O xkcd é uma tira cómica realmente genial, com piadas que só são possíveis de entender para geeks, ou pelo menos com alguém com muita cultura geral. De quando em vez aparece alguma pérola realmente brilhante. Como é o caso da que vou apresentar hoje.
Eu já sofri desta sorte, da situação com que eles brincam. Lá por a minha actividade estar relacionada com computadores não tenho obrigação de saber fazer tudo com computadores. E realmente quando me perguntam algum normalmente uso a técnica abaixo...
Code Rush é uma espécie de jogo de palavras, quer dizer corrida ao código mas faz também um paralelo com a corrida ao ouro na Califórnia do velho Oeste. Trata-se de um documentário sobre um evento muito específico, em Março de 1998 a Netscape lançou o código do seu browser internet como código livre na esperança de que este se tornasse na implementação de referência e trouxesse assim clientes para os seus outros produtos. Pressionada pela gigante Microsoft a empresa apostou numa estratégia desesperada, o resultado final era o falhanço quase certo. O nome de código era Mozilla, a mascote reptiliana da empresa. Houve um grupo de engenheiros que fez tudo o possível para tornar numa realidade a estratégia da empresa. E são sobretudo estas pessoas que são focadas no filme, mas também os motivos que as movem, e a capacidade extraordinária que revelaram. Têm uma cultura muito própria, objectivos muitos focados. Movem-se com um propósito, querem criar qualquer coisa, algo que perdurá além deles próprios. Em Julho deste ano o filme foi lançado com uma licença Creative Commons que nos permite a todos vê-lo.
Mas voltando à intenção inicial destas pessoas, mais de dez anos depois será que conseguiram? A Netscape não conseguiu sobreviver durante muito tempo como empresa independente, sendo comprada pela AOL. Acabou por morrer efectivamente em 2003. Mas a Mozilla Foundation sobreviveu, criada para tomar conta do código fonte do browser original, tornou-se um organismo oficial. Entretanto lançou o Firefox que pela primeira vez em muito tempo desafiou o domínio da Microsoft. Esta concorrência já fez com que aceder à Internet fosse mais rápido, mais seguro, mais cómodo. O desenvolvimento do Internet Explorer que estava estagnado foi retomado, mesmo assim continuando a ser um produto inferior. Hoje em dia todos temos de agradecer a este grupo de pessoas, e certamente teremos muito a aprender com eles.
Há quem chame a Vila Viçosa a princesa do Alentejo, berço de gente ilustre, bastião da história, ponto de passagem indiscutível. O problema é que a princesa foi abandonada.
O desenvolvimento dos concelhos vizinhos nos últimos anos fez-se à custa da aposta na reconversão de velhas ocupações tradicionais. O melhor exemplo é o concelho de Borba, apostou no seu vinho como principal produto da terra, e no reconhecimento a nível nacional através de um certame anual dedicado a isso mesmo, ao vinho. Olhando para Vila Viçosa, a Câmara Municipal dedica-se a organizar um evento lastimável chamado Fimal, dedicado à industria extractiva do mármore que serve apenas para mostrar o moribunda que está a Indústria Calipolense.
Poderia argumentar-se que o turismo continua forte, o Paço Ducal continua a receber muitos visitantes todos os anos. A pousada que lhe é vizinha também atrai muitos turistas e não é para todas as bolsas. Mas importa contextualizar estas questões, que é que Vila Viçosa no geral tem para atrair o turismo. Os marcos históricos são muitos, mas parecem abandonados. A casa onde nasceu Florbela Espanca, abandonada e fechada. O Castelo parece que qualquer dia será engolido pela vegetação que foi plantada a sua volta, hoje em dia sem a miníma manutenção. Até parece que alguém achou melhor esconder a incúria que reina.
Eventos culturais? As Festas dos Capuchos este ano serão em grande concerteza, é ano de eleições. Muito fogo de artíficio e o Mickael Carreira. Programas para a juventude? Não há. Equipamentos Desportivos? As piscinas municipais fechadas vários meses por ano. Criação de emprego? O emprego temporário na Câmara Municipal para assegurar uma mão cheia de votos.
Há muito tempo mesmo que não me detinha na cidade invicta. Curiosamente durante um curto espaço de tempo fui um visitante assíduo, indo lá regularmente. As minhas razões eram do foro sentimental, e curiosamente motivos da mesma índole me levaram lá de novo. Mas não posso deixar passar tanto tempo até à proxima visita seja em que cinrcustâncias for.
