sexta-feira, outubro 26

Shut Up and Play the Hits

Aproveitando o DocLisboa finalmente pude ver este filme à noite no LuxFrágil. Como fã dos LCD Soundystem, e seguidor devoto que nunca teve oportunidade de os ver ao vivo, à imenso tempo que esperava a oportunidade. Infelizmente devido a factores que me escapam, políticas editoriais possivelmente, só ontem de se deu a ante-estreia em Portugal. A escolha do espaço creio que é uma novidade, mas devido à temática enquadra-se perfeitamente.

É óbvio que uma discoteca não é uma sala de cinema, nem é facilmente adaptável. ainda por cima a pequena multidão que foi atraída fez com que assistir ao filme não fosse uma experiência cómoda, antes pelo contrário, as pessoas apertavam-se e atropelavam-se para improvisar um assento. Ou arriscavam um torcicolo para encontrar uma linha de visão para um dos ecrãs que enchem o piso superior. A verdade é que assistir a um concerto nunca é cómodo, muito menos um concerto onde a sala está cheia, temos de transcender o desconforto físico e deixar-nos levar pela música e fundir-nos na multidão. Para mim no computo final esta escolha foi desconfortável mas brilhante.

O filme supostamente é sobre o fim da banda, o último concerto que marca o fim de um fenómeno meteórico e inesperado. Com efeito este é o cenário em que tudo se passa, mas o tema central é James Murphy. Uma pessoa normal que gosta de ser uma pessoa normal, fazer música porque gosta. Uma estrela da música tardia, que teve o seu grande sucesso já perto dos 40. Através de uma janela de alguns dias fomos projectados para uma vida normal, com as suas alegrias e tristezas, preocupações normais, frustrações e triunfos. Alguém que se considera estranho e que gosta de fazer coisas estranhas. Para quem quiser tentar ler a moral da história há uma mensagem de esperança e de  humildade, rodeia-te dos teus amigos, faz o que gostas, dá tudo.

Este documentário é algo mais que um documentário sobre uma banda ou um concerto, é uma reflexão sobre a arte, e o que nos percorrer novos caminhos, chegar mais além. E claro sobre a natureza humana.

quarta-feira, outubro 17

Livrem-se do generalismo e concentrem-se no serviço público

Ninguém sabe ainda muito bem em que moldes vai decorrer a privatização da RTP, qual será o canal que vão por no prego... ou serão os dois? Neste momento a opinião pública está mais preocupada com ideia de repor as finanças do país à custa dos contribuintes do costume, mas o assunto há-de voltar à baila em breve. Quero acreditar, e tenho esperança, que se vai manter alguma espécie de serviço público de televisão.

Neste momento existem quatro canais disponíveis em sinal aberto para Portugal Continental. Três deles são generalistas, o que equivale a dizer que a preocupação principal é capturar audiências. Mas a definição de generalista aqui não encaixa, na realidade não tentam agradar a toda a gente... A grelha está montada de uma forma exacta e premeditada  Tal e qual a organização das prateleiras num supermercado, as horas e os conteúdos estão organizados segundo uma ordem pré-estabelecida. O racional é agradar às pessoas que estão a ver TV (em sinal aberto) a uma determinada hora. Cativar os clientes potenciais para a emissão, mas também para a publicidade que sustenta esse mesma emissão. É Por isso é que os programas da manhã são para agradar a velhotes. E é por isso é que a telenovelas da noite têm tramas rocambolescas de invejas e mentiras aliadas a meninas com formas generosas que se despem à mínima oportunidade, assim aguenta-se marido e mulher, na sala a olhar para o mesmo ecrã. Na prática a TV generalista mais não é do que uma redução ao mínimo denominador comum.

Mas o modelo tradicional da distribuição de televisão está a mudar. A televisão por cabo, o pay-per-view, mais recentemente o vídeo na Internet, vieram mudar o panorama. Em Portugal esta mudança chegou recentemente, durante muito tempo estivemos habituados a ver o que nos punham à frente, mas qualquer lar no país pode ter um serviço de TV com os canais que prefere... Mais importante, os segmentos de mercado que são apetecíveis, as pessoas com um nível intelectual alto e com dinheirinho para gastar em produtos anunciados na TV preferem escolher o que vêm.

