Antes de mais vou esclarecer a minha posição religiosa. Eu sou agnóstico, ou seja, acredito que o ser humano não sabe, nem nunca poderá saber qual é a verdadeira natureza divina, ou sequer se Deus existe. Na verdade nenhuma das religiões me convence, não consigo engolir as explicações deles para os mistérios do mundo. Aceito que a religião seja necessária, é preciso orientar os pobres de espiríto. Dizia Karl Marx que a religião é ópio do povo. Acho que não é bem isso, a religião dá ao crente um sistema de recompensa e castigo, portas-te bem vais pó céu, portas-te mal vais pó inferno. Antes de se terem escrito leis, antes de terem inventado o senso comum, alguem teve de inventar modos de coabitar em sociedade. Códigos de conduta aceitáveis. Tenho de investigar melhor, mas parece-me a mim que o conceito do bem e do mal deve estar intimamente ligado aos dogmas da religião.
Mas sejamos honestos, há coisas que não batem certo. Vamos tomar como exemplo o Cristianismo. O Deus do Velho Testamento, um Jeová cruel e vingativo. Há um episódio na Bíblia em que é pedido a Job (um homem bondoso e justo) que prove a sua fé, são-lhe exigidos inúmeros sacrifícios, incluíndo a vida dos próprios filhos. Ora, é este o mesmo Deus que no Novo Testamento fala de amor e perdão pela boca de Jesus? Acho que o J.C. foi um visionário, um hippie adiantado 2000 anos, mas apenas um homem. O gajo existiu mesmo, está provado. Milagres não sei se fez, mas os ensinamentos dele têm toda a lógica. O grande problema é que a religião é um instrumento poderoso, e quando as pessoas que têm esse poder na mão têm motivações duvidosas é muito perigoso. Há princípios fundamentais de respeito pelo ser humano que são pregados por vários credos, para logo a seguir serem desrespeitados em nome do Senhor. No Al-Corão não se incita à violência, muito pelo contrário... mas isso é só um exemplo.
Vem tudo isto a propósito da trasladação do corpo da irmã Lúcia no passado Domingo. Eu tive a assistir a um bocadinho daquilo enquanto almoçava aqui numa tasca de Alfama. Parece que todos os canais generalistas levaram a cobertura do evento muito a sério, deu direito a transmissão em directo a tarde toda. Depois da pompa e circunstância do funeral, já está na calha a beatificação. Não sei se houve muita gente a seguir esta epopeia por televisão, ou mesmo no próprio santuário, mas eu achei a celebração intrigante. Os três pastorinhos viram umas luzes e a Virgem Maria à uma data de anos, parece que houve mais gente a ver também. Não sei, eu não estava lá. Se calhar viram mesmo. Também há os segredos, mas esses também não me convencem. O Luis de Matos também adivinhou os números dos totoloto... Mas só os revelou depois de ter sido o sorteio claro! Não posso evitar interrogar-me, que é que esta senhora fez que se visse? Esteve enfiada num convento toda a vida. A maioria dos candidatos à beatificação, além do sofrimento ou perseguições que experimentaram em vida, também deixaram obra feita. Ajudaram o próximo. Que marca é que os pastorinhos deixaram para a posteridade?
O nascimento de uma cidade, Fátima, onde antes não havia nada. E de um culto, o da Virgem de Fátima. Vou ser sincero, já estive em sítios que me inspiraram um sentimento de religiosidade, quando entramos numa catedral sentimos-nos pequenos. Também nos podemos sentir perto de Deus a contemplar o céu, ou a admirar uma paisagem. Das vezes que fui a Fátima só consegui sentir pena daquelas pessoas que andam por lá, a pagar promessas. Não sei porquê o ser humano tem a tendência a auto-flagelar-se quando não se sente bem consigo próprio, é um fenómeno bem conhecido dos psicólogos e psiquiatras. Depois de se terem arrastado de joelhos pelo santuário, podem ir ali já ao lado, às lojas de recordações. Já de coração limpo, podem comprar uma medalha, ou um calendário, até mesmo um corta-unhas com a imagem de Nossa Senhora. Já se sabe, os objectos pequeninos mais baratos são os que se vendem melhor. Os próprios comerciantes da zona acham que o culto já teve melhores dias, o negócio anda fraco.
