Já passei por lá muitas vezes, a caminho daqui ou dali, ou até simplesmente em passeio de carro. Uma caminhada por lá nunca tinha feito, mas hoje a Associação Juvenil Doutor Jardim (onde eu sou sócio e participante activo) associou-se à CEIA e à Associação de Desenvolvimento dos Montes Claros para nos proporcionar um passeio pela natureza, e eu fui participar claro.
A Serra está no centro de cinco concelhos: Alandroal, Borba, Estremoz, Redondo e Vila Viçosa (o meu). É o maior relevo do Alentejo Central, o seu ponto mais alto, o Alto de São Gens, está a 653 metros. Não parece grande coisa mas tem muito para descobrir. Em termos de flora, ali crescem ervas aromáticas e medicinais que foram usadas pelas populações ao longo dos tempos. Num alentejo extremamente pobre as pessoas não viraram as costas às riquezas da natureza. Fiquei espantado por saber que até plantas carnívoras lá temos (atraem e comem insectos). A Serra também serve de refúgio a muitas espécies animais, incluindo espécies protegidas como algumas espécies de águias. Fala-se que serve de corredor de passagem ao lince ibérico, também há javalis, veados, cobras venenosas, aranhas do tamanho do punho, mas não tivemos a sorte de ver nada disso. No entanto aprendi que as osgas, o lagarto que toda a gente acha nojento e repelente, são na realidade muito úteis, já que comem por dia o seu próprio peso em mosquitos.
Do ponto de vista humano, há muita História para aprender. Existem vestígios de povoações e fortificações da Idade do Ferro. As populações fixavam-se em pontos altos e de díficil acesso de modo a facilitar a defesa contra clãs inimigos. Com a chegada dos Romanos e da pax julia as pessoas deslocaram-se para as planícies. Ficaram os monges eremitas que escavaram grutas no xisto para se refugiarem. Esses mesmos monges mais tarde fundaram o Convento de São Paulo, na própria Serra, que hoje em dia foi reconvertido para Pousada.
Infelizmente a paisagem da Serra modificou-se profundamente nos últimos 50 anos, com a plantação maciça de eucaplitos, que neste momento cobrem quase tudo. Por sorte ainda é possível observar a paisagem original em alguns sítios. Gostei muito do passeio, e estou cheio de vontade de regressar numa próxima edição, existem mais alguns planeados para este ano (vêr a brochura).
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