segunda-feira, março 27

Crash

O percurso de estreia deste filme passou-me completamente ao lado, só recentemente é que falaram dele (obrigado silvia por me tirares da ignorância), acabando por ser surpresa ao ganhar o Oscar. Como não podia deixar de ser a película voltou às salas, e eu aproveitei e fui ver no grande ecrã. Com um DVD pode-se gozar do conforto do lar, mas não é a mesma coisa. É pena é que algumas pessoas vão para a sala de cinema e se comportem como se estivessem em casa...

Mas passemos ao filme, o leitmotiv é o racismo. O enredo é construído com base numa série de acontecimentos que se vão desenrolando, e envolvendo várias pessoas que não se conhecem mas se cruzam, dando forma à história. Quem achar a minha descrição parecida com o Magnolia, acertou em cheio. Parece que algumas das ideias foram tiradas a decalque, e a maneira como a acção avança é extremamente parecida. Os encontros fortuitos e as casualidades (desgraças e azares sobretudo) dão forma à personagens e à história. A diferença é que aqui vai tudo dar ao racismo.

A ideia que fica do filme é que em Los Angeles, onde se desenrola a acção, toda a gente vive com medo. Medo da diferença, medo dos pretos porque eles são assaltantes, medo dos brancos porque eles discriminam, medo dos polícias porque eles abusam do poder, medo dos chineses e dos mexicanos porque nos vêm tirar o emprego, medo de andar na rua porque se pode levar com uma bala tresmalhada. Às tantas percebe-se que as pessoas até já têm medo dos seus (mesmo credo ou mesma raça), ou seja o problema não está na côr da pele. O problema está na desumanização das grande cidades. No inicio do filme, uma das personagens fala disso mesmo, vivemos atrás de paredes de metal e redomas de vidro, perdemos o sentido do toque, perdemos os outros.

Creio que esse é o grande mensagem que este filme pode deixar. Quando o dia nos corre mal, ou estamos chateados, ou alguem no trânsito nos corta o caminho, a tentação é descarregar no objecto mais próximo. No caso do trânsito mandar a boca ao condutor da frente "ò meu granda filha da puta, tira lá essa merda daí". A solução mais fácil é chamar nomes e desrespeitar os outros, lixá-los quando houver opurtunidade. Se eu não tivesse emprego tinha a tentação de culpar alguém, se eu não tivesse que comer sentia-me com justificação para descarregar em alguém. A questão é que isso não é solução nenhuma, não leva a lado algum. Antes de exigir dos outros temos de exigir de nós próprios. Não sei se o Oscar foi merecido, mas um bom filme, que vale a pena ver.

Crash

sexta-feira, março 24

V for Vendetta (o filme)

As adaptações cinematográficas de Bandas Desenhadas estão na moda ultimamente, nos últimos anos houve várias. A maioria delas foi mázita, pouca fidelidade à história original e sobretudo ao verdadeiro espírito do comic geraram produtos de baixa qualidade. Felizmente a tendência está-se a inverter nos ultimos tempos, sintoma disso são o excelente Sin City do ano passado e este filme que vou falar. Sou um fã de BD, de vários géneros, desde o infantil até aos temas mais adultos (e não, não estou a falar de Hentai). E realmente há obras que merecem ter mais exposição porque abordam temas extremamente relevantes.

V for Vendetta não segue à risca o argumento da BD original, digamos que traz a história para o presente e actualiza algumas da referências. Os temas chave estão lá. A história decorre num futuro próximo, numa realidade alternativa (mas terrivelmente possível). O mundo está mergulhado na guerra e no caos, a grande potência hegemónica da actualidade os EUA, estão em guerra civil. A acção decorre num Reino Unido governado por um regime totalitário. Não quero estragar o encanto do filme, por isso não vou falar do enredo que coloca uma ditadura à frente dum país com uma tradição democrática tão grande. Mas o ditador de serviço usa as ferramentas típicas de qualquer governo totalitário, o medo, a repressão, a censura, a perseguição para manter sobre controlo a sociedade inglesa.

O nosso personagem principal, simplesmente V, é um terrorista. Embora tenha sido um pouco suavizada no filme, a personagem é extremamente ambígua, culto mas extremamente violento, terrorista na verdadeira acepção da palavra, que rebenta com edifícios e mata pessoas. Ficamos sem perceber se é movido pela vingança ou pelo idealismo. Ficam muitas dúvidas morais, será que o fins justificam os meios? O próprio V duvida em certa altura da validade das suas acções, mas a verdade é que ele se torna um símbolo de libertação. Na conjunctura internacional actual este filme não podia ser mais pertinente.

Produzido pelos irmãos Wachowski, os mesmo do Matrix, que escreveram o argumento para este filme antes de imaginarem as aventuras de Neo. Notam-se por isso alguns paralelos, nas cenas de pancadaria por exemplo, que foram muito bem sacadas. A Natalie Portman até faz bom papel, embora a personagem que encarna tenha sido bastante alterada em relação à original da BD. Vão ver este filme, e prestem muita atenção. Algumas das suas fantasias estão perigosamente perto da realidade.

V for Vendetta

quarta-feira, março 22

Indie Lisboa 2006


Está quase a começar mais uma edição do Festival de Cinema independente de Lisboa. Entre 20 a 30 de Abril os filmes e curtas metragens estarão em exibição no Fórum Lisboa e nos Cinemas King e Londres. Na competição oficial só está presente um filme português, "Um pouco mais pequeno que o Indiana", mas a representação lusa cresceu e está muito mais forte este ano. Mais detalhes aqui.

A (falta de) Justiça

Embora andasse a evita-lo, o nosso Sócrates acabou por se cruzar com a autarca mais polémica do país quando se deslocou a Cabeceiras de Basto para inaugurar 10 quilómetros de auto-estrada entre Calvo, em Guimarães, e Felgueiras. Consta que os cumprimentos foram um bocado frios.

Fátima Felgueiras podia ser alvo de um case study sobre a justiça portuguesa. Realmente não se entende que é que esta senhora faz à frente duma Câmara Municipal depois dos escândalos que protagonizou. Deixo aqui uma opinião publicada hoje no Jornal de Notícias por Manuel A. Pina em que vale a pena reflectir:

Da justiça

Lenta e pesadona, presa de movimentos pelos excessos garantísticos do Processo, as possibilidades infindáveis de recurso, de arguição de nulidades, impedimentos, reclamações e incidentes de toda a ordem e a propósito de tudo e de nada logo desde a fase de instrução, e depois por aí adiante até ao julgamento (nos casos em que, por milagre, os processos chegam a julgamento), a Justiça, particularmente a Justiça penal, é facilmente "levada ao engano" por arguidos ágeis de imaginação e de escrúpulos e com meios para pagar a advogados que espiolhem o CPP à cata de empecilhos capazes de fazer tropeçar o bicho. "Chapeau!" nesta matéria para Fátima Felgueiras, que se tem revelado a mais exímia das toureiras. O processo em que é acusada de nada menos que 23 crimes dura há um tempo interminável e ainda não passou da instrução, e o seu advogado acaba de anunciar três-novos-recursos-três! Depois da admirável "chicuelina" com que se furtou à prisão preventiva, fugindo para o Brasil e regressando em ombros ao local do crime, Fátima Felgueiras informou agora o tribunal que lhe ordenara que entregasse o passaporte brasileiro que o deixou? no Brasil. Por algum motivo se diz que a Justiça é cega, pois que não vê o seu próprio descrédito.

terça-feira, março 21

Árvores

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
--- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

(Florbela Espanca, Charneca em Flor)

van gogh - the olive grove

Dia Mundial da Poesia

Dia mundial disto, dia internacional daquilo... Hoje é o primeiro dia da Primavera no hemisfério Norte, dia da Árvore. Por esse país todo deve haver miúdos e professores a plantar árvores, sempre associei a efeméride a essa recordação de infância. Uma data muito meritória, pena que seja só mesmo a pequenada a lembrar-se dela!

Também se celebra hoje o dia Mundial da Poesia, esta é que ninguém devia mesmo saber. A Casa Fernando Pessoa organiza algumas coisas aqui em Lisboa, por esse país fora há mais algumas iniciativas isoladas, que o Ministério da Cultura não tem guita para fazer nada em grande. Mas hoje já temos uma boa desculpa para abrir, pelo menos folhear ou dar uma vista de olhos num livro, de preferência de poesia. Um muito bom dia também para dar um passeio na rua Augusta, e passar na Feira do Livro Manuseado, onde há livros baratíssimos (a menos de um euro).

quinta-feira, março 16

Eles querem é a guita

A Associação Fonográfica Portuguesa (AFP) lançou agora uma campanha contra a pirataria digital, prometem começar a perseguir a malta que faz downloads ilegais. O principal vector de actuação aparentemente são as acções judiciais contra os infractores. Não consegui encontrar nenhuma informação útil nesse campo, mas estou cheio de curiosidade sobre a forma como os supostos infractores são detectados, e que tipo de prova vai ser apresentado perante os tribunais para suportar estas queixas.