É tudo demasiado brejeiro, mesmo à portuguesa. Mas isto não escapa aos responsáveis eclesiásticos, aquilo precisa é duma reestruturação, um bom plano de marketing, gestão profissional. O vaticano também já reparou.
quinta-feira, fevereiro 23
terça-feira, fevereiro 21
Esbanjar é bom!
Este mês foi um bocado apertado. Tive de largar 900 heróis para as propinas e a conta bancária aproximou-se perigosamente do saldo zero. Felizmente ontem foi dia de São Receber, e já estou temporariamente rico outra vez!
Hoje como tinha de fazer umas compras, e sem nada de melhor para fazer, passei no centro comercial. Há muito tempo que andava de olho no iPod, mas a sociedade de consumo é lixada, mete-nos os desejos na cabeça, e depois não os consegue satifazer. Onde quer que eu fosse o brinquedo estava esgotado. Estava a pensar comprar o Nano, mas hoje cheguei à Worten e lá estava ele, o iPod Video a rir-se para mim, a gritar leva-me! Se calhar o mês que vem também vou andar à rasca, mas que se lixe! Além do iPod, também trouxe um livrito que está a dar que falar por aí, o Freakonomics, que segundo parece é um olhar diferente sobre a economia actual. Pode ser que mereça um comentário quando o acabar.
Hoje como tinha de fazer umas compras, e sem nada de melhor para fazer, passei no centro comercial. Há muito tempo que andava de olho no iPod, mas a sociedade de consumo é lixada, mete-nos os desejos na cabeça, e depois não os consegue satifazer. Onde quer que eu fosse o brinquedo estava esgotado. Estava a pensar comprar o Nano, mas hoje cheguei à Worten e lá estava ele, o iPod Video a rir-se para mim, a gritar leva-me! Se calhar o mês que vem também vou andar à rasca, mas que se lixe! Além do iPod, também trouxe um livrito que está a dar que falar por aí, o Freakonomics, que segundo parece é um olhar diferente sobre a economia actual. Pode ser que mereça um comentário quando o acabar.
segunda-feira, fevereiro 20
Envelope 9
O escândalo rebentou no dia 13 de Janeiro, quando o jornal 24 Horas revelou uma fuga de informação bastante grosseira no processo Casa Pia. Os registos de cerca de 208 números de telefone de pessoas, que não tinham rigorosamente nada a ver com o processo da pedofilia, vieram agregados aos dados de facturação de um dos arguidos que haviam sido requisitados pelo Tribunal. Entre essas pessoas incluem-se vários deputados e o próprio Presidente da Républica.
Jorge Sampaio, em declarações feitas à mais de um mês, pediu urgência no esclarecimento da situação. O procurador-geral da República veio hoje dizer que há um esforço muito grande para terminar o mais brevemente possível o inquérito ao caso do Envelope 9, mas que a investigação não deve estar pressionada por prazos.
Porreiro da vida, precisam de tempo para descobrir quem é que deu bronca e deixou escapar dados confidenciais. Segundo parece as coisas até estão a andar, já foram constituídos como arguidos os jornalistas que meteram a boca no trombone e denunciaram a situação...
Jorge Sampaio, em declarações feitas à mais de um mês, pediu urgência no esclarecimento da situação. O procurador-geral da República veio hoje dizer que há um esforço muito grande para terminar o mais brevemente possível o inquérito ao caso do Envelope 9, mas que a investigação não deve estar pressionada por prazos.
Porreiro da vida, precisam de tempo para descobrir quem é que deu bronca e deixou escapar dados confidenciais. Segundo parece as coisas até estão a andar, já foram constituídos como arguidos os jornalistas que meteram a boca no trombone e denunciaram a situação...
domingo, fevereiro 19
Walk the line
Ultimamente tenho ido todas as semanas ao cinema, comprei o King Card e posso ir sempre que me apetecer. Por isso tenho aproveitado, não comentei aqui os últimos filmes que fui vêr, mas são ambos bons filmes. Thumbsucker é um filme sobre a adolescência, a descoberta da personalidade, não é de modo nenhum uma comédia, é mais um melodrama. O outro, Brokeback Moutain, um argumento e personagens muito bem construídos. Excelente fotografia a mostrar a beleza das paisagens naturais, cenário para a vida dupla dos protagonistas. É um grande filme, mas eu não gosto muito de dramalhões, a história podia ter saído dum daqueles livros de capa cor-de-rosa da Harlequin.
