Portugal está a ficar cada vez mais perigoso para a pessoas com sentido de humor. Pelo menos é o que parece, depois do caso da DREN a Directora de Centro de Saúde de Vieira do Minho foi demitida do seu cargo por "quebrar dever de lealdade". Na prática parece que a senhora foi posta na rua por não retirar das suas instalações um comentário jocoso sobre o Ministro da Saúde, Correia de Campos. Isto parece um bocado rebuscado...
Entretanto em outras notícias, o autor do blogue Do Portugal Profundo, o mesmo que denunciou umas coisinhas meio esquisitas que havia com a licenciatura do Primeiro Ministro, está a ser ouvido como arguido num processo num inquérito judicial, pelos vistos José Sócrates apresentou uma queixa contra ele.
sexta-feira, junho 29
Fora de Catálogo (continuação)
Ontem consegui o milagre de sair a horas do trabalho (às horas que o horário estabelecido dita) e propus-me descobrir um pouco mais de Madrid e ir visitar o PhotoEspaña 2007, certame que dura até 22 de Julho e engloba várias exposições e actividades espalhadas pela capital espanhola e outros sítios. Não consegui ver grande coisa, apanhei várias exposições a fechar, vou ter de dedicar mais tempo a visitar a cidade e os pontos que compõem o circuito oficial.
Mas com um pouco de tempo nas mãos e no meio de Madrid decidi prosseguir a minha demanda de que já tinha falado aqui. Comecei pela Fnac, queria ver se aqui a política usada para definir o catálogo era a mesma, mas também bati com o nariz na porta. Pelo menos o horário é diferente, pelos vistos durante a semana fecham às 21:00. Fui direitinho ao Corte Inglês, não fosse ficar à porta de novo (já um pouco frustrado com a situação para dizer a verdade). Mas vá lá, safei-me, tive até às 22:00 para prosseguir os meus propósitos. A verdade é que também não consegui comprar o filme, "Tenéis una peli que se llama gato negro, gato blanco?" - "No lo siento, está agotada". Fiquei frustrado à mesma, mas um pouco mais feliz, pelo menos Kusturika não foi votado ao ostracismo aqui. E mais, ainda consegui apanhar uma grande surpresa, ao encontrar mais produção portuguesa do que encontraria em Portugal. Encontrei por exemplo um pack de oito DVD's de Manoel de Oliveira com alguns dos mais importantes filmes da sua carreira, que me deixou estupefacto. Sinceramente não consigo compreender o paradoxo, os espanhóis nacionalistas como poucos, dão mais atenção à obra portuguesa do que nós próprios.
Seremos um povo assim tão idiota? Sempre prontos a acolher o que vem de fora, e a desprezar o que é nosso?
Mas com um pouco de tempo nas mãos e no meio de Madrid decidi prosseguir a minha demanda de que já tinha falado aqui. Comecei pela Fnac, queria ver se aqui a política usada para definir o catálogo era a mesma, mas também bati com o nariz na porta. Pelo menos o horário é diferente, pelos vistos durante a semana fecham às 21:00. Fui direitinho ao Corte Inglês, não fosse ficar à porta de novo (já um pouco frustrado com a situação para dizer a verdade). Mas vá lá, safei-me, tive até às 22:00 para prosseguir os meus propósitos. A verdade é que também não consegui comprar o filme, "Tenéis una peli que se llama gato negro, gato blanco?" - "No lo siento, está agotada". Fiquei frustrado à mesma, mas um pouco mais feliz, pelo menos Kusturika não foi votado ao ostracismo aqui. E mais, ainda consegui apanhar uma grande surpresa, ao encontrar mais produção portuguesa do que encontraria em Portugal. Encontrei por exemplo um pack de oito DVD's de Manoel de Oliveira com alguns dos mais importantes filmes da sua carreira, que me deixou estupefacto. Sinceramente não consigo compreender o paradoxo, os espanhóis nacionalistas como poucos, dão mais atenção à obra portuguesa do que nós próprios.
Seremos um povo assim tão idiota? Sempre prontos a acolher o que vem de fora, e a desprezar o que é nosso?
