quinta-feira, outubro 12

300

Vem aí mais uma adaptação da obra de Frank Miller ao cinema, está neste momento em fase de produção, mas já se conhecem alguns detalhes. Já existe um trailer, e está disponível alguma da arte que inspirou este filme. Não posso falar da qualidade do filme, porque ainda não o vi, posso sim comentar um pouco da banda desenhada (que é excelente), e os factos históricos que relata. Sim porque 300 de Frank Miller é uma graphic novel histórica, que relata acontecimentos que remontam ao ano 480 antes de Cristo.

Uma das obras maiores de Miller, descreve-nos a épica Batalha das Termópilas, que decorreu durante as chamadas Guerras Médicas ou Guerras Greco-Persas, onde também se integra a famosa Batalha de Maratona. Esta foi uma batalha desigual na qual 300 Espartanos juntamente com 7000 aliados de outras Cidades Estado gregas protegeram o desfiladeiro das Termópilas, local fulcral para a entrada na Grécia.

O exército Persa era muito maior que o grego, avaliado em cerca de um quarto de milhão de soldados. Os guerreiros helénicos travavam uma batalha desigual, mas melhor treinados e equipados, motivados e aproveitando o terreno conseguiram defender a sua posição durante dias, causando sérias baixas ao inimigo. Só através da traição de um pastor, os persas conseguiram um caminho alternativo para trás das linhas gregas. A aliança grega retirou, ficando para trás Leónidas e os seus espartanos juntamente com um pequeno contigente de homens que lutaram até à morte para cobrir a retirada. O sacrifício deu os seus frutos, apesar da vitória a Pérsia acabou por abandonar os seus planos de expansão, em virtude do número de baixas desmesurado nesta e noutras batalhas.

A obra é fiel aos factos históricos conhecidos, aos ambientes, e à caracterização das personagens. Com poucas falas, e um estilo de desenho muito duro, com linhas fortes e ambientes carregados. O estilo é comparável à técnica usada na série Sin City, mas destaca-se a introdução da côr. A narrativa fala-nos de heroísmo e de espírito de sacríficio de homens que lutam pela liberdade do seu povo, sabendo à partida que têm os dias contados. Um pequeno grupo de homens que consegue sobrepôr-se a uma força muito maior e com mais recursos.

segunda-feira, outubro 9

Acabou-se o Verão, Acabou a Preocupação com a Floresta

Pois é, o Outono já chegou à algum tempo, já andam por aí as folhas caídas. Já podemos pensar nas castanhas assadas e na água pé do São Martinho. Com o mudar das estações também mudam as prioridades do Governo. Depois de um Verão em que se ouviu repetidos anúncios de "prioridade política" à floresta, o governo suspendeu os apoios à silvicultura e à floresta. Como justificação, são apontados "o nível de compromissos já assumidos" e a "existência de um elevado número de projectos em análise", que "aconselham a suspensão" de novas candidaturas, "por forma a não defraudar as expectativas dos seus destinatários e evitar a desnecessária sobrecarga dos serviços com tarefas associadas à gestão". Os agricultores por seu lado queixam-se que ainda não receberam resposta a projectos apresentados à mais de um ano...

sexta-feira, outubro 6

Cansei de Ser Sexy

Uma surpresa agradável do outro lado do Atlântico. Sim, porque em termos musicais, temos já uma ideia pré-concebida do que pode vir do Brasil, temos o samba, temos o bossa nova, temos nomes clássicos que deixaram mossa no mundo musical. Mas não estamos à espera dos Cansei de ser Sexy. CSS para abreviar, eles não têm nada a ver com telenovelas, nem com o Carnaval nem com o Leandro e Leornado (mete gajas boas à mesma estejam descansados). Formados em São Paulo, em 2003, o grupo pratica um som electro que já os tornou conhecidos fora do Brasil. Neste momento andam pelos Estados Unidos a fazer as primeiras partes dos Ladytron. Já estão bem encaminhados os rapazes, cinco raparigas e um rapaz para ser mais preciso. Já devem ter ouvido o êxito instântaneo alala alala, mas há mais para descobrir, muito mais. Aqui fica "Meeting Paris Hilton"...

quarta-feira, outubro 4

Outubro Radical

Para quem gostar de desportos radicais, a Associação Juvenil Doutor Jardim vai animar Vila Viçosa todos os fins de semana durante Outubro. Várias actividades, "pró menino e prá menina", emoções fortes para todos!

segunda-feira, outubro 2

Cell Phone's Dead

Já anda por aí a rodar o novo trabalho de Beck, "THE INFORMATION". Ainda não tive opurtunidade de ouvir o albúm todo, mas o que provei até agora deixou-me com água na boca. Beats dançáveis, mix's incongruentes com melodias delicadas que nos fazem mexer a cabeça. O próprio video do tema que vos apresento é feito de colagens e pastiches, poderia ter saído de uma sessão de veejay, aqui fica o primeiro single. Aproveito para recomendar a visita à página oficial, beck.com que vale bem a pena.

quinta-feira, setembro 28

Bush Legaliza a Tortura

Com as presidenciais norte-americanas à porta, o actual detentor do cargo anda envolto em polémica. Uma das questões que levantou celeuma foi a insinuação por parte de orgãos ligados ao partido Republicano de que a responsabilidade por Bin Laden não ter sido capturado ser imputável a Bill Clinton. Ora o ex-presidente não se acanhou e veio a público explicar que deixou de herança um plano anti-terrorista que foi ignorado pelo seu sucessor...

Outra questão bastante polémica, é o anuncio de legislação que dá tratamento especial (à margem da lei, e dos tratados internacionais) para os prisioneiros suspeitos de terrorismo. É espantoso, mas esta lei melhora as condições para os prisioneiros, que até agora não tinham direitos absolutamente nenhuns. Os relatos de tortura e anti-constitucionalidade perseguem Bush e os seus compinchas.

Deixo aqui um episódio do "The Daily Show" que aborda toda esta polémica, o programa é cómico, mas o tema é bem sério.


Actualização: Parece que a Administração Bush ignorou relatórios da CIA sobre Bin Laden dois meses antes do atentado às Torres Gémeas.

Mundo Mix em Cascais

O Mundo Mix, uma espécie de feira de artesanato muito fashion, continua a saltar de cidade em cidade. No próximo fim de semana vamos poder assistir à iniciativa em Cascais. Com muita música, moda e arte como é habitual.

quarta-feira, setembro 27

É Isto a Vida?

Há dias, semanas, que parece que a vida não é mais do que isto, correr do trabalho para casa, e de casa para o trabalho. Só faltam as etapas intermédias, alucinar com o trânsito!

sexta-feira, setembro 22

Dia Europeu Sem Carros

Hoje, como em outros anos, celebra-se o dia europeu sem carros. A iniciativa começou à seis anos, mas parece que tem vindo a perder destaque. Pelo menos aqui em Lisboa não dei por nada, não vi nenhum reflexo desta iniciativa.

Eu, como é habitual, desloquei-me de carro. Falando verdade até preferia não pegar no carro para vir trabalhar, mas vivo a 25 km... E gosto muito de me levantar à minha hora, sem ter de me preocupar com ir a correr até ao metro, apanhar o autocarro ou comboio para aqui. Simplesmente pego no carro porque para a minha situação em particular é mais cómodo. Serei eu que sou um poluidor preguiçoso, ou será que compete a alguem melhorar as acessibilidades na Grande Lisboa de modo a haver alternativas. Quem fala em Lisboa, também pode falar no Porto, ou em qualquer outro centro urbano.

Em outros países é normal, pode dizer-se até natural, trabalhar a uma grande distância de casa. Quando estive na Holanda tive o exemplo de gente que vivia a 200 km de do emprego, e se deslocava todos os dias de transportes públicos. E faziam-no muito comodamente, e sem perdas de tempo. Como é óbvio um cenário destes é impensável no Portugal de hoje, o que é paradoxal se pensarmos no tamanho da nossa pequenina nação.

terça-feira, setembro 19

Introdução à Lomografia

Hoje em dia quase todo o território fotográfico foi tomado pela tecnologia digital. Fotografar com filme, sai mais caro, é mais difícil, e tem-se menos segurança no resultado final. Mas mesmo assim há por aí muitos nostálgicos que não se separam da película. Quer seja pelo suporte físico (o filme é quase orgânico, pode-se vêr, apalpar, sentir), quer seja porque realmente há coisas que se fazem com filme que é impossível fazer com zeros e uns.

A popularidade do fenómeno Lomográfico tem seguramente algo a ver com isso. Na lomografia o que interessa não é tirar uma foto perfeitinha, nítida, e bem enquadrada. Não, interessa disparar sem pensar, congelar momentos aleatórios e mais tarde surpreender-se com o resultado. O movimento não aparece por acaso, vem associado a uma marca, que comercializa a as câmaras (algumas com características bem peculiares). Recomenda-se a visita ao sítio oficial da Lomographic Society, para vêr alguns exemplos.

Este fim-de-semana veio-me parar às mãos uma Action Sampler. Na realidade já era minha conhecida, fui que a escolhi e tudo, comprei-a em tempos no Porto como prenda de aniversário para um amigo. A prenda foi entregue, e apreciada, mas pouco usada. Andar a gastar dinheiro em rolos para desperdiçar metade das fotos não é para todos. A máquina andou por aí, passou por várias mãos até. Acredito que os objectos também têm personalidade única, também têm vivências e um percurso de vida. Acabou por voltar a mim, fruto de uma troca por um objecto que já não uso mas que vai ser infinitamente mais útil ao João.

