domingo, maio 28

Super Bock Super Rock - Act I

Gostava de saber quem foi a luminária que se lembroou de fazer concertos em Lisboa a meio da semana. Não tenho nada a apontar a quem subiu ao palco, os espectáculos foram muito bons. Mas como já vem sendo tristemente habitual a organizaçao deixou bastante a desejar. Em termos de logística, em termos de distribuição do espaço no parque Tejo, e novidade este ano os dias foram muito mal escolhidos. Qual terá sido a lógica? Se pensam que são só putos rebeldes que não fazem nenhum e faltam às aulas pa ir a concertos que gostam de música pesada, só demonstram ignorância. A malta que trabalha e tem um horário das nove às seis (no meu caso das nove até às horas que fôr preciso) também gosta. Se calhar tiveram medo que o Rock in Rio lhes roubasse público, mas como, se a música e portanto os fãs são completamente distintos. Consequência disto o pessoal tem de sair directo do trabalho, gramar com o trânsito, a seguir desesperar para estacionar o carro, e finalmente quando um gajo chega lá já tocaram dois ou três grupos. Já nem vou falar na dificuldade em comprar uma cerjeva, ou no má educação das pessoas que estão a servir, já sabemos o que a casa gasta é todos os anos a mesma coisa.

Mas vou falar de música, que foi isso que lá fui fazer. No primeiro dia cheguei a meio do concerto dos Moonspell, não puxou muito por mim, se calhar por nunca ter sido grande fã, mas acho que a prestação deles ao vivo não impressionou muito. Quem sim me impressionou foram os Soulfly, que apesar de eu não ser fã, demonstraram que ainda estão cheios de energia e conseguem pôr uma multidão a saltar. Até houve um encontro de gerações em palco, com o filho do vocalista a vir cantar uma música. Foi enternecedor vêr que o puto consegue dar uns urros tão aterradores como os do pai. Notava-se que havia por ali muitos fãs dos Korn, e eles deram um grande concerto, não desiluriram. Mas antes dos Korn actou outra grande banda, portuguesa, e muito mal amada. Não percebo porquê, já andam por aí à muito tempo e a fazer coisas bastante inovadoras. Se calhar é esse o problema, os Bizarra Locomotiva devem ser uns incompreendidos. Grande prestação para os Bizarra, é sempre um prazer vê-los ao vivo.

No segundo dia ainda cheguei mais tarde, tinha vontade de ver os Alice in Chains. Aquilo deve ser uma fantochada, com outro bacano a cantar mas queria vêr para poder dizer mal, já não deu. A minha preferência era claramente para vêr os Placebo, tudo o resto ficou um pouco para segundo plano. Foi uma grata surpresa quando me apercebi que os X-Wife estavam a tocar no palco secundário. E eram uns X-Wife muito mudados em relação aos que vi recentemente no Lux. Parece que conseguiram encaixar o baterista na banda, e isso abriu uma dimensão completamente nova, fenomenal na música deles. Com as programações e os loops de lado, é o bateria que marca o ritmo frenético das músicas (ja disse e repito, o homem deve ter saído duma banda de death ou speed metal). Um som muito mais orgânico e vital, onde as guitarras e a voz estridente encaixam perfeitamente gerando um todo muito mais homógeneo. Até aqui tudo muito bom, mas mais uma vez tenho de censurar a organização. A obsessão pelos horários, e a limitações de tempo têm de ter limites, no meio de um concerto excelente em que os X-Wife apenas estavam a começar com o público ao rubro cortaram o som, deixando o vocalista a falar para o boneco. Deplorável. Os Placebo entraram a seguir, e entraram em força, com as canções com mais garra do último album. Sempre num ritmo frenético continuaram com o Meds, também deu direito a alguns clássicos, a acabar com Nancy Boy para encore. Uma música de encore, só uma. Também tinham o tempo contado pois. Noite a acabar com Tool, que não sei se alguem se lembra começaram na mesma altura dos Nirvana, nunca tiveram o reconhecimento que a música deles merece. Parace que hoje em dia finalmente estão a amassar uma legião de fãs, em portugal inclusive.

quarta-feira, maio 24

Um Portátil para cada Criança

Nicholas Negroponte é o responsável à frente do Media Lab no MIT. O homem é um guru, e está envolvido em vários projectos inovadores. Um deles é o projecto OLPC (One Laptop per Child). O objectivo é levar a alfabetização das crianças em situação desfavorecida um degrau mais acima. Além de ensinar a lêr e a escrever, dar-lhes a opurtunidade de tomarem contacto com a Informática e as Tecnologias de Informação.

Este objectivo é extraordinariamente ambicioso, implica oferecer equipamento informático a cada criança, por isso uma das premissas essenciais para a sua realização é o desenvolvimento de um computador com um preço razoável que possa ser distribuído em larga escala de forma gratuita. Os primeiros planos apontavam para um portátil com um custo de 100 dólares por unidade. Houve muita gente a criticar a viabilidade do projecto, classificando-o de impossível. Uma dessas pessoas foi Bill Gates, que é conhecido por organizar festas de caridade e fazer-se passar por filantropo, mas neste caso convinha-lhe dizer mal. O portátil é feito com hardware barato, e o sistema operativo tem de ser grátis, para não aumentar os custos, por isso o Windows e a Microsoft ficam de fora. A boa notícia para as crianças de todo o Mundo é que o primeiro protótipo a funcionar já existe, a prova que esta é uma iniciativa com pernas para andar. Bravo!

terça-feira, maio 23

Selecção Nacional a Colaborar com Criminosos

É verdade, segundo a FEVIP (Federação de Editores de Videogramas), Nuno Gomes anda a colaborar com criminosos! Os senhores estão indignados porque certos elementos da selecção arranjaram uns filmezinhos para a malta vêr durante o estágio, nada mais normal acho eu... O problema é que os filmes em questão ainda só podem ser vistos no Cinema, são obviamente piratas. Toda a gente o faz, é uma coisa banal copiar uns filmes e umas músicas, mas Petit e Nuno Gomes meteram a pata na poça quando foram gabar-se disso para a televisão. Com a quantidade de apreensões e rusgas que por aí anda podiam ter ficado em maus lençóis. A sorte deles é que são jogadores da bola (e famosos) por isso foram desculpados, parece que ninguém vai apresentar queixa, mas de passarem por tolos já não se livram.

domingo, maio 21

Código de Da Vinci

O livro de Dan Brown mexeu com muita coisa e muita gente, veio abalar alguns dogmas da Igresa Apostólica Romana. No entanto não se trata de mais que um romance histórico, pega-se em meia duzía de factos históricos e personagens reais e põe-se a marinar, acrescenta-se uma história de detectives bem suculenta, junta-se aventura quanto baste e uma pitada de controvérsia. Mas a receita resultou muito bem no Código de Da Vinci e abriu os olhos de meio mundo para os escritos da Bíblia e para certas instituições da Igreja Católica que cultivam um estatuto reservado, com práticas ocultas, quase de sociedade secreta.

Campeão de vendas imediato, o filão está a ser explorado ao máximo, como seria de esperar. Após o livro, o filme já está nos ecrãs de cinema. Diz quem já foi ver que não é nada de especial a adaptação. Dentro em breve (a tempo das compras de Natal concerteza) vamos ter o videojogo.

Mas a parte histórica em que se baseia a premissa do filme merecem a nossa curiosidade. A relação entre Jesus Cristo e Maria Madalena, pode não ter sido aquela que nos é transmitida no concepção tradicional do mito. Encontrei um documentário da National Geographic que tenta aprofundar um pouco a realidade por trás do mito. O documentário está disponível em cinco partes no YouTube. Deixo aqui a primeira para vos abrir o apetite.

Life Wasted

Os Pearl Jam sempre foram generosos com os fãs, nunca se chatearam com os bootlegs, até os estimularam. Lembro-me daquela digressão que todos os concertos foram lançados em CD, um deles o segundo concerto em Portugal. Agora resolveram-nos oferecer o novo videoclip. Sim oferecer, porque podemos vê-lo livre de direitos de emissão nem de cópia. O videoclip foi lançado sob a licença Creative Commons, que protege os direitos de autor, impedindo a criação de obras derivadas, mas não implica o pagamento de royalties. Até 24 de Maio está disponível no Google Video, a partir daí continua a ser legal manter uma cópia e partilha-lo.

terça-feira, maio 16

One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.


Elizabeth Bishop

Cowparade Lisboa

Para quem não reparou as vacas invadiram Lisboa, mas não são vacas normais é uma manada de bovinos artísticos. Em tamanho real e construídas em fibra de vidro, pintadas, transformadas e excentricamente vestidas pelos mais diversos criadores. As vacas estão pelas ruas e avenidas de Lisboa, dando o relevo ao acesso à cultura para todos, gratuitamente. As vacas serão mais tarde vendidas, e os fundos amealhados entregues as causas de mecenato. Hoje fui dar uma volta pela Baixa e já é possível observar as simpáticas vaquinhas que fizeram sucesso entre os transeuntes que deambulam por ali.

segunda-feira, maio 15

Faces da Globalização

Quando se fala em globalização quase sempre se associa a palavra ao avanço inexorável de determinados interesses económicos à escala mundial. O Domínio das multinacionais que atravessa fronteiras físicas, religiosas e culturais. Uma espécie de descaracterização e homogeneização das sociedades tradicionais vergando-se à força do marketing e da comunicação globais.