Como é normal as instituições em Portugal andam a reboque do que se faz lá fora. Ao fim de algum tempo acaba-se por copiar o exemplo externo, seja ele bom ou mau. A RIIA ficou famosa desde que começou a meter processos a torto e a direito à uns anitos. O suposto objectivo é proteger os artistas dos infames piratas, os ladrões que andam a tirar o pão da boca aos artitas. A venda de discos baixou, e só pode ser culpa da pirataria. Isto pelo menos é a história que é vendida cá para fora, mas que está a acontecer na realidade? A venda de cd's baixou, mas as lojas virtuais como o iTunes estão a prosperar. Há quem já tenha prognosticado a morte do cd, e o que parece é que as editoras estão desesperadamente a defender o seu papel como intermediários (e os seus lucros) na indústria musical.

Mas também há o outro lado da moeda, num país como os Estados Unidos que a justiça até funciona, as pessoas rotuladas como piratas podem responder. Muitos dos casos interpostos pelas editoras não deram em nada, simplesmente não conseguiram apresentar provas cabais para o acto de delito. Um dos ultimos desenvolvimentos foi a apresentação dum processo contra várias editoras acusando-as de manipulaçao de preços.

Vamos examinar os factos, um cd não custa praticamente nada a produzir, mas no entanto são bastante caros. E mais, curiosamente parece que todas as editoras utilizam as mesmas tabelas de preços. Não sei qual é a percentagem do preço do disco que chega ao artista, mas acredito que seja pequeno. Outra coisa a que a editoras nos conseguiram habituar foi a comprar coisas que já são nossas. Passo a explicar, dou um exemplo meu, mas creio que esta situação deve ser familiar a muita gente. Sou fã dos Nirvana, tive o "Nevermind" em vínil algum tempo depois de sair. A malta quando é jovem não tem cuidado com as coisas e o vínil é frágil. Quando tive leitor de cd's lá fui comprar de novo um dos meus albuns preferidos. A verdade é que hoje em dia já não sei onde anda o cd, o mais provável é ter emprestado e nunca mais o ter visto. Que é que tenho de fazer se quiser ouvi-lo de novo? Comprar de novo o cd para engordar os senhores da editoras, claro... Mas eu não vou nisso, já tenho os mp3 piratas, e acho que tenho todo o direito para os ouvir.

terça-feira, março 14

Know Thyself

Se conheces o inimigo e a ti próprio, não necessitas temer o resultado de mil batalhas. Se te conheces a ti mas não ao inimigo, por cada vitória sofrerás uma derrota. Se não conheces nem o inimigo nem a ti, sucumbirás em cada batalha.

Sun Tzu (The Art of War)

guerreiro terracota

Mais sobre o Super Bock 2006

Parece que a edição deste ano já está mais ou menos alinhavada, já não devem surgir muitas surpresas. Como já é habitual vamos ter de ir dar uma voltinha até ao Parque do Tejo, mas houve uma alteração em relação a anos recentes no formato. Já não vai ser um "fim de semana grande" preenchido com música, o Festival dividiu-se em duas partes.

Eu já tinha comentado alguns grupos, neste momento já estão confirmados: Moonspell, Within Temptation, Korn, Alice In Chains, Deftones, Placebo e Tool para os dias 25 e 26 de Maio. Para a segunda prestação, dias 7 e 8 de Junho, vamos poder ouvir: Franz Ferdinand, Keane, dEUS, Editors, Boss AC, Patrice e Pharrell Williams.

Eu falhei os concertos em Portugal dos Franz Ferdinand e dos dEUS, por isso vou-me poder desforrar agora! Tenho curiosidade de ver a performance a solo do ex-Nerd Pharrel Williams, gostei bastante do concerto que o grupo nos ofereceu, também no Super Bock. Destaca-se claro também a aposta no Hip-Hop tuga, que ultimamente está a saltar para os escaparates ocupando o lugar que merece.

O preço de um passe para os dias todos é 80 brasas, também é possível comprar por 50 só para um dos fins de semana (chamaram-lhes Act 1 e Act 2). Em termos de grupos estou muito contente, mas creio que preferia o formato anterior. Esta estratégia de dividir as actuações parece que tem a ver com ocorrência na mesma altura do Rock in Rio. São dois festivais bastante diferentes, e com público diferente também creio eu, acho que não se justificava.

franz ferdinand

segunda-feira, março 13

On Air

Já que hoje comecei a fazer recomendações aos melómanos, vou aproveitar para fazer pouco de publicidade à minha rádio preferida. Acho que a rádio não é só música, é notícias, é conversa, no essencial são pessoas que nos fazem companhia de vez em quando. Em tempos idos fui um fã incondicional da Voxx, partia-me a rir com os programas deles, há por aí alguem que tenha gravado todas a edições do "Galinhas no Horizonte"? Passavam boa música, e esforçavam-se por mostrar as coisas boas que iam aparecendo. Tudo à margem do mainstream e das playlist's. Em dada altura tinham um slogan excelente, em que aquele gajo engraçadíssimo com sotaque à bimbo anunciava "a melhor rádio cá do prédio", a piada é que eles partilhavam o edifício com a rádio Comercial, a ironia a Comercial (que era isso mesmo comercial) sobreviveu, a Voxx acabou por definhar.

Hoje em dia sou um ouvinte da Radar, também se assumiram como representantes dum panorama alternativo, que não vive segundo as regras impostas pelas editoras. Partilham com a Antena3 a vontade de divulgar a o que por cá se faz. Além disso fazem divulgação cultural, e têm programas (e pessoas) bastante bons. Acho que a inclusão de pequenos espaços temáticos como o "Camaleon de Imitacion" ou "A minha grafonola" acrescentou ainda mais originalidade. A malta da Radar acompanha-me em muitas viagens de carro, em casa ou até no trabalho.

Aproveito para deixar o link para o blog do Nuno Galopim o Sound + Vision, o tema é a música (claro) e o cinema. Também digno de nota, outro que descobri recentemente, Posso Ouvir Um Disco?

on air

South by Southwest

O Festival de Música South by Southwest (SXSW) irá celebrar este ano a sua vigésima edição, de 15 a 20 de Março. Estão convidados alguns artistas conhecidos como o Neil Young, Morrisey, Belle & Sebastian, que irão estar presentes para concertos e conferências. Antes da música existe também um evento sobre cinema que já começou, dia 10 e prolonga-se até amanhã.

O mote deste festival é divulgar o que de mais novo se faz em termos de música, cinema, e artes interactivas. Além da malta conhecida, quem fôr ao festival irá ter opurtunidade de vêr centenas de bandas com pouco ou nenhum relêvo. O evento parece muito interessante, bem que me apetecia dar uma volta até Austin no Texas para assistir. Pena que tenha de ficar para outra vez, a boa notícia é que dando uma olhadela na agenda do site oficial pode-se ouvir as bandas participantes (mais de 900) em mp3. Ou até mesmo descarregar tudo para o vosso iPod.

sxsw

quarta-feira, março 8

Capitalist Piglet

Quando o Islão se mostrou escandalizado com a publicação duma paródia à imagem de Maomé, o mundo Ocidental veio em defesa da liberdade de expressão. Por principio os governos ocidentais e democráticos não deixam (ou não deveriam deixar) que qualquer tipo de preconceito religioso interfira no trabalho de artistas e jornalistas. Esta posição foi deixada clara por muito boa gente, e eu concordo plenamente com ela.

Mas como é costume, em casa de ferreiro, espeto de pau. Que é que aconteceria se alguem publicasse um cartoon que ofendesse a religião católica? Quais seriam a reacções? Não é preciso pôrmo-nos a especular, porque aconteceu. E as consequências foram as esperadas claro.

