Já há muito tempo que não ia ver um concerto, demasiado! Confesso que sou um desleixado, deixo sempre para amanhã o que posso fazer hoje. Foi isso mesmo que aconteceu com os Depeche Mode. Quando ficaram a venda os bilhetes, muitos meses antes do concerto, não comprei. Fui adiando, adiando, quando dei por isso já tinham esgotado. Nada mais natural, dado o entusiasmo a que se assistiu ontem.
Há coisas que se deixam passar e nunca mais voltam, aqui é mais simples, basta puxar da carteira. Paguei o dobro do preço na candonga, mas tive lá, e garanto que valeu cada centavo.
Como sala de espectáculos nunca gostei do Pavilhão Atlântico, é demasiado grande, o som faz eco, prefiro a intimidade do Coliseu. Ontem no entanto senti-me perfeitamente em casa no Atlântico. Aquela ansiedade anterior aos grandes concertos. A satisfação depois. Fui com amigos que já conheciam perfeitamente o roteiro da noite. A tournée já dura há algum tempo e os alinhamentos são sobejamente conhecidos. Eu caí de pára-quedas, não sei de cor as músicas do último album sequer.
Mas Martin Gore e companhia sabiam o que o público esperava. Alternaram entre as novas canções e os clássicos. Abriram com o novo, mas quando tocaram "A question of time" deu para perceber o que se ia passar. Esboçaram-se as primeiras vozes do público. À medida que foram tirando do armário músicas e letras, o público correspondeu à altura. Se a voz do vocalista falhou em algumas ocasiões, isso foi plenanente compensado por um coro de milhares de vozes.
O "Policy of truth" deu-me arrepios, dancei o "Enjoy the silence" com batida disco, ou o "Personal Jesus" com uma pitada de groove. Sonzinhos sintetizados aqui e ali, até um huntz huntz puramente house. Quem sabe, sabe, pode brincar um pouco. Ainda por cima quando o público está tão receptivo, todas as canções na ponta da lingua. Prenda especial no encore, "I just can't get enough". Doem-me os pés ainda, não sei como não estou afónico. Sim, porque afinal eu fui lá para saltar e gritar ao som duma das minhas bandas preferidas de sempre.
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