Já a história de Johnny Cash deixou-me colado ao ecrã. A existência torturada dum homem cheio de talento. Desde as suas origens humildes, a perda pessoal e as relações difíceis em casa. Depois a música, o sucesso, a decadência. De um ponto de vista histórico o filme é interessante, vemos uma América rural, atrasada, habitada pelos redneck's. Temos também opurtunidade de conhecer as primeiras estrelas da música pop. Conhecer o seu quotidiano, os seus vícios. O modo de vida que tornou as estrelas rock em ícones românticos e trágicos.
O mais interessante são mesmo os conflitos pessoais de Johnny. O seu esforço para manter o equilibrio, a luta constante com os fantasmas. Achei a interpretação de Joaquin Phoenix perfeita. Não o tinha em grande conta como actor, mas talvez a suas próprias experiências pessoais e familiares lhe tenham dado o feeling necessário para encarnar o papel do músico.
Tudo isto acompanhado do princípio ao fim por guitarradas e cantoria. Confesso que não conhecia muito bem o espólio musical deste senhor. Mas fiquei muito bem impressionado, merece uma análise mais atenta. Quando ouvimos pela primeira vez, imaginamos americanos saloios a dançar. Mas se escutarmos com atenção ouvimos contos sobre dor e redenção, narrados com alegria, ritmo e muita irreverência.
Já a história de Johnny Cash deixou-me colado ao ecrã. A existência torturada dum homem cheio de talento. Desde as suas origens humildes, a perda pessoal e as relações difíceis em casa. Depois a música, o sucesso, a decadência. De um ponto de vista histórico o filme é interessante, vemos uma América rural, atrasada, habitada pelos redneck's. Temos também opurtunidade de conhecer as primeiras estrelas da música pop. Conhecer o seu quotidiano, os seus vícios. O modo de vida que tornou as estrelas rock em ícones românticos e trágicos.
O mais interessante são mesmo os conflitos pessoais de Johnny. O seu esforço para manter o equilibrio, a luta constante com os fantasmas. Achei a interpretação de Joaquin Phoenix perfeita. Não o tinha em grande conta como actor, mas talvez a suas próprias experiências pessoais e familiares lhe tenham dado o feeling necessário para encarnar o papel do músico.
Tudo isto acompanhado do princípio ao fim por guitarradas e cantoria. Confesso que não conhecia muito bem o espólio musical deste senhor. Mas fiquei muito bem impressionado, merece uma análise mais atenta. Quando ouvimos pela primeira vez, imaginamos americanos saloios a dançar. Mas se escutarmos com atenção ouvimos contos sobre dor e redenção, narrados com alegria, ritmo e muita irreverência.
quarta-feira, fevereiro 15
Música na Net
Acho que toda a gente já fez download dum mp3, somos todos um bocadinho piratas. Mas não é só de ilegalidades que vive o fenómeno da música na net. Encontrar informação sobre aqueles gajos novos, ou a letra daquela música, ou os últimos mexericos sobre a nossa banda preferida. Tudo isso é possível, e duma maneira bastante mais cómoda do que empregando meios tradicionais. Para quem cria também é mais fácil dar-se a conhecer.
As lojas virtuais como o iTunes já vendem milhões. As editoras tradicionais estão a tremer de medo, a ver o negócio a escapar-se. As primeiras atitudes foram a perseguição da pirataria e do file sharing, agora andam a pôr processos a torto a direito contra pessoas que acusam de ser ladrões. Estão também a pressionar o iTunes para que o preço cobrado por canção deixe de ser uniforme, de modo a que artistas mais populares possam ser mais caros.
Respeito muito a propriedade intelectual, acho que os artistas devem ser recompensados pelo que fazem, por isso mesmo compro a música que gosto. Acho é que as editoras tradicionais têm os dias contados. Não estou a falar das editoras independentes, que hão-de ter sempre o seu nicho de mercado e os seus fãs. Estou a falar das multinacionais, qual é o valor acrescentado que elas produzem? Aparte de manipular as tabelas de vendas, influenciar as playlists e vender muita música merdosa... nada. Acho que com o advento das lojas virtuais vamos eliminar os intermediários e vamos ganhar todos, os artistas, e os fãs.