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terça-feira, junho 26
Blade Runner
Ontem um dos meus filmes preferidos fez 25 anos, para mim Blade Runner é uma das melhores longas metragens de sempre e mantém-se perfeitamente actual. Ridley Scott baseou-se numa das novelas de Phillip K. Dick, Do Androids Dream of Electric Sheep? para nos falar de um futuro que se revela cada vez mais próximo. A ficção científica não tem necessariamente de ter batalhas espaciais, tele-novelas épicas com sabres-luz, nem bicharada repulsiva e ansiosa por comer os protagonistas (ver Alien do mesmo realizador). Trata-se sim de investigar as repercussões sociais e eticas da evolução da tecnologia e pôr perguntas sobre as mudanças que o nosso mundo e nós vamos sofrer. Este filme põe perguntas profundas, sobre a própria natureza humana, e o que define a humanidade e a auto-consciência.
Podemos destacar do filme além da visão que ele nos dá para o futuro a mestria técnica evidenciada. Ainda hoje os efeitos especiais são impressionantes conseguindo criar ambientes realistas através de técnicas e esquemas que hoje em dia já foram quase postos de parte dando lugar à imagem gerada por computador. Os ambientes deste filme conseguem-nos transportar para uma realidade alheia, um futuro verdadeiramente credível e algo assustador. Até podemos reconhecer detalhes que já se tornaram realidade como os ecrãs gigantes que tomam toda a fachada dum edifício.
A premissa para o desenrolar da história é simples, no futuro seremos capazes de nos replicar a nós próprios, produzir andróides que são humanos em todos os sentidos. Menos na origem. Será que tal criatura pode ter alma? Sentir? Amar? Como é normal nos homens o conflito ocorre quando essas criaturas são segregadas pela diferença, não reconhecidas como iguais, relegadas para a submissão. Será que está assim tão longe o estádio da evolução humana em que deixaremos de conseguir controlar o que criamos? Ou até que consigamos criar alguma entidade mais inteligente que nós... Podemos encontrar um paralelo óbvio com a clonagem, mas podemos ir mais longe, o genoma humano já foi sequenciado quanto tempo falta até que consigamos produzir humanos sob encomenda? Como faremos depois para encarar as criaturas que criámos? Lidar com estas questões leva-nos a olhar para nós próprios e para as nossas limitações.
I've seen things you people wouldn't believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I watched C-beams glitter in the dark near the Tannhauser gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die.
Podemos destacar do filme além da visão que ele nos dá para o futuro a mestria técnica evidenciada. Ainda hoje os efeitos especiais são impressionantes conseguindo criar ambientes realistas através de técnicas e esquemas que hoje em dia já foram quase postos de parte dando lugar à imagem gerada por computador. Os ambientes deste filme conseguem-nos transportar para uma realidade alheia, um futuro verdadeiramente credível e algo assustador. Até podemos reconhecer detalhes que já se tornaram realidade como os ecrãs gigantes que tomam toda a fachada dum edifício.
A premissa para o desenrolar da história é simples, no futuro seremos capazes de nos replicar a nós próprios, produzir andróides que são humanos em todos os sentidos. Menos na origem. Será que tal criatura pode ter alma? Sentir? Amar? Como é normal nos homens o conflito ocorre quando essas criaturas são segregadas pela diferença, não reconhecidas como iguais, relegadas para a submissão. Será que está assim tão longe o estádio da evolução humana em que deixaremos de conseguir controlar o que criamos? Ou até que consigamos criar alguma entidade mais inteligente que nós... Podemos encontrar um paralelo óbvio com a clonagem, mas podemos ir mais longe, o genoma humano já foi sequenciado quanto tempo falta até que consigamos produzir humanos sob encomenda? Como faremos depois para encarar as criaturas que criámos? Lidar com estas questões leva-nos a olhar para nós próprios e para as nossas limitações.
I've seen things you people wouldn't believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I watched C-beams glitter in the dark near the Tannhauser gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die.
quarta-feira, junho 20
Fora de Catálogo
A propósito dos Shantal e Bucovina Orkestar, estava eu a tentar definir o seu estilo de música a alguém e como já disse anteriormente a comparação possível que me ocorreu foi a música de Emir Kusturica e dos No Smoking Orchestra. Ora para o meu interlocutor (no caso interlocutora) o realizador e músico também era desconhecido, depressa a conversa divagou para os méritos e talentos cinematográficos deste senhor. Em concreto fartei-me de falar do Underground, e do Gato preto, gato branco. Numa passagem pela Fnac, e num impulso consumista, dispus-me a comprar algum dos filmes para presentear a tal pessoa.