E pronto... assim que me caiu nas mãos tive de ir brincar (porque isto no fundo são brinquedos para gente grande) e posso-vos mostrar em primeira mão os resultados e a minha incompetência na arte da Lomografia, basta dar uma olhada no meu álbum.

quinta-feira, setembro 14

A Cidade Perdida de Chernobyl

Foi no dia 26 de Abril de 1986 que o reactor número quatro da central nuclear de Chernobyl falhou, dando origem a uma das catástrofes ecológicas e humanas que mais preocupou a opinião pública. A nuvem radioactiva espalhou-se para além das fronteiras da extinta União Soviética deixando toda a Europa em estado de alarme. Inúmeras questões foram levantadas pelo acidente, e pela relação de (ir)responsabilidade do homem com a natureza, hoje em dia talvez já um pouco esquecidas. Mas a natureza não tem medo da radioactividade e reconquistou a cidade abandonada, que em alguns detalhes parece não ser sido tocada pela mão humana à vinte anos. Encontrei uma excelente colecção de fotografias que retrata essa realidade hoje, entitula-se "Lost City of Chernobyl".

quarta-feira, setembro 13

Festa dos Capuchos 2006

Já passou mais um ano, as festas de Vila Viçosa foram um êxito como sempre. Quem quer que lá vá fica encantado. Quem regressa pode reencontrar amigos e conhecidos, tudo em tom de festa. A religião (pretexto inicial) já há muito que foi ofuscada pelo divertimento nocturno de bares, discotecas e copos. A bebedeira e as brincadeiras taurinas na Praça são o que atraem as pessoas hoje em dia.

Se calhar ninguém deu por isso, mas os elementos mais tradicionais, que marcavam a festa e a tornavam única estão-se a perder cada vez mais. Ainda me lembro, era eu criança ainda, quando o fogo-preso era um dos elementos mais afamados da festa, com vários espectáculos divididos pelos dias. Hoje em dia a tradição foi eliminada, concerteza por constragimentos orçamentais, ou talvez porque a arte caiu em desuso.

As tômbolas e barraquinhas de prémios também já passaram um pouco de moda. Outro elemento agora desaparecido, e que recordo com nostalgia, é o lago dos patos. Um tanque que havia lá no meio do Largo dos Capuchos onde por um preço nos podíamos dedicar a pescar uns patinhos que por lá nadavam. Este costume seria talvez um pouco cruel para as aves, mas creio a ideia de acabar com ele não partiu do pressuposto de proteger os animais, mas sim o lucro. Espetar naquele exacto sítio um carrossel deve dar muito mais guita.

As festas cada vez têm mais entusiasmo, mais público. Mas já não são umas festas tradicionais, parecem-se cada vez mais com um mini-festival. Um mini-festival mal organizado diga-se de passagem, com grupos que ninguém está interessado em vêr, os bares todos ao molho e sem condições. Entretanto a Câmara Municipal vai poupando onde pode, e metendo ao bolso o que consegue.



Mais fotos no meu álbum das Festas dos Capuchos.

terça-feira, setembro 12

Cinco Anos Depois do 9/11

Um comentário sobre o estado das coisas cinco anos depois do atentado às Torres Gêmeas... Keith Olbermann dá uma coça no Bush que até dá impressão, podem ver a transcrição em texto aqui.

quinta-feira, setembro 7

Pearl Jam no Atlântico

Como já vai sendo normal nestas coisas, assim que os bilhetes para os dois concertos desta semana começaram à venda houve uma corrida para os agarrar. Uma banda com tantos e fiéis seguidores, logo no primeiro dia foram vendidos milhares de bilhetes. Apesar disto na terça-feira quando passei pelo Atlântico notava-se que tinham sobrado alguns (muito poucos) bilhetes para as bancadas superiores. Até se compreende, aquele pavilhão enorme e multi-usos tem uma acústica péssima, na plateia já se nota, lá em cima ainda deve ser pior. Eu tinha lugar na plateia, impensável ser doutra forma, quis estar o mais perto possível do espectáculo.

A banda de Eddie Vedder tem uma atitude que realmente dá gosto, eles não estão lá para promover um albúm ou ganhar uns trocos. Não, eles estão lá para transmitir a sua mensagem, estão lá para participar numa festa enorme com o público em que as ambas partes se divertem. A antecipação era muita quando entrei na sala, o grupo que fez a primeira parte ainda andava por lá, a acabar a sua última canção. Sinceramente não tenho nenhuma opinião sobre eles, nem sequer consegui fixar o nome. O que eu, e o público em geral ansiava, o prato principal, ainda demorou algum tempo a chegar. Mas desde o momento em que os outros se calaram já se ouvia o público a puxar pelos Pearl Jam. O cenário era austero, apenas instrumentos e amplificadores, algumas luzes.

Os verdadeiros protagonistas entraram e o concerto começou... o tempo passou a correr. Não vou dar aqui o alinhamento nem nada disso, tenho mais que fazer. Mas tocaram montes de músicas, quase todas as músicas que o povo queria ouvir, e no entanto parece que o tempo passou num ápice. O concerto começou por volta das dez, lá para a meia noite e meia estávamos despachados. Quando saíram do palco paro intervalo já tinha a barriguinha cheia, por assim dizer, já estava bastante feliz com o concerto. E digo intervalo porque quando voltaram não fizeram um encore de duas ou três músicas para calar a malta. Não retomaram o concerto com toda a energia, tocaram e tocaram.

Pelo meio houve tempo para muitos episódios de diálogo com o público. Eddie Vedder apareceu com umas cábulas com umas coisas escritas em português que tentou lêr, realmente às vezez não se percebia nada, mas o público adorou. Público esse que estava hiper-activo sempre a gritar e a bater palmas. Um dos pontos altos foi quando toda a gente começou a gritar "Portugal Portugal", a banda aproveitou para improvisar uma música logo ali. Outro momento de delírio foi quando o Eddie aproveitou a guitarra para fazer de espelho e reflectir um foco que estava acima dele, fazendo-o passar por toda a sala. E claro... o final. Já ia longo o concerto, tocavam "Rockin' In The Free World" de Neil Young quando a luzes se acenderam, talvez uma tentativa vã da organização de mandar a malta para casa. O caso é que continuaram a tocar, mais duas músicas ainda. Com as luzes acesas, a plateia em extâse, as bancadas todas levantadas, é impossível descrever o ambiente que se viveu ali. Um excelente concerto em que o vocalista não deixou de exprimir a vontade de cá voltar, para revêr os amigos e público português, acabando por se despedir "See ya next time, in a better, free world".

quarta-feira, setembro 6

Smile

Hoje à noite o Eddie teve um momento nostálgico, lembrou-se que tinha dedicado esta música ao público na primeira vez em Cascais. Fez questão de a dedicar hoje de novo, na esperança de voltar um dia. Será assim tão fácil, pensei eu, "tambien yo se la dedico a alguien, con la esperanza de volver!"

don't it make you smile?
don't it make you smile?
when the sun don't shine? (shine at all)
don't it make you smile?
don't it make you smile?
don't it make me smile?
when the sun don't shine, it don't shine at all
don't it make me smile?
i miss you already... i miss you always
i miss you already... i miss you all day
this is how i feel...
i miss you already... i miss you always
three crooked hearts and swirls all around... i miss you all
day


Pearl Jam

terça-feira, setembro 5

Paradise Now

Este filme foi lançado em 2005, já andou a rodar por aí, ganhando uma série de prémios a nível internacional. Na verdade uma revelação vinda da Palestina, chega agora a Portugal sob o título "O Paraíso, Agora!". O tema é tão actual hoje, como era há um ano, ou há dez. Pelos vistos e com a situação actual no Líbano, ainda se manterá tristemente actual num futuro próximo. A história leva-nos aos territórios ocupados da Palestina, e deixa-nos espreitar o fenómeno social que leva homens de razão a transformarem-se de livre vontade em homens bomba.

Um filme que tem o dom de nos transportar para uma vida dura e cruel. A sobrevivência nos territórios ocupados não é fácil, o curioso é que nos conseguimos identificar com os protagonistas, os seus dramas, as dificuldades que enfrentam no dia a dia. Não nos parecem nem assassinos nem mártires. Muitas das dificuldades que atravessam no dia a dia não nos são estranhas. Ter de aguentar humilhações no trabalho, esticar o dinheiro ao fim do mês, viver com estigmas familiares de algum tipo. As pessoas que nos aparecem são definitivamente humanos, como nós, à primeira vista não parecem terroristas. Não querem aniquilar o mundo ocidental, nem acabar com a civilização. Querem sim liberdade, liberdade para trabalhar, para se deslocar, para ter filhos e criar uma familia.

O filme é muito brusco em alguns aspectos, intencionalmente. Não existe introdução, não há nenhuma genérico, mergulhamos imidiatamente de cabeça na vida dos dois personagens principais. A situação inicial, põe-nos desde logo a simpatizar com eles. A situação em que se envolvem, a notícia de que vão ter o privilégio de ser armas de deus, é um pouco paradoxal. Acontecem inclusive uma série de peripécias trágico-cómicas que nos fazem esboçar sorrisos, chegaram-se a ouvir gargalhadas no cinema. Mas é inegável que o realizador conseguiu transmitir a sensação de sofrimento constante de um povo. Através de uma série de diálogos bem articulados, começamos a entender a falta de saídas, a falta de soluções à vista para um problema secular. Também existe um embate entre a demagogia do violência (que existe tanto do lado árabe como ocidental) e a visão humanista das coisas. À medida que a acção se desenrola e o fim esperado se aproxima, esperamos uma apoteóse final que não chega, afinal somos bruscamente deixados em silêncio com um ecrã em branco. O desenlace é o esperado...

segunda-feira, setembro 4

Festas de Aldeia

Como é costume em qualquer povoação, aldeola ou simples aglomerado de casas, também Vila Viçosa tem as sua festas. Uma vez por ano, por regra no segundo fim de semana de Setembro, abrem-se a portas da Igreja dos Capuchos e enche-se o largo de gente. Arraial popular por execelência, vê-se de tudo, familías a darem o seu passeio, moçoilas casadoiras e os correspondentes moços que lhes vão fazer a corte. Isto seria o cenário normal, hoje em dia vê-se é muita malta que vai beber uns copos e abanar o capacete. Já ninguem está interessado em procissões, festas religiosas, ou quermesses. O que o povo quer é apanhar uma granda moca e andar todo passado quatro dias de seguida. Em grande! Por isso é que o prato forte da festa são mesmo os bares e barraquinhas que se instalam no largo dos capuchos. Isto e as brincadeiras tauromáquicas.

