconder-me como uma lagarta se esconde no seu casulo. Logo logo me desvaneço nos braços da noite. Quando assim não acontece é mau sinal, fico deitado a contemplar o tecto às escuras. O negro da noite não tarda em transformar-se, pensamentos, congeminações e planos reflectem-se nas minhas pálpebras. E nesses dias não há quem pregue olho. Não me assusto com as sombras, mas com as imagens que me assaltam. Obstáculos invisíveis revelam-se, tarefas titânicas esmagam-me. São noites sem descanso. Sem luz que me guie no escuro, tenho de confiar na intuição, que me leve até porto seguro.

sexta-feira, janeiro 19

Votar Sim dá Direito a Excomunhão Automática

Os cristãos que vão votar 'sim' no referendo serão alvo de excomunhão automática, a mais pesada das censuras eclesiásticas.

É ridículo não é? Dei com a notícia na Grande Loja do Queijo Limiano, mas foi publicada originalmente no Diário de Notícias. Também vale a pena ler o artigo no Random Precision.

terça-feira, janeiro 16

O Principezinho (de La Féria)

Mais uma montanha de tempo sem escrever... não é bloqueio de escritor, só preguiça, os pensamentos ultimamente absorvem-me. Vamos lá pôr a coisa em dia, normalmente quando vou ao cinema ou ao teatro faço um comentário, há umas coisas atrasadas.

No fim de semana passado volvi ao Teatro Politeama para assistir a mais uma adaptação de Filipe La Féria. O livro O Principezinho de Saint-Exupéry acho que perdura no imaginário de todos aqueles que tiveram a oportunidade de o ler. Se calhar classificado como livro para crianças, é muito mais do que isso. As personagens e situações parecem um sonho infantil e mirabolante, mas contam muito. Da jibóia ao homem de negócios todos metáforas, o fito talvez tenha sido explicar o mundo dos adultos na linguagem de uma criança, retratando-o com imagens de fantasia. Talvez seja o contrário, talvez seja o olhar de uma criança sobre o que a rodeia. Um olhar astuto e sagaz mas ao mesmo tempo cândido e inocente. Obra de um piloto de aviões, com a inclinação para escrever sobre as suas aventuras, ficou este livro adequado a todas as idades.

Existem várias adaptações, inclusive um filme, para mim nada conseguiu igualar a beleza do livro. Continuo a pensar o mesmo após ter ido ao Politeama ver a peça do La Féria. Até vou mais longe, aquilo foi um bocado fraquinho. O palco e um ecrã de fundo, actores e desenho animado, revezaram-se para ir contando a aventura do pequeno rapazinho de caracóis dourados. Os desenhos um pouco pobres, a cenografia também. Isto talvez passasse despercebido, se as personagens e as suas histórias estivessem bem delineadas, se conseguissem transmitir aquele olhar de que falava à pouco. Houve alguma originalidade na personificação de alguns intervenientes no livro mas estava à espera de mais, sobretudo depois da grata surpresa que levei da última vez. E desengane-se quem já viu esta peça apresentada como um musical, a música foi parca, as canções penosas! Alguém poderia ripostar que houve a necessidade de simplificar a coisa, para benefício dos mais novos. Não aceito esse argumento, simplesmente porque o livro é acessível a miúdos e graúdos, e é genial.

quarta-feira, janeiro 3

Eu Voto Sim

Há muito, muito tempo que mantenho a mesma opinião sobre o aborto. A situação que se vive neste momento em Portugal é pura hipocrisia. Os paladinos da moral e dos bons costumes impõem uma série de regras, abstinência, abnegação, o preservativo é pecado porque o Papa diz. Depois vai-se a ver, e as meninas de boas famílias são as piores, andam por aí a comer (com F grande) a escape livre e depois o acidente acontece. Mas não há problema, o paizinho leva a menina para fazer o aborto a Espanha disfarçado de viagem turismo. Quem se lixa? As meninas pobres, desinformadas e sem meios que se vêm forçadas a solicitar os serviços de parteiras de vão de escada.

Eu voto sim, pelo fim da hipocrisia.

segunda-feira, janeiro 1

Reivellon Catita

Como sempre sem planos para o fim de ano, a malta deixa sempre tudo para a última da hora, acudi ao Santigo Alquimista para passar o ano em companhia dos Irmãos Catita. Claro que não fiquei desiludido, embora não tivesse tido tanta gente como noutras edições a festa foi memorável. Não só pela empolgante actuação de Lello Minsk e companhia mas também pelo entusiasmo do público. Especial destaque para o Phil Mendrix, espantoso como ele consegue sacar aqueles solos hard-rock da pesada no meio das músicas de coração latino do repertório habitual! Mas houve mais, as atracções mais famosas da família Catita estiveram presentes, MD Gimba, que apesar de já não ter nada a ver com os Catita continua a fazer de sidekick muitas vezes. A indispensável stripper, que abandonou o local do espectáculo na companhia do líder da banda (eu estava a sair também e por acaso reparei). Na hora da saída, no meio de todo o nevoeiro que se fazia sentir àquela hora, ainda tive tempo para interceptar o Tony (o gajo que come sardinhas cruas) que pelos vistos é admirador de Mussolini, para lhe fazer uma pequena crítica e chamar-lhe porco fascista. A partir daí tivemos uma amena cavaqueira. Tony, não voltes a repetir a brincadeira, na próxima vez come as sardinhas e cala-te!