Fartei-me de procurar nas estantes e escaparates, estava na loja do Chiado, e a organização da secção de vídeo (pelo menos nessa sucursal é péssima). Parece que os filmes estão divididos por filmes em saldo, filmes americanos e filmes clássicos. As séries americanas também lá estão com grande destaque. Produção nacional? Nem vale a pena falar disso... Depois de procurar 10 minutos, a minha paciência esgotou-se, e dispus-me a esperar outros 10 para falar com a pessoa que estava a atender ao público nessa secção. Lá chegou a minha vez, e lá expus a minha questão. Andava à procura do "Gato Preto, Gato Branco" em concreto, muito atencioso e simpático o encarregado demonstrou saber de cinema, imediatamente (sem consultar o stock nem nada) me disse que o filme tinha saído de catálogo. A minha cara de estupefacção foi respondida com um certo ar resignado, não consegui evitar perguntar, "saiu de catálogo? isso quer dizer o que? já não se vende?" - "Pois, já saiu de catálogo à dois anos".
Eu frequento a Fnac porque mesmo assim são eles que me conseguem oferecer uma escolha mais ampla em termos culturais, e onde ainda se vão conseguindo encontrar as coisas. Mas mesmo assim a escolha é redutora, o mercado nacional está excessivamente populado com produção externa (mais concretamente americana). A desatenção à produção europeia, e pior ainda nacional é gritante. Outro exemplo disto tive-o à tempos antes dos CSS ficarem extremamente conhecidos e terem concertos marcados para Portugal era impossível comprar um CD deles (depois ainda se chateiam da malta arranjar as coisas em mp3 pirata). O que mais me chateia é que não encontro loja alguma que dê atenção a isto, o catálogo é todo o mesmo. A Valentim de Carvalho, loja e distribuidora nacional em declínio resolveu copiar tudo da Fnac, incluindo meter cafés dentro das lojas, quando na realidade o que deviam fazer era distinguir-se fornecendo um produto mais adequado ao mercado português que supostamente conhecem melhor. Mas não, acho que não, hoje em dia a Valentim não deve passar da subsidiária portuguesa da EMI. Mal por mal, ainda prefiro os franceses da Fnac que pelo menos são europeus.
Não sei se esta orientação para a produção americana (em termos de música e de audiovisual) e o desprezo pela produção nacional é um mal nacional. Mas estou seriamente inclinado a pensar que sim. O termo de comparação que posso usar com propriedade é o caso espanhol, onde o destaque dado à produção autónoma é incomparável. Importa mudar isto, se mais alguém discorda do estado de coisas hoje em dia, descruzem os braços e ponham-se em campo. Há coisas que podem ser feitas, coisas bastante simples como levantar a voz apenas. Apresentar uma reclamação ou ir aqui deixar a opinião.
Fartei-me de procurar nas estantes e escaparates, estava na loja do Chiado, e a organização da secção de vídeo (pelo menos nessa sucursal é péssima). Parece que os filmes estão divididos por filmes em saldo, filmes americanos e filmes clássicos. As séries americanas também lá estão com grande destaque. Produção nacional? Nem vale a pena falar disso... Depois de procurar 10 minutos, a minha paciência esgotou-se, e dispus-me a esperar outros 10 para falar com a pessoa que estava a atender ao público nessa secção. Lá chegou a minha vez, e lá expus a minha questão. Andava à procura do "Gato Preto, Gato Branco" em concreto, muito atencioso e simpático o encarregado demonstrou saber de cinema, imediatamente (sem consultar o stock nem nada) me disse que o filme tinha saído de catálogo. A minha cara de estupefacção foi respondida com um certo ar resignado, não consegui evitar perguntar, "saiu de catálogo? isso quer dizer o que? já não se vende?" - "Pois, já saiu de catálogo à dois anos".
Eu frequento a Fnac porque mesmo assim são eles que me conseguem oferecer uma escolha mais ampla em termos culturais, e onde ainda se vão conseguindo encontrar as coisas. Mas mesmo assim a escolha é redutora, o mercado nacional está excessivamente populado com produção externa (mais concretamente americana). A desatenção à produção europeia, e pior ainda nacional é gritante. Outro exemplo disto tive-o à tempos antes dos CSS ficarem extremamente conhecidos e terem concertos marcados para Portugal era impossível comprar um CD deles (depois ainda se chateiam da malta arranjar as coisas em mp3 pirata). O que mais me chateia é que não encontro loja alguma que dê atenção a isto, o catálogo é todo o mesmo. A Valentim de Carvalho, loja e distribuidora nacional em declínio resolveu copiar tudo da Fnac, incluindo meter cafés dentro das lojas, quando na realidade o que deviam fazer era distinguir-se fornecendo um produto mais adequado ao mercado português que supostamente conhecem melhor. Mas não, acho que não, hoje em dia a Valentim não deve passar da subsidiária portuguesa da EMI. Mal por mal, ainda prefiro os franceses da Fnac que pelo menos são europeus.