The Sheaf é o jornal da Universidade de Saskatchewan, no Canadá. Nele foi publicado o boneco que vos apresento a seguir. O resultado foi muita polémica, a demissão do editor do jornal, e várias declarações da direcção a demarcar-se da responsabilidade pela inclusão desta pequena tira cómica. A piada é um bocado sêca, mas não era para tanto.

capitalist piglet

Truque Tóxico

Volto ao quarto de pensão, fumo até ao vómito
isto é : drogo-me.....
....abro a caixa de papelão, aparentemente cheia de sonhos
escolho um, fumo mais erva, nenhum sonho me serve,
abro a caixa dos pesadelos.....
o silencio ocupa-me e da caixa libertam-se corpos
cores violentas, olhares cúbicos, pássaros filiformes
cadeiras agressivas
limo as arestas fibrosas dos objectos
arrumo-os pelo quarto, de preferencia nos cantos
dou-lhes novos nomes, novas funções, suspiro extenuado
embora a sonolenta tarefa não tenha sido demorada
....outra caixa, azulada, abro-a
entro nela e fecho-a, o escuro solidifica-se na boca
tenho medo durante a noite
alguém se lembrou de atirar fora a caixa......
....luzes, umbigos obscurecidos pelas etiquetas
dos pequenos produtos de consumo, tóxicos
FRAGIL - MANTER ESTE LADO PARA CIMA
NÃO INCLINAR
TIME TO BUY ANOTHER PACKET
O quarto está completamente mobilado de corpos
explodem caixas, o sangue alastra
estampa-se nas paredes sujas de calendários e cromos
de pin-ups obscenas
....fendas de bolor no espelho
o reflexo do corpo arde como uma decalcomania
TIME TO BUY ANOTHER PACKET
todos dormem dentro de caixas, uma serpente flutua
falamos baixinho
não se ouvem mais barulhos de cidade
o sono e o cansaço subiram-me á boca
....movemo-nos lentamente para fora de nossos corpos
e devastamos, devastamos.....


Al Berto

segunda-feira, março 6

O "acordo" com a Microsoft

Aquando da vinda do Bill Gates a Portugal teci aqui alguns comentários sobre o badalado "Choque Tecnológico". Na Grande Loja do Queijo Limiano também deram a sua opinião. Apesar de apenas agora ter encontrado o comentário, não posso deixar de chamar a atenção para ele. Bastante contundente, mete realmente o dedo na ferida.

sexta-feira, março 3

Placebo de volta

Está quase aí a chegar mais Super Bock Super Rock, e já se fala das bandas que vão fazer o cartaz. Segundo o que encontrei confirmados estão os Placebo, Korn e Within Temptation. Há rumores sobre a vinda dos Tool e Deftones. Agrada-me bastante o menu até agora! O Meds não para de rodar no meu iPod, só os Placebo já são razão suficiente para eu lá estar com toda a certeza.

Eu já não digo nada

the worst part of censorshiptomaram posse os cinco membros da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), um novo orgão que vem substituir a Alta Autoridade para a Comunicação Social, e tem competências alargadas à internet, telemóveis e publicidade.

Levantou-se alguma celeuma junto dos jornalistas devido à expansão das responsabilidades, e dos poderes, do orgão. O ministro dos Assuntos Parlamentares lamenta a confusão feita sobre o assunto, mas assegurou que não há nenhum motivo para nos preocuparmos.

Achei curioso surgir esta polémica numa altura em que o Tribunal da Relação de Lisboa autorizou o acesso aos computadores dos jornalistas que denunciaram o caso do Envelope 9. Segundo a notícia, o facto de terem sido os jornalistas a descodificar os números transforma-os, para o Ministério Público, nos autores do crime, o que é mais grave do que os segredos que pretendem guardar. Justifica-se assim a quebra do sigilo profissional.

quinta-feira, março 2

Dead Souls

Someone take these dreams away,
That point me to another day,
A duel of personalities,
That stretch all true realities.

That keep calling me,
They keep calling me,
Keep on calling me,
They keep calling me.

Where figures from the past stand tall,
And mocking voices ring the halls.
Imperialistic house of prayer,
Conquistadors who took their share.

That keep calling me,
They keep calling me,
Keep on calling me,
They keep calling me...



A canção é original dos Joy Division, a careta é a minha.

quarta-feira, março 1

Mudar a Caraça

A origem do Carnaval está perdida na noite dos tempos, é anterior ainda ao advento do Cristianismo. Os romanos celebravam a Saturnália e as Bacanais que estão relacionadas, mas a raíz da festa é provavelmente pagã. Ligada à passagem de estações, a celebração da Primavera, festa grande antes da altura das sementeiras. Caracterizada pela liberdade de expressão e movimento.

Em Portugal os bailes de máscaras e os desfiles com carros alegóricos estão em tempos recentes a ser substituídos por outros costumes, andamos a copiar a folia brasileira. Hoje em dia se vamos a uma festa temos de papar com a "cabeleira do zézé", o "charlie brown" e afins. Mas menos mal este ano, um costume que eu considero profundamente estúpido, alugar as estrelas das telenovelas brasileiras está sair de moda. Agora alugam-se os ídolos dos Morangos com Açucar ou do último Reality Show...

Nós por cá temos muitas e boas tradições, espero que se conservem. O carnaval de Torres Vedras é promovido como o único que mantem a fidelidade ao Entrudo português, com as caricaturas e críticas sociais. Confesso que nunca lá fui mas tenho curiosidade. Outra tradição bem pitoresca é as dos Caretos na aldeia de Podence, em que os moços vêm à rua disfarçados de Diabo.

No Alentejo onde cresci também tinhamos outros hábitos que se já estão a perder um bocado, felizmente ou infelizmente celebrávamos a época de outra maneira. Lembro-me de festejar o dia dos compadres e o dia das comadres. Lembro-me de andar a enfarinhar, para quem não saiba o que é, andar a correr atrás das raparigas para lhes untar a frolha com farinha ou atirar-lhes ovos podres. Elas respondiam à letra claro, tudo a brincar, no Carnaval ninguém leva a mal. Outro costume, o das bombas e bombinhas fez bem em acabar.

Para mim, tradição indispensável é disfarçar-me. Mudar a caraça que uso no dia-a-dia, e encarnar alguém diferente. Neste Carnaval visitaram-me algumas sombras, além disso tive de trabalhar segunda e terça, não deu para aproveitar grande coisa. Nem sabia de que é que me havia de disfarçar, não tive tempo para preparativos. Mas chegada a altura foi muito fácil escolher o disfarce, para exorcisar os nossos fantasmas nada melhor que personificar um, e dos mauzões! Quando tiver as fotos eu mostro.

careto

quinta-feira, fevereiro 23

Santos Pastorinhos

Antes de mais vou esclarecer a minha posição religiosa. Eu sou agnóstico, ou seja, acredito que o ser humano não sabe, nem nunca poderá saber qual é a verdadeira natureza divina, ou sequer se Deus existe. Na verdade nenhuma das religiões me convence, não consigo engolir as explicações deles para os mistérios do mundo. Aceito que a religião seja necessária, é preciso orientar os pobres de espiríto. Dizia Karl Marx que a religião é ópio do povo. Acho que não é bem isso, a religião dá ao crente um sistema de recompensa e castigo, portas-te bem vais pó céu, portas-te mal vais pó inferno. Antes de se terem escrito leis, antes de terem inventado o senso comum, alguem teve de inventar modos de coabitar em sociedade. Códigos de conduta aceitáveis. Tenho de investigar melhor, mas parece-me a mim que o conceito do bem e do mal deve estar intimamente ligado aos dogmas da religião.

Mas sejamos honestos, há coisas que não batem certo. Vamos tomar como exemplo o Cristianismo. O Deus do Velho Testamento, um Jeová cruel e vingativo. Há um episódio na Bíblia em que é pedido a Job (um homem bondoso e justo) que prove a sua fé, são-lhe exigidos inúmeros sacrifícios, incluíndo a vida dos próprios filhos. Ora, é este o mesmo Deus que no Novo Testamento fala de amor e perdão pela boca de Jesus? Acho que o J.C. foi um visionário, um hippie adiantado 2000 anos, mas apenas um homem. O gajo existiu mesmo, está provado. Milagres não sei se fez, mas os ensinamentos dele têm toda a lógica. O grande problema é que a religião é um instrumento poderoso, e quando as pessoas que têm esse poder na mão têm motivações duvidosas é muito perigoso. Há princípios fundamentais de respeito pelo ser humano que são pregados por vários credos, para logo a seguir serem desrespeitados em nome do Senhor. No Al-Corão não se incita à violência, muito pelo contrário... mas isso é só um exemplo.