A festa tem muito carisma, afluem os parentes, os amigos, os colegas à pequena vila alentejana. A vida social Calipolense parece que ganha vida uma vez por ano, a pretexto dos Capuchos. As barracas de bebida montadas ao lado da Igreja, a misturada entre música house e a pimba. Os bares alinhados de forma desordenada num terreiro cada qual a bombar a sua música o mais alto possível tentando ofuscar os vizinhos. Mas o que interessa é o entusiasmo que as pessoas metem na festa, e disso temos aos rodos. Afinal... são quatro dias uma vez por ano, é preciso dar-lhe com força.

Sou um grande fã da Festa dos Capuchos, inclusivamente contribuí vários anos para a realização da festa. Mas Vila Viçosa merecia mais. Merecia mais festas, por exemplo uma festa destinada exclusivamente à população jovem. Com música e actividades destinadas a juventude. Merecia que houvesse mais atenção por parte da autarquia, e fosse idealizado um programa cultural ao longo do ano. Merecia que fosse divulgado e cuidado o património que temos.

Antes de redactar este pequeno texto, resolvi dirigir-me à página da Câmara Municipal de Vila Viçosa, descobri que já não funciona. Isto pode não parecer nada de especial, afinal hoje em dia quem é que vê páginas web? Não me surpreendeu, na realidade é bastante normal. Recentemente dirigi-me ao Posto de Turismo de Vila Viçosa, para tentar recolher alguma informação sobre a oferta turística. Deparei-me com uma situaçao caricata, não só os folhetos que me ofereceram estavam um pouco desactualizados (os folhetos têm dez anos pelo menos), como já não havia alguma da informação disponível em português. Desses já não temos em português, acabaram, mas pode levar em francês se quiser. Foi a informação que obtive da simpática menina que me atendeu.

Mas pronto, já desabafei... agora tenho é de me preparar para a próxima sexta-feira...

quinta-feira, agosto 31

Crónica de Uma Guerra Anunciada

É seguro dizer que algumas das informações que levaram à intervenção americana no Iraque podem ser consideradas hoje em dia duvidosas ou não verificáveis. Isto usando um eufemismo para não chamar a Bush e aos seus compinchas mentirosos. Para quem tem memória curta, aconselha-se uma olhadela a uma crónica que encontrei intitulada "Lie by Lie: Chronicle of a War Foretold: August 1990 to March 2003", que conta interactivamente os vários acontecimentos na história recente do Iraque. Desde a operação "Desert Storm", até culminar na recente invasão do Iraque e deposição e captura de Saddam Hussein.

terça-feira, agosto 29

Vêr as Fotos no Mapa

O Flickr, para quem não conheça é um sítio onde se podem partilhar e pesquisar fotos. Dirigido a profissionais e amadores, em comum todos os utilizadores têm o gosto pela fotografia. Já era possível organizar as fotografias por "sets" e adicionar "tags", mas ontem adicionaram uma funcionalidade bastante interessante o "geotagging", que não é mais nem menos que a possibilidade de associar as fotografias a uma localização física no mapa.

Está cada vez mais fácil deambular pelo mundo a partir da nossa cadeira... Claro que não é a mesma coisa, e aconselha-se a visita em pessoa, mas é interessante descobrir algo mais sobre aquele sítio que temos curiosidade. Ou o inverso, descobrir um sítio através duma foto interessante. É uma pena que no caso do Flick os mapas Europeus ainda não tenham tanto detalhe como os do continente Americano, lá chegaremos.

quarta-feira, agosto 23

Festival Paredes de Coura 2006

Como prometido vou começar a contar as minhas férias, começando pelo Festival Paredes de Coura. Sim, que isso de começar as coisas pelo princípio é para fracos, para fugir um pouco à monotonia (e para não me esquecer de pitada), não vou cair nesse plugar-comum e vou começar pelo fim. Ao fim de duas semanas perdido por Espanha perdido com o meu amigo Tiago, atravessei a fronteira imposta pelo Rio Minho e dirigi-me à margens do Taboão. Cheios de saudades da relva, do convívio, e claro ansiosos por assistir aos concertos.

Chegámos na segunda-feira, dia 14, sob um Sol quente e um céu acolhedor. Depressa nos reunimos com o resto da malta, sim porque temos mais amigalhaços com gosto musical. Encontrar um pedacinho de terreno à sombra, montar a tenda e partir daí estamos no paraíso. Estava mais ou menos tudo no mesmo sítio desde o ano passado, houve alguma alterações claro. A mais notória terá sido a mudança de patrocinador, mas isso não interessa para nada. Passámos a tarde estendidos na relva ao Sol, a contar as aventuras das férias e a dar uma olhadela às miúdas de biquini que andavam por todo o lado. Além disso deu para tirar uma fotos, podem dar uma olhadela na minha ârea do Flickr. Um ponto forte deste festival é o contacto humano, mesmo com a misturada de gente que anda por ali, qualquer um tem tempo para uma palavra simpática ou um olhar maroto. No palco do Jazz na Relva acontecia uma reunião espontânea, uma espécie de busca de novos talentos, andavam a convidar a malta que soubesse tocar e cantar para ir até lá improvisar, ou tocar o que lhe apetecesse. A maior surpresa da tarde foi um carocho com um mau aspecto incrível que deliciou toda a gente com a sua interpretação do Satisfaction, reminiscência talvez do recente concerto dos Stones. À noite na Festa de Recepção no palco secundário, menção especial para os "Warren Suicide" que ainda animaram.

No dia seguinte, dormir até tarde no conforto da tenda (tou a ser irónico caso não se note) levantar e ir até à Vila de Paredes de Coura comer uma bela duma truta, abastecer de provisões e despejar a tripa. Os wc's do Festival, por muito bons que sejam, são sempre um bocado rústicos... Foram os White Rose Movement inaugurar o palco principal, e como não quisémos perder pitada estávamos lá antes da coisa começar, já à procura do spot ideal para vêr todos os concertos. Bom desempenho dos White Rose, que eu quase desconhecia, mas que agradaram bastante. De seguida vieram os Gomez, dos quais sou um fã confesso, e cujo concerto como é lógico me agradou sobremaneira. Nada a dizer dos Madrugada (fui passear...), nem dos Broken Social Scene (encher chouriços). O prato forte desse dia era Morrisey. Nunca o tinha visto ao vivo, nem sou seu especial fã. Sou sim fã dos Smiths, como muitas das pessoas que se passeavam por lá envergando t-shirts alusórias ao grupo dos 80's. Já tinha ouvido dizer que o gajo era um bocado convencido e intratável mas porra... deve ser o tipo mais egocêntrico do universo pelos comentários que foi fazendo ao longo do concerto. Tocaram duas músicas e meia dos Smiths (já explico), o resto foi dedicado ao último album e pouco mais. O início do concerto foi animador, polarizou toda a audiência. O concerto continuou, o gajo ainda meteu uma ou outra dos Smiths lá pelo meio para fazer render o peixe. Exemplo da atitude idiota que trouxe para o palco, Morrisey apresentou os músicos que o acompanhavam, tratando-os todos pelo nome. Ao referir-se a si próprio apelidou-se de sem nome, e classificou-se de pouco importante, isto quando todos os músicos tinham ao peito o seu nome em letras gordas. Quando o concerto já ia longo, soaram os acordes do "Panic!" e o povo exaltou-se, o entusiasmo começou a surgir quando a canção começou, mas Morrisey portou-se como um porco imundo, e a meio (antes da parte mais gira) parou de cantar, desligou-se o som, e piraram-se todos do palco. Depois desta desilusão vieram os Ficherspooner que demonstraram que sabem fazer ao vivo aquela música marada que têm nos discos, mas já começavam a cair as primeiras gotas de chuva, primeiro sinal de problemas. Os X-Wife já tocaram à chuva, no palco secundário. O som dancável e poderoso dos portuenses não me conseguiu segurar, e fugi para a tenda para me abrigar.

No dia seguinte acordar ao som da chuva a bater na tenda, dormir mais, acordar de novo ao som da chuva. Finalmente a resignação, o boletim metereológico era desfavorável, era necessário lidar com a agua que caía. Ainda pensámos em desistir e ir para casa, mas não, como dizem os espanhóis, al mal tiempo buena cara e resistimos. Felizmente a tenda manteve-se estanque ao longo de todos os dias. O guarda-roupa, já de si limitado é que se foi reduzindo à medida que a roupa encharcada se acumulava. Após horas e horas de clausura, lá saímos à rua para comprar um impermeável, peça indispensável num Festival muito húmido. Tudo é negócio, e enquanto na Vila o impermeável rasca custava cinco euros, cá em baixo no recinto do Festival o mesmo item já custava dez. Já devidamente preparados e equipados dirigimo-nos ao palco principal. Com muita pena minha perdemos os Eagles of Death Metal. Mas chegámos a tempo de ver os Gang of Four, exemplo seminal da era do Punk. Cheios de energia, e capazes ainda de algum exercício de destruição. Coitado do micro-ondas que serviu de instrumento de percussão durante uma das músicas, ao ser golpeado com um taco de baseball até ficar irreconhecível. Mas para energia, a dos Yeah Yeah Yeah's que puseram toda a gente aos pulinhos. O ritmo frenético das canções que andaram a rodar pela rádio não deixaram niguém indiferente. Os Bloc Party fizeram a festa, numa actuação muito boa e na qual deu para verificar que ainda vamos ouvir falar muito deles. Os We Are Scientists sofreram-se... Depois disto, nova retirada estratégica devido à chuva...