Não sei se esta orientação para a produção americana (em termos de música e de audiovisual) e o desprezo pela produção nacional é um mal nacional. Mas estou seriamente inclinado a pensar que sim. O termo de comparação que posso usar com propriedade é o caso espanhol, onde o destaque dado à produção autónoma é incomparável. Importa mudar isto, se mais alguém discorda do estado de coisas hoje em dia, descruzem os braços e ponham-se em campo. Há coisas que podem ser feitas, coisas bastante simples como levantar a voz apenas. Apresentar uma reclamação ou ir aqui deixar a opinião.
terça-feira, junho 19
Oeiras Alive 2007
Eu estive lá, já passou quase uma semana e meia e ainda não anotei as minhas opiniões, é tempo que o faça sob pena de que se me varra da memória tudo o que quero plasmar. Ando com o tempo curto como já se vai tornando habitual, mas cuidar de escrever devia ser mais importante para mim do que é, tenho cada vez menos tempo livre. Razão de sobra para me dedicar com mais ímpeto às coisas que gosto e dou importância, nota a deixar para o futuro.
Considerações pessoais aparte, importa tecer algumas considerações sim ao festival que mudou de nome. Primeiro foi genericamente Festival Alive acabou por se transformar no Oeiras Alive, o que até tem lógica porque foi o conselho de Oeiras (passeio marítimo de Algés) que acolheu a festa. Para primeira edição as coisas até nem correram muito mal, notaram-se algumas falhas, como a fila insuportável que os portadores de bilhete de três dias tiveram de gramar para pôr a pulseira que dava livre acesso. Outro detalhe que é curioso realçar, é a quantidade de lixo gerado num evento com supostas ambições de cariz ambiental. À entrada lá estavam os habituais e irritantes distribuidores de panfletos vários que não se coíbem de oferecer literatura repetida só para se livrar dos molhos de papel que trazem de casa. Dentro do recinto a distribuição de merchandising inútil enche o chão de porcaria, patrocinado por esta ou aquela marca, já se sabe. Uma iniciativa curiosa, mas risível, era a possibilidade de trocar não sei quantos copos de cerveja usada por uma bolsa da Sagres. Ora claro está que as meninas que andavam a distribuir aquilo davam a bolsa a toda a gente, e essas mesmas bolsas acabaram por pavimentar todo o recinto.
Mas vamos ao que interessa. O que na realidade levou milhares de pessoas àquele recinto foi a música, como devia de ser em todos os festivais. Os grupos que protagonizaram cada noite têm uma legião de fiéis suficientemente grande para assegurar casa cheia. Tanto que notava-se que havia fãs de todo o lado, não só portugueses, muitos espanhóis e muitos bifes (passe a expressão). Foi possível comprovar isso mesmo, logo na primeira noite, e também mais concorrida. Infelizmente já cheguei muito atrasado (por causa da seca das pulseiras) já não consegui apanhar os Blasted Mechanism. Aguentar os Linkin Park e os adolescentes que faziam questão de torcer por eles até foi engraçado ao início, mas depressa se transformou num fartote. Quando os Pearl Jam começaram a dar sinais de que iam subir ao palco foi quando realmente se animou a noite. Como se estivessem a jogar em casa Eddie Vedder e companhia fizeram o que quiseram do público que em júbilo se deleitou com todos os clássicos que se podiam (ou não esperar) incluindo a canção Alive que não sei se teve alguma coisa a ver com o mote para o festival. Pelo que ele diz, Eddie adora Portugal, adora vir cá surfar, e traz sempre uma folhinha com as coisas que tem de dizer em português e recados para a malta. O homem realmente sabe dominar multidões, tornando qualquer espectáculo digno de memória, vi-os nas três vezes que vieram a Portugal e concerteza não hesitarei na próxima oportunidade. É certo que talvez seja tudo um pouco montagem. Na noite em Lisboa mostrou-se chateado por ir actuar em Madrid no dia seguinte (até leu da sua cábula, dizendo textualmente e em bom português "que se foda madrid"), depois já em Madrid falou mal de Portugal aos espanhóis conseguindo reacções igualmente efusivas. Mas isso são apenas fogos de artifício, o essencial é a que a multidão apesar de extremamente apertada não parava de dar asas ao seu entusiasmo a cada música. De braços no ar e a gritar a pleno pulmão, houve momento quase mágicos. Como quando Vedder se limitou a tocar guitarra enquanto o público entoava a letra de Better Man. O concerto durou mais de duas horas, mas para mim tudo passou num ápice, soube a pouco até. Menção honrosa especial para o acontecimento que houve a seguir no palco Sagres Mini, o palco secundário, com os Shantal e Bucovina Orkestar que trouxeram bons momentos de riso, baile e diversão para descomprimir depois das emoções do prato principal. Com um som muito Kusturica a energia do cantores e dos instrumentos tradicionais converteram um punhado de resistentes que queria mais depois da dose dessa noite.