Vem tudo isto a propósito da trasladação do corpo da irmã Lúcia no passado Domingo. Eu tive a assistir a um bocadinho daquilo enquanto almoçava aqui numa tasca de Alfama. Parece que todos os canais generalistas levaram a cobertura do evento muito a sério, deu direito a transmissão em directo a tarde toda. Depois da pompa e circunstância do funeral, já está na calha a beatificação. Não sei se houve muita gente a seguir esta epopeia por televisão, ou mesmo no próprio santuário, mas eu achei a celebração intrigante. Os três pastorinhos viram umas luzes e a Virgem Maria à uma data de anos, parece que houve mais gente a ver também. Não sei, eu não estava lá. Se calhar viram mesmo. Também há os segredos, mas esses também não me convencem. O Luis de Matos também adivinhou os números dos totoloto... Mas só os revelou depois de ter sido o sorteio claro! Não posso evitar interrogar-me, que é que esta senhora fez que se visse? Esteve enfiada num convento toda a vida. A maioria dos candidatos à beatificação, além do sofrimento ou perseguições que experimentaram em vida, também deixaram obra feita. Ajudaram o próximo. Que marca é que os pastorinhos deixaram para a posteridade?

O nascimento de uma cidade, Fátima, onde antes não havia nada. E de um culto, o da Virgem de Fátima. Vou ser sincero, já estive em sítios que me inspiraram um sentimento de religiosidade, quando entramos numa catedral sentimos-nos pequenos. Também nos podemos sentir perto de Deus a contemplar o céu, ou a admirar uma paisagem. Das vezes que fui a Fátima só consegui sentir pena daquelas pessoas que andam por lá, a pagar promessas. Não sei porquê o ser humano tem a tendência a auto-flagelar-se quando não se sente bem consigo próprio, é um fenómeno bem conhecido dos psicólogos e psiquiatras. Depois de se terem arrastado de joelhos pelo santuário, podem ir ali já ao lado, às lojas de recordações. Já de coração limpo, podem comprar uma medalha, ou um calendário, até mesmo um corta-unhas com a imagem de Nossa Senhora. Já se sabe, os objectos pequeninos mais baratos são os que se vendem melhor. Os próprios comerciantes da zona acham que o culto já teve melhores dias, o negócio anda fraco.

É tudo demasiado brejeiro, mesmo à portuguesa. Mas isto não escapa aos responsáveis eclesiásticos, aquilo precisa é duma reestruturação, um bom plano de marketing, gestão profissional. O vaticano também já reparou.

our lady of fatima

terça-feira, fevereiro 21

Esbanjar é bom!

Este mês foi um bocado apertado. Tive de largar 900 heróis para as propinas e a conta bancária aproximou-se perigosamente do saldo zero. Felizmente ontem foi dia de São Receber, e já estou temporariamente rico outra vez!

Hoje como tinha de fazer umas compras, e sem nada de melhor para fazer, passei no centro comercial. Há muito tempo que andava de olho no iPod, mas a sociedade de consumo é lixada, mete-nos os desejos na cabeça, e depois não os consegue satifazer. Onde quer que eu fosse o brinquedo estava esgotado. Estava a pensar comprar o Nano, mas hoje cheguei à Worten e lá estava ele, o iPod Video a rir-se para mim, a gritar leva-me! Se calhar o mês que vem também vou andar à rasca, mas que se lixe! Além do iPod, também trouxe um livrito que está a dar que falar por aí, o Freakonomics, que segundo parece é um olhar diferente sobre a economia actual. Pode ser que mereça um comentário quando o acabar.

iPod

freakonomics

segunda-feira, fevereiro 20

Envelope 9

O escândalo rebentou no dia 13 de Janeiro, quando o jornal 24 Horas revelou uma fuga de informação bastante grosseira no processo Casa Pia. Os registos de cerca de 208 números de telefone de pessoas, que não tinham rigorosamente nada a ver com o processo da pedofilia, vieram agregados aos dados de facturação de um dos arguidos que haviam sido requisitados pelo Tribunal. Entre essas pessoas incluem-se vários deputados e o próprio Presidente da Républica.

Jorge Sampaio, em declarações feitas à mais de um mês, pediu urgência no esclarecimento da situação. O procurador-geral da República veio hoje dizer que há um esforço muito grande para terminar o mais brevemente possível o inquérito ao caso do Envelope 9, mas que a investigação não deve estar pressionada por prazos.

Porreiro da vida, precisam de tempo para descobrir quem é que deu bronca e deixou escapar dados confidenciais. Segundo parece as coisas até estão a andar, já foram constituídos como arguidos os jornalistas que meteram a boca no trombone e denunciaram a situação...

envelope 9

domingo, fevereiro 19

Walk the line

Ultimamente tenho ido todas as semanas ao cinema, comprei o King Card e posso ir sempre que me apetecer. Por isso tenho aproveitado, não comentei aqui os últimos filmes que fui vêr, mas são ambos bons filmes. Thumbsucker é um filme sobre a adolescência, a descoberta da personalidade, não é de modo nenhum uma comédia, é mais um melodrama. O outro, Brokeback Moutain, um argumento e personagens muito bem construídos. Excelente fotografia a mostrar a beleza das paisagens naturais, cenário para a vida dupla dos protagonistas. É um grande filme, mas eu não gosto muito de dramalhões, a história podia ter saído dum daqueles livros de capa cor-de-rosa da Harlequin.

Já a história de Johnny Cash deixou-me colado ao ecrã. A existência torturada dum homem cheio de talento. Desde as suas origens humildes, a perda pessoal e as relações difíceis em casa. Depois a música, o sucesso, a decadência. De um ponto de vista histórico o filme é interessante, vemos uma América rural, atrasada, habitada pelos redneck's. Temos também opurtunidade de conhecer as primeiras estrelas da música pop. Conhecer o seu quotidiano, os seus vícios. O modo de vida que tornou as estrelas rock em ícones românticos e trágicos.

O mais interessante são mesmo os conflitos pessoais de Johnny. O seu esforço para manter o equilibrio, a luta constante com os fantasmas. Achei a interpretação de Joaquin Phoenix perfeita. Não o tinha em grande conta como actor, mas talvez a suas próprias experiências pessoais e familiares lhe tenham dado o feeling necessário para encarnar o papel do músico.

Tudo isto acompanhado do princípio ao fim por guitarradas e cantoria. Confesso que não conhecia muito bem o espólio musical deste senhor. Mas fiquei muito bem impressionado, merece uma análise mais atenta. Quando ouvimos pela primeira vez, imaginamos americanos saloios a dançar. Mas se escutarmos com atenção ouvimos contos sobre dor e redenção, narrados com alegria, ritmo e muita irreverência.

johnny cash

quarta-feira, fevereiro 15

Música na Net

Acho que toda a gente já fez download dum mp3, somos todos um bocadinho piratas. Mas não é só de ilegalidades que vive o fenómeno da música na net. Encontrar informação sobre aqueles gajos novos, ou a letra daquela música, ou os últimos mexericos sobre a nossa banda preferida. Tudo isso é possível, e duma maneira bastante mais cómoda do que empregando meios tradicionais. Para quem cria também é mais fácil dar-se a conhecer.

As lojas virtuais como o iTunes já vendem milhões. As editoras tradicionais estão a tremer de medo, a ver o negócio a escapar-se. As primeiras atitudes foram a perseguição da pirataria e do file sharing, agora andam a pôr processos a torto a direito contra pessoas que acusam de ser ladrões. Estão também a pressionar o iTunes para que o preço cobrado por canção deixe de ser uniforme, de modo a que artistas mais populares possam ser mais caros.

Respeito muito a propriedade intelectual, acho que os artistas devem ser recompensados pelo que fazem, por isso mesmo compro a música que gosto. Acho é que as editoras tradicionais têm os dias contados. Não estou a falar das editoras independentes, que hão-de ter sempre o seu nicho de mercado e os seus fãs. Estou a falar das multinacionais, qual é o valor acrescentado que elas produzem? Aparte de manipular as tabelas de vendas, influenciar as playlists e vender muita música merdosa... nada. Acho que com o advento das lojas virtuais vamos eliminar os intermediários e vamos ganhar todos, os artistas, e os fãs.

Como não podia deixar de ser, vou falar de música que descobri na net. Os Artic Monkeys já eram sucesso em Inglaterra antes sequer de terem album editado. Ouvi-os pela primeira vez na net, hoje em dia posso ouvi-los na minha rádio preferida, estou a pensar ir vê-los ao Paradise Garage em Lisboa, dia 18 de Maio.