E claro o reverso da medalha, uma marca com uma imagem bem cuidada prefere anunciar os seus produtos através de um meio que seja compatível com essa imagem. Meter um anúncio de um carro alemão no meio de um reality show onde ninguém é capaz de responder a uma pergunta de cultura geral, não é de todo boa ideia. Possivelmente a mensagem chega a muita gente, mas não são as pessoas com a capacidade financeira certa. E existiria o perigo das pessoas do mercado alvo começarem a associar a tal marca de carros a macacos tatuados e loiras pintadas que guincham o dia todo. Catástrofe. Dir-se-ia que há uma técnica que não tem como falhar, associar uma marca a uma figura conhecida. A imagem de um futebolista e do seu carro para vender um champô anti-caspa por exemplo... Pode ser que funcione, mas acaba por ser ridículo  Em última análise cabe à própria marca decidir qual é o seu segmento alvo e como vai chegar até ele. Uma coisa é certa a fórmula fácil "vamos passar um anúncio na televisão e o nosso produto vai vender", morreu.

E é justamente este o paradoxo que aflige o mercado de TV actual  A luta é cada vez mais apertada, por um mercado de publicidade cada vez menos desejável. Este fenómeno só se vai tornar mais acentuado. E se as receitas de publicidade hoje não chegam para sustentar três canais generalistas, não vai ser no futuro que isso vai acontecer. A tendência para a TV "generalista" se cingir cada vez mais a segmentos de mercado pouco desejáveis em termos de publicidade só se vai acentuar. Um dia ainda vamos ver qual vai ser a apresentadora que vai mostrar o maior decote de forma a capturar as audiências a quem vender... colchões ou dietas milagrosas!

Por isso a minha opinião sobre toda esta história da privatização da Televisão é simples. Vendam o canal generalista o mais depressa possível, enquanto ainda é minimamente desejável. Mas por favor, há que reter a infraestrutura e as pessoas necessárias para manter um serviço público de televisão. Apoiar a produção nacional. Passar conteúdos didácticos e culturais. Prestar um serviço de informação sério e imparcial.

Em Directo (Para a Televisão) - Mão Morta

terça-feira, setembro 18

Meio Metro de Pedra

Preciso partilhar esta pérola de antropologia. É reconfortante ver que existem pessoas  interessadas pela divulgação da história da música em portugal. Mais detalhes na página do Meio Metro de Pedra.
Pela primeira vez em Portugal, está documentada a história da contracultura do rock'n'roll nacional desde o seu surgimento no fim da década de 50 até aos nossos dias. Na década de 60, inspirados por bandas como os Shadows, Bill Haley ou os Beatles, cerca de 3000 conjuntos de norte a sul de um país sob o alçada de Oliveira Salazar abalaram as editoras inconscientes deste som emergente. Um impulso de espírito ousado que percorreu o psicadelismo dos Jets, o punk dos Aqui D'el Rock, e se estabeleceu em pontos nevrálgicos como Braga, Coimbra ou Barreiro. Um pedaço da história de Portugal que tende a ser ocultado sobrevive através do selo independente da Ama Romanta, da Bee Keeper, da Lux ou da Groovie Records, e tem neste documentário de Eduardo Morais, a sua merecida celebração. Estreado em Outubro de 2011, este documentário percorreu, durante oito meses, cerca de 40 localidades por todo o país transportando a visão iconoclasta do realizador com uma lógica de exibições totalmente independente e autossustentada, à semelhança do próprio método de produção deste filme. Com uma pequena ajuda da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Eduardo Morais esteve dois anos em pré-produção e rodagem por mera carolice e desejo de poder levar o seu trabalho a um público sempre interessado e atento.

quarta-feira, agosto 1

Fazer localização geográfica com o telemóvel

Da última vez que escrevi falei de localização geográfica, como se relacionava com a fotografia, e para que servia. Tal como prometido hoje vou falar de um método simples para armazenar a informação geográfica num telemóvel e mais tarde relacioná-la com as nossas fotografias. Os exemplos que vou citar referem-se equipamento de que disponho pessoalmente, mas o importante é o método. Facilmente podemos encontrar as ferramentas necessárias para lidar com outro tipo de equipamento.

