quarta-feira, novembro 30

Gente que trabalha

Acordar de manhã com a merda do despertador a bunizar no ouvido. A seguir ir a correr para um curral de vidro, fechado o dia todo a ouvir as bacoradas do chefe...É mau. É o dia a dia de muita malta. Mas que dizer da experiência da experiência dos coitados que trabalham aqui?

segunda-feira, novembro 28

Vieira para Presidente!

Até parece anedota

Um prestigiado gestor vai tomar posse no cargo de director geral de uma grande empresa. Antes de começar a exercer tem uma audiência privada com o seu antecessor. Leva algumas perguntas preparadas, tem um bom currículo mas nada numa posição deste gabarito.

- Como foi a sua experiência aqui? Deve ser uma tarefa desgastante, gerir uma empresa como esta, não deve ser pêra doce!
- Naaa, isto é um descanso pá. Isto aqui não se faz nada.

O novo ocupante da cadeira de direcção fica surpreendido, mas não quer faltar ao respeito a alguem mais velho e mais experiente que ele.

- Definir as estratégias, encontrar as linhas de expansão para o futuro, manter o rigor orçamental,zelar por que tudo na linha, tudo isso decerto ocupava-lhe muito tempo?
- Nada disso, ai estes jovens, chefe que é chefe não faz nada! Ou que é que julgas?

O jovem gestor, já boquiaberto, não sabe que pensar nem que dizer.

- Então mas... não tem nenhum conselho que me dê?
- Ah! Isso sim, escuta bem jovem, deixo-te três cartas...

O homem mais velho tira da gaveta trancada três envelopes selados.

- O teu trabalho é simples, chega atrasado, usa o carro da empresa, o cartão de crédito, abusa das despesas de representação. Até podes andar por aí comer as secretárias a vontade! Mas quando houver dificuldades na empresa, podes recorrer a estas cartas. Em cada uma delas estará a solução para o teu problema.

Agradecido pelo conselho, e pelas cartas o jovem despede-se e toma o seu lugar à frente dos destinos da empresa. Nesse mesmo ano, as coisas começaram a dar para o torto, os lucros da empresa diminuiram, os gastos subiram, os accionistas reclamavam uma explicação. Como escapar a esta situação? Mas é claro abrir a primeira carta! No seu interior dizia:

- Atribui todas as culpas ao teu antecessor, as contas ficaram num estado lastimável, é preciso tempo para recuperar.

Brilhante! Pensou o nosso gestor, e assim foi, a explicação foi aceite. E ele próprio aclamado pelo seu trabalho em vista da situação anterior da empresa. Os anos seguintes foram anos prósperos, até ganhou o hábito de ir viajar às custas da empresa, viagens de de negócios em primeira classe, e despesas de representação evidentemente. Isto é que é vida!

O tempo passou e a crise instalou-se, a empresa começou a apresentar maus resultados de novo, desta vez era mesmo mau, não havia dinheiro para pagar os salários. Altura de abrir a segunda carta...

- Culpa a conjuntura e a crise. A empresa está a ser influenciada pela concorrência externa e pela desacelaração da economia.

Este velho era um tipo esperto, não percebo porque é o puseram a andar, pensou ele. De novo os accionistas aceitaram a explicação, foram feitos despedimentos massivos, e tudo voltou ao normal.

Muitos anos passaram, a empresa não crescia, mas também não faltava o dinheiro. O gestor já não era novo, já tinha familia, e amigos numerosos. Muitos tachos a serem distribuídos. A empresa entra novamente em crise, desta feita, um escândalo. A comunicação social descobre que o nível de rendimento dos gestores está acima da média europeia, enquanto que o dos trabalhadores está muito abaixo....

Após muito reflectir, o nosso gestor vai em busca da última carta. Tem se ser, só assim se vai safar de mais esta. Quando abre a carta e lê o seu conteúdo, fica estupefacto:

- Senta-te e escreve três cartas.

Pode não ter muita graça, mas esta anedota parece quase real. Esta semana rebentou o escândalo quando alguns gestores que foram demitidos de uma empresa pública, voltam a cargos de direcção noutra empresa intimamente ligada com a primeira. Mais ainda, parece que os senhores ainda tão de férias mas já receberam o subsídio de natal.

sábado, novembro 26

Inauguração

Em portugal uma das coisas mais apreciadas são as inaugurações, as cerimónias inaugurais, as aberturas. Aliás, passámos à pouco tempo por época franca de inaugurações e descerro de placas. Já se sabe quem em época de autárquicas não há autarca em exercício que não tenha a sua rotunda novinha em folha.

Hoje não estou aqui para falar disso, estou aqui para falar da inauguração do meu diário online, vulgo blog. Fenómeno estranho este que leva as pessoas a partilhar o que sentem e o que pensam com o mundo inteiro. Será estranho? Nunca vos aconteceu tar no meio duma multidão e ter uma enorme vontade de gritar? A mim hoje aconteceu-me exactamente isso, não tava no meio de ninguem, mas ia a circular numa estrada nacional a conduzir o meu carrito e a pensar na vida. Na realidade a pensar em coisas que inaugurei e não soube levar a bom termo.

Esta inauguração tem a ver com isso, com dizer o que penso, o que sinto. Dos outros e de mim. Viva as inaugurações!