Hoje falaram-me de outro grupo que também está a levantar muito hype em Inglaterra. O nome abriu-me o apetite, Selfish Cunt. Fui procurar e encontrei relatos de concertos cheios de energia, stage diving e pancadaria, agradou-me tive de ir ouvir! Eles estão por cá na próxima sexta no Máus Hábitos no Porto, ou no Maxime em Lisboa no sábado. Obrigado pela dica Sandra.

music pirate

terça-feira, fevereiro 14

Bombas & Cartoons

Liberdade de expressão é o direito de manifestar opiniões livremente. Isso inclui falar, escrever, desenhar... Como na própria definição de liberdade, a linha entre a liberdade dos outros e a nossa é muito ténue, mas não podemos confundir o respeito por outras culturas com fundamentalismo religioso. Acho que o mundo ocidental não tem nada que pedir desculpa.

bombas & cartoons

Sem Valentim

O dia dos namorados é uma tradição multi-cultural, e bastante antiga. As primeiras referências históricas ao dia de São Valentim remontam ao século 14! Em Inglaterra e França havia o costume de mandar uma nota escrita, muitas vezes anónima, à pessoa amada. Com os tempos transmitir os sentimentos foi ficando mais cómodo, no século 19 a tradição já tinha mudado um pouco, o normal era ir comprar um postalito e enviar, já se poupava o trabalho de escrever.

Hoje em dia é o que se sabe, se queremos dizer algo a alguem, dizemo-lo com uma prenda, uma oferta. Mostramos o carinho através da etiqueta do preço, palavras são só palavras. Não tenho nenhuma amada a quem inundar de atenções, sinto-me um pouco amargurado. Simplesmente cedendo ao impulso consumista é possível que me sinta melhor, se calhar vou comprar uma prenda para mim próprio e está o assunto resolvido.

amor

sábado, fevereiro 11

A EMEL roubou-me o carro

No início deste mês decidi comprar o passe, e poupar, dinheiro em gasóleo, e tempo enclausurado no meio do trânsito. Estar fechado dentro do carro durante hora ou hora e meia no regresso a casa deixa-me sempre mal-disposto. Trabalho em Oeiras, ir para lá não é muito mau, mas voltar para Lisboa é uma tortura todas as tardes. Evito sair às seis, altura em que o pessoal todo sai disparado, direitinho para guardar o respectivo lugar no engarrafamento.

Comecei a fazer uma formação, vou ser CLE, um gajo certificado em Linux. Como aquilo é ali para os lados de Telheiras, no Pólo Tecnológico de Lisboa resolvi andar de transportes públicos até ao fim do mês e deixar o carro à porta de casa.

O estacionamento na minha zona é bem caótico, em Alfama já não é fácil arranjar lugar para estacionar na zona aberta, ainda para mais agora que a minha rua está em obras em fechada ao trânsito. Isso é outro stress que tenho andado a poupar todos os dias. Mas na terça passada tive uma surpresa desagradável ao chegar a casa. O carro já não estava no sítio onde o tinha deixado, o arrumador, prestável informou-se que tinha sido rebocado pela EMEL.

Fiquei fulo da vida... mas lá fui buscar o meu pópó, larguei 90 euros mas tive o meu carrito de volta. Eu realmente não paguei parquímetro, quase nunca pago... moro ali, porque isso nunca meto moedas na maquineta. Se calhar é justo terem-me rebocado o carro. No entanto acho um pouco estranho uma entidade privada poder passar multas, ou mesmo levar propriedade alheia. Sim porque quem rebocou o meu carro foi a EMEL e não a PSP, foi direitinho para o parque deles em Sete Rios. Afinal, um agente da polícia fez um juramento, tem um código deontológico, a profissão dele é proteger-me. O objectivo de uma empresa privada só pode ser o lucro no fim de contas.

No dia seguinte por descargo de consciência lá meti uma moeda. Mas não adiantou muito, quando cheguei a casa lá tinha outro aviso de pagamento. Saí por volta das 7:30, meti um euro e tal, aquilo dava até as 9 e picos, e pirei-me. Um senhor passou-me o papelinho exactamente à hora que meu o título acabava. Aí ia-me dando uma coisinha má, deviam tar a gozar com a minha cara. Fui à loja do munícipe, para informar do procedimento para pedir o estatudo de morador, e também para apresentar uma reclamação.

Desilusão total, para pedir o dístico de morador, preciso de mudar os documentos todos. Além de me custar uma pipa de massa, também vou ficar montes de tempo à espera. E a minha casa actual é provisória, ou seja o mais provável é andar mais uns tempos a ignorar os parquímetros. Mas a resposta à minha reclamação é que me deixou estupefacto, os senhores que passam os avisos de pagamento não são da EMEL, são de uma empresa contratada por eles, a SPARK. Se quiser reclamar contra o senhor que me passou aquilo (indevidamente penso eu) tenho de deslocar às instalações desta empresa. Eles têm a cena muito bem montada, e no meio deste cambalacho que é que me protege?

sujeito a reboque

quinta-feira, fevereiro 9

I just can't get enough

Já há muito tempo que não ia ver um concerto, demasiado! Confesso que sou um desleixado, deixo sempre para amanhã o que posso fazer hoje. Foi isso mesmo que aconteceu com os Depeche Mode. Quando ficaram a venda os bilhetes, muitos meses antes do concerto, não comprei. Fui adiando, adiando, quando dei por isso já tinham esgotado. Nada mais natural, dado o entusiasmo a que se assistiu ontem.

Há coisas que se deixam passar e nunca mais voltam, aqui é mais simples, basta puxar da carteira. Paguei o dobro do preço na candonga, mas tive lá, e garanto que valeu cada centavo.

Como sala de espectáculos nunca gostei do Pavilhão Atlântico, é demasiado grande, o som faz eco, prefiro a intimidade do Coliseu. Ontem no entanto senti-me perfeitamente em casa no Atlântico. Aquela ansiedade anterior aos grandes concertos. A satisfação depois. Fui com amigos que já conheciam perfeitamente o roteiro da noite. A tournée já dura há algum tempo e os alinhamentos são sobejamente conhecidos. Eu caí de pára-quedas, não sei de cor as músicas do último album sequer.

Mas Martin Gore e companhia sabiam o que o público esperava. Alternaram entre as novas canções e os clássicos. Abriram com o novo, mas quando tocaram "A question of time" deu para perceber o que se ia passar. Esboçaram-se as primeiras vozes do público. À medida que foram tirando do armário músicas e letras, o público correspondeu à altura. Se a voz do vocalista falhou em algumas ocasiões, isso foi plenanente compensado por um coro de milhares de vozes.

O "Policy of truth" deu-me arrepios, dancei o "Enjoy the silence" com batida disco, ou o "Personal Jesus" com uma pitada de groove. Sonzinhos sintetizados aqui e ali, até um huntz huntz puramente house. Quem sabe, sabe, pode brincar um pouco. Ainda por cima quando o público está tão receptivo, todas as canções na ponta da lingua. Prenda especial no encore, "I just can't get enough". Doem-me os pés ainda, não sei como não estou afónico. Sim, porque afinal eu fui lá para saltar e gritar ao som duma das minhas bandas preferidas de sempre.

depeche mode

segunda-feira, fevereiro 6

Um adeus

Hoje os sinos dobraram, a igreja de Santo António estava aberta. Alguns familiares, meia dúzia de conhecidos. Fui despedir-me de ti, estavas lá, mas já não te encontrei, não tive coragem sequer de espreitar. Sentei-me para contemplar uma caixa de madeira e chorar. Deixaste-me.

É impressionante como consigo ser egoísta com as pessoas que verdadeiramente gosto, mas é isso que sinto, deixaste-me. Na realidade fui eu que te abandonei neste últimos anos. O lar e os hospitais deprimem-me, tresanda a morte lá dentro. Especialmente no lar, as pessoas parecem abandonadas, conchas vazias sem esperança. Esperar a morte deve ser isso mesmo, a ausência de esperança.

Deste-me tanto, especialmente muitos momentos felizes de miúdo. Lembro-me bem de visitar-te, brincar na tua casa e no teu quintal. Lembro-me de me levares a passear por tardes solarengas de primavera, largar-te a mão para ir correr por campos verdes cobertos de amarelo e roxo. Beber a água daquele coxo de cortiça. Descobrir cantinhos secretos no meio de nada. Tinha tanta fantasia quando era miúdo, mais tarde, já adolescente em tempos de raiva e confusão conseguiste fazer-me sentir amado.

Amanhã voltas à terra, voltas para o lado do avô, como sempre quiseste. Espero não te ter desiludido.

quinta-feira, fevereiro 2

Plano Tecnológico

Mr Bill Gates esteve por Portugal e encontrou-se com alguns ministros e mais alguma malta importante, assinou-se um memorando de entendimento para 18 acções de colaboração entre o país e a Microsoft. Uma delas é a formação de desempregados do sector têxtil no vale do Ave, na ârea das novas tecnologias, ainda não se conhece o número de formandos nem o conteúdo exacto desta formação.