Como não podia deixar de ser, vou falar de música que descobri na net. Os Artic Monkeys já eram sucesso em Inglaterra antes sequer de terem album editado. Ouvi-os pela primeira vez na net, hoje em dia posso ouvi-los na minha rádio preferida, estou a pensar ir vê-los ao Paradise Garage em Lisboa, dia 18 de Maio.
Hoje falaram-me de outro grupo que também está a levantar muito hype em Inglaterra. O nome abriu-me o apetite, Selfish Cunt. Fui procurar e encontrei relatos de concertos cheios de energia, stage diving e pancadaria, agradou-me tive de ir ouvir! Eles estão por cá na próxima sexta no Máus Hábitos no Porto, ou no Maxime em Lisboa no sábado. Obrigado pela dica Sandra.
As lojas virtuais como o iTunes já vendem milhões. As editoras tradicionais estão a tremer de medo, a ver o negócio a escapar-se. As primeiras atitudes foram a perseguição da pirataria e do file sharing, agora andam a pôr processos a torto a direito contra pessoas que acusam de ser ladrões. Estão também a pressionar o iTunes para que o preço cobrado por canção deixe de ser uniforme, de modo a que artistas mais populares possam ser mais caros.
Respeito muito a propriedade intelectual, acho que os artistas devem ser recompensados pelo que fazem, por isso mesmo compro a música que gosto. Acho é que as editoras tradicionais têm os dias contados. Não estou a falar das editoras independentes, que hão-de ter sempre o seu nicho de mercado e os seus fãs. Estou a falar das multinacionais, qual é o valor acrescentado que elas produzem? Aparte de manipular as tabelas de vendas, influenciar as playlists e vender muita música merdosa... nada. Acho que com o advento das lojas virtuais vamos eliminar os intermediários e vamos ganhar todos, os artistas, e os fãs.
Como não podia deixar de ser, vou falar de música que descobri na net. Os Artic Monkeys já eram sucesso em Inglaterra antes sequer de terem album editado. Ouvi-os pela primeira vez na net, hoje em dia posso ouvi-los na minha rádio preferida, estou a pensar ir vê-los ao Paradise Garage em Lisboa, dia 18 de Maio.
Hoje falaram-me de outro grupo que também está a levantar muito hype em Inglaterra. O nome abriu-me o apetite, Selfish Cunt. Fui procurar e encontrei relatos de concertos cheios de energia, stage diving e pancadaria, agradou-me tive de ir ouvir! Eles estão por cá na próxima sexta no Máus Hábitos no Porto, ou no Maxime em Lisboa no sábado. Obrigado pela dica Sandra.
terça-feira, fevereiro 14
Bombas & Cartoons
Liberdade de expressão é o direito de manifestar opiniões livremente. Isso inclui falar, escrever, desenhar... Como na própria definição de liberdade, a linha entre a liberdade dos outros e a nossa é muito ténue, mas não podemos confundir o respeito por outras culturas com fundamentalismo religioso. Acho que o mundo ocidental não tem nada que pedir desculpa.
Sem Valentim
O dia dos namorados é uma tradição multi-cultural, e bastante antiga. As primeiras referências históricas ao dia de São Valentim remontam ao século 14! Em Inglaterra e França havia o costume de mandar uma nota escrita, muitas vezes anónima, à pessoa amada. Com os tempos transmitir os sentimentos foi ficando mais cómodo, no século 19 a tradição já tinha mudado um pouco, o normal era ir comprar um postalito e enviar, já se poupava o trabalho de escrever.
Hoje em dia é o que se sabe, se queremos dizer algo a alguem, dizemo-lo com uma prenda, uma oferta. Mostramos o carinho através da etiqueta do preço, palavras são só palavras. Não tenho nenhuma amada a quem inundar de atenções, sinto-me um pouco amargurado. Simplesmente cedendo ao impulso consumista é possível que me sinta melhor, se calhar vou comprar uma prenda para mim próprio e está o assunto resolvido.