No dia seguinte o cansaço e a fatiga (o adjectivo mais correcto será mesmo preguiça) impediram-me de chegar a horas decentes de novo. Mesmo assim aproveitei um pouco mais o cardápio. Ainda vi um pouco dos Balla, e tive tempo para recordar os Capitão Fantasma que não ouvia sequer falar à séculos. Estão vivos e de boa saúde por sinal, e também os rockbillys em Portugal pelos vistos como pode atestar quem lá estava. Os Dead 60's falharam o compromisso (não sei muito bem porquê). Fiquei um pouco desiludido, mas o facto é que as duas bandas que vinham a seguir no palco principal me chamavam muito mais a atenção. A oportunidade de ver os White Stripes foi algo de excelente, é avassalador a quantidade de ruído, barulho, som, que duas pessoas conseguem produzir. O duo entrou em palco com uma pulsão impressionante. As raízes blues e country eram reconhecíveis é óbvio. Mas não consigo deixar de pensar nos Led Zeppelin por exemplo ao tentar definir os sons que me chegavam aos ouvidos. Meg White, com um aspecto minúsculo e frágil deve ter conseguido fazer tremer a estrutura do palco com as pancadas que dava na bateria. Jack White, ecléctico distribuiu emoções fortes com a sua voz e a guitarra. As canções já conhecidas de todos fizeram-se soar de viva voz. Mas o momento que mais me impressionou foi quando Jack se agarrou ao órgão em My Doorbell. Começando na música pesada, e através de uma série de divagações, esteve quase a roçar os ritmos latinos e a salsa. Uns dançavam, outros saltavam, excelente. Os Smashing Pumpinks são outros da velha guarda, tal como os Pearl Jam, com uma boa legião de fiéis seguidores praticamente desde a sua génese. Não os tinha visto ainda, apesar de já terem passado por Portugal e encontrava-me muito expectante. Ainda mais pela formação que ia passar pelo palco, dos elementos originais, só lá estava Jimmy Chamberlain e Billy Corgan. Sinceramente não dei pela falta de nenhum dos outros. Para tanta expectativa uma entrada surpreendente, não pelo tema escolhido, mas pela pequena chuvada que caiu exactamente no momento em que soaram os primeiros acordes de Today. Mesmo que tivesse sido preparado não podia ter saído melhor o quebra-gelo inicial que deu lugar a uma visita pelo enorme espólio da banda. Tocaram muitos dos temas que toda a gente estava à espera, incluindo o tema que mais facilmente lhes é associado Bullet with Butterfly Wings. Mas também tocaram pequenas pérolas, em particular uma canção que eu adoro mas não estava nada à espera de ouvir naquela noite, Cherub Rock. Depois de tanta emoção ainda fui abanar o capacete ao som dos Dezperados. A dupla mascarada tem um ritmo arrasador, o fim perfeito para uma grande noite de música.
A verdade é que no domingo estava exausto, arrastei-me até ao recinto mais por descargo de consciência que outra coisa. Mas depressa me passou, os Wray Gunn e a energia de Paulo Furtado conseguiram injectar-me a energia suficiente para me manter acordado umas horas. A ele energia é o que não lhe falta, além da força que imprime nas canções ainda consegue saltos acrobáticos para o público e banhos de (mini) multidão. Os Beastie Boys nunca tinham pisado palcos portugueses, e seguramente tinham muitos fãs à espera. A ausência de público era notória mas mesmo assim reuniu-se um bom número de pessoas à volta do palco principal para ver os rapazes de Brooklyn. A actuação foi competente, meteram a malta a bater o pézinho e a dançar mas não tenho dúvidas que o espectáculo teria tido mais resposta dos assistentes se no dia seguinte não fosse dia de trabalho. Com muito esforço lá fui assistir a um pouco dos Buraka Som Sistema, mas já não deu para muito, tive de desistir, ir para casa render-me à cama. Mas foi pena porque o som africano nascido na Buraca vai longe, além dos fãs que já conseguiram em Portugal, já chegou a sítios como o Festival de Glastonbury.
