Fui ver esta película já ciente de que se trata da um objecto escrito e realizado pelo Woody Allen, mas que foge um bocado aos seus tiques habituais. No entanto somos capazes de reconhecer o estilo de fazer cinema, os planos, os dialogos, os cenários, o mise-en-scène. Está tudo muito bom. Desta vez abandonou o seu cenário por excelência, Nova Iorque, por outra cidade também bastante cosmopolita, Londres. A cidade, e a sua envolvente continua a ser um elemento importantissimo no filme. Temos uma visita guiada pelos dos teatros e museus, pelas paisagens urbanas e rurais lá do sítio, reconheço que fiquei com mais vontade do que nunca de ir visitar sua majestade. Outra aspecto que foge às regras da filmografia de Allen é que este não entra no filme. Nem a personagem principal actua como ele, nem sequer há nenhum secundário na historia que nos faça lembrar a figura do realizador. Saiu-lhe bem o filme, fez bem em esquecer algumas das suas manias.
Match point não é sobre desporto, lá pelo meio aparecem umas pessoas a bater umas bolas, mas o tenis é apenas um pretexto. A história até é relativamente banal, trata sobre homens e mulheres, sentimentos, culpa, traição, as coisas do costume, mas está muito bem contada. Seguimos o instrutor de ténis que subiu na vida a pulso aproveitando as opurtunidades que teve. Nunca chegamos muito bem a conhecer o homem, apenas acompanhamos as suas vivências. Aliás, esta é outra caracteristica deste filme, nunca há muita intimidade com as personagens, nunca chegamos a perceber que lhes vai na alma. Mas ele tem uma convicção, que para triunfar na vida é preciso sorte, anda à espreita, à espera que lhe caia no colo.
Chris Wilton, a personagem principal, é uma figura extremamente torturada. Não é por acaso a referência literária a Dostoevsky, logo no inicio no filme. Esta referência vai também ser uma pista importante para os eventos que se vão desenrolar, e que irão dar forma ao fim mais ou menos trágico do filme. Mais não digo, aconselho sim vivamente a irem ver.
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