A lista de pré-requisitos é simples, uma câmara fotográfica digital, e um smartphone. Um pormenor a ter atenção é verificar que os relógios de ambos estão sincronizados. É a partir da dimensão temporal que vamos estabelecer um paralelo entre a informação de localização que vamos armazenar no telemóvel, e as fotografias que capturarmos. O processo tem portanto duas fases distintas, numa primeira fase, e ao mesmo tempo que estamos a fotografar, recolhemos os dados no smartphone. Mais tarde, incorpora-se essa informação nas próprias fotografias, num processo conhecido por "Log Matching".

O primeiro passo é instalar no nosso smartphone uma aplicação capaz de gravar o nosso percurso. Hoje em dia existem inúmeras aplicações vocacionadas para o desporto que nos permitem saber a distância percorrida e velocidade. Na realidade essas aplicações registam o nosso trajecto através de dados de posicionamento GPS e realizam cálculos sobre esses dados. Apesar de não estarem vocacionadas para fotografia são exactamente o que precisamos. Pessoalmente tenho um telefone Android e uso o My Tracks da Google. Para iOS poderá ser utilizado algo como o Runkeeper. O que app tem fazer é registar o nosso percurso e permitir mais tarde realizar a exportação para ficheiro, em formato gpx de preferência.

Quando decidirmos ir fotografar convém verificar a questão dos relógios que falei acima. Depois é só ligar a aplicação, e dar asas à imaginação. Como falei a maioria das aplicações estão orientadas ao desporto, portanto é como se começámos uma corrida cada vez que começamos a disparar. Uma vez terminada a sessão de fotografia assinalamos o fim do trajecto e já está. A aplicação vai guardar o nosso percurso. Convém guardar a data e alguma informação descritiva para poder mais tarde identificar objectivamente os vários trajectos que se podem ir acumulando.


Numa fase posterior, quando tivermos um computador pessoal disponível devemos exportar os dados do nosso trajecto no telemóvel e usar um programa de edição gráfica para incorporar a informação nas fotos. A maioria dos programas de pós-produção fotográfica mais conhecidos implementam a funcionalidade necessária (Aperture, Lightroom). Pessoalmente uso o Nikon ViewNx2, gratuito e com imensas potencialidades. E lá por ser da Nikon não quer dizer que não funcione com outras câmaras, pelo contrário. Depois de carregar as fotos no nosso programa preferido, devemos seleccionar-las e escolher a opção log matching. Nesse momento vamos carregar o ficheiro .gpx que fomos buscar ao telemóvel e será estabelecida uma relação automática entre as fotos e os locais. Não esquecer gravar as alterações...



Se a ideia de tudo isto for mesmo fazer upload das fotos para algum sítio, como foi o meu caso, é melhor assegurar-nos que o sítio web que estamos a usar vai ler esta informação. Por exemplo eu tive de ligar o suporte para as tags GPS no Flickr. Também existe a possibilidade de realizar este processo de "log matching" online com fotos que já foram penduradas online anteriormente.

terça-feira, julho 10

Localização geográfica de fotografia

O artigo de hoje vai ser introdutório, neste texto vou explicar alguns conceitos, mais tarde vou partilhar um método simples e pouco dispendioso para fazer a etiquetagem geográfica de fotografias. Este termo foi a melhor tradução que conseguir encontrar para geotagging, mas acaba por descrever exactamente o que pretendemos atingir, embeber numa fotografia a localização geográfica exacta onde foi captada. Também existem métodos para registar este tipo de informação noutros meios (vídeo e páginas  html por exemplo) mas vou falar do caso concreto da fotografia apenas.

A localização geográfica é utilizada por profissionais de algumas áreas para conseguir uma representação muito fiel de um local, por exemplo um levantamento arqueológico ou geológico. Mas pode servir simplesmente para organizarmos as fotos das férias. É claro que se for necessário um elevado grau de confiança uma solução técnica profissional poderá ser mais indicada.