No dia seguinte mais do mesmo, chuva e frio. Acordei já um pouco doente mas que se lixe. Fomos para o palco principal já tarde, ainda podíamos ter ido mais tarde, ainda chegámos a tempo de assistir ao concerto dos Maduros, o último projecto do Zé Pedro dos Xutos. Que, diga-se de passagem, é uma bela treta. Pegar em velhos clássicos do punk e dar-lhes novas letras em português definitivamente não funcionou, acho que os Maduros estão já um bocado podres. A actuação dos !!! (pronuncia-se chk chk chk) foi bastante boa, se bem que os meninos exageram um bocado no contacto com o público e na exuberância em palco, ficando a música muitas vezes para segundo plano. Os fãs dos The Cramps deliraram com o estilo muito peculiar do grupo. Apesar da idade ainda estão aí para as curvas (grandas pernas da babe)! Mas se havia grupo neste Festival que eu queria vêr eram os Bauhaus. E no fim de contas, já andava a sofrer um bocado à espera, molhado até aos ossos e a tremer de frio. Mas quando soou o Double Dare lá esqueci tudo isso, o concerto foi irreprensível, tocaram tudo ou quase tudo. Passaram por todos os clássicos (acho que só não tocaram o Mask) e ainda houve tempo para fazer uma versão do Transmission dos Joy Division. Já vi o Peter Murphy ao vivo, mas não tem nada a vêr, são mesmo os Bauhaus que eu esperava, negros e assustadores. Mostraram grande unidade na banda, mas sobretudo que sabem muito bem o que fazem, o número está muito bem ensaiado. A música perfeita, com todas as minúcias e pequenos detalhes que se podem ouvir em disco perfeitamente audíveis ao vivo. Um concerto para recordar. É de notar que muitos dos grupos se mostraram surpreendidos, até um pouco chocados, mas sobretudo agradecidos com a reacção do público à chuva durante os concertos. Vinte mil pessoas que vieram para ouvir música, e que apesar da precipitação que se fazia sentir ficaram para isso mesmo, assistir às actuações de quem desfilou pelo palco. Pode parecer um bocado idiota mas sinto-me orgulhoso de lá ter estado.

terça-feira, agosto 22

O Programa de Escutas de Bush

É conhecido desde há algum tempo que algumas empresas de telecomunicações americanas estão a colaborar com o governo de forma a implementar escutas telefónicas, a mail, etc a um nível nunca visto. Tudo com a desculpa de combater o terrorismo claro... Quando a coisa se soube houve gente a protestar como é óbvio, a coisa resolveu-se agora, com um acordão dum Tribunal Federal. As coisas devem andar um bocado feias para o Bush.... Notícia completa no New York Times.

WASHINGTON, Aug. 17 — A federal judge in Detroit ruled today that the Bush administration’s eavesdropping program is illegal and unconstitutional, and she ordered that it cease at once.
District Judge Anna Diggs Taylor found that President Bush exceeded his proper authority and that the eavesdropping without warrants violated the First and Fourth Amendment protections of free speech and privacy.

Chaser's War on Everything

Já restabeleci as energias, até já voltei a uma vida normal, a dobrar a mola todos os dias. Começarei a relatar as minhas aventuras deste ano, vão ser vários capítulos, que a história tem pano para mangas. Mas lá iremos.

Entretanto como voltei ao trabalho, também voltei às distracções corriqueiras para perder tempo útil. Numa das minhas primeiras divagações pós-estio encontrei um programa de TV australiano de partir o côco a rir. As maravilhas da Internet, e do YouTube, permitem-me estas excentricidades. Os autores resolveram baptizar o espaço pseudo-informativo de "Chaser's War on Everything", como o próprio nome indica a abordagem ao Mundo é muito peculiar. Os sacanas lembra-se das coisas mais estapafúrdias para mostrar no programa, e a interactividade com o público é muito importante.

Um dos programas mais engraçados é quando um dos pivot's mostra como pediu o divórcio à parceira... (estes gajos gozam a sério com o pessoal). Aqui fica uma das ideias mais originais que tiveram, será que o cidadão de hoje em dia aprendeu alguma coisa com a história? Que melhor maneira de testar que recuperar a figura do Cavalo de Troia, um clássico... Os senhores conseguem entrar com o cavalo de madeira (com a barriga cheia de guerreiros gregos totalmente equipados) em vários espaços. Para mim uma das cenas mais engraçadas é quando quase conseguem entrar num quartel do exército! Aparentemente o cidadão normal australiano é um mentecapto e não percebe nada de história, qual seria o resultado da brincadeira na nossa pátria lusa?

sexta-feira, agosto 18

All We Ever Wanted

all we ever wanted was everything
all we ever got was cold
get up, eat jelly
sandwich bars, and barbed wire
squash every week into a day

the sound of drums is calling
the sound of the drum has called
flash of youth shoot out of darkness....
factorytown

oh to be the cream


(Bauhaus)

bauhaus

Acabaram as Férias

Foi muito mal educado da minha parte, mas pirei-me de férias sem dizer nem ai nem ui a ninguém. Desde já apresento as minhas desculpas aos leitores deste humilde folhetim. Estou de volta, exausto e esgotado, mas foram três semanas excelentes a andar por aí, eu hei-de contar os detalhes...

domingo, julho 30

Bush Deve Ser Impugnado?

Apareceu recentemente no site da NBC um inquérito online que interroga os visitantes sobre uma eventual impugnação de George W. Bush. Os resultados estão à vista.

A América Neo-Conservadora

O governo nos Estados Unidos mergulhou com a administração Bush numa doutrina claramente conservadora, tanto a nível de política externa como interna. A doutrina em si, apelidada de neo-conservadora, não tem como mentor intelectual o presidente como é óbvio, foi construída pelas pessoas que acompanham mais de perto George W. Bush. Há quem diga que é Dick Cheney que manda hoje em dia no mundo, o que é certo é que são as empresas de Cheney e de Donald Rumsfeld que conseguiram os contratos milionários para a reconstrução do Iraque.

Até aqui nada de novo, uma mão lava a outra, estas negociatas sempre ocorreram nos bastidores da política. Mas neste caso não podemos deixar de nos interrogar, quais foram as verdadeiras razões que levaram à invasão do Iraque, já que armas maciças nem vê-las. Recentemente Bush passou mais uma vez por idiota, quando vetou uma lei que regulava o estudo científico sobre células estaminais, George justificou-se dizendo que se opõe a qualquer atentado à vida humana, e classificou esse tipo de investigação como assassinato. Ora todos sabemos que entretanto continua a morrer gente no Iraque... e que se passa com os presos acusados de terrorismo, que efectivamente perderam todos os direitos e estão a ser detidos em Guantanamo sem supervisão de nenhum orgão internacional.

Há muitos sintomas de um défice democrático, torna-se também visível uma política de desinformação e repressão de ideias existente em território americano, até em agências governamentais. Um dos exemplos mais gritantes da tentativa de suprimir opiniões dissonantes, são as fricções entre a Casa Branca e a Nasa. Estudos levados a cabo pela agência espacial a respeito do aquecimento global continuam a indiciar que é preciso haver uma inversão nas políticas de desenvolvimento e um uso mais cabal de recursos. Coincidência ou não, desapareceu misteriosamente do texto que define a missão da NASA a frase que lhe dá a responsabilidade de investigar e comprrender o nosso planeta Natal.

Mas não fica por aqui a coisa, há bastante mais suspeitas sobre falta de transparência a recair sobre a actual administração republicana. Estão a chegar aos tribunais vários casos de opositores a esta administração que foram detidos durante a campanha eleitoral que deu a última (e apertada) vitória a Bush Júnior. Na sua maioria as detenções visaram evitar a participação do visado nalgum acto de protesto ou de campanha, seguido-se a libertação em seguida. O descontentamento interno cresce, há mais sinais. Tenho curiosidade de ver America: Freedom to Fascism, um filme que exprime exactamente este tipo de preocupações. Não se trata de um exercício de sensacionalismo à la Michael Moore, mas de uma perspectiva histórica que nos quer deixar a pensar, está disponível o trailer online.

Para aguçar ainda mais a curiosidade sobre os planos para a hegemonia americana, ou talvez para provocar um pouco mais, deixo aqui um documentário sobre a dita doutrina neo-conversadora, e o seu pai intelectual, Paul Wolfowitz.

quarta-feira, julho 26

Lisboa Soundz 2006

O sábado passado foi dia de festa! Porquê, qual a romaria? É simples, para quem não se apercebeu o Festival Lisboa Soundz trouxe pela primeira uma das bandas mais influentes dos últimos tempos a Portugal. The Strokes marcaram o (re)início de um daqueles ciclos de que a música é feita, a volta as sonoridades e ao look de tempos idos. Mas teve mais coisas boas este Festival, que apesar de não chamar muito a atenção, já trouxe a Portugal gente tão importante como a Patti Smith em anos anteriores. Este ano o cenário foi o Terraplano de Santos, o formato apenas um dia de concertos, a começar às cinco da tarde e a acabar por volta das duas da manhã.

Sabe sempre bem dar uma voltinha de electrico, sobretudo naqueles novos com ar condicionado, que o calor abrasador não perdoa. Foi pena chegar ao recinto atrasado, já não deu para ver os portugueses You Should Go Ahead. Tinha curiosidade, fica para a próxima. Depois de encontrar a entrada, e de ser apalpado pela polícia lá entrei. O primeiro concerto que assisti foi o de Isobel Campbell, a cantora que já fez parte dos Belle and Sebastian trouxe algumas canções nostálgicas e sonhadoras na bagagem. Mas o lirismo da menina não era compatível com o calor, o público parece que se estava a poupar para dar uns pulos lá mais para a noite. As coisas começaram a aquecer com os brasileiros Los Hermanos, fazem um Pop seguramente nascido de uma mistura multicolor de culturas e ritmos, mas sem soar minimamente a brasileirada foleira. E claro, primeira grande boca da noite estamos orgulhosos de estar no país do futebol, pôs logo a malta toda a puxar por eles enquanto andavam aos toques ao esférico pelo palco.

Mas o primeiro momento grande da noite (pelo menos para mim) estava a chegar. Os She Wants Revenge subiram ao palco e o ritmo marcado da música começou a agitar as hostes. Confesso que me intrigava muito a banda, como seriam ao vivo, se estariam à altura. Nas gravações, nunca se tem a certeza, a produção pode ser excelente e a banda uma treta. Mas eles estiveram à altura, conseguiram levar o público ao rubro, com as pessoas a baterem palmas entusiasticamente (coisa que só seria repetida no grand finale da noite). Os Dirty Pretty Things foram competentes, tocaram uma série de músicas interessantes, incluindo aquela mais pegadiça que passa na rádio, bang bang e tal. Não fiquei muito entusiasmado, mas também so já pensava no prato forte.

