Mas o centro da accção é a própria autora, após crescer numa família liberal e letrada, e estudar no liceu francês de Teerão dá-se a revolução islâmica que transforma toda a vida no país. Vê.se de repente a usar véu, presencia a estranha e súbita mudança de discurso dos professores. Ao estalar a guerra os pais, prudentes, mandam-na para Viena onde prosseguem as peripécias da jovem menina. A adolescência num país estranho e desprovida de amigos verdadeiros deixam as suas marcas. Marjane passa por ser aluna brilhante para acabar a dormir na rua e quase morrer de pneumonia. Fora do seu país sente-se exilada, quando acaba por retornar descobre que o fundamentalismo está a estrangular o seu país, descobre que não há nada para que voltar.
Originalmente esta saga foi publicada em quatro volumes, mas na edição que me chegou estão todos compilados num único. Confesso que a parte que mais me fascinou da narrativa foram os primeiros anos, em que a personagem principal ainda é uma menina. Fascinou-me a sua visão do mundo e dos adultos, distanciada das mentiras e das reviravoltas da politica e dos interesses internacionais que acabam por desembocar na desgraça do seu povo. Em termos técnicos os quadradinhos que dão corpo à obra não são nenhuma proeza, no entanto cumprem perfeitamente o papel de nos transportar até ao mundo simples e expressivo em que vive a menina. Tenho a versão em espanhol desta obra, desconheço completamente se existe em português, mas aconselho. Entretanto a autora já publicou muitas outras obras, relacionadas com o Irão e não só, mas um dos últimos projectos foi a adaptação cinematográfica de Persepolis (em desenho animado), quero ver!
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