Em termos de comércio, a facilidade de produtos produzidos do outro lado do mundo chegarem às nossas montras e às nossas casas a preços muito mais baratos que os nossos está à vista. Alguma Indústria Portuguesa apostou nos preços baixos como forma de competir, mas hoje em dia é impossível competir com países como a China nesses termos. Já era possível adivinhar que isto iria acontecer à muito tempo, claro está que os industrais que seguiram essa via estão neste momento muito preocupados, ou até já com problemas de solvência financeira.

Mas há uma outra face da globalização e Portugal tem que acordar para ela. Num mundo em que a informação flui à velocidade da luz já não é preciso estar localizado nos centros nevrálgicos de comércio e decisão para ter uma participação activa e produzir ideias úteis. Já não é necessário ir a Nova Iorque para jogar na bolsa em Wall Street, já não é preciso ter um edifício em Silicon Valley para produzir tecnologia de ponta.

Este lado positivo da glozalização de que falo veio nivelar oportunidades, não só entre países ricos e países pobres (com recursos ou sem recursos) mas também entre pessoas. Através do meu blog consigo que as minhas opiniões cheguem a todos os cantos do mundo. No meu trabalho mantenho máquinas que prestam serviços, computadores que nunca vejo, mas os quais opero à distância. Há países que estão a aproveitar estas oportunidades para colar-se ao pelotão da frente no desenvolvimento económico. Os melhores exemplos, China e Índia. A China através da produção em larga escala de bens de consumo (incluíndo produtos de alta tecnologia), a preços muitos competitivos. A Ìndia ao apostar na prestação de serviços, no Outsourcing.

Este chavão do economês está extremamente na moda. O Outsourcing é transferência de uma parte da cadeia de valor de um produto ou serviço produzido por uma empresa, para uma entidade externa. Muitas vezes assiste-se também a uma deslocalização associada ao Outsourcing, quem efectua o serviço não necessita estar no mesmo sítio físico de quem o usufrui. Assim é possível transferir a prestação do serviço para uma localização com custos mais baixos (mão-de-obra e infra-estruturas), e que potencialmente pode até produzir um produto final de maior qualidade ou de forma mais eficiente. Quase tudo pode ser alvo para o Outsourcing. Serviços de Apoio ao Cliente, Helpdesk, Contabilidade, Serviços Administrativos são exemplos comuns. Com meios de comunicação eficientes não é necessário estar geográficamente perto do cliente final.

Assim chegamos a Évora, onde estão reunidas todas as condições perfeitas para o fornecimento de uma multitude de serviços, à escala nacional, ou mesmo mundial. A premissa principal, o capital humano e intelectual é assegurado pela presença na cidade da Universidade. A qualidade de vida, e o amplo espaço para a criação de infra-estruturas permite a fixação dessas pessoas, dando-lhes condições de trabalho óptimas. Já começou, o aparecimento de Call-Centers de várias empresas em Évora é apenas um dos sintomas visíveis de tudo isto que falo. Mas creio que há espaço para muito mais, impõe-se fazer uma aposta na investigação e desenvolvimento, criação de incentivos a empresas que se fixarem na cidade. Claro está, que também é necessário disponibilizar meios de comunicação, a famosa banda larga, e fazê-la chegar onde é preciso. Évora já não faz parte do Alentejo anacrónico e sub-desenvolvido, com um pouco de esforço acredito que é possível eliminar de vez esse lugar comum, mudar a visão tradicional sobre a nossa região.

Divagações & Opiniões

Desde rapazola que estive ligado ao associativismo juvenil, intercâmbios, concertos, exposições, feiras. Comecei a gostar de assistir, mais tarde participar, um belo dia quando dei por mim já andava a organizar eventos. Não me posso gabar de ter muito jeito para a coisa, mas na Associação Juvenil Doutor Jardim aprendi muito, além de ter feito muitos amigos. Hoje estou definitivamente fixado em Lisboa, demasiado longe de Vila Viçosa para dar o meu contributo no dia-a-dia, mas sempre que posso gosto de tentar ajudar. Foi com o todo o gosto que aceitei o convite para participar no projecto de colaboração entre a AJDJ e o Diário do Sul, que irá publicar regularmente notícias sobre o panorâma cultural no concelho de Vila Viçosa, as actividades da própria Associação, e alguns artigos de opinião de colaboradores mais próximos. Irei publicar em pararelo os artigos aqui, mas há que ter em conta que foram escritos a pensar num suporte diferente, o papel, e dirigidos a um público mais generalizado.

Hoje deixo aqui o meu primeiro artigo, nele falo da globalização, vocábulo muito na moda hoje em dia, que vem facilmente vem à baila a propósito disto ou daquilo. Apesar disso acho que as pessoas ainda não entenderam o que é a globalização, e como ela está a mudar o mundo em que vivemos. Mais importante ainda, não ententederam que ela é um factor de equilíbrio que nos dá a possibilidade de recuperar o atraso em relação a regiões mais desenvolvidas. Para aprofundar um pouco mais as ideias que tento transmitir no meu texto aconselha-se a leitura do livro "O Mundo é Plano", de Thomas L. Friedman.

sexta-feira, maio 12

Lisboa Downtown 2006

É já amanhã dia 13 que Alfama vai servir de cenário a mais um Lisboa Downtown, uma descida em bicicleta do meu bairro. Quem conhece as ruelas estreitas e inclinadas de Alfama sabe que a prova é espectacular, única no género. Além do já de si difícil percurso a descer, ainda existem obstáculos espalhados pelo trajecto.

So é pena que a Organização do evento e a Câmara Municial de Lisboa não se tenham lembrado de avisar os moradores da zona. Os lugares de estacionamento estão todos ocupados pela logística do evento, sem alternativas à vista. A minha sorte é que eu não tenho preconceitos em improvisar e atirar o meu carro para cima de qualquer passeio que apareça...

Multa na Praia

Este ano a época balnear abriu em grande, com a atribuição de mais 16 bandeiras azuis, totalizando 207 praias no nosso país com este símbolo de qualidade. Além disso existe nova legislação que obriga os banhistas a respeitar as indicações dos salva vidas relativamente ao estado do mar. Ignorar a bandeira vermelha e a bandeira amerela pode dar multa. Claro que também existem regras que responsabilizam o nadador-salvador por vigiar a sua tira de praia. Mas a parte do diploma que penso que era mais urgente, e com a qual concordo plenamente, é castigar quem utilize material de desporto náutico, (motas de água por exemplo) fora das zonas permitidas. Aquele bacano armado em bom, que despreza os banhistas, anda por ali a acelerar e largar cheiro a gasolina enquanto exibe a mota de água às garinas também já pode ser multado. Já não era sem tempo!

quinta-feira, maio 11

Elefant - Misfit

Andava eu a brincar com o Google Video quando descobri que eles também têm videos musicais. A maioria deles está disponível apenas a pagantes, mas temos sempre opurtunidade de ver uma amostra grátis. Existem também uns poucos que são livres, deixo aqui um deles. Os Elefant têm um album novo este ano, que vale a pena ouvir, a canção que aqui vos deixo Misfit é do album de 2003, "Sunlight Makes Me Paranoid".


terça-feira, maio 9

A Refinaria Vai ter de Esperar

Quero dizer claramente que se o projecto da refinaria Vasco da gama não for reformulado, o Governo não vai apoiar. E não vai apoiar porque do ponto de vista das emissões de co2 e da composição dos incentivos financeiros na actual versão não se justifica, afirmou o ministro da Economia, Manuel Pinho, à margem da Conferência "Portugal em Exam", promovida pela revista "Exame".

domingo, maio 7

Ena Pá 2000 no Maxim

As sextas-feiras são sempre dias tramados, um gajo já está farto da semana de trabalho que passou, cansado mas cheio de vontade de ir para a rebaldaria. Esta sexta em particular estava sem planos, mas à ultima da hora apareceu um convite irrecusável. Para ir assistir a mais um concerto dos Ena Pá que na sexta actuaram no Maxim, e ontem passaram pelo Maus Hábitos no Porto. Digo mais um concerto porque já assisti a muitos, e vale sempre a pena. Na altura que eles eram habituais no Ritz Club fui lá várias vezes, ver os Epa Pá e os Catita, participar na festa da música e rir-me à gargalhada.

Entretanto o Ritz fechou, eles andaram uns tempos sem "casa" onde fazer os seus concertos e receber os amigos. Mas agora Manuel João Vieira está a dar a cara pelo antigo Cabaret Maxim. Ultimamente têm-se realizados lá muitos concertos, de bandas mais ou menos conhecidas. Estou farto de ouvir falar do concerto do José Cid que houve por lá, já várias pessoas me disseram que foi o "concerto do ano", tenho as minhas reservas... mas deve ter sido no mínimo engraçado! Ainda não conhecia o espaço, mas assim que entramos no Maxim somos transportados para outra realidade. Os pretos e os vermelhos dominantes na decoração, os brilhantes, os espelhos são indicação clara que nos encontramos num local com um espírito duvidoso, um Cabaret ou casa de meninas. É fácil olhar à volta, e imaginar aquele local povoado por raparigas ansiosas por nos agradar, gangsters recostados a beber um copo, e outra fauna típica dum filme negro.

Como sempre o grupo entrou em palco já muito atrasado, o pessoal todo a chegar à ultima da hora. Depois começam a tocar e dá para ver que estão com pressa para se embebedar, todos a emborcar whiskys e cervejolas quanto baste. Assim que soaram os primeiros acordes do "Masturbação" o público entrou em extâse, e a festa começou. Seguiram-se algumas das canções mais conhecidas, algumas pedidas insistentemente pelo público... Ao que parece "Marilú" é a preferida, com todas a vozes a gritar "quero ir-te ao cú"! Como é habitual, Lello Minsk não se lembrava das letras de nada, andava sempre às voltas no seu caderninho à procura da próxima canção, outras vezes era ajudado pelo público, mas o melhor é mesmo quando ele se põe a inventar. A música dos Ena Pá é uma espécie de reinterpretação de algumas músicas bem conhecidas, umas mais clássicas que outras, mas todas bem reconhecíveis. Eles adaptam-nas e tornam-nas nossas, bem brejeiras, num estilo bem português. Misturando a crítica social e política com os palavrões e o mau gosto, a receita faz sucesso.