Os Strokes entraram em força, a energia polarizou toda a gente , ao fim ao cabo a maioria dos presentes estava lá para isto. Começaram pelas músicas do último album, mas foram claro por todo o reportório, com as canções de Is This It a receberem um tratamento quase eufórico por parte do público. Confesso que por esta altura já estava todo partido, muitas horas de pé sem nenhum cantinho para descansar tinham feito mossa. Mas instantaneamente recuperei, e tornei-me parte da multidão saltitante. Multidão composta na sua maioria por gente envergando t-shirt, calças de ganga e all-stars imitando quem estava em cima do palco. A performance musical deixou-nos a todos entusiasmados. Mas mais, ainda houve tempo para momentos quase poéticos, como quando Julian Casablancas num interlúdio entre duas músicas, ao contemplar a roulotte Psicológico (já lendária por percorrer todos os anos os festivais por esse país fora) profere a singela afirmação: psychological hot dog! thats a good name for a band!

segunda-feira, julho 24

McDonalds's Videogame

Vou cair um bocado no estereótipo ao falar mal do McDonald's, mas que se lixe, é por uma boa causa. Com o terror das vacas loucas aí à uns tempos, já toda a gente sabe que a vacas são canibais. É normal o uso de desperdícios obtidos a partir de carcaças de animais abatidos para a elaboração de farinhas animais, que irão por sua vez alimentar uma nova geração de animais. Talvez o que muita gente não saiba, é que outro produto usado para a engorda é a farinha de soja. Pois é, parece bem mais saudável que a farinha animal, mas também tem os seus custos, como quantidade a floresta amozónica que é abatida todos os anos para dar lugar a terrenos de cultivo. A terra é barata, mas pouco fértil, mas isso não interessa... enquanto houver árvores para derrubar.

Estes, e outros detalhes suculentos sobre a gestão da multinacional podem ser descobertos num joguito de estratégia que deixo aqui. Uma paródia, bem engraçada e ilustrativa, que nos permite brincar a dirigir o gigante da fast food, o objectivo final, como é óbvio, é o lucro.

A Lula e a Baleia

Já passaram uns dias desde que fui vêr este filme, mas não quero deixar de fazer um pequeno comentário. Quem tenha lido a sinopse, ou visto a apresentação, sabe que se trata de um drama sobre a família. O drama não é propriamente um dos géneros preferidos do público, ainda por cima quando não aparecem nem gajos bons nem gajas boas. E sim, o leit-motif que serve de base a toda a história já está um bocado batido, o divórcio dum casal, os conflitos gerados a partir daí, a experiência dos filhos. Mas apesar de tudo isso, a apresentação agradou-me, e como o filme até está mais ou menos bem cotado, lá fui eu ver a longa-metragem.

Desde logo uma das coisas que me chamou a atenção foi a fotografia, todo o filme parece que foi rodado com uma handy-cam, não foi, mas a impressão que a imagem nos transmite é essa. Os planos, as cores, o grão na imagem, tornam toda a acção muito próxima. Fez-me um pouco lembrar o HI-8, e creio que esta escolha de ambiente foi bem intencional, tanto pela dita familiaridade e proximidade com que olhamos para o ecrã, mas também para nos situar temporalmente num passado recente. É curioso que o filme não mostra em nenhum momento imagens que possam ser consideradas chocantes, mas tem bastante referências ao sexo, e referências evidentes sem complexos. Talvez por isso no EUA tenha sido classificado Rated R for strong sexual content, graphic dialogue and language, na Europa somos mais brandos, o filme é M/16.

Não vou falar muito sobre a história em si, o guião foi inspirado em factos reais, e a accção acontece no seio duma família um pouco elitista, um casal de escritores e os seus filhos. À partida tudo parece cor-de-rosa, ou nem por isso. Afinal o casamento está em crise há bastante tempo, e a separação é inevitável. Acontece assim, tão rápido como isso. Uma separação amigável, que depois vai azedando, verdades que são sendo reveladas, no meio disso tudo duas personagens cuja personalidade está em formação. Em crianças, ou até jovens adultos imitamos os nossos modelos, queremos ser iguais aos nosso ídolos. E quer queirasmos quer não, também seguimos os padrões de comportamento que observamos nas pessoas que nos estão mais próxima, os pais. Torna-se dificil lidar com a realidade, com a falibilidade dos nossos modelos, faz parte do crescimento. A desorientação é natural, o processo ainda é mais doloroso quando os rebentos do casal são obrigados a enfrenta-lo duma forma precoce. No fim de contas este filme não é sobre divórcios, é sobre crescer.

You Only Live Once

Oooooh
Some people think they're always right
Others are quiet and uptight
Others they seem so very nice nice nice nice nice oh oh
Inside they might feel sad and wrong

Oh no
29 different attributes
And only 7 that you like, uh oh
20 ways to see the world, oh oh
Or 20 ways to start a fight

Oh don't dont don't
Get up
I can't see the sunshine
I'll be waiting for you baby
'Cause I'm through
Sit me down
Shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you

Ooooooo-ooooo-ooooooh
A man don't notice what they got
Women think of that a lot
1000 ways to please your man oh oh
And neither one requires a plan
Countless odd religions too
It doesn't matter which you choose
One stubborn way to turn your back
This I've tried and now refused

Oh don't don't don't
Get up
I can't see the sunshine
I'll be waiting for you, baby
'Cause I'm through
Sit me down
Shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you

Alright..
Shut me up
Shut me up up up up up
And I'll get along with you...


The Strokes

quarta-feira, julho 19

Um Luau em Fronteira

Confesso que os meus níveis de paciência andam muito em baixo. Exasperado, inquieto, cansado, aborrecido. A causa é simples, ando a precisar urgentemente de férias, de descansar, de não ter de fazer um esforço enorme para me obrigar a mim mesmo a pensar ou a mexer. As férias aproximam-se é certo, a liberdade chega já no fim deste mês, mas até lá parece que os dias e as semanas crescem e se alongam interminavalmente.

A sorte da coisa é que ainda se vão aproveitando os fins de semana... Como este em que fui descobrir uma maravilha do meu Alentejo que até agora desconhecia. O Canholas fez anos este domingo e teve a excelente ideia de celebrar a ocasião de uma forma diferente, quando me comunicaram a localização da festa à última da hora achei um pouco estranho. "Vamos para Fronteira que o resto do pessoal já lá está", eu já sabia da existência duma praia fluvial... Mas quando cheguei e contemplei o cenário, foi avassalador, achei perfeito. A paisagem e a beleza do entorno lá conseguiram tornar o calor abrasador mais ameno (a proximidade da água também ajudou um pouco). É realmente um sítio magnífico, e o cenário ideal para uma festa na praia, sem areia, mas também a areia só incomoda. Não conheci a povoação em si, nem os nativos, bastou-me aquele pedaço de relva e de rio como pano de fundo para uma noite bem passada. Também descobri que não gosto de Kalimotxo, felizmente havia cerveja com fartura!

Ainda me deu tempo a tirar algumas fotos, antes de atingir um estado ébrio muito acentuado (traduzindo para miúdos, antes de ficar podre de bêbado). Podem espreitar no meu álbum.

terça-feira, julho 18

Loose Change

Michael Moore após o êxito conseguido com o documentário sobre a matança no liceu de Columbine, continuou com os temas polémicos e trouxe à luz alguns factos preocupantes sobre os atentados do 11 de Setembro em Nova Iorque. A aparente calma de Bush e alguns relatórios e declarações contraditórios por parte de fontes oficiais foram denunciados. Mas houve mais quem se dedicasse a explorar as teorias de conspiração ligadas aos atentados, hoje trago aqui um documentário realizado de forma independente. De uma forma "caseira" pode dizer-se. Conheci o filme através de um artigo na Vanity Fair. A verdade é que o documentário em si não destaca pela qualidade, mas sim pelas perguntas que levanta. É também um bom exemplo do que um meio aberto como a Internet pode fazer para difundir a opinião dos cidadãos.

segunda-feira, julho 17

RCRIART

O próximo fim de semana é em grande, e para abrir o apetite para o Lisboa Soundz e para os Strokes nada melhor que começar logo na sexta em festa! Um evento organizado pela malta, a não perder, na Fábrica da Pólvora em Barcarena.

quarta-feira, julho 12

A Venda Online Muda as Regras do Jogo

Copiando descaradamente o Nuno Galopim, do sound + vision:

Os números do relatório da Nielsen sobre o comportamento do mercado da música gravada no primeiro semestre de 2006 revelou que o número de downloads (legais) de álbuns na íntegra, ou seja, uma contabilidade que não soma a ainda mais vasta quantidade de faixas vendidas avulso, atingiu nestes seis meses um total de 14 milhões de unidades, apenas nos EUA. Há um ano, o primeiro semestre de 2005 tinha assistido a vendas na ordem dos 6,5 milhões, o que traduz um aumento, espantoso, de 77 por cento. Há um argumento válido na explicação da queda no retalho tradicional: o facto de não ter havido ainda este ano um lote de álbuns multi-platinados, que por si só geram vendas em grande escala. Mas, como deixou claro o editor da Wired, Chris Anderson, num livro que acabou de publicar, a era dos álbuns "blockbuster" está a terminar e o novo comportamento do consumidor de música, mais atento à Internet, começa a interverir visivelmente nestes números em queda do mercado (e sua oferta) tradicional. O relatório mostra ainda que, como se esperava, os consumidores estão a optar pela compra de faixas avulso, em vez de adquirir álbuns na sua totalidade.


