O mundo moderno está cheio de trogloditas, a boa educação e a cortesia são gestos pouco apreciados hoje em dia. Quem tiver de se deslocar diariamente de automóvel decerto concordará comigo. Creio que tem bastante a ver com a falta de contacto pessoal, quando estamos atrás do volante, no meio do trânsito esquecemos que em cada um dos veículos que nos rodeiam está outro humano, frágil, falível como nós. As atrocidades que é possível presenciar todos os dias são várias. A mim já me deixaram de impressionar os condutores que nos semáforos lêem o jornal gratuito enquanto esperam, ou quem acelera a fundo quando vê o amarelo a mudar para vermelho. Mas há pior, há os inconscientes que levam a cadeirinha de bebé no banco de trás e se dedicam a fazer ultrapassagens pela direita sem olhar nem fazer pisca. Esses nunca vão deixar de me surpreender. Aí já não se trata de falta de cortesia, mas de pura e simples estupidez.
Não é que hoje de manhã me tenha acontecido nada disto, aliás acho que levei um buzinão por não passar num vermelho clarinho, mas isso é o pai nosso de cada dia. O que me fez pensar em todo isto foi a tira cómica de hoje do xkcd, dedicada a todos aqueles que estacionam à patrão. A verdade é que às vezes apetece mesmo partir para as represálias.
Esta imagem foi picada a partir da tira cómica xkcd, número 562.
segunda-feira, março 30
quinta-feira, março 19
A Natureza da Liberdade
Na semana passada estive alheado dos meus afazeres normais, fui mandado para formação. Nesses dias saí um pouco mais cedo e isso deu-me a oportunidade de aproveitar os dias de Sol que chegaram antecipados este ano. Quase todos os dias andei um pouco a pé, até ao Jardim da Estrela, que se encontrava apinhado de outros que como eu iam à procura de um pouco de Sol, descontracção e contacto com a natureza. Inclusive aproveitei para fazer umas fotografias.
Enquanto degustava o momento uma série de ideias começou-me a assaltar. Porque é que há tão poucos espaços verdes na nossa Lisboa? Espaços de lazer dizem que há muitos, centros comerciais então são aos pontapés, mas nem sei se podemos chamar a uma catedral do consumo um espaço de lazer. Quando saímos à rua fomos ameaçados por buzinas, escapes e veículos em movimento que nos querem esmagar como se fossemos obstáculos no seu caminho. Nada comparado à tranquilidade de um jardim. Mas porquê? Poderia argumentar-se que os jardins não dão dinheiro e os centros comerciais sim. Mentira, uma zona de lazer valoriza os terrenos e as habitações à sua volta, melhora a qualidade de vida das pessoas. Mas claro a ganância privada impera sobre o interesse público.
Mas pus-me a pensar ainda mais longe do que isto, então e se fosse uma estratégia intencional... Alienar as pessoas, retirá-las do contexto humano, tirando-nos os nossos pequenos prazeres como espreguiçar-nos ao Sol, ou desfrutar um fim de tarde deitados na relva. Encerrados na nossa selva de betão a única escapatória que temos é ir para o tal centro comercial, fazer o que se faz lá, descarregar as nossas frustrações e pulsões através do consumo. Cá fora a única via para a sobrevivência é ter um veículo maior que o do vizinho que a luta na estrada é impiedosa. Mais rápido, mais musculado, mais fumarento, é a forma de nos sentirmos seguros no nosso pequeno mundo fechado e egoísta. Como num daqueles aviários em que os frangos crescem sem nunca se mexer do mesmo sítio pressionados pelo vizinho do lado, a maioria de nós sobrevive sem nunca saber perceber o que é a verdadeira liberdade.
Enquanto degustava o momento uma série de ideias começou-me a assaltar. Porque é que há tão poucos espaços verdes na nossa Lisboa? Espaços de lazer dizem que há muitos, centros comerciais então são aos pontapés, mas nem sei se podemos chamar a uma catedral do consumo um espaço de lazer. Quando saímos à rua fomos ameaçados por buzinas, escapes e veículos em movimento que nos querem esmagar como se fossemos obstáculos no seu caminho. Nada comparado à tranquilidade de um jardim. Mas porquê? Poderia argumentar-se que os jardins não dão dinheiro e os centros comerciais sim. Mentira, uma zona de lazer valoriza os terrenos e as habitações à sua volta, melhora a qualidade de vida das pessoas. Mas claro a ganância privada impera sobre o interesse público.