Além de todas estas coisas, foi um concerto especial, porque estavam lá todos. Eles costumam andar por aí espalhados, como dizia Manuel João, mas desta vez estavam cá todos. O Gimba tinha abandonado estas andanças, mas estava lá, o baterista original também teve opurtunidade de ir tocar alguns temas, em substituição do actual. As valquírias continuam boazonas ao fim destes anos todos... Só houve uma coisa que foi pena, o concerto soube a pouco. Normalmente eles tocam até toda a gente se fartar, já assisti a concertos de cinco horas... na sexta ficaram-se pelas duas horas e meia, com intervalos pelo meio. O que importa é que foi bom para todos os que participaram. Eu sou o grão de noz moscada no empadão do amor!

ena pá 2000

quinta-feira, maio 4

O Irão Ainda Explode

A comunidade Internacional (especialmente os EUA) anda muito preocupados porque o Irão poderá já dispôr da tecnologia e materiais necessários à construção de armas nucleares. Pelas contas dos americanos dentro de 15 meses a bomba estará pronta. A ONU já tomou acção, foram impostas sanções económicas ao Irão. Como seria de esperar, não há nenhuma limitação à exportação de pretóleo... Entretanto os EUA foram mais firmes e já ameaçaram com uma "reacção rápida" caso os iranianos prossigam com os seus planos...

Energia Para Mudar


O MIT (sim a Universidade Americana que ia ajudar o Sócrates a trazer Portugal pró século XXI) apresentou recentemente os resultados dum estudo sobre a utilização de fontes de energia mais limpas e eficientes. O relatório final do estudo que demorou um ano a concluir faz um apelo para que a transição para fontes de energia alternativas (ao pretóleo) seja acelerada. Essa transição pode levar até 50 anos e é segundo os autores uma das tarefas mais urgentes do nosso tempo. Entretanto nove estados Americanos processaram a Administação Bush por alegadamente ter infrigido leis federais que regulam os gastos energéticos.

Entretanto por cá a despesa do país com o pretóleo continua a aumentar. Representava cerca de 3,4% do PIB o ano passado, e prevê-se que continue a aumentar, talvez para 4% se a média de preços se mantiver...

terça-feira, maio 2

Sines, e o Fim (do Petróleo)

Tem-se falado muito da construção de uma nova refinaria em Sines pelo empresário Patrick Monteiro de Barros. Há certos sectores da sociedade, por exemplo a autarquia de Sines e os investidores, que consideram que estão a ser levantados demasiados entraves ao projecto. Segundo eles, a nova unidade industrial irá gerar emprego, e proporcionar desenvolvimento económico à região.

Os chatos dos ambientalistas e dos gajos de esquerda, estão-se sempre a queixar. A nova refinaria irá produzir uns míseros 2,5 milhões de toneladas de CO2, que podem ir até aos 6 caso se decida construir também uma central de cogeração. Que efeitos terá a central sobre Sines e a Costa Alentejana, será mesmo uma criação de riqueza, ou uma degradação do ambiente e da qualidade de vida das populações. Mas além disso há que contar com outra coisa, o Tratado de Quioto, que Portugal assinou prevê cotas de emissões de gases poluentes. A cota portuguesa irá ser esgotada com este empreendimento. Além disso, é necessário pagar um valor monetário pela licença para emitir os tais gases, qualquer coisa como 180 milhões de euros por ano. O representante de Patrick de Barros já manifestou que não está interessado em pagar esta licença, nós (o Estado) que paguemos. Isto por uma estrutura que irá servir o mercado externo, e não as necessidades energéticas nacionais.

Uma coisa é certa, no contexto actual os lucros das petrolíferas não param de subir. Com o aproximar rápido do fim das reservas de crude, e o ambiente explosivo que se vive no Médio Oriente quem sabe o que o futuro nos reserva. Já não se trata do Mundo que vamos deixar aos nossos filhos, trata-se do mundo onde vamos viver amanhã. Visões pós-apocalipticas que vimos no Cinema, como em Mad Max e Waterworld são apenas conjecturas. Mas recomenda-se a leitura deste artigo científico, que avança com alguns cenários para o Dia do Juízo Final.

Sair do Inverno e Entrar no Verão

Fim de semana grande, sol, calor. Já quase parecia Verão, hoje ao voltar ao trabalho doeu mais que normal. O fim de semana foi no Alentejo, com direito a uma incursão na natureza, a melhor parte foi contemplar o pôr-do-sol no meio do campo. Subir a uma colina, abancar-se na eira e ficar a ouvir os diálogos. Os pássaros escondidos nas árvores, a ovelhas ao longe, e claro o ocasional acelera ao longe a tocar a sua buzina todo contente. Encostar-se a observar luminusidade do dia a esbater-se em tons dourados, o Sol desaparece e tráz a lua a reboque, puxa-a para o nosso campo de visão e atrás dela vem a noite. Se apreciarmos os 180º do panorama temos Dourado, azul, azul escuro, ao longe as luzes das povoações próximas marcam a chegada a noite. Ao assistir até parece que Aritóteles tinha razão, e a esfera celeste roda à nossa volta, num ciclo interminável que só existe para nosso deleite.

Ontem dia do trabalhador, voltar para Lisboa para evitar o trânsito, e aproveitar para fazer o primeiro dia de praia do ano. Foi bom, também deu para dar a primeira pançada do ano, toda a gente se lembrou do mesmo e já deu para provar também as filas do costume para voltar da Costa. Dizem que "mais vale um péssimo dia de praia, que um bom dia de trabalho", a frase até soa bem, não é necessariamente assim, mas... hoje apetecia-me pegar no portátil abandonar a minha mesa, a secretária, a janela de vidro e ir para a beira-mar já aqui tão pertinho.

As mini-férias ainda chegaram para ceder ao impulso consumista, passar na Fnac a reabastecer o stock de livros, comprar bilhetes para o Super Bock e para os Pearl Jam. Ficou um bocado caro, mas quis comprar já para os dois, parece que começou uma corrida, mais de cinco mil bilhetes vendidos durante o fim de semana para ir assistir ao concerto de Eddie Vedder e companhia ao Pavilhão Atlântico, eu já tenho o meu lugar na plateia. O albúm novo sai hoje, depois de o single ter sido disponibilizado como mp3 já há algum tempo. Fiquei foi com vontade de comprar bilhetes para os dois dias no Atlântico!

quarta-feira, abril 26

Apito Dourado, Que Desilusão

Afinal a malta do futebol é toda inocente! É que o se pode depreender do arquivamento dos processos originados pela famosa operação Apito Dourado. As pessoas indiciadas, incluindo dirigentes desportivos e árbitros foram completamente ilibadas, considerando-se que não há prova de qualquer acto ilícito. Inclusivamente Valentim Loureiro, o homem que gosta de ser tratado por Major, já disse em declarações à comunicação social que pretende processar o Estado português por perdas e danos...

terça-feira, abril 25

25 de Abril

O que é que significa hoje em dia a revolução do cravos? Será que as pessoas ainda dão o devido valor ao evento e ao que ele significa? Assiste-se cada vez mais a um distaciamento das pessoas em relação à política e às decisões que lhes afectam o dia a dia e o futuro. Já me aconteceu escutar conversas do género "no tempo do Salazar é que era bom", será que as pessoas se dão conta do significado do que dizem? Será que o povo quer voltar ao Portugal feudal e atrasado, à censura e ao controlo da informação. Restam ainda muitos vícios do Estado Novo, introduziram-se mais alguns com a Democracia, a cunha, o amiguismo, o aproveitamente de fundos públicos para o lucro pessoal. Pelo menos hoje em dia as Fátimas Felgueiras deste país são denunciadas. É pena é que as pessoas estejam a perder cada vez mais a sua consciência política.

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada


Vampiros (José Afonso)

segunda-feira, abril 24

Pearl Jam de Regresso

Foi em 1996, 10 anos passou tanto tempo, no mítico Pavilhão Dramático de Cascais. O primeiro grande concerto a que assisti, marcou-me muito claro. Senti o que é uma sala apinhada de gente, o calor humano, a atmosfera, a energia de um concerto. Entretanto já aconteceram muitas coisas, o Dramático desapareceu, os Perl Jam mudaram um pouco, e fiquei mais velho.

Eles já voltaram a Portugal noutra ocasião, faltei a esse concerto. Mas vou ter opurtunidade de os revêr nos dias 4 ou 5 de Setembro no Pavilhão Atlântico. Acho que não vou perder, ainda para mais agora, que voltaram às origens. Ao rock cru e potente, o album novo carregado de mensagens para o senhor Bush e amiguinhos. Nos dias que correm há muita gente a mandar recados para o governo americano, Neil Young, uma das grandes referências de Eddie Vedder também voltou a editar recentemente. A canção de protesto está outra vez na moda.

sexta-feira, abril 21

O Dino despistou-se

Anda toda a gente muito comovida, morreu Francisco Adam, um tipo qualquer que era modelo. Foi um acidente que lhe tirou a vida, às 03:50 do dia 16 de Abril o carro onde seguia despistou-se na Nacional 118, mais duas pessoas ficaram gravemente feridas. O gajo ficou popular por ser o Dino dos Morangos com Acuçar, agora a legião de fãs chora, fazem-lhe homenagens e elogios póstumos. Morreram mais pessoas nas estradas portuguesas durante a Páscoa, morrem pessoas devido a acidentes de viação todos os dias, mas esses são facilmente esquecidos.