Espero que o plano tecnológico não seja só feito de coisas destas, pessoalmente não vejo aqui mais do que uma manobra de marketing, ou pior ainda, uma forma de assegurar contrapartidas como o fornecimento de produtos ou serviços a orgãos públicos.

Sejamos sérios, pessoas que fizeram durante toda a sua vida um trabalho essencialmente manual e repetitivo vão ser reconvertidas dum dia para o outro em técnicos na ârea da informática? Não me parece. Mas isto é so um exemplo, o IEPF promove regularmente uma multitude de acções de formação profissional nas mais diversas âreas. Muitas delas remuneradas, atraindo assim as pessoas que fazem as estatísticas do desemprego.

A impressão que dá é que muitos desses cursos servem apenas para tapar o sol com a peneira. A pessoa deixa de ser desempregada, papa um cursozito com computadores, passa uns tempos a navegar na internet (a receber), e depois lá estamos de novo na bicha para o cheque do subsídio. Estratégias a longo prazo no campo da tecnologia? Ainda não vi nada, só rumores e tiradas sensacionalistas como a abertura dum pólo do MIT em Portugal.

Um dos campos onde há muito a fazer é a ligação entre os estabelecimentos de ensino superior e as empresas. Ou promover a I&D, investigação e desenvolvimento, um dos chavões preferidos dos gurus da nova economia. Que medidas estará o Sr Sócrates pensar tomar nestas âreas?

Pelo menos nalguma coisa estamos à frente dos restantes países da UE, as nossas escolas estão todas ligadas à Internet por banda larga. Este processo teve início em 1997, quando os primeiros estabelecimentos de ensino começaram a ligar-se à rede. Anuncia-se agora como uma das primeiras vitórias do Plano Tecnológico. Eu pessoalmente ando a vêr muitos planos e pouca tecnologia.

bill gates

terça-feira, janeiro 31

Branca & Viçosa

O alentejo não é só planícies desertas e secas, na minha infância lembro-me de que nevou em Vila Viçosa pelo menos duas vezes. Aqui ficam umas imagens deste domingo, eu não estava lá desta vez, mas esteve muito bonita a minha vila. Obrigado ao Pedro pelas estampas.

neve em vila viçosa
neve em vila viçosa

segunda-feira, janeiro 30

Não vi a neve

Ontem esteve a nevar pelo país todo, mas eu não vi, estava na minha casa em lisboa a ferrar o galho e quando abri a pestana já a neve tinha sido levada pela chuva! Ohhhhhhh, não é justo! Também queria atirar umas bolas de neve!

Quantas vezes, Amor, me tens ferido?

Quantas vezes, Amor, me tens ferido?
Quantas vezes, Razão, me tens curado?
Quão fácil de um estado a outro estado
O mortal sem querer é conduzido!

Tal, que em grau venerando, alto e luzido,
Como que até regia a mão do fado,
Onde o Sol, bem de todos, lhe é vedado,
Depois com ferros vis se vê cingido:

Para que o nosso orgulho as asas corte,
Que variedade inclui esta medida,
Este intervalo da existência à morte!

Travam-se gosto, e dor; sossego e lida;
É lei da natureza, é lei da sorte,
Que seja o mal e o bem matiz da vida.

Bocage

O rescaldo dum sufrágio morno

Cavaco Silva não ficou nada melindrado pela pequena margem que lhe deu a vitória na primeira volta, e prepara-se para tomar posse. Já anda a tratar da sua mudança para Belém, e podemos vê-lo esta semana em amena cavaqueira com o predecessor.

Alegre parece que apreciou o mediatismo que conseguiu, continua a dar discursos e levantar polémicas. Houve boatos que ia ser criado um novo partido, mas não, apenas criaram um movimento de cidadãos que não irá interferir na vida dos partidos... que tolice é esta? Será que o poeta vai tentar uma noite das facas longas no PS?

Entretanto Sócrates foi apresentar ao parlamento um pacote de medidas destinadas à desburocratização da administração pública. O debate foi muito pouco animado, o que é estranho dada a importância das dez medidas apresentadas. Na sua maioria são destinadas às empresas, o objectivo é poupar tempo e dinheiro reduzindo burocracia. Há outras que nos podem afectar directamente, parece que daqui a uns tempos vamos deixar de ter de preencher a declaração de finanças, a DGCI já dispõe do todos os dados pertinentes da nossa vida contributiva, por isso pode elaborar a declaração, resta ao contribuinte aprovar ou reclamar.

As medidas parecem-me muito bem, só espero é que passem do papel. Esta medidas têm outras implicações além dos benefícios óbvios. Concerteza existem milhares de funcionários públicos que não fazem nada além de empurrar papeladas dum lado para o outro. Além de acabar com as tais papeladas, será que também os devemos mandar para casa? Ou arranjar-lhes qualquer coisa de útil para fazer? Alguem devia ter a coragem de abordar este tema, mesmo que lhe custe uns quantos votos, problema fulcral da administração pública que tem vindo a ser ignorado por sucessivos governos.

sexta-feira, janeiro 27

Match Point

Fui ver esta película já ciente de que se trata da um objecto escrito e realizado pelo Woody Allen, mas que foge um bocado aos seus tiques habituais. No entanto somos capazes de reconhecer o estilo de fazer cinema, os planos, os dialogos, os cenários, o mise-en-scène. Está tudo muito bom. Desta vez abandonou o seu cenário por excelência, Nova Iorque, por outra cidade também bastante cosmopolita, Londres. A cidade, e a sua envolvente continua a ser um elemento importantissimo no filme. Temos uma visita guiada pelos dos teatros e museus, pelas paisagens urbanas e rurais lá do sítio, reconheço que fiquei com mais vontade do que nunca de ir visitar sua majestade. Outra aspecto que foge às regras da filmografia de Allen é que este não entra no filme. Nem a personagem principal actua como ele, nem sequer há nenhum secundário na historia que nos faça lembrar a figura do realizador. Saiu-lhe bem o filme, fez bem em esquecer algumas das suas manias.

Match point não é sobre desporto, lá pelo meio aparecem umas pessoas a bater umas bolas, mas o tenis é apenas um pretexto. A história até é relativamente banal, trata sobre homens e mulheres, sentimentos, culpa, traição, as coisas do costume, mas está muito bem contada. Seguimos o instrutor de ténis que subiu na vida a pulso aproveitando as opurtunidades que teve. Nunca chegamos muito bem a conhecer o homem, apenas acompanhamos as suas vivências. Aliás, esta é outra caracteristica deste filme, nunca há muita intimidade com as personagens, nunca chegamos a perceber que lhes vai na alma. Mas ele tem uma convicção, que para triunfar na vida é preciso sorte, anda à espreita, à espera que lhe caia no colo.

Chris Wilton, a personagem principal, é uma figura extremamente torturada. Não é por acaso a referência literária a Dostoevsky, logo no inicio no filme. Esta referência vai também ser uma pista importante para os eventos que se vão desenrolar, e que irão dar forma ao fim mais ou menos trágico do filme. Mais não digo, aconselho sim vivamente a irem ver.

match point

quinta-feira, janeiro 26

A evolução do socialismo

No comment...

O rato Mickey também vai ter iPod

Acho que toda a gente conhece a Disney, os personagens, os filmes. Ainda hoje releio com gosto os meus almanaques do Zé Carioca e do professor Pardal! Toda a gente há-de ter a sua personagem preferida, seja o Tio Patinhas, o Donald, ou o Mickey.

Mas o tempo dos clássicos já era, hoje em dia as regras do jogo mudaram um pouco. A tecnologia mudou, as possibilidades também. Lembro-me que no ano passado gerou-se alguma polémica no seio da empresa, definiu-se uma nova estratégia para a realização de filmes, o papel foi abandonado. Novas ferramentas, um novo formato, o digital.

Há pouco tempo foi concluíudo uma outra jogada estratégica, a compra da Pixar. Um estúdio com relativamente pouco tempo, mas já com um bom portfólio de sucessos em filmes de animação (digital). The Incredibles ou Toy Story são bons exemplos. É discutível se se trata simplesmente de eliminar a concorrência, ou de trazer novos métodos e novos talentos aos estúdios que o senhor Walt fundou.