Considerações pessoais aparte, importa tecer algumas considerações sim ao festival que mudou de nome. Primeiro foi genericamente Festival Alive acabou por se transformar no Oeiras Alive, o que até tem lógica porque foi o conselho de Oeiras (passeio marítimo de Algés) que acolheu a festa. Para primeira edição as coisas até nem correram muito mal, notaram-se algumas falhas, como a fila insuportável que os portadores de bilhete de três dias tiveram de gramar para pôr a pulseira que dava livre acesso. Outro detalhe que é curioso realçar, é a quantidade de lixo gerado num evento com supostas ambições de cariz ambiental. À entrada lá estavam os habituais e irritantes distribuidores de panfletos vários que não se coíbem de oferecer literatura repetida só para se livrar dos molhos de papel que trazem de casa. Dentro do recinto a distribuição de merchandising inútil enche o chão de porcaria, patrocinado por esta ou aquela marca, já se sabe. Uma iniciativa curiosa, mas risível, era a possibilidade de trocar não sei quantos copos de cerveja usada por uma bolsa da Sagres. Ora claro está que as meninas que andavam a distribuir aquilo davam a bolsa a toda a gente, e essas mesmas bolsas acabaram por pavimentar todo o recinto.
Mas vamos ao que interessa. O que na realidade levou milhares de pessoas àquele recinto foi a música, como devia de ser em todos os festivais. Os grupos que protagonizaram cada noite têm uma legião de fiéis suficientemente grande para assegurar casa cheia. Tanto que notava-se que havia fãs de todo o lado, não só portugueses, muitos espanhóis e muitos bifes (passe a expressão). Foi possível comprovar isso mesmo, logo na primeira noite, e também mais concorrida. Infelizmente já cheguei muito atrasado (por causa da seca das pulseiras) já não consegui apanhar os Blasted Mechanism. Aguentar os Linkin Park e os adolescentes que faziam questão de torcer por eles até foi engraçado ao início, mas depressa se transformou num fartote. Quando os Pearl Jam começaram a dar sinais de que iam subir ao palco foi quando realmente se animou a noite. Como se estivessem a jogar em casa Eddie Vedder e companhia fizeram o que quiseram do público que em júbilo se deleitou com todos os clássicos que se podiam (ou não esperar) incluindo a canção Alive que não sei se teve alguma coisa a ver com o mote para o festival. Pelo que ele diz, Eddie adora Portugal, adora vir cá surfar, e traz sempre uma folhinha com as coisas que tem de dizer em português e recados para a malta. O homem realmente sabe dominar multidões, tornando qualquer espectáculo digno de memória, vi-os nas três vezes que vieram a Portugal e concerteza não hesitarei na próxima oportunidade. É certo que talvez seja tudo um pouco montagem. Na noite em Lisboa mostrou-se chateado por ir actuar em Madrid no dia seguinte (até leu da sua cábula, dizendo textualmente e em bom português "que se foda madrid"), depois já em Madrid falou mal de Portugal aos espanhóis conseguindo reacções igualmente efusivas. Mas isso são apenas fogos de artifício, o essencial é a que a multidão apesar de extremamente apertada não parava de dar asas ao seu entusiasmo a cada música. De braços no ar e a gritar a pleno pulmão, houve momento quase mágicos. Como quando Vedder se limitou a tocar guitarra enquanto o público entoava a letra de Better Man. O concerto durou mais de duas horas, mas para mim tudo passou num ápice, soube a pouco até. Menção honrosa especial para o acontecimento que houve a seguir no palco Sagres Mini, o palco secundário, com os Shantal e Bucovina Orkestar que trouxeram bons momentos de riso, baile e diversão para descomprimir depois das emoções do prato principal. Com um som muito Kusturica a energia do cantores e dos instrumentos tradicionais converteram um punhado de resistentes que queria mais depois da dose dessa noite.