A cidade que eu conhecia está mais afável, mais limpa, mais agradável à vista. A reabilitação urbana parece andar a todo o gás e a vida nocturna está (mais convenietemente) concentrada na zona dos clérigos. À volta do clássico piolho nasceram uma série de locais novos, que vivem virados para a rua e para a passagem de pessoas. Os espaços artísticos da Passos Manuel entraram num entendimento e fazem um bilhete único que permite a livre circulação entre si. Na noite seguinte planeei simplesmente jantar na ribeira mas fui surpreendido pelo Festival de Fado que lá decorria e acabei por ir ficando, preso às luzes reflectidas no rio.
A visita foi curta mas ainda consegui aproveitar para fazer uma duas coisas que não tinha feito antes. Andar de eléctrico, visitar a Foz. Não deu tempo para ir rebolar na relva a Serralves.
A minha LC-A+ fez-me companhia durante toda a viagem, foram três rolos. Gostei muito dos resultados. Embora tenha ficado um pouco assustado com uns fantasmas vermelhos que apareceram. Acho que a câmara ganhou uma entrada de luz.
Todas as câmaras da gama point-and-shoot da Canon usam o mesmo tipo de processador, e são na realidade muito parecidas por dentro. Dependendo do modelo as capacidades que ficam disponíveis ao utilizador diferem bastante. Mas como têm o mesmo coração, até a máquina mais rasca tem a capacidade de fazer coisas como tirar fotos em formato RAW, fazer focagem manual, ou regular a exposição e e abertura. Para destrancar este potencial basta instalar o CHDK, uma extensão ao firmware das câmaras que possibilita tudo isto e muito mais sem fazer nenhuma modificação permanente à máquina. Trata-se de software livre, desenvolvido por entusiastas e ao qual são feitos melhorias constantes.
O processo de instalação é super simples, basta copiar alguns ficheiros para o cartão de memória. Inseri-lo na câmara, pedir para utilizar o novo software, e voila, temos acesso a uma série de novas funções. Claro que é um pouco mais complicado do que isto. Mas qualquer fotografo que se preze é capaz de por a coisa a funcionar. Eu fiz a experiência no outro dia na minha Powershot G9 e demorou apenas um instante. Experimentar e dominar os novos poderes ao meu alcance é que vai levar mais algum tempo. Mesmo para uma câmara relativamente poderosa como a minha à adições muito interessantes como a capacidade de correr programas definidos por nós. Existem alguns programas já disponíveis, mas o que mais me interessa é um script que permite tirar fotos a intervalos regulares automaticamente. Dentro em breve quero fazer um filme em time-lapse.
Social Media é um termo que está muito em voga hoje em dia, e tal como a maioria dos chavões é dito muitas vezes à boca cheia sem se saber muito bem do que se fala. Esta pequena apresentação que roubei justamente a um amigo no Facebook explica muito bem a coisa.
Agora há por aí uma campanha que diz que a "Coca-Cola Light Gosta de ti", mas eu não gosto nem de Coca-Cola nem da campanha. Não tenho muitos acessos de nacionalismo, mas hoje deu-me para isso. Algum génio de marketing resolveu promover uma campanha de "bom gosto" e promover uma troca de artigos que ele considera de mau-gosto como naperons e meias brancas por latas de coca-cola light.
Para mim de mau gosto é esta campanha, querem trocar artigos anacrónicos por algo supostamente bonito e moderno. Acontece que estes objectos são tipicamente portugueses e fazem parte duma identidade nacional (e pimba). Além disso não tenho o menor desejo de trocar seja o que fôr por uma lata de água suja com gás. Senhores da multinacional do gases, desejo-vos muita flatulência, peguem nos vossos criativos da sucursal local da vossa agência publicitária e instruam-nos um pouco sobre a alma lusa.
Hoje celabra-se uma efeméride importante, foi há 40 anos que um homem pisou a Lua pela primeira vez. A corrida ao espaço gerou a tecnologia que permitiu dar os primeiros passos noutro corpo celeste mas também gerou os mísseis inter-continentais e assegurou as ameaças veladas da guerra-fria. Será que aprendemos qualquer coisa desde então?
