Quando se fala em globalização quase sempre se associa a palavra ao avanço inexorável de determinados interesses económicos à escala mundial. O Domínio das multinacionais que atravessa fronteiras físicas, religiosas e culturais. Uma espécie de descaracterização e homogeneização das sociedades tradicionais vergando-se à força do marketing e da comunicação globais.
Em termos de comércio, a facilidade de produtos produzidos do outro lado do mundo chegarem às nossas montras e às nossas casas a preços muito mais baratos que os nossos está à vista. Alguma Indústria Portuguesa apostou nos preços baixos como forma de competir, mas hoje em dia é impossível competir com países como a China nesses termos. Já era possível adivinhar que isto iria acontecer à muito tempo, claro está que os industrais que seguiram essa via estão neste momento muito preocupados, ou até já com problemas de solvência financeira.
Mas há uma outra face da globalização e Portugal tem que acordar para ela. Num mundo em que a informação flui à velocidade da luz já não é preciso estar localizado nos centros nevrálgicos de comércio e decisão para ter uma participação activa e produzir ideias úteis. Já não é necessário ir a Nova Iorque para jogar na bolsa em Wall Street, já não é preciso ter um edifício em Silicon Valley para produzir tecnologia de ponta.
Este lado positivo da glozalização de que falo veio nivelar oportunidades, não só entre países ricos e países pobres (com recursos ou sem recursos) mas também entre pessoas. Através do meu blog consigo que as minhas opiniões cheguem a todos os cantos do mundo. No meu trabalho mantenho máquinas que prestam serviços, computadores que nunca vejo, mas os quais opero à distância. Há países que estão a aproveitar estas oportunidades para colar-se ao pelotão da frente no desenvolvimento económico. Os melhores exemplos, China e Índia. A China através da produção em larga escala de bens de consumo (incluíndo produtos de alta tecnologia), a preços muitos competitivos. A Ìndia ao apostar na prestação de serviços, no Outsourcing.
Este chavão do economês está extremamente na moda. O Outsourcing é transferência de uma parte da cadeia de valor de um produto ou serviço produzido por uma empresa, para uma entidade externa. Muitas vezes assiste-se também a uma deslocalização associada ao Outsourcing, quem efectua o serviço não necessita estar no mesmo sítio físico de quem o usufrui. Assim é possível transferir a prestação do serviço para uma localização com custos mais baixos (mão-de-obra e infra-estruturas), e que potencialmente pode até produzir um produto final de maior qualidade ou de forma mais eficiente. Quase tudo pode ser alvo para o Outsourcing. Serviços de Apoio ao Cliente, Helpdesk, Contabilidade, Serviços Administrativos são exemplos comuns. Com meios de comunicação eficientes não é necessário estar geográficamente perto do cliente final.
Assim chegamos a Évora, onde estão reunidas todas as condições perfeitas para o fornecimento de uma multitude de serviços, à escala nacional, ou mesmo mundial. A premissa principal, o capital humano e intelectual é assegurado pela presença na cidade da Universidade. A qualidade de vida, e o amplo espaço para a criação de infra-estruturas permite a fixação dessas pessoas, dando-lhes condições de trabalho óptimas. Já começou, o aparecimento de Call-Centers de várias empresas em Évora é apenas um dos sintomas visíveis de tudo isto que falo. Mas creio que há espaço para muito mais, impõe-se fazer uma aposta na investigação e desenvolvimento, criação de incentivos a empresas que se fixarem na cidade. Claro está, que também é necessário disponibilizar meios de comunicação, a famosa banda larga, e fazê-la chegar onde é preciso. Évora já não faz parte do Alentejo anacrónico e sub-desenvolvido, com um pouco de esforço acredito que é possível eliminar de vez esse lugar comum, mudar a visão tradicional sobre a nossa região.
1 comentário:
molto intiresno, grazie
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