Hoje em dia muitos serviços que usamos diariamente como o Google ou o Facebook dão cada vez mais importância à informação geográfica, e esforçam-se por saber por onde andamos. É óbvio que se levantam algumas questões sobre privacidade, num mundo cada vez mais público, precisamos ter algum cuidado com o que revelamos. O sítio web que uso para armazenar e organizar as minhas fotos também suporta informação geográfica, é a minha galeria que vou usar como exemplo mais à frente. Sobrepondo num mapa fotografias podemos reviver percursos feitos em tempos, talvez perceber como (re)visitar algum local que nos tenha deixado encantados. O Google Maps há muito que implementa esta funcionalidade.


Os formatos que usamos normalmente para manejar as imagens captadas pelas nossas câmaras estão preparados para conter mais informação além da imagem propriamente dita. A etiqueta EXIF é uma forma normalizada de guardar informação auxiliar. Por exemplo a informação óptica sobre a captação da foto é armazenada lá. A abertura, o tempo de exposição, e a sensibilidade ISO são os dados básicos. É também aqui que vai ficar registada a informação geográfica. Podemos visualizar essa informação através das propriedades do ficheiro no sistema operativo, no entanto um programa de fotografia dará muito mais informação. Podem espreitar as propriedades de uma foto que tirei nas minhas últimas férias para ter uma ideia, entre muitas outras coisas estão lá as coordenadas GPS.

Hoje em dia qualquer smartphone tem esta capacidade, basta a opção estar activa o telefone ter o serviço GPS disponível e irá a imagem ficará automaticamente geolocalizada. Já existem algumas câmaras fotográficas no mercado com esta função, mas normalmente as soluções para DSRL's são dispendiosas, implicando a compra de um acessório separado. Fiquem sintonizados para saber como fazer isto virtualmente grátis...


quarta-feira, maio 16

Os projectos falhados servem para aprender

No final do ano passado, mais concretamente na noite de 25 de Dezembro tomei uma decisão. Foi uma espécie de resolução de Ano Novo, ou antes resolução de Natal dada a data. Sentindo-me cada vez menos activo na minha labor fotográfica e criativa no geral quis encontrar uma forma de obrigar-me a mim mesmo a produzir qualquer coisa.

Foi assim que decidi embarcar num projecto 365. É um ideia bem estabelecida que muita gente já tentou e através da qual produziu resultados às vezes interessantes, mas sobretudo palpáveis, algo que tem de acontecer todos os dias. E para o qual chegado o fim da odisseia podemos olhar para trás e saborear.

Dois requisitos essenciais para que um empreendimento destes funcione são em primeiro lugar andar com uma câmara sempre atrás, e em segundo lugar que seja muito fácil expor o resultado diário. Ora isto é muito fácil com qualquer telemóvel moderno e a montanha de aplicações para telemóvel que apareceram num ápice. Tratou-se pois de escolher uma aplicação e começar... Na altura a mais popular, o Instagram, ainda só estava disponível para dispositivos Apple. Assim decidi-me pelo Lightbox... Hoje em dia o Instagram já está disponível para Android, além disso as empresas que fazem as duas aplicações foram compradas pelo Facebook... Presumivelmente com o objectivo de se tornar os Reis da partilha de fotografias... mas estou a divagar.

Quando comecei eu próprio ainda não sabia muito bem como é que ia lidar com o desafio. O meu objectivo não era claro, apenas obrigar-me a tirar fotografias. Lembro-me que um dia, talvez um mês depois de começar tive uma epifania. As imagens estavam-se a tornar de uma espécie de diário, não dos acontecimentos do dia, mas do sentimento particular que me marcou. À medida que a coisa avançava outra conclusão mais ou menos óbvia foi que a larga maioria dos meus dias eram rotineiros, condicionados por um ritmo bem marcado.

