segunda-feira, julho 24

A Lula e a Baleia

Já passaram uns dias desde que fui vêr este filme, mas não quero deixar de fazer um pequeno comentário. Quem tenha lido a sinopse, ou visto a apresentação, sabe que se trata de um drama sobre a família. O drama não é propriamente um dos géneros preferidos do público, ainda por cima quando não aparecem nem gajos bons nem gajas boas. E sim, o leit-motif que serve de base a toda a história já está um bocado batido, o divórcio dum casal, os conflitos gerados a partir daí, a experiência dos filhos. Mas apesar de tudo isso, a apresentação agradou-me, e como o filme até está mais ou menos bem cotado, lá fui eu ver a longa-metragem.

Desde logo uma das coisas que me chamou a atenção foi a fotografia, todo o filme parece que foi rodado com uma handy-cam, não foi, mas a impressão que a imagem nos transmite é essa. Os planos, as cores, o grão na imagem, tornam toda a acção muito próxima. Fez-me um pouco lembrar o HI-8, e creio que esta escolha de ambiente foi bem intencional, tanto pela dita familiaridade e proximidade com que olhamos para o ecrã, mas também para nos situar temporalmente num passado recente. É curioso que o filme não mostra em nenhum momento imagens que possam ser consideradas chocantes, mas tem bastante referências ao sexo, e referências evidentes sem complexos. Talvez por isso no EUA tenha sido classificado Rated R for strong sexual content, graphic dialogue and language, na Europa somos mais brandos, o filme é M/16.

Não vou falar muito sobre a história em si, o guião foi inspirado em factos reais, e a accção acontece no seio duma família um pouco elitista, um casal de escritores e os seus filhos. À partida tudo parece cor-de-rosa, ou nem por isso. Afinal o casamento está em crise há bastante tempo, e a separação é inevitável. Acontece assim, tão rápido como isso. Uma separação amigável, que depois vai azedando, verdades que são sendo reveladas, no meio disso tudo duas personagens cuja personalidade está em formação. Em crianças, ou até jovens adultos imitamos os nossos modelos, queremos ser iguais aos nosso ídolos. E quer queirasmos quer não, também seguimos os padrões de comportamento que observamos nas pessoas que nos estão mais próxima, os pais. Torna-se dificil lidar com a realidade, com a falibilidade dos nossos modelos, faz parte do crescimento. A desorientação é natural, o processo ainda é mais doloroso quando os rebentos do casal são obrigados a enfrenta-lo duma forma precoce. No fim de contas este filme não é sobre divórcios, é sobre crescer.

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