Quando fiz a workshop Diana F+ adorei fazer este passeio, e fiquei com bastante vontade de repetir. Uma semana depois saí de casa com os meus companheiros com outro destino definido mas acabámos por andar um pouco à deriva, quando demos por nós perto da estação do cacilheiros decidimos fazer o mesmo circuito. Eu ia perfeitamente preparado, com a minha Nikon e o filtro polarizador e não desperdicei a ocasião. É uma pena todos aqueles prédios decrépitos na frente ribeirinha de Cacilhas, a zona tem um potencial enorme. Mas concerteza mais cedo ou mais tarde alguém irá aperceber-se. Como já o fizeram os dois restaurantes no final do percurso que gozam duma esplanada panorâmica maravilhosa.
Quanto à travessia em si, aconselho esperar por um dos ferrys que transportam veículos, já que são abertos e nos permitem desfrutar do Tejo na amurada da embarcação. Sol, paisagem, cabelos ao vento que mais se pode pedir senão uma boa companhia?
No passado sábado consegui fazer algo que já desevaja à algum tempo, participar numa das acções da Embaixada Lomográfica Portuguesa. Por falta de tempo ou incompatibilidades de calendário ainda não havia conseguido. Mas desta feita juntei-me ao Workshop sobre a Diana F+. Tinha muita curiosidade sobre o filme de médio formato, ainda não tinha mexido com nenhuma câmara que o usasse.
A pessoa encarregue de nos orientar foi o fotógrafo Jordi Burch que não fez uma abordagem formal, mas pelo contrário nos deixou mais ou menos por nossa conta acudindo às nossas dúvidas e questões quando necessário. O desafio era simples, trabalhámos com dois rolos de tipos diferentes. O primeiro médio formato que foi possível ver revelado ao final do dia, e um outro de negativos de slide 35mm que só fui buscar ontem. Confesso que mas os meus resultados com o médio formato deixaram muito a desejar. Se calhar fui desajeitado com a câmara, por outro lado também fiz demasiadas experiências em vez de tirar fotos simples. Apesar disso há uma que gosto, uma em dezasseis não está mal...
Depoisda primeira experiência aprendemos a forçar rolo de 35 mm na Diana, e lançamos-nos à descoberta com o negativo de slides. Alguns de nós metemo-nos no cacilheiro e fomos até à outra margem. Demos uma volta por Cacilhas e por alguns recantos que confesso que ainda não conhecia. Concerteza irei voltar a seguir o itinerário desse passeio porque foi muito agradável. Este segundo rolo era a minha esperança, fui buscar os resultados hoje e saí da Embaixada Lomográfica encantado com a cores vivas e as fotografias abstractas do Tejo e das suas margens.
Adorei tudo no workshop. As pessoas da Embaixada Lomográfica que foram super simpáticas e prestativas. O fotografo que nos acompanhou com paciência mas com a distância necessária para nos sentirmos para criar algo de nosso. O grupo de pessoas que assistiu, e que sem apresentações formais quebrou o gelo com muita facilidade e ao fim do dia já se tinha tornado num grande grupo de amigos. Os amigos da Diana claro.
Aqui ficam os resultados do dia, sem qualquer retoque ou truque. Vão notar com facilidade quais é que sairam do rolo de slide...
No fim de semana passado fui fazer uma visita à minha família espanhola, família emprestada é claro mas mesmo assim a minha. O curioso foi que acabámos por voltar a Portugal de passeio. Valença aparentemente é muito conhecida entre os espanhóis, entreposto comercial priveligiado desde sempre. O local é muito bonito, com uma presença majestosa sobre o Rio Minho da fortaleza que podemos avistar assim que cruzamos a fronteira. As pedras e os muros estão muito bem conversados, fruto concerteza de uma estratégia de captação de turismo. O curioso é que a vocação comercial está mais forte que nunca, com os mesmos produtos de sempre, alambiques, panos, toalhas, sobretudo toalhas que estão por todo o lado.
Não posso deixar de prestar a minha homenagem a alguém que chamaram o rei da Pop e marcou definitivamente a história da música moderna tal como a entendemos. Alguém que revolocinou o conceito de videoclip, que começou a tradição de concertos em grande, que até patenteou alguns dos seus adereços. No dia em que Michael Jackson morreu todas a televisões passaram reportanges e debates especiais, a Internet quase parou. É pena que uma parte de tudo tenha sido originado por um movimento global de curiosidade mórbida que tem muito a ver com o lado mais negro da vida da criança prodígio. Aparentemente a sua morte teve contornos menos claros, até há quem diga que ele vale mais morto do que vivo.