Saíram coisas mais ou menos interessantes, outras nem por isso. Em termos estritamente fotográficos há coisas que poderiam servir de base ao desenvolvimento de algo, nada mais. Não fiquei particularmente contente com a qualidade ou originalidade... Claro que tudo acabou de uma forma super simples, um dia esqueci-me, e pronto deixei a coisa acabar. Pensei no assunto, podia fazer batota, mas há que respeitar o ciclo natural das coisas. E se acabou, acabou. Ficaram as fotos e os locais no meu perfil do Lightbox, e também num set do Flickr que deixo a seguir para entrarem na minha vidinha aborrecida.

sexta-feira, abril 27

Poema à mãe

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

terça-feira, fevereiro 14

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

quinta-feira, novembro 24

Sangue do meu sangue

Decidi ir ver este filme enquanto ouvia uma entrevista a Anabela Moreira, uma das atrizes principais, no programa Fala com Ela na Radar. Sou um fã assíduo da Inês Menezes, e sempre que posso escuto o programa. Acontece que nesse dia apanhei o programa a meio, sem saber quem estava a ouvir, mas quando comecei a ouvir falar do último filme de João Canijo fiquei imediatamente interessado.

Ao falar sobre o filme Anabela refere que planeou viver quinze dias na casa onde se rodou o filme, acabando por ficar três meses. Tempo que passou entre vários sentimentos, angústia, medo, empatia com os vizinhos do lado. Começou com a casa inteiramente abandonada e em condições deploráveis onde Rita Blanco apanhou sarna no primeiro ensaio. Ao longo do tempo a casa foi sendo restaurada e mobilada de forma a poder servir de lar às personagens do filme.

Admiro imenso a capacidade que os verdadeiros atores têm de entrar na pele de um personagem. Deixar de ser eu para começar a ser ele. Não falo só de vocabulário, sotaque, ou gestos. Falo também em mudanças físicas, engordar ou emagrecer, ficar com uma pele pouco saudável. Trazer na fronte a marca de uma tristeza que está ancorada nos sentimentos de alguém que não somos nós.

Quando entrei na sala as minhas expectativas eram altas. Até me dei ao luxo de escolher a versão longa do filme. Valeu a pena. Quando o intervalo apareceu eu estava completamente colado à cadeira, olhei para o relógio e já tinham passado quase duas horas... O espetador é transportado para o Bairro do Padre Cruz, torna-se mais um dos vizinhos, um dos habitantes daquela casa. Vários truques cinematográficos para isso contribuem, os planos com múltiplas cenas e reflexos, os constantes diálogos cruzados nem que seja com o barulho dos vizinhos obrigam-nos a estar sempre extremamente atentos. Os cenário são magníficos, perfeitos, porque não são cenários. São as casas e as ruas do bairro. Os figurantes são os habitantes do bairro. A fotografia dá o suporte técnico para que a fealdade deste mundo se torne bela quando foca de perto os dramas pessoais das pessoas.

Mas voltando aos atores e à sua relação com os personagens, as interpretações são magníficas, com especial destaque para os membros da família. O sentimento de realidade, nua e crua em que mergulhamos é amplificado quando nos reconhecemos no dia a dia familiar. Há muitas coisas que parecem estranhas de início, mas todos somos estranhos não é? A longo do filme o argumento vai-se desenrolado e a história acabar por contorcer-se de tal forma que se assemelha ao enredo duma telenovela venezuelana. Mas mesmo assim o sentimento de realidade e de empatia com as personagens não é suspenso. Aproximamos-nos cada vez mais duma conclusão inexorável, a vida continua, é preciso ter força fazer o que é preciso.

Para mim este filme está à altura de grandes obras do cinema dos últimos anos, como Magnólia e American Beauty. E comparo-o diretamente com eles porque trata do mesmo tema, da natureza humana e dos grandes dramas que estão encerrados no simples quotidiano do dia a dia.

quarta-feira, junho 1

Opinião

Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não.

Se não tem àgua, eu furo um poço
Se não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar

Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu

Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião

Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não...

Podem me prender , podem me bater, que eu não mudo de opinião, que eu não mudo de opinião...

