terça-feira, janeiro 16

O Principezinho (de La Féria)

Mais uma montanha de tempo sem escrever... não é bloqueio de escritor, só preguiça, os pensamentos ultimamente absorvem-me. Vamos lá pôr a coisa em dia, normalmente quando vou ao cinema ou ao teatro faço um comentário, há umas coisas atrasadas.

No fim de semana passado volvi ao Teatro Politeama para assistir a mais uma adaptação de Filipe La Féria. O livro O Principezinho de Saint-Exupéry acho que perdura no imaginário de todos aqueles que tiveram a oportunidade de o ler. Se calhar classificado como livro para crianças, é muito mais do que isso. As personagens e situações parecem um sonho infantil e mirabolante, mas contam muito. Da jibóia ao homem de negócios todos metáforas, o fito talvez tenha sido explicar o mundo dos adultos na linguagem de uma criança, retratando-o com imagens de fantasia. Talvez seja o contrário, talvez seja o olhar de uma criança sobre o que a rodeia. Um olhar astuto e sagaz mas ao mesmo tempo cândido e inocente. Obra de um piloto de aviões, com a inclinação para escrever sobre as suas aventuras, ficou este livro adequado a todas as idades.

Existem várias adaptações, inclusive um filme, para mim nada conseguiu igualar a beleza do livro. Continuo a pensar o mesmo após ter ido ao Politeama ver a peça do La Féria. Até vou mais longe, aquilo foi um bocado fraquinho. O palco e um ecrã de fundo, actores e desenho animado, revezaram-se para ir contando a aventura do pequeno rapazinho de caracóis dourados. Os desenhos um pouco pobres, a cenografia também. Isto talvez passasse despercebido, se as personagens e as suas histórias estivessem bem delineadas, se conseguissem transmitir aquele olhar de que falava à pouco. Houve alguma originalidade na personificação de alguns intervenientes no livro mas estava à espera de mais, sobretudo depois da grata surpresa que levei da última vez. E desengane-se quem já viu esta peça apresentada como um musical, a música foi parca, as canções penosas! Alguém poderia ripostar que houve a necessidade de simplificar a coisa, para benefício dos mais novos. Não aceito esse argumento, simplesmente porque o livro é acessível a miúdos e graúdos, e é genial.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é o La Féria descobriu a «galinha dos ovos de ouro» e tem o condão de desqualificar obras tão importantes como O Principezinho.

Anónimo disse...

Pois eu também fui ver e não achei mau. Os miúdos que levei gostaram muito. Era impossível passar todo o trexto do livro para o palco. o livro é um livro e sempre o será. a peça será sempre outra coisa, como acontece com qualquer outra adaptação. quantos às canções parece muito bem que não aja (até me parece que não são autorizadas versões cantadas).