V for Vendetta não segue à risca o argumento da BD original, digamos que traz a história para o presente e actualiza algumas da referências. Os temas chave estão lá. A história decorre num futuro próximo, numa realidade alternativa (mas terrivelmente possível). O mundo está mergulhado na guerra e no caos, a grande potência hegemónica da actualidade os EUA, estão em guerra civil. A acção decorre num Reino Unido governado por um regime totalitário. Não quero estragar o encanto do filme, por isso não vou falar do enredo que coloca uma ditadura à frente dum país com uma tradição democrática tão grande. Mas o ditador de serviço usa as ferramentas típicas de qualquer governo totalitário, o medo, a repressão, a censura, a perseguição para manter sobre controlo a sociedade inglesa.
O nosso personagem principal, simplesmente V, é um terrorista. Embora tenha sido um pouco suavizada no filme, a personagem é extremamente ambígua, culto mas extremamente violento, terrorista na verdadeira acepção da palavra, que rebenta com edifícios e mata pessoas. Ficamos sem perceber se é movido pela vingança ou pelo idealismo. Ficam muitas dúvidas morais, será que o fins justificam os meios? O próprio V duvida em certa altura da validade das suas acções, mas a verdade é que ele se torna um símbolo de libertação. Na conjunctura internacional actual este filme não podia ser mais pertinente.
Produzido pelos irmãos Wachowski, os mesmo do Matrix, que escreveram o argumento para este filme antes de imaginarem as aventuras de Neo. Notam-se por isso alguns paralelos, nas cenas de pancadaria por exemplo, que foram muito bem sacadas. A Natalie Portman até faz bom papel, embora a personagem que encarna tenha sido bastante alterada em relação à original da BD. Vão ver este filme, e prestem muita atenção. Algumas das suas fantasias estão perigosamente perto da realidade.
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