Nos dias que correm assiste-se a muita preocupação e muita discussão com a Educação. Fala-se da falta de autoridade que os professores sentem ao lidar com situações na Escola, afinal os professores têm ou não o direito (dever?) de impôr disciplina para controlar a suas salas de aula. Ou antes, quais serão os meios legítimos para aplicar essa disciplina, já que sem ela a sala da aula não funciona. Levei bastante reguadas na escola primária, acho que não fui vitima de violência fisica. A suspensão ou a expulsão, castigos aplicáveis as faltas mais graves, são evitadas. Este debate está intimamente ligado ao papel do docente, se deve ser educador ou apenas transmissor de conhecimentos. Cada vez mais parece que terá ser o papel mais amplo, o de educador. A norma na sociedade actual é que ambos os progenitores trabalhem e passam bastante tempo fora de casa, tendo de encontrar um espaço onde possam confiar as crias durante o dia. Assim entregam-nos à guarda dos professores e educadores, e esperam, exigem que os seus rebentos sejam bem tratados, cuidados, e formados. Esquecem-se talvez que as crianças de precisam de boa educação, no sentido de boas maneiras.
Os professores fizeram greve, em causa está um diploma que impõe a avaliação de professores. Recusam-se a ser avaliados pelos pais e alunos, dado o desinteresse mostrado pela maioria em relação às actividades escolares dos filhos, e a falta de objectividade dos formandos. Os pais não aparecem nas actividades da escola, faltam às reuniões para os encarregados de educação, não querem saber, por isso a imagem da escola será sempre aquela que os mais novos quiserem dar. Este desinteresse dos pais é lamentável, até aí concordo. Mas a opinião dos pais e alunos é apenas um entre os vários critérios que serão usados para a tal avaliação, ao contrário do que o discurso dos sindicatos deixa transparecer. Até parecem que preferem continuar com a desresponsabilização que existem neste momento. Para mim a introdução de mecanismos de responsabilização e de promoção do mérito é essencial em Portugal, obviamente começando pelos vários braços da Admisnistração Pública. Certamente será uma dura luta com os sindicatos. Mas desta vez até tiveram sorte, dia de greve num dia entre dois feriados, lá conseguiram mais uma ponte.
Educação é normalmente um assunto sazonal, de periodicidade anual ou semestral, que gera polémicas e causa conflitos para logo a seguir ficar esquecido durante mais um ano. Em condições normais ouvimos falar de Educação quando chega de saber os resultados das candidaturas ao Ensino Superior, ou em alternativa e mais em foco em anos recentes, os processo para colocações de professores. Falei de pais e professores, mas os verdadeiros destinatários do Sistema Educativo, os alunos, aparentemente também pouco se interessam pela qualidade do serviço. Quando se trata de protestos ou greves estudantis normalmente estão associados à realização de provas ou à insuficência de vagas, do acesso ao almejado Curso Superior. Parece que o problema das vagas desapareceu hoje em dia, até já há cursos que vão ser fechados porque as vagas sobram. Na sua maioria cursos de ciência e tecnologia. É curioso que o número de vagas esteja desajustado do que será depois a procura no mercado de trabalho. Outros cursos em que é necessário ter apenas uma sala, meia dúzia de cadeiras e um quadro, as vagas abundam (quer em públicas ou privadas). Abundam e mesmo assim são preenchidas. Situação mais absurda ainda, alunos de Medicina que vão para Espanha porque cá não existe vagas.Depois temos sociólogos a trabalhar em caixas de supermercado, vamos ao centro de saúde e o médico fala uma língua diferente.
O percurso de muitos estudantes que conheço, e posso falar porque ainda o sou, foi ir-se arrastando (ir passando) ano após ano, progredindo no sistema até chegar à altura de ter de tomar decisões. Existem várias decisões a serem tomadas, a primeira normalmente é evitar a matemática, fugir para uma ârea fácil. Mais tarde na hora de decidir para onde concorrer, sim que ser Licenciado é essencial nos dias que correm, vai-se para o curso que der mais jeito, de preferência com média baixinha. Ou então um curso da moda, como Arquitectura ou Direito numa privada. E claro... para cursos de ensino, futuros pedagogos sem nenhuma vocação para pedagogia. Essas pessoas não são menos inteligentes ou menos dotados, apenas preguiçosos. Círculo Vicioso. A tal cultura do mérito de que falava, se não existe entre professores muito menos existirá entre alunos.
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