Hoje em dia é o que se sabe, se queremos dizer algo a alguem, dizemo-lo com uma prenda, uma oferta. Mostramos o carinho através da etiqueta do preço, palavras são só palavras. Não tenho nenhuma amada a quem inundar de atenções, sinto-me um pouco amargurado. Simplesmente cedendo ao impulso consumista é possível que me sinta melhor, se calhar vou comprar uma prenda para mim próprio e está o assunto resolvido.
sábado, fevereiro 11
A EMEL roubou-me o carro
No início deste mês decidi comprar o passe, e poupar, dinheiro em gasóleo, e tempo enclausurado no meio do trânsito. Estar fechado dentro do carro durante hora ou hora e meia no regresso a casa deixa-me sempre mal-disposto. Trabalho em Oeiras, ir para lá não é muito mau, mas voltar para Lisboa é uma tortura todas as tardes. Evito sair às seis, altura em que o pessoal todo sai disparado, direitinho para guardar o respectivo lugar no engarrafamento.
Comecei a fazer uma formação, vou ser CLE, um gajo certificado em Linux. Como aquilo é ali para os lados de Telheiras, no Pólo Tecnológico de Lisboa resolvi andar de transportes públicos até ao fim do mês e deixar o carro à porta de casa.
O estacionamento na minha zona é bem caótico, em Alfama já não é fácil arranjar lugar para estacionar na zona aberta, ainda para mais agora que a minha rua está em obras em fechada ao trânsito. Isso é outro stress que tenho andado a poupar todos os dias. Mas na terça passada tive uma surpresa desagradável ao chegar a casa. O carro já não estava no sítio onde o tinha deixado, o arrumador, prestável informou-se que tinha sido rebocado pela EMEL.
Fiquei fulo da vida... mas lá fui buscar o meu pópó, larguei 90 euros mas tive o meu carrito de volta. Eu realmente não paguei parquímetro, quase nunca pago... moro ali, porque isso nunca meto moedas na maquineta. Se calhar é justo terem-me rebocado o carro. No entanto acho um pouco estranho uma entidade privada poder passar multas, ou mesmo levar propriedade alheia. Sim porque quem rebocou o meu carro foi a EMEL e não a PSP, foi direitinho para o parque deles em Sete Rios. Afinal, um agente da polícia fez um juramento, tem um código deontológico, a profissão dele é proteger-me. O objectivo de uma empresa privada só pode ser o lucro no fim de contas.
No dia seguinte por descargo de consciência lá meti uma moeda. Mas não adiantou muito, quando cheguei a casa lá tinha outro aviso de pagamento. Saí por volta das 7:30, meti um euro e tal, aquilo dava até as 9 e picos, e pirei-me. Um senhor passou-me o papelinho exactamente à hora que meu o título acabava. Aí ia-me dando uma coisinha má, deviam tar a gozar com a minha cara. Fui à loja do munícipe, para informar do procedimento para pedir o estatudo de morador, e também para apresentar uma reclamação.
Desilusão total, para pedir o dístico de morador, preciso de mudar os documentos todos. Além de me custar uma pipa de massa, também vou ficar montes de tempo à espera. E a minha casa actual é provisória, ou seja o mais provável é andar mais uns tempos a ignorar os parquímetros. Mas a resposta à minha reclamação é que me deixou estupefacto, os senhores que passam os avisos de pagamento não são da EMEL, são de uma empresa contratada por eles, a SPARK. Se quiser reclamar contra o senhor que me passou aquilo (indevidamente penso eu) tenho de deslocar às instalações desta empresa. Eles têm a cena muito bem montada, e no meio deste cambalacho que é que me protege?
Comecei a fazer uma formação, vou ser CLE, um gajo certificado em Linux. Como aquilo é ali para os lados de Telheiras, no Pólo Tecnológico de Lisboa resolvi andar de transportes públicos até ao fim do mês e deixar o carro à porta de casa.
O estacionamento na minha zona é bem caótico, em Alfama já não é fácil arranjar lugar para estacionar na zona aberta, ainda para mais agora que a minha rua está em obras em fechada ao trânsito. Isso é outro stress que tenho andado a poupar todos os dias. Mas na terça passada tive uma surpresa desagradável ao chegar a casa. O carro já não estava no sítio onde o tinha deixado, o arrumador, prestável informou-se que tinha sido rebocado pela EMEL.