Mas há qualquer coisa de especial com a Pixar, não são apenas os criativos e a tecnologia. O ex-dono é alguem bastante conhecido devido à sua participação noutra empresa também bastante conhecida. Steve Jobs, actualmente ao leme dos destinos da Macintosh, não parou de somar sucessos durante o ano passado. O record de vendas de iPod's disparou, o iTunes está a dar dores de cabeça às editoras tradicionais, o próprio Mac nunca teve tanta aceitação de mercado. Com a venda da sua quota maioritária na Pixar, o Steve assegurou um lugar de destaque na administração da Disney (além de uma boa maquia).

Este rapaz é muito activo, em 1976 juntamente com Steve Wozniak fundou a Apple. Em 1985 sai da Apple e vai fundar outra empresa orientada ao fabrico de computadores, a NeXT. A NeXT nunca teve um grande sucesso em termos comerciais, mas tinha bons produtos baseados em tecnologia inovadora. Com problemas de rentabilidade, a empresa acabou por ser vendida. Foi a Apple que comprou a NeXT em 1996, alguma da tecnologia adquirida pode ser vista hoje em dia no sistema operativo do Mac, o OS X. Bom filho a casa torna, e Jobs acabou também por voltar. A venda da sua posição na NeXT, além de lhe render bastante dinheiro, também lhe valeu um cargo na administração da Apple. Um ano bastou-lhe para trepar de novo até ao topo, ao fim desse tempo já estava à frente dos destinos da empresa que tinha abandonado anos antes.

A história pode ou não repetir-se com a Disney, mas uma coisa é certa, um dos grandes negócios para o novo século são os media e a comercialização de conteúdos. O senhor Jobs tem claramente ambições de se tornar num peixe graúdo neste mercado que está em profunda mutação, e vai muito bem lançado.

quarta-feira, janeiro 25

Mask

The man of shadows thinks in clay
Dreamed trapped thoughts of suffocation day
He's seen in iron environments
With plastic sweat out of chiselled slits for eyes

From the growth underneath the closed mouth
You'll catch if you listen
Rack-trapped cubist vowels
From a dummy head expression
From a dummy head expression

The transformation is invested
With the mysterious and the shameful
While the thing I am becomes something else
Part character part sensation

The shadow is cast


Bauhaus (Mask)

segunda-feira, janeiro 23

Sem surpresas

Urnas fechadas e os votos contados, não houve nenhuma surpresa de maior. Ganhou quem estava à espera de ganhar, embora a margem necessária tenha sido muito mais pequena do que era esperado, não vai haver segunda volta.

Uns ficaram contentes, outros com dor de cotovelo, são coisas da vida! Ontem ao ouvir as declarações sobre os resultados já deu para notar algumas vozes contraditórias dentro do PS.

Quanto à pergunta que deixei no ar no meu último escrito sobre as presidenciais, nas urnas os portugueses deixaram 5 529 118 votos, enquanto que na santa casa foram registados 5 493 209 boletins. O boletim de voto foi o preferido, mas à rasca. O tuga afinal é bom cidadão, preocupa-se com os seus deveres. Mas também gosta bastante de jogar!

As eleições passaram, vamos vêr quais os seus efeitos sobre o panorama político actual. Cavaco nunca deu muitos detalhes sobre o tipo de abordagem que pretende dar à sua presidência e a margem com que ganhou não é propriamente uma vitória esmagadora. Sócrates tem de lidar com as suas escolhas, e com o ambiente dentro do partido. Pode ser que isto ainda fique interessante.

sexta-feira, janeiro 20

Quando o computador apanha bicho

Hoje vamos fazer uma viagem educativa, viagem no tempo entenda-se. O computador já é omnipresente na sociedade onde vivemos, toda a gente sabe pelo menos o que é. Quem o usa regularmente já tem uma certa familiaridade com os termos, e também como não podia deixar de ser com os problemas e as dores de cabeça mais frequentes. Fui desencantar a um museu um pedaço importante da história dos computadores, o primeiro bug!

Segundo a wikipedia, bug é qualquer falha num programa de computador que o impede de funcionar como esperado. A palavra é um anglicismo, e traduz-se literalmente como insecto.

O primeiro bug da história foi encontrado num gigantesco computador eletro-mecânico chamado "Harvard Mark-II" em 1945. Depois de detectado um problema no funcionamento normal do colosso, foi feita uma busca aos milhares de engrenagens e relés. O causador do problema acabou por ser encontrado encravado numa engrenagem, uma traça vulgar. Nesse dia inventaram as primeiras técnicas de debugging, o bicho lá foi removido. O registo que deixaram conserva-se até hoje, e cunhou o termo bug tal como o conhecemos.


Não acredito que faça grande coisa, mas da próxima vez que o Windows bloquear podem tentar ir buscar o DunDun.....

quarta-feira, janeiro 18

Bookmark's

Agora mantenho a minha lista de bookmark's online, no del.icio.us. Dá jeito, posso ter os meus sitios preferidos à mão onde quer que esteja. Claro que com a preguiça ainda não os adicionei todos, mas podem dar uma olhadela quando vos apetecer.

Para mim tanto me faz

As eleições são já no próximo fim de semana, à medida que nos aproximamos as sondagens acusam que o número de indecisos aumenta... pela lógica deveria passar-se o contrário. Mais um sintoma de umas eleições atípicas.

Os canditados alinham-se para a ultima tirada na sua batalha pessoal. O objectivo de Cavaco Silva é ser eleito já na primeira volta, qualquer outra coisa será quase uma derrota. As sondagens não são favoráveis para o senhor Aníbal, efectivamente parece que vai ganhar já na primeira volta, mas a margem está muito pequena, e a diminuir.

Outra batalha é a de Soares e Alegre. Alegre parece que vai sair vencedor, o poeta deve andar a transbordar de satisfação, depois de organizar uma candidatura aparte do partido. Conseguiu elevar os seus votos (pelos menos nas sondagens) acima dos votos no velho márocas. Fica a obvia questão no ar, se os resultados se confirmarem, quais serão as consequências na estruturas do PS, como é que os amiguismos que governam o partido serão afectados por este volte-face?

Por fim, temos o Jerónimo vs Francisco, numa luta territorial pelo espaço à esquerda do PS. É obvio que o BE tem ambições de roubar eleitorado à CDU. Parece que ainda não é nesta eleições que se vão impôr, mas espero que pelo menos estes atritos estejam a servir para insuflar algumas ideias frescas na máquina bolorenta do PCP.

O advogado Garcia Pereira vem em último nas intenções de voto. A percentagem é baixinha, mas até está a subir. Às tantas até há alguem a ouvi-lo, ele é um dos que pode ficar contente, já fez o seu papel.

No próximo fim de semana vamos ver que é o cidadão português tem a dizer, ou se tem a dizer alguma coisa. Eu pessoalmente estou mais à espera de ver os números da abstenção do que qualquer outra coisa. Que sentimento irá despertar esta campanha, a necessidade de ir votar, ou o desinteresse? Há uma comparação gira que dá para fazer este fim de semana, além de eleições vai haver jackpot nos jogos da Santa Casa. Qual será o boletim preferido, o de voto ou os dos milhões?

terça-feira, janeiro 17

Kiss Kiss Bang Bang

Já desde o ano passado que não ia ao cinema! Estava com curiosidade de ver este filme, normalmente deixo-me levar pelo que diz o IMDb, e este filme tinha uma nota bastante boa. Posso dizer que não desiludiu.

Podemos encarar este objecto com uma comédia romântica, mas existe um cruzamento com outros géneros, com os clássicos de detectives e o filme negro. Os ingredientes estão muito bem equilibrados, de tal forma, que mesmo apesar do sangue e da violência mais ou menos explícita não conseguimos parar de rir. É giro, porque morre montes de gente, mas sabemos que morreram só no filme, que aquilo é tudo a brincar. Os lugares comuns do género são explorados, mas muito bem explorados. No final o mistério que há para resolver acaba por não interessar para grande coisa, serve apenas como pretexto.

A sequência de entrada no filme, é mirabolante, tal como o resto da história. Nova Iorque, num assalto a uma loja de brinquedos um dos ladrões pega no telefone e telefona ao sobrinho para saber qual é exactamente o brinquendo que ele quer de prenda... A coisa corre mal, é preciso dar a fuga... O protagonista vê-se transportado para Los Angeles e aterra no meio de uma festa em HollyWood onde vai reencontrar-se com uma paixão do passado através de uma coincidência. O par romântico a partir daí envolve-se numa série de peripécias que envolvem um detective privado gay, e vários cadáveres. O protagonista é um idiota chapado, que só faz trapadalha e passa por várias situações ridiculas ao longo do filme, reconheço que me senti identificado!