No dia seguinte o cansaço e a fatiga (o adjectivo mais correcto será mesmo preguiça) impediram-me de chegar a horas decentes de novo. Mesmo assim aproveitei um pouco mais o cardápio. Ainda vi um pouco dos Balla, e tive tempo para recordar os Capitão Fantasma que não ouvia sequer falar à séculos. Estão vivos e de boa saúde por sinal, e também os rockbillys em Portugal pelos vistos como pode atestar quem lá estava. Os Dead 60's falharam o compromisso (não sei muito bem porquê). Fiquei um pouco desiludido, mas o facto é que as duas bandas que vinham a seguir no palco principal me chamavam muito mais a atenção. A oportunidade de ver os White Stripes foi algo de excelente, é avassalador a quantidade de ruído, barulho, som, que duas pessoas conseguem produzir. O duo entrou em palco com uma pulsão impressionante. As raízes blues e country eram reconhecíveis é óbvio. Mas não consigo deixar de pensar nos Led Zeppelin por exemplo ao tentar definir os sons que me chegavam aos ouvidos. Meg White, com um aspecto minúsculo e frágil deve ter conseguido fazer tremer a estrutura do palco com as pancadas que dava na bateria. Jack White, ecléctico distribuiu emoções fortes com a sua voz e a guitarra. As canções já conhecidas de todos fizeram-se soar de viva voz. Mas o momento que mais me impressionou foi quando Jack se agarrou ao órgão em My Doorbell. Começando na música pesada, e através de uma série de divagações, esteve quase a roçar os ritmos latinos e a salsa. Uns dançavam, outros saltavam, excelente. Os Smashing Pumpinks são outros da velha guarda, tal como os Pearl Jam, com uma boa legião de fiéis seguidores praticamente desde a sua génese. Não os tinha visto ainda, apesar de já terem passado por Portugal e encontrava-me muito expectante. Ainda mais pela formação que ia passar pelo palco, dos elementos originais, só lá estava Jimmy Chamberlain e Billy Corgan. Sinceramente não dei pela falta de nenhum dos outros. Para tanta expectativa uma entrada surpreendente, não pelo tema escolhido, mas pela pequena chuvada que caiu exactamente no momento em que soaram os primeiros acordes de Today. Mesmo que tivesse sido preparado não podia ter saído melhor o quebra-gelo inicial que deu lugar a uma visita pelo enorme espólio da banda. Tocaram muitos dos temas que toda a gente estava à espera, incluindo o tema que mais facilmente lhes é associado Bullet with Butterfly Wings. Mas também tocaram pequenas pérolas, em particular uma canção que eu adoro mas não estava nada à espera de ouvir naquela noite, Cherub Rock. Depois de tanta emoção ainda fui abanar o capacete ao som dos Dezperados. A dupla mascarada tem um ritmo arrasador, o fim perfeito para uma grande noite de música.
A verdade é que no domingo estava exausto, arrastei-me até ao recinto mais por descargo de consciência que outra coisa. Mas depressa me passou, os Wray Gunn e a energia de Paulo Furtado conseguiram injectar-me a energia suficiente para me manter acordado umas horas. A ele energia é o que não lhe falta, além da força que imprime nas canções ainda consegue saltos acrobáticos para o público e banhos de (mini) multidão. Os Beastie Boys nunca tinham pisado palcos portugueses, e seguramente tinham muitos fãs à espera. A ausência de público era notória mas mesmo assim reuniu-se um bom número de pessoas à volta do palco principal para ver os rapazes de Brooklyn. A actuação foi competente, meteram a malta a bater o pézinho e a dançar mas não tenho dúvidas que o espectáculo teria tido mais resposta dos assistentes se no dia seguinte não fosse dia de trabalho. Com muito esforço lá fui assistir a um pouco dos Buraka Som Sistema, mas já não deu para muito, tive de desistir, ir para casa render-me à cama. Mas foi pena porque o som africano nascido na Buraca vai longe, além dos fãs que já conseguiram em Portugal, já chegou a sítios como o Festival de Glastonbury.
segunda-feira, junho 11
Mais Lomo-Borrões
No momento presente assumo-me como um lomo-fanático, sou um dos muitos convertidos que já existem em Portugal. Apesar dos maus resultados que tive inicialmente com a action sampler a olho de peixe convenceu-me, as fotos impressionam-me sempre. Decidi pois voltar à action sampler, para ver se conseguia tirar umas fotos de jeito, já que da última vez só me saíram borrões. Não sei se o problema será meu ou da máquina mas a história voltou-se a repetir com os dois rolos que dediquei à experiência... Mas nem tudo foi mau, apesar disso ainda saíram alguns borrões bem giros.
Entretanto já ando a pensar em comprar outra lomo, na verdade estou indeciso sobre qual adquirir a seguir, muito indeciso.