Eu gostaria de saber as cirscustâncias em que ocorreu a morte. Mas é impossível, os media apenas transmitem e amplificam a ideia da morte precoce de um grande actor (o futuro do rapaz era promissor claro, e tinha montes de talento), verdadeira informação não há. A TVI deve estar a adorar, isto é dinheiro em caixa, além da série de qualidade deplorável que o celebrizou, agora também podem vender telejornais, documentários, entrevistas, etc, etc, à custa do rapaz. Eu cá tenho uma opinião sobre o acidente, a evidente. Acho que ele vinha da discoteca às tantas da manhã com os amigos ou com algum engate, todo passado, sob o efeito de estupefacientes ou álcool ou ambos e saiu da estrada. A verdade, nunca iremos saber.

quinta-feira, abril 20

X-Wife no Lux

A primeira vez que ouvi os X-Wife achei a música engraçada, nada de extraordinariamente inovador, mas cheio de ritmo e energia. Bastante dançável, mas um pouco repetitivo, nota-se bastante bem que o som do primeiro album foi gerado a partir das máquinas. Mas uma coisa que eu não notei (e este é um elogio um bocado mau para se fazer) foi que eles eram portugueses, só o soube mais tarde. Afeiçoei-me às canções, agora oiço bastante.

Neste segundo album, tentaram acabar com a monotonia das programações e introduziram uma bateria. Fui à apresentação em Lisboa, no Lux. O público não era muito, mas deu para fazer a festa. Fomos logo avisados que era a estreia em concerto com o baterista presente.Faltou talvez um bocado de harmonia ou entendimento entre todos, mas não há nada a apontar ao desempenho individual de cada um. Grande som, muito som! Aliás, o volume estava mesmo muito alto, não o suficiente para o vocalista que de vez em quando lá estava a reclamar para a mesa de som: Mais Barulho! Mais Barulho! Mas havia um desiquilibrio, às vezes deixava-se de ouvir o baixo, ou a guitarra. A bateria ficava secundária em relação às batidas electrónicas que dominaram completamente. Se calhar simplesmente têm de tocar mais juntos, tornar a bateria parte da equação, o baterista que arranjaram até é bom, espero que consigam. Como curiosidade, a meio do concerto fiquei entusiasmado, a pensar que eles iam fazer uma versão, numa das músicas a bateria arrancou e pensei mesmo que iam tocar o "Hair of the Dog". Ainda tinha na cabeça a notícia dos Bauhaus concerteza.

Velhas Notícias e Mais Algumas Sugestões

Um gajo tenta manter-se informado, pensa que até sabe das coisas, e depois... percebe que afinal não sabe nada, está-se sempre a aprender. E felizmente aparecem novidades como esta já fora de prazo. Ultimamente não tenho ido procurar nada sobre Paredes de Coura, mas ontem em conversa casual já me contaram tudo o que interessa. Em que dias o Festival vai decorrer, de 14 a 17 de Agosto. E que por agora há apenas uma banda confirmada, os Bauhaus! Bora lá!

Há por aí mais uma série de bandas que bem podiam dar uma volta até cá no Verão. Hoje vou falar de mais duas, ambas com um cantinho no MySpace, por isso podem ir ouvir sem compromisso. Os She Wants Revenge têm um estilo curioso, a melhor definição que ouvi até agora foi que o som parecia um cruzamento de Interpol e Franz Ferdinand. O importante é que aquilo soa bem, e até é dançavel. Vão estar no Lisboa Soundz, dia 22 de Junho. Ouvi-os pela primeira vez na Radar, onde também ouvi a Fiona Apple. "The Extraordinary Machine" mereceu uma audição mais detalhada na Fnac, e não resisti a comprar o CD. A música é boa, mas o mais importante é a voz, poderosa e sensual. E aqueles olhos...

quarta-feira, abril 19

As Invenções que Nos Impingem

No livro Contacto, de Carl Sagan, um dos personagens (o patrocinador para a epopeia inter-galáctica) fez a sua fortuna à custa de um aparelhómetro muito simples. O equipamento fez furor porque ligando-se a uma televisão normal realizava uma funcão muito útil, quando aparecia a publicidade mudava de canal ou cortava o som automaticamente. O principio de funcionamento teórico é simples, a publicidade tem um volume sonoro mais alto, é só prestar atenção, quando era detectada essa variação o canal mudava. O módulo era barato, assim todos os lares, todas as televisões foram conquistados e o senhor encheu-se de guita.

Isto é a ficção, na realidade os fornecedores de equipamento electrónico estão interessados em vender-nos outras coisas. A Phillips patentou recentemente um sistema que serve justamente para o contrário, para nos obrigar a ver os anuncios! Quando está a passar a publicidade, o equipamento (televisor, videogravador, media center, etc) deixa de responder aos comandos e torna-se impossível mudar de canal ou fazer seja o fôr. Claro que em troca de uma pequena quantia será possível retomar o controlo da nossa TV. Na própria patente a Phillips diz que os consumidores podem não achar muita graça a isto... Realmente não percebo quem é que pode querer comprar uma TV com esta função, mas acho que isto é um sintoma comum nos sistemas capitalistas. Compramos não o que queremos, não o que necessitamos, mas o que nos é impingido!

terça-feira, abril 18

O País dos Jeitosos

Comprei este livro ontem, levei-o para a cama para para folhear já não consegui despegar. É daqueles que nos interessam e nos prendem e só ficamos descansados quando acabamos. O livro é pequeno, lê-se facilmente em duas horas. Nele são recompilados os textos que serviram de base ao espectáculo Coçar onde é preciso. De uma forma irónica e crítica são abordados alguns temas que nos são bem conhecidos. A mentalidade e as frustações do típico tuga são apresentadas com muito humor e engenho, identificamo-nos com as situações e preocupações descritas pelo autor, porque Portugal é mesmo assim! Nas férias, no ensino, na função pública, na estrada! Somos mesmo um país de jeitosos e chico-espertos. Sempre prontos a apontar o que está mal, mas ninguém levanta um dedo para seja o que fôr.

O Prazer de Descobrir as Coisas

Neste meu cantinho já cabem uma série de coisas, música, cinema, política, religião, literatura. Hoje vou introduzir ainda mais entropia no sistema, vou começar a falar de ciência. Para começar temos uma entrevista com Richard Feyman, o título do programa é "The pleasure of finding things out", e para quem não saiba quem é este senhor trata-se de um dos maiores físicos contemporâneos, laureado com o prémio Nobel, e que dedicou muito do seu tempo à divulgação científica.

segunda-feira, abril 17

Novidades para os Festivaleiros

Quentes e boas! São as novidades para os festivais de Verão! No Festival Hype@Tejo vamos ter os Massive Attack que não regressavam a terras lusas desde 2003. Ano que em vieram ao Coliseu promover o 100th Window. Eu estive lá, e foi um concerto fantástico. Também vi os Massive quando passaram no Sudoeste e foi um bom concerto, mas a mística do Coliseu, superou tudo!

A propósito de Sudoeste, ainda não se sabe grande coisa sobre o alinhamento, vai ser este ano a 10ª edição, e por isso espera -se que seja em grande. Até agora só se sabia dos Gentleman, e dos Xutos (mas esses não contam, estão sempre em todo o lado), agora foram confirmados os Prodigy. É uma boa notícia concerteza, mas não estou muito convencido a lá ir. Eu gostava era de saber quem é que vai cá trazer os Artic Monkeys! Quem o fizer pode contar comigo na Plateia!

Passei pela Fnac para dar uma olhadela na bilheteira, e ver os preços dos Festivais. Também ia feitinho para comprar o DVD dos Mão Morta que sai hoje. O espectáculo "Müller no Hotel Hessischer Hof" teve direito à edição em vídeo. Infelizmente quando eu perguntei ao senhor que estava na secção de DVD's ele ficou a olhar com cara de parvo para mim... Não... Não temos nada disso... Acabei por comprar um livrinho, "O País dos Jeitosos" de José Pedro Gomes que se baseia nos textos escritos para a peça de teatro "Coçar onde é preciso" que gostei bastante. No saco de compras veio também o "Bocas do Inferno" dos Gaiteiros de Lisboa, mas esse é para oferecer...

quinta-feira, abril 13

Tv e Net já são pecado

O Cardeal James Francis Stafford (o gajo é americano) anunciou ontem no Vaticano que actividades como ver televisão ou navegar Internet durante demasiado tempo são consideradas pecado! E claro devem ser reportadas no acto da confissão. Qual é que será a penitência?

O tal Cardeal ocupa o posto de Penitenciário-Mor, e presidiu ontem ao Rito da Reconciliação, celebração que era tradicional em Roma até ao Renascimento. A ascenção de Ratzinger ao púlpito mais alto da Igreja Apostólica Romana deixou muita gente com receio. Este Papa tem fama de ser conservador e reaccionário em oposição ao espiríto de abertura e humanismo de seu predecessor, Karel Wojtyla. Uma coisa é certa, por este caminho o Vaticano cada vez se afasta mais do mundo real.

terça-feira, abril 11

Ratos a travarem estradas?

rato de cabrera No passado dia 31 saiu uma notícia que ilustra bem a ignorância das pessoas em relação ao que é a defesa do ambiente. Na peça podia-se ler que alguns ratos e morcegos estavam a atrasar uma estrada que era desejada pelas autarquias da zona de Trás-os-Montes há mais de 20 anos. Eu não dei pela coisa, mas li a opinião da Carla Castela da Sic em relação ao assunto.