Hei-de recordar sempre Jackson como um génio e um perfeccionista. O homem que cantava, dançava e lutava pelo reconhecimento da música negra.
Imagem de uma estátua promocional do álbum HIStory, picada da Wikipedia.
As eleições no Irão ainda estão muito frescas, mas desde antes sequer que da sua realização que a polémica se instalou. O regime fundamentalista islâmico que governa o pais é uma suposta democracia, mas não dispensa a censura e a repressão como instrumentos de controlo da população. Ainda durante a campanha eleitoral houve muitos cidadãos a expressar as suas opiniões e divergências através de serviços online como o Twitter e o Facebook. Claro que isto provocou uma espécie de guerra na net entre o regime e os iranianos.
O acesso aos sites usados para exercer a liberdade de expressão foram bloqueados, no entanto prontamente surgiu um movimento espontâneo a nível internacional que visava ajudar quem quisesse libertar-se destas barreiras. Houve muita gente a fornecer proxys e outras alternativas técnicas para escapar. Para exprimir o seu apoio ao povo da antiga Pérsia houve muitas entidades que tomaram medidas simbólicas apressadas, como o Google que inclui o Persa como língua suportada em vários dos seus serviços. No youtube, alguém criou o CitizenTube, um canal para divulgar o que se está a passar. No Last Freedom é possível ter uma ideia de tudo o que se está a passar.
Às eleições que muitos acusaram de terem sido fraudulentas sucedeu-se a prisão de jornalistas em massa. Nos últimos dias multiplicaram-se as manifestações populares e os tumultos, de tal forma que já não é possível ao regime de Teerão controlar a oposição interna. Aparentemente os opositores internos às figuras de topo já estão a congeminar uma liderança alternativa. Espero que a liberdade de expressão prevaleça, mas este episódio já ficou para a história como a primeira vez que a Internet é usado como um instrumento revolucionário, como o meio usado para transmitir a vontade de um povo e de um país.
Passado o mau humor e a ressaca começo a sentir-me melhor. Afinal não foram assim tão maus os Santos Populares este ano, o saldo é positivo apesar dos danos materiais e físicos. Ficaram alguns momentos bem engraçados, além de novos amigos, e isso é que importa. Outra coisa bastante boa é que começo a acordar da letargia criativa em que mergulhei este ano. Faltava-me a vontade, a energia para criar. Mas depois de olhar as minhas fotos vezes e vezes, recordaram-me que afinal aquilo que dou ao mundo é o que me define e me torna diferente. Se não escrevo, não fotografo, não falo, sou apenas mais uma pessoazinha cinzenta.
Já passaram os Santos Populares, foi divertido como sempre, ou mais ou menos. Uma série de desgraças perseguiram-me, a melhor forma de encarar a adversidade é com o bom humor mas espero que a maré de azar acabe. Numa semana que iria ser as minhas primeiras férias em algum tempo, com festa e dias solarengos, acabei por ficar doente no último dia de trabalho. Retido em casa com 39 graus de febre, aos primeiros sinais de recuperação fui atrás de diversão, acabei por perder os óculos (mais uma vez). Na noite de Santo António a minha olho de peixe, ferramenta lomográfica preferida, encravou e tenho medo de lhe sacrificar mais algum rolo. Que mais se seguirá?
Ontem foi o vigésimo aniversário do que começou como um protesto pacífico em Beijing, um acto de coragem que acabou por ficar para a história como o Massacre de Tiananmen. Importa que recordemos a efeméride, sobretudo porque num regime como o chinês os cidadãos não têm direito à memória, o Estado decreta até sobre as recordações.
Eleito como a melhor curta-metragem do Festival de Comédia de Nova Iorque, este filme tem um olhar irónico e mordaz sobre algumas das predições sobre o futuro avançadas a meio do século passado. A boa notícia é que os nossos avós acertaram em muitas das esperanças que tinham para o futuro, a má notícia é que os humanos continuam a ser egoístas, burros e preguiçosos.
O last.fm foi um grande serviço desde o início, uma grande ideia de uma excelente equipa de pessoas. A interface foi umas das pioneiras da chamada web 2.0, e a facilidade com se descobria nova música através dos nossos amigos ou de pessoas com os mesmos gostos que nós era uma coisa simplesmente fantástica.