Mas pus-me a pensar ainda mais longe do que isto, então e se fosse uma estratégia intencional... Alienar as pessoas, retirá-las do contexto humano, tirando-nos os nossos pequenos prazeres como espreguiçar-nos ao Sol, ou desfrutar um fim de tarde deitados na relva. Encerrados na nossa selva de betão a única escapatória que temos é ir para o tal centro comercial, fazer o que se faz lá, descarregar as nossas frustrações e pulsões através do consumo. Cá fora a única via para a sobrevivência é ter um veículo maior que o do vizinho que a luta na estrada é impiedosa. Mais rápido, mais musculado, mais fumarento, é a forma de nos sentirmos seguros no nosso pequeno mundo fechado e egoísta. Como num daqueles aviários em que os frangos crescem sem nunca se mexer do mesmo sítio pressionados pelo vizinho do lado, a maioria de nós sobrevive sem nunca saber perceber o que é a verdadeira liberdade.
Clunk Acústico
Os Clunk estiveram alguns tempos afastados dos palcos para descanso do pessoal, mas também para a criação de algum material novo que vamos ter oportunidade de ouvir nos próximos concertos. Amanhã vamos ter uma oportunidade de fazer isso mesmo, os Clunk vão tocar amanhã (20 de Março) em formato acústico na Fábrica do Braço de Prata, a partir da meia-noite.
quarta-feira, março 18
Santa Estupidez
Há coisas que são difíceis de acreditar, o Papa em funções diz que o preservativo não resolve o problema da Sida. Em digressão pelos países africanos Ratzinger anda a tentar salvar as almas dos indígenas dizendo que a melhor solução para os seus males é mesmo a abstinência sexual. É caso para dizer santa ignorância, mas eu iria mais longe, santa hipocrisia e santa estupidez.
segunda-feira, março 9
Quem Matou o Carro Eléctrico?
Mais uma para os fãs das teorias da conspiração, mas também para qualquer pessoa que tenha uma consciência ecológica apresento um documentário sobre um modelo de carro eléctrico que foi comercializado à cerca de dez anos no EUA, no estado da Califórnia. Sim, tal coisa existiu mesmo, na altura também não ouvi falar. Além do EV-1 que foi desenhado de raiz pela General Motors, várias outras marcas adaptaram modelos existentes para que se movessem a electricidade. Apesar da versão oficial das marcas que diziam que tinham gasto milhões em publicidade e que os consumidores não queriam este produto, os carros tinham uma legião de fãs fiel que tudo fez para salvar o veículo limpo e silencioso. Apesar do movimento a seu favor os carros acabaram por desaparecer do mercado, foram retirados de circulação pelas marcas e destruídos. Dez anos depois voltámos à estaca zero, e começam de novo a aparecer protótipos. Porque é que perdemos dez anos? É a esta pergunta que o documentário tenta responder. Podemos reunir os suspeitos do costume, a industria do petróleo, grandes interesses económicos e políticos gananciosos. Obrigado ao Fred pela dica.
A segunda parte do vídeo está aqui.
A segunda parte do vídeo está aqui.
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quarta-feira, março 4
Um Jogo Perverso
Vale a pena apontar um excelente artigo no Diário Económico de hoje sobre a realidade pós-colonialismo. Fernando Gabriel explica a lógica hipócrita do países ocidentais em relação a África, dão com uma mão e tiram com a outra, cultivando a corrupção entre os caciques locais e favorecendo as assimetrias com o mundo desenvolvido. Muito lúcido também é o aviso que é deixado, África não ficará adormecida para sempre, há países como a China que estão a fazer investimentos com critério e estão a dar a oportunidade às economias locais que cresçam e se desenvolvam. Apesar de estarmos habituados a ser o "primeiro mundo" é perfeitamente cabal que jogo geopolítico se inverta. Já há pequenos sintomas que validam essa possibilidade, como os imigrantes nos EUA que começam a voltar aos países de origem depois de adquirirem formação superior.
As fotografias são da autoria de Sebastião Salgado, e fazem parte do seu trabalho "África".
As fotografias são da autoria de Sebastião Salgado, e fazem parte do seu trabalho "África".
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