Fiquei fulo da vida... mas lá fui buscar o meu pópó, larguei 90 euros mas tive o meu carrito de volta. Eu realmente não paguei parquímetro, quase nunca pago... moro ali, porque isso nunca meto moedas na maquineta. Se calhar é justo terem-me rebocado o carro. No entanto acho um pouco estranho uma entidade privada poder passar multas, ou mesmo levar propriedade alheia. Sim porque quem rebocou o meu carro foi a EMEL e não a PSP, foi direitinho para o parque deles em Sete Rios. Afinal, um agente da polícia fez um juramento, tem um código deontológico, a profissão dele é proteger-me. O objectivo de uma empresa privada só pode ser o lucro no fim de contas.
No dia seguinte por descargo de consciência lá meti uma moeda. Mas não adiantou muito, quando cheguei a casa lá tinha outro aviso de pagamento. Saí por volta das 7:30, meti um euro e tal, aquilo dava até as 9 e picos, e pirei-me. Um senhor passou-me o papelinho exactamente à hora que meu o título acabava. Aí ia-me dando uma coisinha má, deviam tar a gozar com a minha cara. Fui à loja do munícipe, para informar do procedimento para pedir o estatudo de morador, e também para apresentar uma reclamação.
Desilusão total, para pedir o dístico de morador, preciso de mudar os documentos todos. Além de me custar uma pipa de massa, também vou ficar montes de tempo à espera. E a minha casa actual é provisória, ou seja o mais provável é andar mais uns tempos a ignorar os parquímetros. Mas a resposta à minha reclamação é que me deixou estupefacto, os senhores que passam os avisos de pagamento não são da EMEL, são de uma empresa contratada por eles, a SPARK. Se quiser reclamar contra o senhor que me passou aquilo (indevidamente penso eu) tenho de deslocar às instalações desta empresa. Eles têm a cena muito bem montada, e no meio deste cambalacho que é que me protege?
quinta-feira, fevereiro 9
I just can't get enough
Já há muito tempo que não ia ver um concerto, demasiado! Confesso que sou um desleixado, deixo sempre para amanhã o que posso fazer hoje. Foi isso mesmo que aconteceu com os Depeche Mode. Quando ficaram a venda os bilhetes, muitos meses antes do concerto, não comprei. Fui adiando, adiando, quando dei por isso já tinham esgotado. Nada mais natural, dado o entusiasmo a que se assistiu ontem.
Há coisas que se deixam passar e nunca mais voltam, aqui é mais simples, basta puxar da carteira. Paguei o dobro do preço na candonga, mas tive lá, e garanto que valeu cada centavo.
Como sala de espectáculos nunca gostei do Pavilhão Atlântico, é demasiado grande, o som faz eco, prefiro a intimidade do Coliseu. Ontem no entanto senti-me perfeitamente em casa no Atlântico. Aquela ansiedade anterior aos grandes concertos. A satisfação depois. Fui com amigos que já conheciam perfeitamente o roteiro da noite. A tournée já dura há algum tempo e os alinhamentos são sobejamente conhecidos. Eu caí de pára-quedas, não sei de cor as músicas do último album sequer.
Mas Martin Gore e companhia sabiam o que o público esperava. Alternaram entre as novas canções e os clássicos. Abriram com o novo, mas quando tocaram "A question of time" deu para perceber o que se ia passar. Esboçaram-se as primeiras vozes do público. À medida que foram tirando do armário músicas e letras, o público correspondeu à altura. Se a voz do vocalista falhou em algumas ocasiões, isso foi plenanente compensado por um coro de milhares de vozes.
O "Policy of truth" deu-me arrepios, dancei o "Enjoy the silence" com batida disco, ou o "Personal Jesus" com uma pitada de groove. Sonzinhos sintetizados aqui e ali, até um huntz huntz puramente house. Quem sabe, sabe, pode brincar um pouco. Ainda por cima quando o público está tão receptivo, todas as canções na ponta da lingua. Prenda especial no encore, "I just can't get enough". Doem-me os pés ainda, não sei como não estou afónico. Sim, porque afinal eu fui lá para saltar e gritar ao som duma das minhas bandas preferidas de sempre.