Quererá isto dizer que no futuro vamos ter um público mais inteligente e selectivo, que não vais atrás dos top's, dos discos de ouro, playlists e outras técnicas de marketing que dominam o mercado hoje em dia? Espero que sim.

segunda-feira, julho 10

Bússola Política


Normalmente não ligo a mínima àqueles testes da treta que aparecem na web, normalmente baseados em príncipios de pseudo-psicologia. Testes de personalidade, para detectar depressões, ou determinar o quoficiente de inteligência. Tudo isto a mim me parece banha de cobra. Mas hoje fiz um teste que achei muito engraçado, não pela validade da avalição, mas porque tem por trás um olhar diferente sobre a política que se sobrepõe à visão unidimensional tradicional. Apenas Direita e Esquerda já não servem para definir o espectro político. Após fazer o teste da bússola politica, é-nos oferecida uma explicação mais ou menos teórica (mas breve) sobre a questão. E claro, podemos sempre vêr a que personalidade famosa nos podemos comparar em termos de opiniões. Eu fui calhar muito perto do Dalai Lama e do Ghandi! Serei um santo?

Estados Falhados

Noam Chomsky é um linguista, filósofo e activista político. Dá aulas no MIT, e a sua obra e génio são tão vastos que tanto se aplicam ao estudo das linguas, psicologia, sociologia, até na ciência computacional. Nunca se envergonhou de dar a sua opinião (normalmente polémica) sobre a política e o estado do seu país. No seu último livro "Failed States: The Abuse of Power and the Assault on Democracy" afirma que os EUA são um estado falhado uma vez que é incapaz ou não tem a vontade de proteger os interesses do seus cidadãos, e que o seu governo se julga acima das normas internacionais. Aqui fica uma entrevista sobre o tal livro, onde são explicadas muitas das opiniões, e se fala sobre assuntos bem actuais. Os temas são tratados numa óptica doméstica (Estados Unidos da América), mas é óbvio que são de interesse geral, as acções de um país tão grande repercutem-se sobre todos nós.


A segunda parte está disponível aqui.

segunda-feira, julho 3

Governo Electrónico

Parece que um dos vectores cruciais na estratégia do governo para melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo funcionalismo público, é ir disponibilizando cada vez mais serviços na Internet. E-Government, é como se chama, o nome pomposo. Na realidade trata-se apenas de senso comum. Poupa-se dinheiro do Estado, em instalações e funcionários e poupa-se o tempo e maçadas aos cidadãos e contribuintes. As últimas novidade são a possibilidade de constituir uma empresa online, sem ser necessário passar por nenhuma repartição ou secretaria, e publicação online livre e gratuita do Diário da República.

Pessoalmente posso dizer que onde noto mais esta estratégia é em matéria de impostos. Já me habituei à boa vida, preencher a declaração de rendimentos a partir de casa, enviar a partir de casa, e ter uma pré-validação logo ali. Este ano tornou-se possível fazer a liquidação do Imposto Municipal sobre Veículos, ou seja comprar o selo do carro, online. É fazer login, aparece lá a matrículo do nosso carrito (ou carritos, para quem tiver muita guita), põe-se uma cruzinha e já está. O selo aparece-nos em casa dias depois. Assim até dá gosto.

Uma vez as repartições publicas modernizadas e virtualizadas, trazidas para o ciberespaço, só já falta a parte mais difícil da questão. Acabar com estereótipo do funcionário público. O gajo que chega ao trabalho às oito da manhã, bebe o cafézinho à borla na máquina que há lá na repartição, pica o ponto (para ele e para algum colega que nesse dia não pode aparecer). Pouco tempo depois sai para comprar o jornal (o jornal desportivo claro), volta por volta das dez e meia ou onze... Fica um bocado na conversa com a malta, o assunto não interessa muito, pode ser a última contratação do Benfica, ou pode ser a greve geral da semana que vem. Por volta do meio-dia está na hora de sair para almoçar. Lá para as três da tarde volta-se, com má cara claro, que não cabe na cabeça de ninguem trabalhar à hora da sesta. Dá para atender uma ou duas pessoas que estão quase a desesperar da espera... Entretanto fazem-se quatro da tarde, e adeus que se faz tarde! Das senhoras nem falo... É um bocado frustante estar num guichet, depois de ter esperado uma hora, e uma senhora muito descansada dizer-nos: ah isso não é aqui, tem de dirigir-se ao segundo andar para comprar o impresso, isto enquando lima a unhas descontraidamente. Acaba com os nervos de qualquer um.

Concerteza algum funcionário público que leia o parágrafo anterior vai-se sentir ofendido. Alguns com razão, porque realmente trabalham. Mas esses são a excepção, e felicito-os, porque deve ser extremante difícil remar contra a maré num mar de privilégios e preguiça instituída. Os outros, os que criaram o esteriótipo, podiam-nos mandar todos para a reforma, já!

sexta-feira, junho 30

Photo-Nostalgia

Já andava com esta na cabeça há algum tempo, anos mesmo, queria comprar uma máquina fotográfica. Mas uma daquelas a sério, com rolo, diafragma, obturador e aquelas coisas todas que agora estão fora de moda. A ideia era comprar em segunda mão, apesar disso dei uma volta pelas lojas para ver qual seria o preço da máquina que queria nova. Mas novas já ninguem as vende, saltaram todos para o barco do digital. E quem vende em segunda mão arma-se em chupista, querem balúrdios só pelo corpo da máquina. Mandei-os todos à fava e virei-me para o eBay. Fiz umas pesquisas, participei nuns leilões, e após ter perdido alguns lá consegui comprar, exactamente a máquina que queria, por bom preço até.

Sou o feliz proprietário de uma Nikon F65, já andei por aí a tirar umas fotos. A desconfiança e a incredulidade iniciais em relação a uma venda online rapidamente se dissiparam. Passaram assim que percebi afinal tinha mesmo feito um bom negócio. Os meus dotes de artista são limitados, mais um bom pretexto para enterrar a guita. Mas agora divirto-me a congelar imagens, sítios, pessoas, acontecimentos. A minha visão particular do mundo a fim e ao cabo, e guarda-las para a posteridade. Acho que a fotografia se trata disso mesmo. Quem tiver interessado em espreitar poder ir ao Flickr, e dar uma olhadela no meu album.

quarta-feira, junho 28

Nirvana: Unplugged in NY

Esta foi uma das edições mais marcantes da série "Unpplugged" da MTV, bateu records de audiência, e vendeu discos e DVD's que se fartou. Isto porque o registo acústico, gravado num ambiente intimista e familiar, agrada tanto ao fã mais incondicional dos Nirvana como ao público em geral. Não são os Nirvana puros e duros, com guitarras em distorção, saltos acrobáticos e destruição em palco. Mas mesmo assim trata-se de uma das suas obras maiores, que está agora disponível em versão integral e não editada.

terça-feira, junho 27

O Clima anda a Aquecer

A Administração Bush como de costume dá nas vistas pela negativa. o Presidente interrogado sobre alterações climáticas, o famoso aquecimento global, e a relação deste com as actividades humanas, encolhe os ombros. Diz que não se sabe se há relação, que ainda existe uma discussão em curso na comunidade científica (a isto chamo eu atirar areia para os olhos) o pior é que há milhares de eleitores americanos que são tão estúpidos que até vão na conversa.

Entretanto há gente preocupada, gente com um pouco mais de cabeça, mas planos algo estranhos. No Japão estuda-se a viabilidade de carregar contentores com CO2 para em seguida enterra-los. Transfere-se o problema da atmosfera para o subsolo parece-me a mim, mas eles lá sabem.

sábado, junho 24

Análise à Execução Orçamental - Janeiro Maio de 2006

A Grande Loja do Queijo Limiano é um dos blogs que leio regularmente. Os temas por excelência são a politica e actualizade portuguesas. A qualidade da escrita, a acidez e ironia usados, fazem muito o meu gosto. Mas hoje quero simplesmente destacar um artigo em especial, uma análise que foi feita na semana passada... para aguçar a curiosidade basta deixar o gráfico, mas leiam o artigo, vale a pena para abrir os olhos.

quarta-feira, junho 21

Wordsong Pessoa

Uma sugestão para quem gosta de Fernando Pessoa, o projecto Wordsong ao vivo hoje à noite no Cabaret Maxime. Ou em alternativa amanhã na Fnac Chiado pelas 19 horas. O grupo que já tinha musicado a poesia de Al Berto promove agora o novo registo, dedicado a Pessoa.

terça-feira, junho 20

De Pequenino é que se Torce o Penino

Um estudo divulgado recentemente pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto relaciona directamente o "cabulanço" com a corrupção. Realizado a nível internacional o estudo compara índices entre vários países, concluindo que é nos países Nórdicos onde se faz menos batota, no extremo oposto estão os países da Europa de Leste e da América do Sul. O estudo incidiu sobretudo sobre alunos das licenciaturas de Economia e Gestão porque, segundo as investigadoras citadas, são "potencialmente os líderes económicos e políticos". Aparentemente nos países onde mais se copia não há sanções ou elas são muito fracas, existe portanto uma noção de impunidade. Que claro, irá continuar até mais tarde, quando aparecerem as opurtunidades de ganhar uns trocos por fora. Portugal até nem está muito mal, falando em percentagens os nossos vizinhos espanhóis parece que gostam mais de copiar que nós. Mas não posso deixar de me interrogar, fizeram o inquérito ao Pinto da Costa e ao Valentim Loureiro?

cheating exam

segunda-feira, junho 19

The Devil and Daniel Johnston

Na passada sexta-feira fui ao King à meia noite vêr este documentário, não sei se o filme despertou muito interesse em Portugal ou não, mas o facto é que estávamos cinco pessoas na sala. Talvez fosse da hora e do dia, ou talvez não, se calhar a maioria das pessoas prefere algo mais leve que espreitar a vida de um maníaco-depressivo. Sem saber muito sobre Daniel Johnston ou sobre sua obra fui cativado por alguns comentários e pela aparente reverência que algumas figuras da música lhe prestam. O interesse do público pela pessoa provavelmente despertou numa altura em que Kurt Cobain andava a passear uma t-shirt desenhada por Daniel (segundo a história andou seis meses seguidos com ela vestida).