Recomenda-se portanto este "Kiss Kiss Bang Bang", é um daqueles filmes ideiais para ver no domingo à tarde. Ou qualquer que seja a altura que estejamos a precisar de dar umas gargalhadas.

sexta-feira, janeiro 13

Sexta 13

Diz a superstição que as sextas feiras quando calham no décimo terceiro dia do mês dão bastante azar. Não sei se muita gente acredita nisso ou não, mas eu sou ao contrário. Gosto dos dias de (suposto) azar. Ao contrário da crença popular nestes dias ando mais bem disposto. É capaz de ser simpatia pelo número, nasci no dia 13 do mês de Novembro. Morei durante muitos anos no número 13, e o meu telefone de casa acabava em 13.

Mas não podemos ligar a superstições, a sorte e o azar não são para aqui chamados. É melhor é aproveitar que já está aí o fim de semana, e posso dar largas à minha imaginação, fazer o que me apetecer. Hummmmmmm.....

quarta-feira, janeiro 11

Quem sou eu?

Quem sou eu,
que vivo recitando versos,
versos de amor em frases tão sentidas?
Um poeta...? Um louco...?
Como há diversos,
a falar sozinho
arrastando a vida...?
Louco ou poeta, se esvaindo em rimas
a morrer de amor...?
Poeta ou louco, procurando um pouco
disfarçar a dor...? Não estão me ouvindo?
Eu tenho pressa de saber quem sou!
Se estou chegando... ou se estou partindo...
Eu nem sei ficar... mas... para onde vou?
Poeta...? Ou louco
procurando um pouco
disfarçar a dor?
Louco...? Ou poeta,
se esvaindo em rimas,
a morrer de amor...?


José Gilberto Gaspar

O poder da Web

Hoje em dia qualquer pessoa sabe que o futuro passa pelas chamadas TIs (Tecnologias da Informação) e que a Internet e a Web estão a redefinir o modo como encaramos a vida. Qualquer empresa que se preze tem presença na fronteira electrónica. Até há montes de negócios e oportunidades de negócio que nascem na Web.

Depois da corrida desenfreada de à alguns anos e consequente rebentamento da bolha dot.com os investidores pesam um pouco melhor as suas decisões. No entanto a web tem uma grande vantagem, é barato, comparativamente, montar um negócio na web. A única coisas que é preciso inicialmente é ter o know how para o negócio e montar uma página.

É minha convicção que a internet é um meio extramamente democrático, pelo menos nos moldes actuais. A liberdade de expressão e a infinindade de informação disponível, permitem-nos encontrar exactamente a coisa ou a pessoa que procuramos. Um bom exemplo é a blogosfera, as pessoas exprimem opiniões e relacionam-se livremente criando ligações sociais à parte do mundo físico. No mundo virtual a opinião de alguem ou uma boa ideia vale mais que uma campanha de marketing.

Nos negócios também há essa liberdade. Desde que se tenha a ideia, é quase sempre muito fácil pô-la em prática. E já houve algumas (bastantes) boas ideias na Web. Trago hoje aqui um exemplo. Um rapazinho que é estudante universitário e que estava com dificuldades em arranjar dinheiro para as propinas. Que é que ele fez? Montou um negócio de venda de pixeis, cada um a um dólar, e propôs-se ganhar um milhão de dólares. Neste momento ele está praticamente no objectivo, está a vender os ultimos no EBay, o gajo conseguiu!


Eu vou continuar a espremer a cabeça, também quero ficar rico sem fazer (quase) nada.

segunda-feira, janeiro 9

Empresa entrega droga ao domicílio


Sempre foi uma leitura didáticta e interessante. Um marco na história do jornalismo portugues, representante orgulhoso da imprensa sensacionalista. Relatos de escândalos, homícios, assaltos, abusos domésticos e qualquer outro tipo de história banal, mas suculenta o suficiente para comentar na taberna ou na mercearia. Na semana passada ao lêr as gordas na primeira página deu-me vontade de comprar.

O destaque da primeira página vai para uma reportagem que até levantou um ponto importante, não sei o que diz a lei, mas parece-me haver aqui um conflito. Passo a explicar, o tema abordado (de uma forma um bocado simplória como seria de esperar) foi a facilidade com que é possível comprar determinado tipo de substâncias proibidas através da utilizando a Internet. A peça intitulada Empresa entrega droga ao domicílio descreve como foram encomendadas várias substâncias ilícitas num sítio web holândes, e como o respectivo pacote chegou, com o seu conteudo intacto e em perfeito estado, à redacção do Tal & Qual. O pagamento foi comodamente feito por transferencia bancaria para uma conta num banco portugues.

Existe aqui um conflito que no artigo não fica muito claro. Por um lado Os correios indicam que a confidencialidade das correspôndencia é inviolável, por outro lado, dizem que é exercido um controlo apertado dos embrulhos que são considerados suspeitos. Afinal alguem inspeciona os nosso pacotes no correio ou não? Não há nenhuma indicação clara.

Dias depois, encontrei esta noticia na net. A policia Judiciária, munida do respectivo mandato judicial, deslocou-se à redacção do jornal e apreendeu o pacote que o jornal recebeu da holanda, juntamente com o seu conteúdo. Ja diz o ditado popular: casa roubada, trancas à porta. Depois da apreênsão foi emitido um comunicado em que os senhores agentes explicam que o site donde o pacote originou está sobre vigilância apertada, e que este tipo de transacções ilegais são detectadas e punidas.

Apetece duvidar um bocado dos senhores agentes... Então se eles sabiam que aquilo era um pacote com droga porque é que não o interceptaram antes de chegar ao jornal? Assim evitavam passar vergonha acho eu... Mas não... se calhar foi estratégia, para ressaltar um certo ar de competência. Afinal apanharam a droga!

quinta-feira, janeiro 5

Aspirantes a Presidente




Esta terça-feira o Tribunal Constitucional confirmou seis canditaturas às eleições que se avizinham. Na semana passada, o TC já havia rejeitado sete das 13 candidaturas apresentadas, alegando irregularidades como falta de certidões de eleitores de proponentes ou falta de assinaturas.

Todos os candidatos têm por detrás uma estrutura organizativa forte, quase sempre um partido. No caso de Manuel Alegre um movimento cívico, mas que também está muito ligado ao PS. O cargo de presidente supostamente não está associado a lógicas partidárias, no entanto parece que sem a tal estrutura não se consegue pôr de pé uma candidatura séria. A começar pelo passo mais simples, que é a recolha de assinaturas.

Os candidatos já os conhecemos de sobra, nem sequer vale a pena estar a enumerá-los. Fiquei um pouquinho desapontado, podia ter aparecido alguem mais original. Continua, Manuel João, um dia ainda hás-de conseguir alcatifar Portugal!

quarta-feira, janeiro 4

Zombie Claus

Esta já vai um bocadinho fora-de-prazo mas não resisti! Encontrei um grupo de pessoas que organiza um evento muito especial nos Estados Unidos, organizam um pesadelo para a noite de Natal. Eles juntam-se, vestem-se de personagens do nosso imaginário como o pai natal e o coelhinho da páscoa, mas em versão filme série B. Com muito ketchup, e o look mais mórbido possível. Depois vão pá cidade, passear! A noticia estava aqui.

segunda-feira, janeiro 2

This CD is a Copy Protected CD


Há tempos atrás vim-me paqui queixar sobre os esquemas de protecção contra cópia que as editoras musicais nos andam a tentar impingir ultimamemnte. Hoje encontrei um relato parecido ao meu, de alguem indignado com que lhe digam o que pode ou não fazer com a música que comprou. Neste caso trata-se do último album dos Coldplay.
Podem dar uma olhadadela, quanto mais não seja para descobrir como é que o rapaz conseguiu gravar os mp3 à mesma.

Ano novo, Ressaca nova

Estou muito pouco inspirado, mas vou tentar escrever qualquer coisa. O meu organismo ainda está com problemas em adaptar-se ao novo ano, sintomas variados como enjôo, exaustão, problemas intestinais, e má disposição no geral. Ainda estou a ouvir na minha cabeça aquela música com o assobio. Mas que é que se há-de fazer, fiz muitos kilometros, cometi alguns excessos, estou bastante doente, mas estou contente.

Vou ficar à espera que a malta que estava realizar o documentário sobre o Long John me mande o video da minha entrevista, o vosso projecto tem todo o meu apoio. Ahh e obrigado à alma simpatica que enviou as fotos dos meus primeiros sorrisos (idiotas) de 2006 =P