domingo, maio 28

Super Bock Super Rock - Act I

Gostava de saber quem foi a luminária que se lembroou de fazer concertos em Lisboa a meio da semana. Não tenho nada a apontar a quem subiu ao palco, os espectáculos foram muito bons. Mas como já vem sendo tristemente habitual a organizaçao deixou bastante a desejar. Em termos de logística, em termos de distribuição do espaço no parque Tejo, e novidade este ano os dias foram muito mal escolhidos. Qual terá sido a lógica? Se pensam que são só putos rebeldes que não fazem nenhum e faltam às aulas pa ir a concertos que gostam de música pesada, só demonstram ignorância. A malta que trabalha e tem um horário das nove às seis (no meu caso das nove até às horas que fôr preciso) também gosta. Se calhar tiveram medo que o Rock in Rio lhes roubasse público, mas como, se a música e portanto os fãs são completamente distintos. Consequência disto o pessoal tem de sair directo do trabalho, gramar com o trânsito, a seguir desesperar para estacionar o carro, e finalmente quando um gajo chega lá já tocaram dois ou três grupos. Já nem vou falar na dificuldade em comprar uma cerjeva, ou no má educação das pessoas que estão a servir, já sabemos o que a casa gasta é todos os anos a mesma coisa.

Mas vou falar de música, que foi isso que lá fui fazer. No primeiro dia cheguei a meio do concerto dos Moonspell, não puxou muito por mim, se calhar por nunca ter sido grande fã, mas acho que a prestação deles ao vivo não impressionou muito. Quem sim me impressionou foram os Soulfly, que apesar de eu não ser fã, demonstraram que ainda estão cheios de energia e conseguem pôr uma multidão a saltar. Até houve um encontro de gerações em palco, com o filho do vocalista a vir cantar uma música. Foi enternecedor vêr que o puto consegue dar uns urros tão aterradores como os do pai. Notava-se que havia por ali muitos fãs dos Korn, e eles deram um grande concerto, não desiluriram. Mas antes dos Korn actou outra grande banda, portuguesa, e muito mal amada. Não percebo porquê, já andam por aí à muito tempo e a fazer coisas bastante inovadoras. Se calhar é esse o problema, os Bizarra Locomotiva devem ser uns incompreendidos. Grande prestação para os Bizarra, é sempre um prazer vê-los ao vivo.

No segundo dia ainda cheguei mais tarde, tinha vontade de ver os Alice in Chains. Aquilo deve ser uma fantochada, com outro bacano a cantar mas queria vêr para poder dizer mal, já não deu. A minha preferência era claramente para vêr os Placebo, tudo o resto ficou um pouco para segundo plano. Foi uma grata surpresa quando me apercebi que os X-Wife estavam a tocar no palco secundário. E eram uns X-Wife muito mudados em relação aos que vi recentemente no Lux. Parece que conseguiram encaixar o baterista na banda, e isso abriu uma dimensão completamente nova, fenomenal na música deles. Com as programações e os loops de lado, é o bateria que marca o ritmo frenético das músicas (ja disse e repito, o homem deve ter saído duma banda de death ou speed metal). Um som muito mais orgânico e vital, onde as guitarras e a voz estridente encaixam perfeitamente gerando um todo muito mais homógeneo. Até aqui tudo muito bom, mas mais uma vez tenho de censurar a organização. A obsessão pelos horários, e a limitações de tempo têm de ter limites, no meio de um concerto excelente em que os X-Wife apenas estavam a começar com o público ao rubro cortaram o som, deixando o vocalista a falar para o boneco. Deplorável. Os Placebo entraram a seguir, e entraram em força, com as canções com mais garra do último album. Sempre num ritmo frenético continuaram com o Meds, também deu direito a alguns clássicos, a acabar com Nancy Boy para encore. Uma música de encore, só uma. Também tinham o tempo contado pois. Noite a acabar com Tool, que não sei se alguem se lembra começaram na mesma altura dos Nirvana, nunca tiveram o reconhecimento que a música deles merece. Parace que hoje em dia finalmente estão a amassar uma legião de fãs, em portugal inclusive.

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