O documentário em si é uma colagem, com pedaços de filme e de audio tomados pelo próprio Daniel, entrevistas com muita gente (uns conhecidos outros nem por isso), visitas a muitos lugares mas sempre constante a arte de Daniel. Aparentemente desde petiz o que mais lhe interessava, o seu interesse primordial foi criar. Realizou um filme em que interpretou a mãe, passava o dia fazer desenhos, tocar piano tudo menos trabalhar. Parece fora de lugar numa familia conversadora e cristã como era a sua, talvez venha daí a raíz dos seus problemas. Amaldiçoado desde jovem com uma doença mental, comportamentos pouco vulgares, é quase uma personagem trágico-cómica. De cada vez que parece que vai alcançar o sucesso faz qualquer coisa incrivelmente estúpida que deita tudo a perder...

É perturbador, porque no fim do documentário ficamos com a interrogação, ele é um criador genial e prolífico ou apenas um louco que destacou. É díficil de responder, ao ouvir as canções somos tocados pela voz de criança e pelas letras cruas e ingénuas. Diga-se que passagem que o homem nem sabe tocar guitarra, mas as suas interpretações mesmo assim já tiveram direito a ovações de pé em espectáculos onde deveria ser apenas uma atracção secundária. Os seus desenhos também têm um estilo absolutamente ingénuo e simples, aparentemente sem o mínimo valor, já foram expostos em galerias ou classificados como vandalismo quando aplicados nalguma parede mais respeitável. Eu gostei, valeu a pena assistir a esta longa metragem pelo menos para descobrir o mito e ficar tocado pela personalidade de criança, creio que as outras quatro pessoas que lá estavam também gostaram.

sábado, junho 17

The Corruptibles

A maioria das pessoas, vulgo consumidores, ainda não acordou para a realidade do DRM (Digital Rights Management). Com os media tradicionais a ficarem obsoletos o domínio dos suportes digitais torna-se inexorável, e com esse domínio crescem os medos de quem distruibui conteúdos. A facilidade com que se copia um CD de música ou um filme em DVD hoje em dia é obvia. Qual a resposta das editoras? O DRM, que virá já incluído na proxima geração de hardware e sistemas operativos (o famigerado Windows Vista). O DRM serve para não possamos copiar ou emprestar conteúdo que tenhamos adquirido. Assim na tentativa de proteger os seus interesses o vendedor, o intermediário, irá tomar posse de alguns dos nossos. Isto é, podemos ser impedidos de exercer direitos que são nossos sobre um objecto digital que tenhamos adquirido. Um exemplo para a coisa ficar mais clara, um filme comprado via loja virtual só poderá ser visto na nossa máquina, e apenas nela. Não vamos poder emprestar ao amigo, e sabe-se lá que vai acontecer se tivermos de formatar a máquina... O mais provável é termos de comprar de novo o filme...

A EFF (Electronic Frontier Foundation), um grupo de activistas da liberdade no mundo digital, lançou um pequeno cartoon intitulado "The Corruptibles" com o objectivo de alertar o cidadão comum (leia-se consumidor sem conhecimentos profundos em tecnologia) para o que aí vem.

quinta-feira, junho 15

A (falta de) Educação

Nos dias que correm assiste-se a muita preocupação e muita discussão com a Educação. Fala-se da falta de autoridade que os professores sentem ao lidar com situações na Escola, afinal os professores têm ou não o direito (dever?) de impôr disciplina para controlar a suas salas de aula. Ou antes, quais serão os meios legítimos para aplicar essa disciplina, já que sem ela a sala da aula não funciona. Levei bastante reguadas na escola primária, acho que não fui vitima de violência fisica. A suspensão ou a expulsão, castigos aplicáveis as faltas mais graves, são evitadas. Este debate está intimamente ligado ao papel do docente, se deve ser educador ou apenas transmissor de conhecimentos. Cada vez mais parece que terá ser o papel mais amplo, o de educador. A norma na sociedade actual é que ambos os progenitores trabalhem e passam bastante tempo fora de casa, tendo de encontrar um espaço onde possam confiar as crias durante o dia. Assim entregam-nos à guarda dos professores e educadores, e esperam, exigem que os seus rebentos sejam bem tratados, cuidados, e formados. Esquecem-se talvez que as crianças de precisam de boa educação, no sentido de boas maneiras.

Os professores fizeram greve, em causa está um diploma que impõe a avaliação de professores. Recusam-se a ser avaliados pelos pais e alunos, dado o desinteresse mostrado pela maioria em relação às actividades escolares dos filhos, e a falta de objectividade dos formandos. Os pais não aparecem nas actividades da escola, faltam às reuniões para os encarregados de educação, não querem saber, por isso a imagem da escola será sempre aquela que os mais novos quiserem dar. Este desinteresse dos pais é lamentável, até aí concordo. Mas a opinião dos pais e alunos é apenas um entre os vários critérios que serão usados para a tal avaliação, ao contrário do que o discurso dos sindicatos deixa transparecer. Até parecem que preferem continuar com a desresponsabilização que existem neste momento. Para mim a introdução de mecanismos de responsabilização e de promoção do mérito é essencial em Portugal, obviamente começando pelos vários braços da Admisnistração Pública. Certamente será uma dura luta com os sindicatos. Mas desta vez até tiveram sorte, dia de greve num dia entre dois feriados, lá conseguiram mais uma ponte.

Educação é normalmente um assunto sazonal, de periodicidade anual ou semestral, que gera polémicas e causa conflitos para logo a seguir ficar esquecido durante mais um ano. Em condições normais ouvimos falar de Educação quando chega de saber os resultados das candidaturas ao Ensino Superior, ou em alternativa e mais em foco em anos recentes, os processo para colocações de professores. Falei de pais e professores, mas os verdadeiros destinatários do Sistema Educativo, os alunos, aparentemente também pouco se interessam pela qualidade do serviço. Quando se trata de protestos ou greves estudantis normalmente estão associados à realização de provas ou à insuficência de vagas, do acesso ao almejado Curso Superior. Parece que o problema das vagas desapareceu hoje em dia, até já há cursos que vão ser fechados porque as vagas sobram. Na sua maioria cursos de ciência e tecnologia. É curioso que o número de vagas esteja desajustado do que será depois a procura no mercado de trabalho. Outros cursos em que é necessário ter apenas uma sala, meia dúzia de cadeiras e um quadro, as vagas abundam (quer em públicas ou privadas). Abundam e mesmo assim são preenchidas. Situação mais absurda ainda, alunos de Medicina que vão para Espanha porque cá não existe vagas.Depois temos sociólogos a trabalhar em caixas de supermercado, vamos ao centro de saúde e o médico fala uma língua diferente.

O percurso de muitos estudantes que conheço, e posso falar porque ainda o sou, foi ir-se arrastando (ir passando) ano após ano, progredindo no sistema até chegar à altura de ter de tomar decisões. Existem várias decisões a serem tomadas, a primeira normalmente é evitar a matemática, fugir para uma ârea fácil. Mais tarde na hora de decidir para onde concorrer, sim que ser Licenciado é essencial nos dias que correm, vai-se para o curso que der mais jeito, de preferência com média baixinha. Ou então um curso da moda, como Arquitectura ou Direito numa privada. E claro... para cursos de ensino, futuros pedagogos sem nenhuma vocação para pedagogia. Essas pessoas não são menos inteligentes ou menos dotados, apenas preguiçosos. Círculo Vicioso. A tal cultura do mérito de que falava, se não existe entre professores muito menos existirá entre alunos.

quarta-feira, junho 14

The Bomb

Contratos para empreitadas públicas é do melhorzinho que se pode arranjar, toda a gente sabe. Quanto maior o projecto mais há a ganhar. Podia estar a falar de Portugal, do estado português, obras públicas, a indústria do betão e trabalhadores ilegais que vivem em condições miseráveis... Mas não, isso é normal por terras lusas. Estou a falar de outra empreitada pública que vai ser adjudicada pelo Governo dos Estados Unidos.

O The Lawrence Livermore National Laboratory e o Los Alamos National Laboratory, andam muito atarefados a preparar planos para apresentar ao Nuclear Weapons Council, os investigadores não param, fazendo noites e fins-de-semana. O objectivo, a construção de uma nova bomba nuclear. A medida foi aprovada pelo Congresso em 2005. Depois da assinatura do Tratado de Desarmamento com a Rússia em 2002 que prevê a redução do número de ogivas nucleares dos dois países até 2012, os EUA planeiam substituir algumas das velhas bombas, que já não são consideradas de "confiança". Isto no meio duma controvérsia internacinal quanto à legitimidade de países como a Coreia do Norte e o Irão entrarem no clube dos países com poder nuclear. E qual será a legitimidade dos Estados Unidos da América?

segunda-feira, junho 12

Gandas Malucos

Já toda a gente sabe que os Gnarls Barkley são uns grandas Crazy's. Não é só o single do primeiro album, e o tema mais conhecido da banda, eles são mesmo fora do comum e fazem umas maluquices de vez em quando. Aqui fica um videozito de uma actuação deles nos prémios de cinema da MTV, onde cada elemento da banda se disfarçou de uma personagem do Star Wars...

Já cheira a Mangerico

Chegou o santo casamenteiro. Com ele chegam os mangericos, as sardinhas e as marchas populares. Mas o que a malta gosta mesmo desta época é das ruas cheias de gente, pessoas de toda a espécie e feitos, unidos sob a celebração, o bailarico, a diversão. As meninas casadoiras saem à rua com esperança que o santo lhes traga o amado com que sonham. Às vezes parece que Lisboa é uma aldeia, enorme, mas aldeia. Com mexericos, intrigas, comadres e compadres, outras vezes vemos o outro lado esse espiríto, a festa popular, que está mais vivo que nunca no Santo António. Eu provalvemente devo ir passear à Bica, porque é o sítio onde a festa é mais jovem, mas não vou deixar de passar em Alfama e no Castelo onde a tradição reina. Até de manhã há muito tempo para andar por aí. Ainda deixo mais uma sugestão, passar o santo antónio com os Ena Pá!