Há coisas que se deixam passar e nunca mais voltam, aqui é mais simples, basta puxar da carteira. Paguei o dobro do preço na candonga, mas tive lá, e garanto que valeu cada centavo.
Como sala de espectáculos nunca gostei do Pavilhão Atlântico, é demasiado grande, o som faz eco, prefiro a intimidade do Coliseu. Ontem no entanto senti-me perfeitamente em casa no Atlântico. Aquela ansiedade anterior aos grandes concertos. A satisfação depois. Fui com amigos que já conheciam perfeitamente o roteiro da noite. A tournée já dura há algum tempo e os alinhamentos são sobejamente conhecidos. Eu caí de pára-quedas, não sei de cor as músicas do último album sequer.
Mas Martin Gore e companhia sabiam o que o público esperava. Alternaram entre as novas canções e os clássicos. Abriram com o novo, mas quando tocaram "A question of time" deu para perceber o que se ia passar. Esboçaram-se as primeiras vozes do público. À medida que foram tirando do armário músicas e letras, o público correspondeu à altura. Se a voz do vocalista falhou em algumas ocasiões, isso foi plenanente compensado por um coro de milhares de vozes.
O "Policy of truth" deu-me arrepios, dancei o "Enjoy the silence" com batida disco, ou o "Personal Jesus" com uma pitada de groove. Sonzinhos sintetizados aqui e ali, até um huntz huntz puramente house. Quem sabe, sabe, pode brincar um pouco. Ainda por cima quando o público está tão receptivo, todas as canções na ponta da lingua. Prenda especial no encore, "I just can't get enough". Doem-me os pés ainda, não sei como não estou afónico. Sim, porque afinal eu fui lá para saltar e gritar ao som duma das minhas bandas preferidas de sempre.
segunda-feira, fevereiro 6
Um adeus
Hoje os sinos dobraram, a igreja de Santo António estava aberta. Alguns familiares, meia dúzia de conhecidos. Fui despedir-me de ti, estavas lá, mas já não te encontrei, não tive coragem sequer de espreitar. Sentei-me para contemplar uma caixa de madeira e chorar. Deixaste-me.
É impressionante como consigo ser egoísta com as pessoas que verdadeiramente gosto, mas é isso que sinto, deixaste-me. Na realidade fui eu que te abandonei neste últimos anos. O lar e os hospitais deprimem-me, tresanda a morte lá dentro. Especialmente no lar, as pessoas parecem abandonadas, conchas vazias sem esperança. Esperar a morte deve ser isso mesmo, a ausência de esperança.
Deste-me tanto, especialmente muitos momentos felizes de miúdo. Lembro-me bem de visitar-te, brincar na tua casa e no teu quintal. Lembro-me de me levares a passear por tardes solarengas de primavera, largar-te a mão para ir correr por campos verdes cobertos de amarelo e roxo. Beber a água daquele coxo de cortiça. Descobrir cantinhos secretos no meio de nada. Tinha tanta fantasia quando era miúdo, mais tarde, já adolescente em tempos de raiva e confusão conseguiste fazer-me sentir amado.
Amanhã voltas à terra, voltas para o lado do avô, como sempre quiseste. Espero não te ter desiludido.
É impressionante como consigo ser egoísta com as pessoas que verdadeiramente gosto, mas é isso que sinto, deixaste-me. Na realidade fui eu que te abandonei neste últimos anos. O lar e os hospitais deprimem-me, tresanda a morte lá dentro. Especialmente no lar, as pessoas parecem abandonadas, conchas vazias sem esperança. Esperar a morte deve ser isso mesmo, a ausência de esperança.
Deste-me tanto, especialmente muitos momentos felizes de miúdo. Lembro-me bem de visitar-te, brincar na tua casa e no teu quintal. Lembro-me de me levares a passear por tardes solarengas de primavera, largar-te a mão para ir correr por campos verdes cobertos de amarelo e roxo. Beber a água daquele coxo de cortiça. Descobrir cantinhos secretos no meio de nada. Tinha tanta fantasia quando era miúdo, mais tarde, já adolescente em tempos de raiva e confusão conseguiste fazer-me sentir amado.