Realmente esta deturpação dos factos é de bradar aos céus. Não é o Instituto da Conservação da Natureza que está a atrasar as obras. São apenas as coisas que estão a seguir o seu curso natural, com os pareceres, estudos e todo o planeamento que deve ser feito antes duma obra deste género acontecer. Realmente na zona há espécies protegidas, como o rato de Cabrera, e elas podem ser salvaguardadas de formas simples.

Mas há quem prefira mostrar outro lado dos factos, há quem prefira a construção selvagem e desregrada. Há quem prefira construir primeiro e pensar depois. É assim o nosso país naturalmente. Cá por terras lusas os caciques do cimento sempre mandaram muito. O exemplo mais gritante de desaproveitamento e desordenação do território a nível nacional quase toda a gente conhece. Destino balnear de muita gente, o Algarve já não se parece com nada, preocupados apenas em construir os investidores imobiliários acabaram por desvalorizar o seu próprio investimento. Houve Câmaras Municipais que não foram na conversa, e hoje em dia estão a recolher os dividendos. A maioria das pessoas gosta simplesmente de ver obra feita, felizmente ainda há quem goste de ver obra bem feita.

segunda-feira, abril 10

Side Effects

É o nome do novo albúm dos X-Wife que saiu hoje. O som está um pouco diferente, houve várias faixas que foram gravadas com uma bateria, em vez da habitual caixa de ritmos. Quem quiser pode dar uma espreitadela no Myspace deles. A banda do Porto vai estar por cá no dia 19 no Lux para um concerto. Já no próximo sábado, também no Lux, vai estar um dos membros, Dj Kitten, a meter música.

x-wife

O Tempo

O tempo cronológico e o tempo climatérico são designados pelo mesmo vocábulo nas línguas de raíz latina. Não sei se existe alguma razão em especial para isso. Se calhar eles até estão ligados apesar de serem coisas completamente distintas. Ultimamente no meu dia-a-dia, escasseia o primeiro, mas não consegui resistir a aproveitar o segundo.

Os ponteiros do relógio, que contam os segundos, os minutos e a horas. As folhas do calendário que contam os dias, os meses e os anos. Ultimamente andam depressa de mais para mim. Tem-se a ideia que o tempo é uma constante, mas não o é na realidade, é fluído, mas o ritmo muda. Por vezes a vida parece um lago de agua estagnada, em que não se detecta o mínimo movimento, outras vezes é uma corrente inexorável que nos arrasta. A nossa visão da realidade, e a maneira como interagimos com ela molda o nosso sentido do tempo. Só há uma constante no tempo, o sentido, apenas segue em frente, nunca volta atrás.

Nesta última semana tive muito, muito que fazer. Trabalho e não só, coisas que queria fazer a nível pessoal. Tive que adiar outras tantas, o tempo não chegou. O cúmulo foi mesmo no fim-de-semana, com trabalho para fazer no sabádo a noite e na madrugada de domingo. Mas o Sol teve a cortesia de mostrar os primeiros traços da primavera, e eu não pude resistir. Fez-me extremamente bem voltar a usar manga curta, deitar-me na relva a aquecer durante a tarde. Três horas ao sol recarregaram-me as baterias, encheram-me de energia e de alegria. À noite entre trabalhar, e trabalhar outra vez também não consegui resistir a ir abanar o capatece. Com todo o meu tempo ocupado não sobrou foi muito tempo para dormir...

persistence of memory

quarta-feira, abril 5

Abriu a temporada de caça ao Pirata

A Associação Fonográfica Portuguesa não perde tempo e já interpôs 28 queixas-crime contra uploaders desconhecidos. Agora cabe à Polícia Judiciária descobrir quem são as pessoas que estão por detrás dos endereços IP. Além da ofensiva judicial, foi também lançada uma campanha de relações públicas. Foi publicado um guia informativo intitulado "Os Jovens, a Música e a Internet", e um site o Pró Música.

A música é caríssima. O preço base já de si é alto, ainda por cima para o governo ouvir música é um luxo, por isso pagamos 21% de IVA quando compramos um CD. Por isso é que as vendas online dispararam, e as vendas tradicionais diminuiram drasticamente, mas as editoras agarram-se com ulhas e dentes aos seus lucros. Daí este tipo de campanha de intimidação aos comuns mortais. O paradoxo é que bastar irmos dar uma volta à Feira da Ladra para vêr em exposição cd's e dvd's às carradas.

segunda-feira, abril 3

A mudança digital

As regras para a contagem, com que são elaborados os top's de vendas no Reino Unido mudaram no mês passado de modo a serem contabilizados os downloads legais de música. Fizeram-se notar efeitos imediatos, tal como esperado os Gnarls Barkely entraram directamente para o número um com o single Crazy, antes sequer de terem o single editado em suporte físico. Para quem ainda não ouviu, é só ir ao MySpace da banda, está disponível este e outros temas.

Entretanto por cá anda toda a gente acagaçada porque começou a partir de hoje a fiscalização de downloads ilegais. Pessoalmente não estou muito preocupado, não faço assim tantos downloads. De qualquer maneira posso aconselhar um bom programa para fazer downloads de torrents, o µTorrent que é pequenino, funcional e permite a encriptação de comunicações ;-)

sábado, abril 1

Temos Visitas!

Não estamos sozinhos no Universo! Finalmente a grande dúvida foi esclarecida, com a ajuda do Google Earth podemos observar os visitantes, aparentemente vieram à Terra aproveitar o solzinho primaveril e fazer um piquenique na Area 51.



Redescobrir a Serra D'Ossa

Já passei por lá muitas vezes, a caminho daqui ou dali, ou até simplesmente em passeio de carro. Uma caminhada por lá nunca tinha feito, mas hoje a Associação Juvenil Doutor Jardim (onde eu sou sócio e participante activo) associou-se à CEIA e à Associação de Desenvolvimento dos Montes Claros para nos proporcionar um passeio pela natureza, e eu fui participar claro.

A Serra está no centro de cinco concelhos: Alandroal, Borba, Estremoz, Redondo e Vila Viçosa (o meu). É o maior relevo do Alentejo Central, o seu ponto mais alto, o Alto de São Gens, está a 653 metros. Não parece grande coisa mas tem muito para descobrir. Em termos de flora, ali crescem ervas aromáticas e medicinais que foram usadas pelas populações ao longo dos tempos. Num alentejo extremamente pobre as pessoas não viraram as costas às riquezas da natureza. Fiquei espantado por saber que até plantas carnívoras lá temos (atraem e comem insectos). A Serra também serve de refúgio a muitas espécies animais, incluindo espécies protegidas como algumas espécies de águias. Fala-se que serve de corredor de passagem ao lince ibérico, também há javalis, veados, cobras venenosas, aranhas do tamanho do punho, mas não tivemos a sorte de ver nada disso. No entanto aprendi que as osgas, o lagarto que toda a gente acha nojento e repelente, são na realidade muito úteis, já que comem por dia o seu próprio peso em mosquitos.

Do ponto de vista humano, há muita História para aprender. Existem vestígios de povoações e fortificações da Idade do Ferro. As populações fixavam-se em pontos altos e de díficil acesso de modo a facilitar a defesa contra clãs inimigos. Com a chegada dos Romanos e da pax julia as pessoas deslocaram-se para as planícies. Ficaram os monges eremitas que escavaram grutas no xisto para se refugiarem. Esses mesmos monges mais tarde fundaram o Convento de São Paulo, na própria Serra, que hoje em dia foi reconvertido para Pousada.

Infelizmente a paisagem da Serra modificou-se profundamente nos últimos 50 anos, com a plantação maciça de eucaplitos, que neste momento cobrem quase tudo. Por sorte ainda é possível observar a paisagem original em alguns sítios. Gostei muito do passeio, e estou cheio de vontade de regressar numa próxima edição, existem mais alguns planeados para este ano (vêr a brochura).

serra d'ossa

sexta-feira, março 31

A administração pública entra em dieta

Foi ontem aprovado em Conselho de Ministros o PRACE (Plano de Reestruturação da Administração Central do Estado) que irá dar origem à mais profunda reforma na administração pública desde 1974. O plano agora aprovado prevê a extinção de 246 organismos públicos. O intento não é apenas reduzir os custos, mas também melhorar a qualidade dos serviços. Centra-se sobretudo ao nível da organização territorial, e na eliminação de anacronismos. Por exemplo, a eliminação do Gabinete do Serviço Cívico dos Objectores de Consciência, anos após a extinção do serviço cívico e do próprio serviço militar obrigatório.

Prevê-se que o plano afecte cerca de 90 mil funcionários, que irão ser reconvertidos para outros serviços. Isto encaixa com outra resolução aprovada, o princípio de uma nova admissão por cada duas saídas. Ainda não sei os detalhes do plano, mas saúdo a coragem deste Governo. Estávamos a precisar disto à muito tempo. Resta saber agora qual vai ser a reacção dos sindicatos, e dos boys que vão ter de arranjar outro tacho.

quinta-feira, março 30

TV Nostalgia

Ontem tive um flashback, e interroguei-me sobre o paradeiro de um dos grandes pioneiros da Televisão em Portugal, Vasco Granja concerteza que é uma das referências no imaginário da minha geração. O homem de óculos e cabelo grisalho apresentava o "Cinema de Animação", e convidava-nos a ver aqueles filmes da Checoslóvaquia, Polónia e etc. Alguns eram estranhissímos e não se percebia nada, a unica coisa inteligível era mesmo o Konec a acabar (konec quer dizer fim em polaco). Lembro-me com especial carinho das aventuras daqueles bonecos em plasticina, que quando acontecia alguma desgraça se desfaziam numa poça disforme para logo a seguir se reconstituirem na sua forma original! Eram tão giros.