Super Bock Super Rock - Act II

Vou um bocado atrasado mas não posso deixar de publicar as minhas impressões sobre a segunda entrega do festival de rock lisboeta. Tenho escrito pouco, falta de tempo e preguiça de sobra. Mas na passada quarta-feira deixei a preguiça de lado e estive a correr contra o tempo para largar o trabalho e chegar a tempo de assistir aos Editors, os primeiros a subir ao palco nesse dia. Quase que consegui chegar a tempo, ouvi de fora do recinto o ínicio da prestação do quarteto de Birmingham. Que granda malha! É só o que posso dizer, queria vê-los à força, já se sabe que a prestação ao vivo pode vir confirmar ou negar o valor de uma banda. No caso dos Editors fiquei de água na boca, uma interpretação irrepreensível e uma energia em palco que contagiou todos os presentes, que apesar de serem poucos abriram a festa em grande. Quando a malta já tava contente de pular e saltar, saem-se com uma versão do "Road to Nowhere" e aí arrasam tudo. Definitivamente vai-se ouvir falar muito dos Editors.

Havia muita malta à espera dos dEUS, muito nervosismo, muito ai ais das meninas por ali espalhadas. Mas quando eles chegaram, notou-se que também eles estavam cheios de vontade de tocar para um público português de novo. Havia muitos fãs, mesmo muitos, já que a cada canção havia entusiasmo renovado do público. Eu também tava todo contente é claro, falhei todos os concertos anteriores da banda de Tom Barman em Portugal, e estou mais arrependido do que nunca. Como já se sabe, isto dos festivais, dançar, cantar, berrar deixa um gajo cansado, e nesta altura mudei-me para o pequeno cantinho com relva que é a benção no recinto de cimento do Parque Tejo. Ouvi os Cult e parte dos Keane estendido ao comprido. Apesar disso ainda me deu para apreciar qualquer coisa, os Cult foram competentes, debitaram as suas canções que são quase clássicos já. A música não é propriamente genial, mas tem um som roqueiro que ainda dá algum gosto ouvir. Fiquei sem perceber se Ian Astbury é grande fã do Figo ou se estava só a tentar puxar pelo pessoal. Quanto aos Keane, a meio do concerto fiz o esforço para me levantar quando eles começaram a tocar uma das músicas giras que têm, mas no geral o concerto foi meloso e sensaborão...

Mas adiante que o melhor ainda estava por vir, Legendary Tiger Man apresentou-se no palco secundário, sozinho, qual homem dos sete instrumentos. Tocou os seus blues e seu rock, canções algo simplistas. Mas teria de ser necessariamente assim um one man show, apesar disso muito e bom som a vir de cima do palco. Ao ir-se embora Paulo Furtado apontou-nos para o palco principal, e para os últimos interpretes da noite. Os Franz Ferdinand entraram com a energia que seria de esperar para quem conhece a sua música e os dois albúns editados. Nesta altura estava muita gente, mesmo muita gente a olhar para o palco principal a ouvir a música e a saltar. Ainda não vi as estatísticas mas a impressão com que fiquei foi que havia mais gente que em qualquer outro concerto. Os Franz proseguiram a um ritmo alucinante a descarregar energia, guitarradas, e umas porradas na bateria a contratempo de vez em quando, a música contagiou todos os presentes. Nos outro dias ensaiei uma fuga mais cedo para evitar a confusão a deixar o recinto, neste não resisti a deixar-me ficar até ao final, ouvir tudo, saltar tudo, valeu bem a pena.

Escusado será dizer que fui trabalhar todo partido no dia seguinte, literalmente a arrastar-me, olheiras, mal-estar e azia. Nada de novo, nada de grave hehe. Mas quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga, já dizia o genial António. Até saí cedo do trabalho, mas acabei por adormecer, despertou-me a minha boleia para o recinto, já eram quase dez da noite. Lá me vieram buscar e arrancámos, não havia trânsito, nem muita gente no estacionamento por isso até chegamos rápido à entrada... Aí é que percebemos que tinhamos de voltar para trás porque alguem se tinha esquecido do bilhete... A minha expectiva para este dia era assistir à performance de Pharrell Williams, o ex-NERD. Infelizmente já não cheguei a tempo. Quando entrei estava 50 Cent a cantar (?) na sua voz pouco melódica, a mandar uns yo-yo-yos e uns tiros. Caguei pó gajo e fui dar uma volta pelo recinto, ver o artesanato, beber umas jolas. O que me consegui lembrar até o gajo se calar e ir-se embora. Notava-se o vazio que estava o recinto, também se notava alguns adolescentes acompanhados pelos pais, entusiasmados com os yo-yo-yos...

Finalmente o gajo bazou, e assistiu-se a uma boa prestação dos Mind da Gap, já quase veteranos do hip-hop nacional. Agora que o estilo virou moda, este grupo do Porto com provas já dadas mostra que não é de modas se faz a música. Havia algumas pessoas à espera de Patrice, que conseguiu pôr o público a mexer-se. A música não é verdadeiramente reggae, é mais um cruzamento entre os sons da Jamaica e o estilo funk de Jamiroquai. Não só em termos sonoros, mas tembém o estilo visual e a forma de estar em palco. A mistura resulta bem, o tempo dirá se se trata apenas de um sub-produto da indústria musical ou se é algo mais.

sábado, junho 10

Road to Nowhere

Well we know where we’re goin’
But we don’t know where we’ve been
And we know what we’re knowin’
But we can’t say what we’ve seen
And we’re not little children
And we know what we want
And the future is certain
Give us time to work it out

We’re on a road to nowhere
Come on inside
Takin’ that ride to nowhere
We’ll take that ride

I’m feelin’ okay this mornin’
And you know,
We’re on the road to paradise
Here we go, here we go

(Chorus)

Maybe you wonder where you are
I don’t care
Here is where time is on our side
Take you there...take you there

We’re on a road to nowhere
We’re on a road to nowhere
We’re on a road to nowhere

There’s a city in my mind
Come along and take that ride
And it’s all right, baby, it’s all right

And it’s very far away
But it’s growing day by day
And it’s all right, baby, it’s all right

They can tell you what to do
But they’ll make a fool of you
And it’s all right, baby, it’s all right

We’re on a road to nowhere


Talking Heads

terça-feira, junho 6

Lisboa Wireless

À semelhança do que está a ser feito em muitas cidades por esse mundo fora (em países mais desenvolvidos claro) a Câmara Municipal de Lisboa planeia fazer a cobertura com rede Wireless da capital. A notícia parece mesmo a sério, e avança como ponto de partida em cinco jardins: Estrela, Príncipe Real, Arco do Cego, Campo Grande e Parque das Conchas. O objectivo é ter a cobertura de toda a cidade até ao final do ano. É refrescante verificar que afinal há gente com visão de futuro na admistração pública, a iniciativa piloto é efectuada em conjunto pelos pelouros dos Espaços Verdes e da Modernização Administrativa, tutelados por António Prôa e Gabriela Seara respectivamente.

domingo, junho 4

A Música já Não é Objecto

Esta semana tive uma conversa um pouco nostálgica e ao mesmo tempo muito engraçada sobre os velhos tempos do CD e do vinil. Existe um ditado popular que diz, se queres perder um amigo empresta-lhe dinheiro. Com os discos era a mesma coisa. Um gajo comprava albúm novo dos não sei quê, aparecia logo aquele amigo, o não sei quantos, opá altamente tens de me emprestar isso e tal. Um gajo dizia logo, epá não dá, ainda agora o comprei ainda nem deu para ouvir como deve ser. Se o gajo tivesse boa memória e fosse insistente, a malta lá tinha dar o braço a torcer, e emprestar aquilo. Na altura de devolver é que eram elas. Passava-se um mês, dois meses, tar a perguntar pelas coisas parece mal, mas tinhamos de esquecer as boas maneiras, ò man então aquele albúm dos não sei quantos que eu te emprestei não sei quando. Xiii, não sei, deve tar lá pra casa, tenho de procurar isso. Os meses iam passando,e a coisa começava a mudar de contornos, então o disco, já o encontraste? Pois pá, é assim... acho que o emprestei ao não sei das quantas. E pronto, aí já podíamos dar o caso como encerrado, e dar aquilo por perdido porque era certo que nunca lhe íamos por a vista em cima. Tempos passados, e após já termos esquecido a história toda, às vezes davam-se situações engraçadas do género, ir-se visitar a casa do bacano começar a olhar para a estante do gajo e de repente... Ora bolas! Aquilo ali não é meu? Resposta invariável: Humm... não sei bem, mas acho que não... acho que foi a não sei quantas, sabes aquela míuda com que eu andei à uns anos que me deu esse disco de prenda... tu também tinhas um não tinhas? Depois a única solução era mandar o tipo pó raio que o parta.

Este diálogo foi no gozo e rimos à gargalhada a recordar velhos tempos. Sim velhos tempos, porque a realidade hoje é outra. Sintoma do aparecimento dos suportes digitais a música dissociou-se do seu suporte físico. Em tempos idos uma faixa, uma canção vinha num disco, para a ouvirmos tinhamos de possuir o disco, ou então fazer uma cópia ranhosa para cassete (ranhosa é como quem diz, perecível que aquilo nunca durava muito). Hoje já não é assim como eu descrevi, já não é "empresta-me aí" agora a expressão é "tens de me gravar". A mudança surgiu com os primeiros gravadores de CD. Agora nem isso é necessário, o MP3 está disponível para toda a gente. Eu encaro isto como uma coisa boa, excelente até, todos podem ter acesso à música. É muito mais fácil mostrar aos amigos o som que se anda a curtir no momento. Mesmo para as próprias bandas é bom porque é mais fácil espalharem o seu produto e encontrarem os seus consumidores (fãs). Os únicos que não acharam graça foram as editoras claro. Quem produzia, vendia e controlava o tais objectos da música. Em minha opinião as editoras independentes, que trabalham, investigam, procuram novos talentos na sua ârea de influência essas continuam a ter lugar. Os grandes, os que fabricam sucessos, promovem ídolos, e compram as playlists, esses sim têm razões para estar seriamente preocupados.