Tudo porreiro até que um dia a empresa original é comprada por uma multi-nacional (a CBS), e claro o objectivo passa a ser espremer o máximo de dinheiro possível aos utilizadores do serviço. Num anúncio a 24 de Março explicavam-se as novas regras, nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha existem departamentos de marketing que se dedicam a colher receitas através da publicidade. Como nos outros países as receitas projectadas não eram satisfatórias o serviço de rádio passaria a ser pago. No entanto foram "generosos" e continua a ser possível enviar a informação sobre as músicas que ouvimos para que seja guardado. Em si esta informação tem um valor altíssimo, e é uma vergonha que não lhe atribuam esse valor e que venham dizer que precisam de nos extorquir dinheiro para suportar o serviço de rádio.
Na altura exprimi a minha indignação no meu jornal do last.fm sobre a estupidez dos homenzinhos com fatos cinzentos e coração de calculadora que tomaram a decisão. Falei também na possibilidade de alguém criar um serviço alternativo e livre. A verdade é que fiquei agradavelmente surpreendido com o curto espaço de tempo que o libre.fm demorou a aparecer. Um serviço descentralizado, pensado de raiz para ser livre de encargos e de exigências para os utilizadores e que utiliza a licença Open Source GNU AGPL. A coisa ainda está num estado muito embrionário, afinal ainda nem passou um mês, mas já é possível extrair o nosso histórico do last.fm e importar no novo serviço. E claro é possível ir guardando o nosso histórico sem o oferecer a gente gananciosa. A comunidade de software livre está de parabéns por em tão pouco tempo se ter organizado e criado esta alternativa, são destas coisas que fazem ter esperança no futuro.
A fotografia estenopeica, ou usando o termo anglosaxónico "pinhole photography" é a forma mais simples e mais antiga de capturar uma impressão fotográfica. As propriedades da luz que permitem focar uma imagem através de um pequeno orifício, sem elementos ópticos já são conhecidas desde antiguidade. As primeiras câmaras fotográficas produzidas utilizavam este sistema e são hoje em dia relíquias. Para saber um pouco mais sobre a história e a ciência estenopeica aconselho a visita ao sítio do Clube de Fotografia Pinhole "Buraco de Agulha". Uma associação portuguesa de fãs desta prática.
Não vou me vou alongar sobre a parte científica ou histórica. Quero sim divulgar a parte prática. Quando ando com as minhas câmaras atrás a tirar fotografias a tudo e nada, ou quando mostro os resultados dos meus devaneios é comum ouvir aquela cantiga do coitadinho: "Oh tão giro, eu também gostava de fazer fotografia". Mais do que nunca hoje em dia a velha máxima de "querer é poder" aplica-se a quase todos os campos da actividade humana. Não é preciso é preciso ter uma câmara topo de gama nem lentes com nome nome alemão para fazer fotografia. Infelizmente a maioria das pessoas rege-se por uma lógica consumista, em que não aspiram a criar nada, mas simplesmente a possuir.
É possível construir de uma forma muito fácil (e barata) uma câmara fotográfica. Uma simples caixa de sapatos, papel foto-sensível e um bocadinho de manha podem fazer de qualquer pessoa um fotógrafo. É óbvio que o resultado não serão fotografias convencionais, mas para quem tenha a paixão pela imagem é possível que surjam representações verdadeiramente estranhas e belas da realidade. Para ver alguns dos resultados podem passar por exemplo pelo grupo Pinholers no Flickr.
Amante como sou do da nostalgia e do encanto low-tech do celulóide há muito tempo que planeio juntar-me ao movimento estenopeico, mas confesso que ainda não consegui, quando conseguir hei-de compartilhar os meus resultados. Entretanto vou deixar umas sugestões. É possível comprar conjuntos para montar uma câmara pinhole, por exemplo na loja da lomografia. Mas é muito mais giro fazer tudo de raiz! Desde a clássica caixa de sapatos, até à câmara caixa de fosfóros existem inúmeras variações. Para quem tenha ficado interessado, aconselho a procurarem no Instructables por um projecto à vossa medida.
Algo que eu quero tentar (ainda estou em vias de decifrar como é que vou conseguir montar tudo) são as câmaras Readymech. Para quem leu o meu apontamento sobre os bonecos já pode supor do que se trata. Instruções para imprimir e montar algumas câmaras com um desenho bem engraçado e funcional. Entretanto deixo-vos com um pequeno filme para abrir o apetite.