Amanhã voltas à terra, voltas para o lado do avô, como sempre quiseste. Espero não te ter desiludido.
quinta-feira, fevereiro 2
Plano Tecnológico
Mr Bill Gates esteve por Portugal e encontrou-se com alguns ministros e mais alguma malta importante, assinou-se um memorando de entendimento para 18 acções de colaboração entre o país e a Microsoft. Uma delas é a formação de desempregados do sector têxtil no vale do Ave, na ârea das novas tecnologias, ainda não se conhece o número de formandos nem o conteúdo exacto desta formação.
Espero que o plano tecnológico não seja só feito de coisas destas, pessoalmente não vejo aqui mais do que uma manobra de marketing, ou pior ainda, uma forma de assegurar contrapartidas como o fornecimento de produtos ou serviços a orgãos públicos.
Sejamos sérios, pessoas que fizeram durante toda a sua vida um trabalho essencialmente manual e repetitivo vão ser reconvertidas dum dia para o outro em técnicos na ârea da informática? Não me parece. Mas isto é so um exemplo, o IEPF promove regularmente uma multitude de acções de formação profissional nas mais diversas âreas. Muitas delas remuneradas, atraindo assim as pessoas que fazem as estatísticas do desemprego.
A impressão que dá é que muitos desses cursos servem apenas para tapar o sol com a peneira. A pessoa deixa de ser desempregada, papa um cursozito com computadores, passa uns tempos a navegar na internet (a receber), e depois lá estamos de novo na bicha para o cheque do subsídio. Estratégias a longo prazo no campo da tecnologia? Ainda não vi nada, só rumores e tiradas sensacionalistas como a abertura dum pólo do MIT em Portugal.
Um dos campos onde há muito a fazer é a ligação entre os estabelecimentos de ensino superior e as empresas. Ou promover a I&D, investigação e desenvolvimento, um dos chavões preferidos dos gurus da nova economia. Que medidas estará o Sr Sócrates pensar tomar nestas âreas?
Pelo menos nalguma coisa estamos à frente dos restantes países da UE, as nossas escolas estão todas ligadas à Internet por banda larga. Este processo teve início em 1997, quando os primeiros estabelecimentos de ensino começaram a ligar-se à rede. Anuncia-se agora como uma das primeiras vitórias do Plano Tecnológico. Eu pessoalmente ando a vêr muitos planos e pouca tecnologia.
Espero que o plano tecnológico não seja só feito de coisas destas, pessoalmente não vejo aqui mais do que uma manobra de marketing, ou pior ainda, uma forma de assegurar contrapartidas como o fornecimento de produtos ou serviços a orgãos públicos.
Sejamos sérios, pessoas que fizeram durante toda a sua vida um trabalho essencialmente manual e repetitivo vão ser reconvertidas dum dia para o outro em técnicos na ârea da informática? Não me parece. Mas isto é so um exemplo, o IEPF promove regularmente uma multitude de acções de formação profissional nas mais diversas âreas. Muitas delas remuneradas, atraindo assim as pessoas que fazem as estatísticas do desemprego.
A impressão que dá é que muitos desses cursos servem apenas para tapar o sol com a peneira. A pessoa deixa de ser desempregada, papa um cursozito com computadores, passa uns tempos a navegar na internet (a receber), e depois lá estamos de novo na bicha para o cheque do subsídio. Estratégias a longo prazo no campo da tecnologia? Ainda não vi nada, só rumores e tiradas sensacionalistas como a abertura dum pólo do MIT em Portugal.
Um dos campos onde há muito a fazer é a ligação entre os estabelecimentos de ensino superior e as empresas. Ou promover a I&D, investigação e desenvolvimento, um dos chavões preferidos dos gurus da nova economia. Que medidas estará o Sr Sócrates pensar tomar nestas âreas?
Pelo menos nalguma coisa estamos à frente dos restantes países da UE, as nossas escolas estão todas ligadas à Internet por banda larga. Este processo teve início em 1997, quando os primeiros estabelecimentos de ensino começaram a ligar-se à rede. Anuncia-se agora como uma das primeiras vitórias do Plano Tecnológico. Eu pessoalmente ando a vêr muitos planos e pouca tecnologia.
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