domingo, maio 7

Ena Pá 2000 no Maxim

As sextas-feiras são sempre dias tramados, um gajo já está farto da semana de trabalho que passou, cansado mas cheio de vontade de ir para a rebaldaria. Esta sexta em particular estava sem planos, mas à ultima da hora apareceu um convite irrecusável. Para ir assistir a mais um concerto dos Ena Pá que na sexta actuaram no Maxim, e ontem passaram pelo Maus Hábitos no Porto. Digo mais um concerto porque já assisti a muitos, e vale sempre a pena. Na altura que eles eram habituais no Ritz Club fui lá várias vezes, ver os Epa Pá e os Catita, participar na festa da música e rir-me à gargalhada.

Entretanto o Ritz fechou, eles andaram uns tempos sem "casa" onde fazer os seus concertos e receber os amigos. Mas agora Manuel João Vieira está a dar a cara pelo antigo Cabaret Maxim. Ultimamente têm-se realizados lá muitos concertos, de bandas mais ou menos conhecidas. Estou farto de ouvir falar do concerto do José Cid que houve por lá, já várias pessoas me disseram que foi o "concerto do ano", tenho as minhas reservas... mas deve ter sido no mínimo engraçado! Ainda não conhecia o espaço, mas assim que entramos no Maxim somos transportados para outra realidade. Os pretos e os vermelhos dominantes na decoração, os brilhantes, os espelhos são indicação clara que nos encontramos num local com um espírito duvidoso, um Cabaret ou casa de meninas. É fácil olhar à volta, e imaginar aquele local povoado por raparigas ansiosas por nos agradar, gangsters recostados a beber um copo, e outra fauna típica dum filme negro.

Como sempre o grupo entrou em palco já muito atrasado, o pessoal todo a chegar à ultima da hora. Depois começam a tocar e dá para ver que estão com pressa para se embebedar, todos a emborcar whiskys e cervejolas quanto baste. Assim que soaram os primeiros acordes do "Masturbação" o público entrou em extâse, e a festa começou. Seguiram-se algumas das canções mais conhecidas, algumas pedidas insistentemente pelo público... Ao que parece "Marilú" é a preferida, com todas a vozes a gritar "quero ir-te ao cú"! Como é habitual, Lello Minsk não se lembrava das letras de nada, andava sempre às voltas no seu caderninho à procura da próxima canção, outras vezes era ajudado pelo público, mas o melhor é mesmo quando ele se põe a inventar. A música dos Ena Pá é uma espécie de reinterpretação de algumas músicas bem conhecidas, umas mais clássicas que outras, mas todas bem reconhecíveis. Eles adaptam-nas e tornam-nas nossas, bem brejeiras, num estilo bem português. Misturando a crítica social e política com os palavrões e o mau gosto, a receita faz sucesso.

Além de todas estas coisas, foi um concerto especial, porque estavam lá todos. Eles costumam andar por aí espalhados, como dizia Manuel João, mas desta vez estavam cá todos. O Gimba tinha abandonado estas andanças, mas estava lá, o baterista original também teve opurtunidade de ir tocar alguns temas, em substituição do actual. As valquírias continuam boazonas ao fim destes anos todos... Só houve uma coisa que foi pena, o concerto soube a pouco. Normalmente eles tocam até toda a gente se fartar, já assisti a concertos de cinco horas... na sexta ficaram-se pelas duas horas e meia, com intervalos pelo meio. O que importa é que foi bom para todos os que participaram. Eu sou o grão de noz moscada no empadão do amor!

ena pá 2000

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