Procurei e encontrei algumas coisas, entre elas uma entrevista com este senhor que acho que vale a pena lêr. Descobri que passou por vários ofícios, é um apaixonado por cinema, e esteve várias vezes detido pela Pide. Havia quem não tivesse paciência para os bonecos esquisitos, mas a mensagem que o homem sempre tentou transmitir foi de pedagogia e paz. E o que é que as crianças de hoje em dia vêm na TV? A moda do Dragon Ball já passou, agora é os Morangos pois claro...

vasco granja

quarta-feira, março 29

Junior Gong no Coliseu

Estava com intenção de comprar bilhetes para uma data de concertos que valem a pena e estão quase aí. Atrasei-me para os macacos do ártico e para os reis da conveniência, mas ainda fui a tempo para Damian Marley aka Junior Gong, o filho mais novo de Bob Marley. Que esteve esta segunda no Porto, e ontem aqui em Lisboa para um concerto excelente. Acho que vou começar a correr para a bilheteira assim que souber dos concertos, ando-me a fartar de ficar apeado.

Ontem foi um dia diferente, mas não por causa dum concerto de reggae, mas porque havia jogo da bola. Logo de manhã já dava para notar que havia mais condutores de fim de semana na estrada, a malta levou toda o seu carrito para chegar a horas de ver o benfas contra o barça. Para tentar fugir ao trânsito escapei-me um pouco mais cedo do trabalho, mas não deu. A estrada já estava cheia de energúmenos, armados de cachecol e buzina, enfiados dentro da sua lata à espera da primeira opurtunidade para furar as filas de trênsito e chegar ao importantíssimo acontecimento.

Por isso foi bom quando larguei o carro e me dirigi a pé, acompanhado do meu amigo Tiago, até à zona do Coliseu. Fomos comer um petisco à Casa do Alentejo, e logo aí deu para notar a diferença no ambiente. Os fãs da bola querem gritar, dizer asneiradas, e ai de ti se não mostras o mesmo entusiasmo. Estás sujeito a levar com alguma boca agressiva. Com os amantes da música é diferente, sentas-te ao lado dum gajo que não conheces de lado nenhum e cinco minutos depois já tás em amena cavaqueira. Que é que achaste do não sei quantos? Xiii também foste ver o não sei quê? Eu já não arranjei bilhete. Ah pois mas esse festival é o que tem mais espírito. Malta à maneira.

Notava-se a sala vazia quando entrámos no Coliseu, coube ao Prince Wadada a tarefa de aquecer a malta antes do prato principal. Tarefa que realizou duma maneira muito competente, cruzando ritmos africanos com os clássicos do reggae, pena o DJ ter mandado alguns pregos. As pessoas foram chegando, as notícias do zero a zero também, francamente não estava muito interessado.

Quando a banda principal entrou em palco, o público já estava bem composto, o concerto quase que esgotou, e isso notava-se. Gente por todo o lado de braços no ar. Abriram as hostilidades com uma versão intrumental do Jammin, foi a loucura. Tivemos direito a um speaker que anunciou a chegada do mensageiro de Haile Selassie. Damian mostrou-nos que não ficou parado na sombra do pai, e viajou por vários géneros. Passando pelos clássico como "Could it be Love", mas debitanto sobretudo canções de intervenção muitas vezes num registo mais pesado. Uma autêntica festa, tanta gente junta a abanar o esqueleto, o calor era tanto que o suor já devia escorrer pelas paredes. De cima do palco os nativos de Kingston contagiaram a sua energia a toda a gente. Além do speaker e da banda ainda tivemos direito a um porta-estandarte, que durante todo o concerto andou por lá aos pulos com uma bandeira e não parava nem um instante.

O concerto foi excelente, dou nota máxima. Mas houve uma parte negativa, a babilónia estava infiltrada entro o público, nem toda a gente tinha o tal espiríto que falava a pouco, de amor à música. Houve uns incidentes menos felizes, por exemplo um extintor que foi accionado por algum engraçadinho. Não percebo, podiam ter prestado mais atenção à música, e aos ensinamentos de Jah.

damian marley

segunda-feira, março 27

In the land of the free...

Os Estados Unidos da América foram construídos à custa da emigração, da igualdade de opurtunidades, do comércio livre, and all that stuff. Mas parece que a vontade política quer que isso mude. A administração Bush pretende fazer aprovar legislação que limite a entrada de emigrantes no país, sobretudo pela fronteira Sul com o México. Fala-se até da construção de um muro com o país vizinho.

Este sábado mais de cem mil pessoas manifestaram-se em Los Angeles contra a nova lei, sobretudo hispânicos, mas estavam lá pessoas de todas as raças e credos. Um pouco por todo o país os cidadãos americanos expressam o seu descontentamento com a linha que o executivo está a tomar. Hoje os protestos chegaram a Washington.

Mas não foram só os EUA que resolveram pôr a casa em ordem e meter os emigrantes na rua. O governo canadiano tomou recentemente a decisão de extraditar todos os que não tivessem a papelada em dia. E esta decisão está a afectar muitos tugas que se tinham fixado no Canadá. Com vidas feitas, empregos, até filhos. Muitos a tentar regularizar a sua situação, foi-lhes ordenado que voltassem a Portugal. Pelos vistos está a ficar um bocado de mau ambiente do outro lado do Atlântico.

Crash

O percurso de estreia deste filme passou-me completamente ao lado, só recentemente é que falaram dele (obrigado silvia por me tirares da ignorância), acabando por ser surpresa ao ganhar o Oscar. Como não podia deixar de ser a película voltou às salas, e eu aproveitei e fui ver no grande ecrã. Com um DVD pode-se gozar do conforto do lar, mas não é a mesma coisa. É pena é que algumas pessoas vão para a sala de cinema e se comportem como se estivessem em casa...

Mas passemos ao filme, o leitmotiv é o racismo. O enredo é construído com base numa série de acontecimentos que se vão desenrolando, e envolvendo várias pessoas que não se conhecem mas se cruzam, dando forma à história. Quem achar a minha descrição parecida com o Magnolia, acertou em cheio. Parece que algumas das ideias foram tiradas a decalque, e a maneira como a acção avança é extremamente parecida. Os encontros fortuitos e as casualidades (desgraças e azares sobretudo) dão forma à personagens e à história. A diferença é que aqui vai tudo dar ao racismo.

A ideia que fica do filme é que em Los Angeles, onde se desenrola a acção, toda a gente vive com medo. Medo da diferença, medo dos pretos porque eles são assaltantes, medo dos brancos porque eles discriminam, medo dos polícias porque eles abusam do poder, medo dos chineses e dos mexicanos porque nos vêm tirar o emprego, medo de andar na rua porque se pode levar com uma bala tresmalhada. Às tantas percebe-se que as pessoas até já têm medo dos seus (mesmo credo ou mesma raça), ou seja o problema não está na côr da pele. O problema está na desumanização das grande cidades. No inicio do filme, uma das personagens fala disso mesmo, vivemos atrás de paredes de metal e redomas de vidro, perdemos o sentido do toque, perdemos os outros.

Creio que esse é o grande mensagem que este filme pode deixar. Quando o dia nos corre mal, ou estamos chateados, ou alguem no trânsito nos corta o caminho, a tentação é descarregar no objecto mais próximo. No caso do trânsito mandar a boca ao condutor da frente "ò meu granda filha da puta, tira lá essa merda daí". A solução mais fácil é chamar nomes e desrespeitar os outros, lixá-los quando houver opurtunidade. Se eu não tivesse emprego tinha a tentação de culpar alguém, se eu não tivesse que comer sentia-me com justificação para descarregar em alguém. A questão é que isso não é solução nenhuma, não leva a lado algum. Antes de exigir dos outros temos de exigir de nós próprios. Não sei se o Oscar foi merecido, mas um bom filme, que vale a pena ver.

Crash

sexta-feira, março 24

V for Vendetta (o filme)

As adaptações cinematográficas de Bandas Desenhadas estão na moda ultimamente, nos últimos anos houve várias. A maioria delas foi mázita, pouca fidelidade à história original e sobretudo ao verdadeiro espírito do comic geraram produtos de baixa qualidade. Felizmente a tendência está-se a inverter nos ultimos tempos, sintoma disso são o excelente Sin City do ano passado e este filme que vou falar. Sou um fã de BD, de vários géneros, desde o infantil até aos temas mais adultos (e não, não estou a falar de Hentai). E realmente há obras que merecem ter mais exposição porque abordam temas extremamente relevantes.

V for Vendetta não segue à risca o argumento da BD original, digamos que traz a história para o presente e actualiza algumas da referências. Os temas chave estão lá. A história decorre num futuro próximo, numa realidade alternativa (mas terrivelmente possível). O mundo está mergulhado na guerra e no caos, a grande potência hegemónica da actualidade os EUA, estão em guerra civil. A acção decorre num Reino Unido governado por um regime totalitário. Não quero estragar o encanto do filme, por isso não vou falar do enredo que coloca uma ditadura à frente dum país com uma tradição democrática tão grande. Mas o ditador de serviço usa as ferramentas típicas de qualquer governo totalitário, o medo, a repressão, a censura, a perseguição para manter sobre controlo a sociedade inglesa.

