Os cartões de fidelização tornaram-se uma prática corriqueira, e estão um pouco por todo o lado. Especialmente em supermercados hipermercados perguntam-nos sempre pelo cartãozinho quando estamos a passar as nossas compras pela caixa. A vantagens que oferecem são quase sempre descontos ou ofertas, uma vez acumulado um certo nível de pontos no cartão, e portanto de gastos na entidade emissora do cartão. Uma das das estratégias associadas a este tipo de prática é a fidelização do cliente, e a justificação mais comum quando se lança uma campanha deste tipo. Acontece que há outra vantagem bastante grande para a empresa emissora do cartão, a acumulação dos dados de consumo dos seus clientes, que juntamente com dados demográficos e segmentação de mercado pode-se tornar uma ferramenta valiosíssima para a empresa. Tão valiosa que estas bases de dados até se vendem e por boas maquias. Assim o valor acrescentado destas bases de dados compensa por uma larga margem os míseros centavos poupados pelos consumidores.
Foi com algum espanto que descobri que em Portugal existe agora um novo cartão deste género, um cartão de fidelização a farmácias, o cartão Farmácias Portuguesas. Não sei exactamente quais os benefícios, mas o conceito é que quanto mais medicamentos sejam comprados, mais descontos serão obtidos. Também vai ser possível comprar medicamentos a crédito. Não posso deixar de dizer que isto cheira mal! Sem dúvida os dados que vão ser recolhidos vão ser usados para alguma coisa. Talvez para subir o preço dos medicamentos mais consumidos, talvez para subir o preço dos medicamentos consumidos pelas classes mais abastadas, mas que eles vão ser usados de alguma forma vão. A indústria farmacêutica tem os seus truques para tornar o negócio mais rentável, tal como todas as outras, a questão aqui é do domínio ético.
Até onde estão as farmacêuticas e as farmácias dispostas a chegar para espremer o dinheiro dos seus clientes? Eu diria que muito longe, basta pensar um exemplo simples. um médico normalmente quando receita medicação indica a posologia e portanto a quantidade que vai ser consumida. Depois é pegar na receita, suponhamos que indica que vamos necessitar 12 cápsulas de uma dada droga, e ir à farmácia. Uma vez na farmácia dizem-nos que a embalagem de 12 cápsulas está esgotada... mas que existe a de 24... Isto já me aconteceu, e creio que concerteza não terei sido o único.
Ao que parece neste momento existe um conflito entre as duas associações de Farmácias em Portugal, a AFP (Associação de Farmácias de Portugal) queixa-se de concorrência desleal. Porque ao contrário do que a publicidade parece indicar, a iniciativa não se estende a todas as farmácias do país mas apenas às associadas da ANF (Associação Nacional de Farmácias).
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