Opinião - Nara Leão

terça-feira, maio 10

Não Te Deixes Roubar

Não tive oportunidade de participar no Protesto da Geração à Rasca, um evento que se revelou um enorme sucesso. Com algumas fontes a reportar a presença de 500 mil pessoas. Mais do que um verdadeiro protesto este evento pareceu um espécie de festival para miúdos e graúdos. As pessoas sentem-se incomodadas com a situação em Portugal e precisam de exteriorizar a sua revolta. Mas realmente as propostas e as reivindicações que poderiam ter saído de um fórum assim nunca se chegaram a materializar.

No passado 25 de Abril sim tive oportunidade de comparecer ao tradicional desfile que desce a Avenida da Liberdade. A comparação com a manif anterior era inevitável, e a conclusão nada animadora. O fim de semana grande afastou os comuns mortais da luta, ficou a malta proletária que habitualmente frequenta estas coisas. É pena que tão depressa nos tenhamos esquecido do poder do protesto.

De qualquer forma aqui fica o registo fotográfico desse dia. Gostei bastante do resultado, a técnica fotográfica usada acabou por combinar muito bem com o tema. Trata-se de filme de slide revelado com o processo cruzado. Além disso foi usado um filtro polarizador que ressaltou ainda mais as cores. O título deste desabafo corresponde a um dos registos que gosto mais do conjunto, onde um verdadeiro veterano da luta nos chama a atenção a todos.

sábado, março 19

Ontem & Hoje

O final do ano é sempre uma altura de balanço, avaliar a nossa direcção, avaliar se os nossos objectivos se aproximam ou afastam. Desta vez estas considerações só me assolaram já entrado o novo ano, e através de um processo lento de introspecção cheguei a uma conclusão que já conhecia. Quero e preciso de criar para me sentir bem, talvez ainda não tenha encontrado o meio, ou talvez ainda tenha de me aperfeiçoar muito mais, mas sei que é isso quero.

Sintomático deste interregno foi o destino do rolo a preto e branco que carreguei na minha GakkenFlex ainda em 2010. Só o acabei já em Março, depois de fazer uma foto aqui e ali. Embora tenha ficado um pouco desiludido com a revelação do filme (o contraste deixa um pouco a desejar) acho que as fotos revelam promessa para a lente de plástico. As imagens saíram secas e nostálgicas, invocando um passado distante que na realidade não existe.

terça-feira, janeiro 25

Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:

Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).

O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que me abismaste nas ânsias.

A grande ave doirada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que protejo:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projeto.

Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.

Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo

A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que sonhei!... )

E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.

Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.

Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...

Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas pra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...

Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...

Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço...


Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba...


Paris - maio de 1913.



Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos
Edição Fernando Cabral Martins
Assírio & Alvim
2001

quinta-feira, novembro 25

A Lente de Plástico

Ando muito feliz e contente com a minha nova câmara de brincar, a lente de plástico realmente tem uma qualidade mínima, mas produz imagens com um aspecto realmente vintage que me deixam encantado. Quando fiz a workshop Sprocket Rocket levei-a atrás, porque queria fazer mais fotos com ela, e também para mostrar a gente mais entendida para que me contassem a sua opinião. Trouxe um par de explicações e bons conselhos, e também deixei interesse. Fiquei feliz.

Fui fazendo algumas fotos, sem pressa, desde aí até agora. No fim-de-semana passado que fui de excursão a Marvão acabei o rolo "normal" que tinha posto, e experimentei a conjugação da óptica de plástico com um filme Redscale XR. Por um lado tenho pena de não ter fotos com uma qualidade maior das paisagens do lugar. Por outro lado adorei os céus alienígenas que capturei no Alentejo.

Ficam aqui as fotos que tirei entretanto. Prometo falar mais sobre Marvão, até porque segundo as estatísticas é uma palavra que provoca muitas aterragens neste blog, num artigo que escrevi em tempos.

sexta-feira, novembro 19

Ai Portugal, Portugal

A propósito de uma conversa aleatória com um estranho neste campo de batalha verbal que é a Internet, veio-me esta canção à memória. Não há melhor resposta aos profetas da desgraça que povoam esta nação sem auto-estima. Continua tão actual hoje como em 1982 quando Acto Contínuo, o álbum onde está contida foi lançado.


Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Escrito e interpretado por Jorge Palma.

terça-feira, novembro 16

Chegou a Quadra do Consumo

Pois é, já estamos naquela altura do ano em que fazemos contas ao que vamos fazer com o subsídio de Natal. Sonhamos com a desejada prenda que vamos oferecer a nós próprios, e tentamos arranjar qualquer coisa de jeito para presentear a malta os familiares e amigos mais chegados.

Este ano quando vieram as primeiras chuvas a sério no fim de Outubro, as sarjetas estavam entupidas como sempre, mas o Município de Lisboa já andava a montar a luzes de Natal na Baixa. Enquanto na Rua das Portas de Santo Antão as pessoas que estavam dentro das lojas e restaurantes ficara com água até à cintura pelo menos os clientes já estavam a ser lembrados que estamos na altura do ano que é preciso gastar.

Eu cá este ano vou-me manter afastado de superfícies comerciais, grandes ou pequenas tanto faz. A invasão natalícia dá-me arrepios. A Amazon do Reino Unido fez um favor enorme a todos nós e já manda as encomendas de graça para vários países europeus incluindo Portugal. Claro que a encomenda precisa satisfazer certas condições, temos de gastar mais de £25 e os produtos têm de ser vendidos directamente pela própria Amazon. Mas é uma oferta excelente, creio que vou passar a utilizar (ainda mais) a loja virtual.

Já estou à caça das minhas contribuições como Pai Natal, a oferta é muita, e escolher é complicado. Mas pelo menos não sou ameaçado por uma manada em debandada para enrolar o seu embrulho. Além disso há coisas que são bem mais baratinhas, como os jogos por exemplo. E atenção que na semana que vem vai haver promoções especiais, numa iniciativa que eles chamam de Black Friday Deals Week.

quarta-feira, novembro 10

Workshop Sprocket Rocket

A mais recente novidade lomogáfrica foi apresentada com grande pompa e circunstância em simultâneo na Embaixada de Lisboa e do Porto. Chama-se Sprocket Rocket, e tem várias particularidades. As suas fotos são panorâmicas, o fotograma é mais ou menos igual a juntar duas fotos normais. Outra coisa interessante é que tem duas rodas, uma para avançar e outra para rebobinar o filme a nosso bel-prazer, permitindo assim fazer remisturas com o filme. Além disto ainda permite expor as perfurações do filme.

No passado fim-de-semana foi realizada uma workshop de apresentação da máquina e claro assim que as inscrições abriram lá fui eu reservar o meu lugar. Já havia participado noutra workshop da lomo, e desta vez a fórmula foi um pouco diferente. O preço era muito baixo, talvez de forma a permitir a todos conhecerem a nova menina. E os participantes organizaram-se em pares, partilhando os rolos, assim também se estimulava a utilização das capacidades da máquina. Eu fiz batota, levei o par já feito, porque participei com a minha cara-metade.

A primeira impressão que tive da máquina foi que está mesmo desenhada para fazer as coisas de que falei de forma prática e precisa. Já abusei muito dos mecanismos das máquinas normais de forma a fazer sobreposições e brincar com a ordem cronológica do filme. Mas a Sprocket Rocket permite-nos controlar tudo isso com precisão em vez de confiar na sorte. Já com os mecanismos para controlar a luz não posso dizer que tenhamos acertado porque houve muitas fotografias a perderem-se.

Foi uma tarde divertida, andámos às voltas pela baixa e tiramos algumas fotos. Não foram muitas porque os rolos de 36 fotos reduzem-se a metade com os panoramas. Quando tudo acabou e entregámos os rolos ficamos a aguardar com impaciência os resultados. Adorei mexer com a câmara. No final acabei por ficar um pouco desiludido, alguns dos fotogramas que tentei encenar perderam-se simplesmente, outros ficaram francamente maus. Param mim as fotos que melhor ficaram foram algumas sem muitos artifícios feitas pela minha namorada. De qualquer forma acho que vou querer mexer mais com a Sprocket Rocket.

A Gakken Flex

Aqui há dias andava a pôr as minhas leituras em dia quando encontrei no blog do Flickr um brinquedo que ainda não conhecia. Como sempre os artigos têm como base um punhado de fotos, neste caso tiradas com uma Gakken Flex e claro aproveitavam para apontar para o grupo onde os utilizadores desta máquina se concentram no Flickr. Não percebi muito bem o que era aquilo... mas como falavam em fotos analógicas maravilhosas (e realmente têm bom aspecto) lá fui investigar.