O nosso personagem principal, simplesmente V, é um terrorista. Embora tenha sido um pouco suavizada no filme, a personagem é extremamente ambígua, culto mas extremamente violento, terrorista na verdadeira acepção da palavra, que rebenta com edifícios e mata pessoas. Ficamos sem perceber se é movido pela vingança ou pelo idealismo. Ficam muitas dúvidas morais, será que o fins justificam os meios? O próprio V duvida em certa altura da validade das suas acções, mas a verdade é que ele se torna um símbolo de libertação. Na conjunctura internacional actual este filme não podia ser mais pertinente.

Produzido pelos irmãos Wachowski, os mesmo do Matrix, que escreveram o argumento para este filme antes de imaginarem as aventuras de Neo. Notam-se por isso alguns paralelos, nas cenas de pancadaria por exemplo, que foram muito bem sacadas. A Natalie Portman até faz bom papel, embora a personagem que encarna tenha sido bastante alterada em relação à original da BD. Vão ver este filme, e prestem muita atenção. Algumas das suas fantasias estão perigosamente perto da realidade.

V for Vendetta

quarta-feira, março 22

Indie Lisboa 2006


Está quase a começar mais uma edição do Festival de Cinema independente de Lisboa. Entre 20 a 30 de Abril os filmes e curtas metragens estarão em exibição no Fórum Lisboa e nos Cinemas King e Londres. Na competição oficial só está presente um filme português, "Um pouco mais pequeno que o Indiana", mas a representação lusa cresceu e está muito mais forte este ano. Mais detalhes aqui.

A (falta de) Justiça

Embora andasse a evita-lo, o nosso Sócrates acabou por se cruzar com a autarca mais polémica do país quando se deslocou a Cabeceiras de Basto para inaugurar 10 quilómetros de auto-estrada entre Calvo, em Guimarães, e Felgueiras. Consta que os cumprimentos foram um bocado frios.

Fátima Felgueiras podia ser alvo de um case study sobre a justiça portuguesa. Realmente não se entende que é que esta senhora faz à frente duma Câmara Municipal depois dos escândalos que protagonizou. Deixo aqui uma opinião publicada hoje no Jornal de Notícias por Manuel A. Pina em que vale a pena reflectir:

Da justiça

Lenta e pesadona, presa de movimentos pelos excessos garantísticos do Processo, as possibilidades infindáveis de recurso, de arguição de nulidades, impedimentos, reclamações e incidentes de toda a ordem e a propósito de tudo e de nada logo desde a fase de instrução, e depois por aí adiante até ao julgamento (nos casos em que, por milagre, os processos chegam a julgamento), a Justiça, particularmente a Justiça penal, é facilmente "levada ao engano" por arguidos ágeis de imaginação e de escrúpulos e com meios para pagar a advogados que espiolhem o CPP à cata de empecilhos capazes de fazer tropeçar o bicho. "Chapeau!" nesta matéria para Fátima Felgueiras, que se tem revelado a mais exímia das toureiras. O processo em que é acusada de nada menos que 23 crimes dura há um tempo interminável e ainda não passou da instrução, e o seu advogado acaba de anunciar três-novos-recursos-três! Depois da admirável "chicuelina" com que se furtou à prisão preventiva, fugindo para o Brasil e regressando em ombros ao local do crime, Fátima Felgueiras informou agora o tribunal que lhe ordenara que entregasse o passaporte brasileiro que o deixou? no Brasil. Por algum motivo se diz que a Justiça é cega, pois que não vê o seu próprio descrédito.

terça-feira, março 21

Árvores

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
--- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

(Florbela Espanca, Charneca em Flor)

van gogh - the olive grove

Dia Mundial da Poesia

Dia mundial disto, dia internacional daquilo... Hoje é o primeiro dia da Primavera no hemisfério Norte, dia da Árvore. Por esse país todo deve haver miúdos e professores a plantar árvores, sempre associei a efeméride a essa recordação de infância. Uma data muito meritória, pena que seja só mesmo a pequenada a lembrar-se dela!

Também se celebra hoje o dia Mundial da Poesia, esta é que ninguém devia mesmo saber. A Casa Fernando Pessoa organiza algumas coisas aqui em Lisboa, por esse país fora há mais algumas iniciativas isoladas, que o Ministério da Cultura não tem guita para fazer nada em grande. Mas hoje já temos uma boa desculpa para abrir, pelo menos folhear ou dar uma vista de olhos num livro, de preferência de poesia. Um muito bom dia também para dar um passeio na rua Augusta, e passar na Feira do Livro Manuseado, onde há livros baratíssimos (a menos de um euro).

quinta-feira, março 16

Eles querem é a guita

A Associação Fonográfica Portuguesa (AFP) lançou agora uma campanha contra a pirataria digital, prometem começar a perseguir a malta que faz downloads ilegais. O principal vector de actuação aparentemente são as acções judiciais contra os infractores. Não consegui encontrar nenhuma informação útil nesse campo, mas estou cheio de curiosidade sobre a forma como os supostos infractores são detectados, e que tipo de prova vai ser apresentado perante os tribunais para suportar estas queixas.

Como é normal as instituições em Portugal andam a reboque do que se faz lá fora. Ao fim de algum tempo acaba-se por copiar o exemplo externo, seja ele bom ou mau. A RIIA ficou famosa desde que começou a meter processos a torto e a direito à uns anitos. O suposto objectivo é proteger os artistas dos infames piratas, os ladrões que andam a tirar o pão da boca aos artitas. A venda de discos baixou, e só pode ser culpa da pirataria. Isto pelo menos é a história que é vendida cá para fora, mas que está a acontecer na realidade? A venda de cd's baixou, mas as lojas virtuais como o iTunes estão a prosperar. Há quem já tenha prognosticado a morte do cd, e o que parece é que as editoras estão desesperadamente a defender o seu papel como intermediários (e os seus lucros) na indústria musical.

Mas também há o outro lado da moeda, num país como os Estados Unidos que a justiça até funciona, as pessoas rotuladas como piratas podem responder. Muitos dos casos interpostos pelas editoras não deram em nada, simplesmente não conseguiram apresentar provas cabais para o acto de delito. Um dos ultimos desenvolvimentos foi a apresentação dum processo contra várias editoras acusando-as de manipulaçao de preços.

Vamos examinar os factos, um cd não custa praticamente nada a produzir, mas no entanto são bastante caros. E mais, curiosamente parece que todas as editoras utilizam as mesmas tabelas de preços. Não sei qual é a percentagem do preço do disco que chega ao artista, mas acredito que seja pequeno. Outra coisa a que a editoras nos conseguiram habituar foi a comprar coisas que já são nossas. Passo a explicar, dou um exemplo meu, mas creio que esta situação deve ser familiar a muita gente. Sou fã dos Nirvana, tive o "Nevermind" em vínil algum tempo depois de sair. A malta quando é jovem não tem cuidado com as coisas e o vínil é frágil. Quando tive leitor de cd's lá fui comprar de novo um dos meus albuns preferidos. A verdade é que hoje em dia já não sei onde anda o cd, o mais provável é ter emprestado e nunca mais o ter visto. Que é que tenho de fazer se quiser ouvi-lo de novo? Comprar de novo o cd para engordar os senhores da editoras, claro... Mas eu não vou nisso, já tenho os mp3 piratas, e acho que tenho todo o direito para os ouvir.

terça-feira, março 14

Know Thyself

Se conheces o inimigo e a ti próprio, não necessitas temer o resultado de mil batalhas. Se te conheces a ti mas não ao inimigo, por cada vitória sofrerás uma derrota. Se não conheces nem o inimigo nem a ti, sucumbirás em cada batalha.

Sun Tzu (The Art of War)

guerreiro terracota

Mais sobre o Super Bock 2006

Parece que a edição deste ano já está mais ou menos alinhavada, já não devem surgir muitas surpresas. Como já é habitual vamos ter de ir dar uma voltinha até ao Parque do Tejo, mas houve uma alteração em relação a anos recentes no formato. Já não vai ser um "fim de semana grande" preenchido com música, o Festival dividiu-se em duas partes.

Eu já tinha comentado alguns grupos, neste momento já estão confirmados: Moonspell, Within Temptation, Korn, Alice In Chains, Deftones, Placebo e Tool para os dias 25 e 26 de Maio. Para a segunda prestação, dias 7 e 8 de Junho, vamos poder ouvir: Franz Ferdinand, Keane, dEUS, Editors, Boss AC, Patrice e Pharrell Williams.

Eu falhei os concertos em Portugal dos Franz Ferdinand e dos dEUS, por isso vou-me poder desforrar agora! Tenho curiosidade de ver a performance a solo do ex-Nerd Pharrel Williams, gostei bastante do concerto que o grupo nos ofereceu, também no Super Bock. Destaca-se claro também a aposta no Hip-Hop tuga, que ultimamente está a saltar para os escaparates ocupando o lugar que merece.

O preço de um passe para os dias todos é 80 brasas, também é possível comprar por 50 só para um dos fins de semana (chamaram-lhes Act 1 e Act 2). Em termos de grupos estou muito contente, mas creio que preferia o formato anterior. Esta estratégia de dividir as actuações parece que tem a ver com ocorrência na mesma altura do Rock in Rio. São dois festivais bastante diferentes, e com público diferente também creio eu, acho que não se justificava.

franz ferdinand

segunda-feira, março 13

On Air

Já que hoje comecei a fazer recomendações aos melómanos, vou aproveitar para fazer pouco de publicidade à minha rádio preferida. Acho que a rádio não é só música, é notícias, é conversa, no essencial são pessoas que nos fazem companhia de vez em quando. Em tempos idos fui um fã incondicional da Voxx, partia-me a rir com os programas deles, há por aí alguem que tenha gravado todas a edições do "Galinhas no Horizonte"? Passavam boa música, e esforçavam-se por mostrar as coisas boas que iam aparecendo. Tudo à margem do mainstream e das playlist's. Em dada altura tinham um slogan excelente, em que aquele gajo engraçadíssimo com sotaque à bimbo anunciava "a melhor rádio cá do prédio", a piada é que eles partilhavam o edifício com a rádio Comercial, a ironia a Comercial (que era isso mesmo comercial) sobreviveu, a Voxx acabou por definhar.