Entretanto já ando a pensar em comprar outra lomo, na verdade estou indeciso sobre qual adquirir a seguir, muito indeciso.
quinta-feira, junho 7
Cuidado com as Piadas
Em Portugal os lambe-botas chegam longe, é assim que funciona. Só pode ser por isso que Margarida Moreira foi reconduzida no cargo. Para quem esteja fora de contexto, ela é a directora geral da DREN (Direcção Regional de Educação do Norte), e foi ela que moveu um processo contra um funcionário que ousou dizer uma piada acerca da licenciatura do Sócrates...
terça-feira, junho 5
X Feira de Artesanato e Tasquinhas
A Associação Juvenil Doutor Jardim está a organizar uma vez mais a Feira de Artesanato e Tasquinhas em Vila Viçosa. Como sempre a braços com dificuldades e falta de apoios as coisa lá se vão fazendo, com a boa vontade dos voluntários e com a paciência dos artesãos que expõe os seus produtos e artistas que fazem a animação. Eu próprio estive lá no passado fim de semana a ajudar a preparar o recinto para a feira, e a montar os stands que servirão de abrigo às obras expostas.
Se a feira está este ano na sua décima edição deve-se apenas à vontade, e à casmurrice dum punhado que pessoas que está todos os anos por trás da organização. Espero que o certame corra bem este ano, e que haja bastante público. É estranho que seja preciso remar contra a maré para organizar um evento cultural, custa um bocado ouvir certas coisas, justamente de pessoas ligadas às entidades que deveriam promover a cultura no conselho. Custa quando um encarregado cuja pequena tarefa é supervisionar o transporte de meia dúzia de chapas metálicas e a estrutura para as barraquinhas profere declarações desta índole: Deixem-se de merdas! Vocês só nos arranjam é trabalho! Ninguém quer isto, esqueçam isto. Fiquem em casa que fazem melhor.
O grave é que são pessoas com este nível de cultura,iniciativa e dinamismo que têm o poder decisório nas mãos. Por sua vontade estava tudo na mesma, as poucas acções que existem têm apenas um objectivo cosmético, como é o exemplo perfeito a ridícula campanha que existiu em Vila Viçosa (durou uma semana) para que as pessoas votassem pela inclusão do Paço Ducal nas 7 Maravilhas de Portugal. Como já disse aqui basta dirigir-se ao posto de turismo calipolense para perceber o empenho que é posto na divulgação do conselho.
Ah, e deixemos as coisas claras, de modo a evitar represálias. Esta é apenas a minha opinião.
Se a feira está este ano na sua décima edição deve-se apenas à vontade, e à casmurrice dum punhado que pessoas que está todos os anos por trás da organização. Espero que o certame corra bem este ano, e que haja bastante público. É estranho que seja preciso remar contra a maré para organizar um evento cultural, custa um bocado ouvir certas coisas, justamente de pessoas ligadas às entidades que deveriam promover a cultura no conselho. Custa quando um encarregado cuja pequena tarefa é supervisionar o transporte de meia dúzia de chapas metálicas e a estrutura para as barraquinhas profere declarações desta índole: Deixem-se de merdas! Vocês só nos arranjam é trabalho! Ninguém quer isto, esqueçam isto. Fiquem em casa que fazem melhor.
O grave é que são pessoas com este nível de cultura,iniciativa e dinamismo que têm o poder decisório nas mãos. Por sua vontade estava tudo na mesma, as poucas acções que existem têm apenas um objectivo cosmético, como é o exemplo perfeito a ridícula campanha que existiu em Vila Viçosa (durou uma semana) para que as pessoas votassem pela inclusão do Paço Ducal nas 7 Maravilhas de Portugal. Como já disse aqui basta dirigir-se ao posto de turismo calipolense para perceber o empenho que é posto na divulgação do conselho.
Ah, e deixemos as coisas claras, de modo a evitar represálias. Esta é apenas a minha opinião.
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Ficções Cinematrográficas e Cruéis Realidades
Para quem foi vêr ao cinema o filme de Fernando Meirelles, O Fiel Jardineiro, esta notícia vai-lhes parecer familiar. A Pfizer está a ser sancionada pelo governo da Nigéria pela realização de testes de medicamentos não autorizados, que levaram à morte de várias crianças. Podem inteirar-se da triste realidade no De Rerum Natura.
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segunda-feira, junho 4
Elogio à Arte
Esta experiência foi realidade por um canal de televisão espanhol, deram uma tela em branco a um grupo de miúdos do jardim-escola para criar uma obra de arte moderna. Pegaram no quadro e levaram-no até uma exposição, depois foi ver a opinião das pessoas...
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sexta-feira, junho 1
Seja um engenheiro em 12 aulas práticas
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