Estava com intenção de comprar bilhetes para uma data de concertos que valem a pena e estão quase aí. Atrasei-me para os macacos do ártico e para os reis da conveniência, mas ainda fui a tempo para Damian Marley aka Junior Gong, o filho mais novo de Bob Marley. Que esteve esta segunda no Porto, e ontem aqui em Lisboa para um concerto excelente. Acho que vou começar a correr para a bilheteira assim que souber dos concertos, ando-me a fartar de ficar apeado.
Ontem foi um dia diferente, mas não por causa dum concerto de reggae, mas porque havia jogo da bola. Logo de manhã já dava para notar que havia mais condutores de fim de semana na estrada, a malta levou toda o seu carrito para chegar a horas de ver o benfas contra o barça. Para tentar fugir ao trânsito escapei-me um pouco mais cedo do trabalho, mas não deu. A estrada já estava cheia de energúmenos, armados de cachecol e buzina, enfiados dentro da sua lata à espera da primeira opurtunidade para furar as filas de trênsito e chegar ao importantíssimo acontecimento.
Por isso foi bom quando larguei o carro e me dirigi a pé, acompanhado do meu amigo Tiago, até à zona do Coliseu. Fomos comer um petisco à Casa do Alentejo, e logo aí deu para notar a diferença no ambiente. Os fãs da bola querem gritar, dizer asneiradas, e ai de ti se não mostras o mesmo entusiasmo. Estás sujeito a levar com alguma boca agressiva. Com os amantes da música é diferente, sentas-te ao lado dum gajo que não conheces de lado nenhum e cinco minutos depois já tás em amena cavaqueira. Que é que achaste do não sei quantos? Xiii também foste ver o não sei quê? Eu já não arranjei bilhete. Ah pois mas esse festival é o que tem mais espírito. Malta à maneira.
Notava-se a sala vazia quando entrámos no Coliseu, coube ao Prince Wadada a tarefa de aquecer a malta antes do prato principal. Tarefa que realizou duma maneira muito competente, cruzando ritmos africanos com os clássicos do reggae, pena o DJ ter mandado alguns pregos. As pessoas foram chegando, as notícias do zero a zero também, francamente não estava muito interessado.
Quando a banda principal entrou em palco, o público já estava bem composto, o concerto quase que esgotou, e isso notava-se. Gente por todo o lado de braços no ar. Abriram as hostilidades com uma versão intrumental do Jammin, foi a loucura. Tivemos direito a um speaker que anunciou a chegada do mensageiro de Haile Selassie. Damian mostrou-nos que não ficou parado na sombra do pai, e viajou por vários géneros. Passando pelos clássico como "Could it be Love", mas debitanto sobretudo canções de intervenção muitas vezes num registo mais pesado. Uma autêntica festa, tanta gente junta a abanar o esqueleto, o calor era tanto que o suor já devia escorrer pelas paredes. De cima do palco os nativos de Kingston contagiaram a sua energia a toda a gente. Além do speaker e da banda ainda tivemos direito a um porta-estandarte, que durante todo o concerto andou por lá aos pulos com uma bandeira e não parava nem um instante.
O concerto foi excelente, dou nota máxima. Mas houve uma parte negativa, a babilónia estava infiltrada entro o público, nem toda a gente tinha o tal espiríto que falava a pouco, de amor à música. Houve uns incidentes menos felizes, por exemplo um extintor que foi accionado por algum engraçadinho. Não percebo, podiam ter prestado mais atenção à música, e aos ensinamentos de Jah.
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