A primeira coisa que o Google me trouxe foi um relato sobre a montagem da câmara. A ideia fascinou-me de imediato, um kit para montar uma câmara fotográfica. A Gakken é uma editora que se dedicar à edição de produtos educativos e já lançou no mercado uma série de kits interessantes. Além da câmara, houve o gramofone, o sintetizador ou o theramin. Cada kit faz-lhe acompanhar de alguma documentação sobre o tema associado a essa edição.

Acabei por comprar no ebay uma cópia da Gakken Flex, porque o original já não estava disponível. Mas também comprei como prenda de anos para um meu amigo o sintetizador e posso dizer que em ambos os casos foi bastante recompensador o resultado. A montagem no caso do sintetizador foi muito breve. No caso da máquina levei bastante mais tempo, mas apenas porque à medida que seguia as instruções não estava a ser muito óbvio para mim como é que tudo aquilo iria funcionar, em particular o obturador. Mas seguindo à risca as instruções, e as fotos de quem já montou lá consegui chegar ao óbvio. Uma máquina perfeitamente funcional e muito divertida de montar.

Quando introduzi o primeiro rolo o receio era muito. Depois de despachar aquilo mais ou menos depressa, lá fui eu revelar as fotos sem saber muito bem o que esperar. Não saiu nenhuma obra de arte mas aparte de que se notam algumas deficiências na focagem até nem tão más de todo. Gostei do brinquedo, é bastante prático, e tem muita pinta, isso é de certeza. Agora depois de saber que aquilo funciona mesmo acho que vou tentar sacar umas coisas giras daquela lente de plástico!

quarta-feira, novembro 3

Dolce Far Niente

Este verão tive a oportunidade de ir passar uns dias ao Algarve. Tendo em conta que um caro amigo me ofereceu hospedagem em quase qualquer altura do ano, fui bastante idiota por aproveitar apenas um fim-de-semana de Agosto e uns dias já no fim da época balnear em Setembro. Mas mesmo assim valeu a pena. Apesar de levar planos, compromissos, sítios para visitar, acabei por me dedicar a não fazer nada. Dormir muito, pôr as leituras em dia, andar a pé e desfrutar da praia. Uma rotina a que é bastante fácil adaptar-se.

Não morro de amores por Albufeira, como a maior parte do Algarve a euforia da construção destruiu grande parte da beleza. O negócio de vender férias a bifes pobres que cá em Portugal tinham um poder de compra acima da média está-se a esgotar. A solução agora é vender férias em saldos a portugueses ou melhorar a qualidade. Mas se conseguirmos abstrair-nos do mau gosto e do ruído, é fácil perceber que há ali muito potencial.

Cara Lavada

Quem ainda de der ao trabalho de visitar este canto da rede com certeza já se apercebeu que esta casa levou uma demão nova de pintura. A fachada encontrava-se feia e desgastada, porventura um pouco desfasada dos dias de hoje. O objectivo foi rejuvenescer, abrir os horizontes e ao mesmo tempo optimizar o espaço. Espero que gostem, como é óbvio comentários e sugestões são bem vindos.

O template é mais leve, e optei por não incluir demasiada quinquilharia que tornasse a fachada pesada visualmente. Uma novidade é a inclusão de publicidade via Adsense, é só texto e acho que não está demasiado invasivo. Para quem se sente incomodado pela publicidade, tanto aqui como em qualquer outro sítio web existe uma solução bastante fácil à disposição de todos.

Isto por enquanto vai encher-se de velhas notícias, esteve abandonado, mas isso não quer dizer que faltassem as coisas para comentar ou para maldizer. Apenas faltava aquele esforço, pequeno mas extremamente importante, de reunir meia dúzia de pensamentos e dar-lhes forma. Entretanto o que pode acabar por acontecer é escrever freneticamente durante alguns dias e depois esquecer-me de novo, não estranhem. O futuro o dirá.