Como já vai sendo normal nestas coisas, assim que os bilhetes para os dois concertos desta semana começaram à venda houve uma corrida para os agarrar. Uma banda com tantos e fiéis seguidores, logo no primeiro dia foram vendidos milhares de bilhetes. Apesar disto na terça-feira quando passei pelo Atlântico notava-se que tinham sobrado alguns (muito poucos) bilhetes para as bancadas superiores. Até se compreende, aquele pavilhão enorme e multi-usos tem uma acústica péssima, na plateia já se nota, lá em cima ainda deve ser pior. Eu tinha lugar na plateia, impensável ser doutra forma, quis estar o mais perto possível do espectáculo.
A banda de Eddie Vedder tem uma atitude que realmente dá gosto, eles não estão lá para promover um albúm ou ganhar uns trocos. Não, eles estão lá para transmitir a sua mensagem, estão lá para participar numa festa enorme com o público em que as ambas partes se divertem. A antecipação era muita quando entrei na sala, o grupo que fez a primeira parte ainda andava por lá, a acabar a sua última canção. Sinceramente não tenho nenhuma opinião sobre eles, nem sequer consegui fixar o nome. O que eu, e o público em geral ansiava, o prato principal, ainda demorou algum tempo a chegar. Mas desde o momento em que os outros se calaram já se ouvia o público a puxar pelos Pearl Jam. O cenário era austero, apenas instrumentos e amplificadores, algumas luzes.
Os verdadeiros protagonistas entraram e o concerto começou... o tempo passou a correr. Não vou dar aqui o alinhamento nem nada disso, tenho mais que fazer. Mas tocaram montes de músicas, quase todas as músicas que o povo queria ouvir, e no entanto parece que o tempo passou num ápice. O concerto começou por volta das dez, lá para a meia noite e meia estávamos despachados. Quando saíram do palco paro intervalo já tinha a barriguinha cheia, por assim dizer, já estava bastante feliz com o concerto. E digo intervalo porque quando voltaram não fizeram um
encore de duas ou três músicas para calar a malta. Não retomaram o concerto com toda a energia, tocaram e tocaram.
Pelo meio houve tempo para muitos episódios de diálogo com o público. Eddie Vedder apareceu com umas cábulas com umas coisas escritas em português que tentou lêr, realmente às vezez não se percebia nada, mas o público adorou. Público esse que estava hiper-activo sempre a gritar e a bater palmas. Um dos pontos altos foi quando toda a gente começou a gritar "
Portugal Portugal", a banda aproveitou para improvisar uma música logo ali. Outro momento de delírio foi quando o Eddie aproveitou a guitarra para fazer de espelho e reflectir um foco que estava acima dele, fazendo-o passar por toda a sala. E claro... o final. Já ia longo o concerto, tocavam "
Rockin' In The Free World" de Neil Young quando a luzes se acenderam, talvez uma tentativa vã da organização de mandar a malta para casa. O caso é que continuaram a tocar, mais duas músicas ainda. Com as luzes acesas, a plateia em extâse, as bancadas todas levantadas, é impossível descrever o ambiente que se viveu ali. Um excelente concerto em que o vocalista não deixou de exprimir a vontade de cá voltar, para revêr os amigos e público português, acabando por se despedir "
See ya next time, in a better, free world".