Hoje em dia sou um ouvinte da Radar, também se assumiram como representantes dum panorama alternativo, que não vive segundo as regras impostas pelas editoras. Partilham com a Antena3 a vontade de divulgar a o que por cá se faz. Além disso fazem divulgação cultural, e têm programas (e pessoas) bastante bons. Acho que a inclusão de pequenos espaços temáticos como o "Camaleon de Imitacion" ou "A minha grafonola" acrescentou ainda mais originalidade. A malta da Radar acompanha-me em muitas viagens de carro, em casa ou até no trabalho.

Aproveito para deixar o link para o blog do Nuno Galopim o Sound + Vision, o tema é a música (claro) e o cinema. Também digno de nota, outro que descobri recentemente, Posso Ouvir Um Disco?

on air

South by Southwest

O Festival de Música South by Southwest (SXSW) irá celebrar este ano a sua vigésima edição, de 15 a 20 de Março. Estão convidados alguns artistas conhecidos como o Neil Young, Morrisey, Belle & Sebastian, que irão estar presentes para concertos e conferências. Antes da música existe também um evento sobre cinema que já começou, dia 10 e prolonga-se até amanhã.

O mote deste festival é divulgar o que de mais novo se faz em termos de música, cinema, e artes interactivas. Além da malta conhecida, quem fôr ao festival irá ter opurtunidade de vêr centenas de bandas com pouco ou nenhum relêvo. O evento parece muito interessante, bem que me apetecia dar uma volta até Austin no Texas para assistir. Pena que tenha de ficar para outra vez, a boa notícia é que dando uma olhadela na agenda do site oficial pode-se ouvir as bandas participantes (mais de 900) em mp3. Ou até mesmo descarregar tudo para o vosso iPod.

sxsw

quarta-feira, março 8

Capitalist Piglet

Quando o Islão se mostrou escandalizado com a publicação duma paródia à imagem de Maomé, o mundo Ocidental veio em defesa da liberdade de expressão. Por principio os governos ocidentais e democráticos não deixam (ou não deveriam deixar) que qualquer tipo de preconceito religioso interfira no trabalho de artistas e jornalistas. Esta posição foi deixada clara por muito boa gente, e eu concordo plenamente com ela.

Mas como é costume, em casa de ferreiro, espeto de pau. Que é que aconteceria se alguem publicasse um cartoon que ofendesse a religião católica? Quais seriam a reacções? Não é preciso pôrmo-nos a especular, porque aconteceu. E as consequências foram as esperadas claro.

The Sheaf é o jornal da Universidade de Saskatchewan, no Canadá. Nele foi publicado o boneco que vos apresento a seguir. O resultado foi muita polémica, a demissão do editor do jornal, e várias declarações da direcção a demarcar-se da responsabilidade pela inclusão desta pequena tira cómica. A piada é um bocado sêca, mas não era para tanto.

capitalist piglet

Truque Tóxico

Volto ao quarto de pensão, fumo até ao vómito
isto é : drogo-me.....
....abro a caixa de papelão, aparentemente cheia de sonhos
escolho um, fumo mais erva, nenhum sonho me serve,
abro a caixa dos pesadelos.....
o silencio ocupa-me e da caixa libertam-se corpos
cores violentas, olhares cúbicos, pássaros filiformes
cadeiras agressivas
limo as arestas fibrosas dos objectos
arrumo-os pelo quarto, de preferencia nos cantos
dou-lhes novos nomes, novas funções, suspiro extenuado
embora a sonolenta tarefa não tenha sido demorada
....outra caixa, azulada, abro-a
entro nela e fecho-a, o escuro solidifica-se na boca
tenho medo durante a noite
alguém se lembrou de atirar fora a caixa......
....luzes, umbigos obscurecidos pelas etiquetas
dos pequenos produtos de consumo, tóxicos
FRAGIL - MANTER ESTE LADO PARA CIMA
NÃO INCLINAR
TIME TO BUY ANOTHER PACKET
O quarto está completamente mobilado de corpos
explodem caixas, o sangue alastra
estampa-se nas paredes sujas de calendários e cromos
de pin-ups obscenas
....fendas de bolor no espelho
o reflexo do corpo arde como uma decalcomania
TIME TO BUY ANOTHER PACKET
todos dormem dentro de caixas, uma serpente flutua
falamos baixinho
não se ouvem mais barulhos de cidade
o sono e o cansaço subiram-me á boca
....movemo-nos lentamente para fora de nossos corpos
e devastamos, devastamos.....


Al Berto

segunda-feira, março 6

O "acordo" com a Microsoft

Aquando da vinda do Bill Gates a Portugal teci aqui alguns comentários sobre o badalado "Choque Tecnológico". Na Grande Loja do Queijo Limiano também deram a sua opinião. Apesar de apenas agora ter encontrado o comentário, não posso deixar de chamar a atenção para ele. Bastante contundente, mete realmente o dedo na ferida.

sexta-feira, março 3

Placebo de volta

Está quase aí a chegar mais Super Bock Super Rock, e já se fala das bandas que vão fazer o cartaz. Segundo o que encontrei confirmados estão os Placebo, Korn e Within Temptation. Há rumores sobre a vinda dos Tool e Deftones. Agrada-me bastante o menu até agora! O Meds não para de rodar no meu iPod, só os Placebo já são razão suficiente para eu lá estar com toda a certeza.

Eu já não digo nada

the worst part of censorshiptomaram posse os cinco membros da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), um novo orgão que vem substituir a Alta Autoridade para a Comunicação Social, e tem competências alargadas à internet, telemóveis e publicidade.

Levantou-se alguma celeuma junto dos jornalistas devido à expansão das responsabilidades, e dos poderes, do orgão. O ministro dos Assuntos Parlamentares lamenta a confusão feita sobre o assunto, mas assegurou que não há nenhum motivo para nos preocuparmos.

Achei curioso surgir esta polémica numa altura em que o Tribunal da Relação de Lisboa autorizou o acesso aos computadores dos jornalistas que denunciaram o caso do Envelope 9. Segundo a notícia, o facto de terem sido os jornalistas a descodificar os números transforma-os, para o Ministério Público, nos autores do crime, o que é mais grave do que os segredos que pretendem guardar. Justifica-se assim a quebra do sigilo profissional.

quinta-feira, março 2

Dead Souls

Someone take these dreams away,
That point me to another day,
A duel of personalities,
That stretch all true realities.

That keep calling me,
They keep calling me,
Keep on calling me,
They keep calling me.

Where figures from the past stand tall,
And mocking voices ring the halls.
Imperialistic house of prayer,
Conquistadors who took their share.

That keep calling me,
They keep calling me,
Keep on calling me,
They keep calling me...



A canção é original dos Joy Division, a careta é a minha.

quarta-feira, março 1

Mudar a Caraça

A origem do Carnaval está perdida na noite dos tempos, é anterior ainda ao advento do Cristianismo. Os romanos celebravam a Saturnália e as Bacanais que estão relacionadas, mas a raíz da festa é provavelmente pagã. Ligada à passagem de estações, a celebração da Primavera, festa grande antes da altura das sementeiras. Caracterizada pela liberdade de expressão e movimento.

Em Portugal os bailes de máscaras e os desfiles com carros alegóricos estão em tempos recentes a ser substituídos por outros costumes, andamos a copiar a folia brasileira. Hoje em dia se vamos a uma festa temos de papar com a "cabeleira do zézé", o "charlie brown" e afins. Mas menos mal este ano, um costume que eu considero profundamente estúpido, alugar as estrelas das telenovelas brasileiras está sair de moda. Agora alugam-se os ídolos dos Morangos com Açucar ou do último Reality Show...

Nós por cá temos muitas e boas tradições, espero que se conservem. O carnaval de Torres Vedras é promovido como o único que mantem a fidelidade ao Entrudo português, com as caricaturas e críticas sociais. Confesso que nunca lá fui mas tenho curiosidade. Outra tradição bem pitoresca é as dos Caretos na aldeia de Podence, em que os moços vêm à rua disfarçados de Diabo.

No Alentejo onde cresci também tinhamos outros hábitos que se já estão a perder um bocado, felizmente ou infelizmente celebrávamos a época de outra maneira. Lembro-me de festejar o dia dos compadres e o dia das comadres. Lembro-me de andar a enfarinhar, para quem não saiba o que é, andar a correr atrás das raparigas para lhes untar a frolha com farinha ou atirar-lhes ovos podres. Elas respondiam à letra claro, tudo a brincar, no Carnaval ninguém leva a mal. Outro costume, o das bombas e bombinhas fez bem em acabar.

Para mim, tradição indispensável é disfarçar-me. Mudar a caraça que uso no dia-a-dia, e encarnar alguém diferente. Neste Carnaval visitaram-me algumas sombras, além disso tive de trabalhar segunda e terça, não deu para aproveitar grande coisa. Nem sabia de que é que me havia de disfarçar, não tive tempo para preparativos. Mas chegada a altura foi muito fácil escolher o disfarce, para exorcisar os nossos fantasmas nada melhor que personificar um, e dos mauzões! Quando tiver as fotos eu mostro.

careto